Categoria: Cultura
PEN NOMEOU ASSANGE SEU MEMBRO HONORÁRIO E PEDE SUA LIBERTAÇÃO
Cumplicidade entre Estados
Julian Assange, fundador do Wikileaks, foi nomeado membro honorário do Centro PEN alemão (associação de escritores, de renome, que defende a liberdade da palavra) em 02.10.2021.
Como descreve o HNA, PEN manifesta preocupação com a saúde de Assange, cujas condições de detenção têm sido descritas como tortura pela Amnistia Internacional. PEN acusa de arbitrariedade judicial na privação da liberdade de Assange como violação dos direitos humanos no meio de uma democracia da Europa Ocidental e apela às autoridades competentes em Inglaterra “a não extraditarem o seu honrado membro para os EUA, onde o esperaria uma prisão que poderá atingir 175 anos, mas sim a libertá-lo imediata e incondicionalmente da prisão. A sua prisão contínua tem apenas motivações políticas e, portanto, não é aceitável nem justificada. É contrária ao direito de liberdade de expressão”.
Julian Assange está detido em Londres há mais de dois anos e a sua extradição para os EUA está a ser negociada. Na plataforma Wikileaks, Assange revelou crimes de guerra cometidos pelas tropas dos EUA no Iraque e publicou documentos militares secretos dos EUA. Isto deveria ser ocultado ao público mundial.
Pelos vistos, Assange deve servir de exemplo de aviso para impedir pessoas corajosas. Os governos ocidentais não têm a coragem mostrada por PEN porque estão também eles interessados em manter invisíveis os Direitos Humanos.
O caso do hacker português Rui Pinto que criou o Football Leaks também se encontra “à mercê das autoridades portuguesas”.
Interesses de grandes grupos no Estado e grupos corruptos tentam impedir ou silenciar denunciantes; isto apesar dos países terem assinado a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948!
António CD Justo
Pegadas do Tempo
CRISE DO GOVERNO DE ESQUERDA EM LISBOA
Uma Tempestade num Copo de Água
O governo de António Costa entrou em crise pelo facto de o Orçamento para 2022 ter sido reprovado no Parlamento; teve 117 deputados contra, cinco abstenções e só conseguiu 108 deputados a favor.
A discussão pública, demasiado acesa – como se se tratasse de vida e de morte de um país – revela apenas um país dividido e irreconciliado consigo mesmo! É de temer uma solução um pouco desengonçada; esta encontra-se nas mãos do presidente e dos atores do regime.
A situação foi criada e cuidada pela esquerda e agora a crise foi consumada pela esquerda. Costa ao hostilizar a direita sabia que só poderia contar com os seus de casa!
Costa consegue ir-se afirmando com a sua tática de maneira a conseguir até embrulhar o PR!
António CD Justo
Pegadas do Tempo!
CRIAÇÃO DE UMA FORÇA DE REACÇÃO MILITAR RÁPIDA DA UNIÃO EUROPEIA
Portugal entre os primeiros na Iniciativa de Formação de um Exército da EU
Na Cimeira da EU desta semana, entre o assunto do preço dos combustíveis e o litígio com a Polónia, a Alemanha aproveitou para apresentar uma iniciativa de criação de uma tropa de intervenção europeia.
De facto, “os recentes acontecimentos no Afeganistão demonstraram, mais uma vez, que a UE deve ser capaz de … agir com firmeza e rapidez”, diz o documento elaborado pela Alemanha, Holanda, Portugal, Finlândia e Eslovénia. Em termos concretos, o conceito prevê um maior desenvolvimento dos Agrupamentos Táticos da UE em forças poderosas de resposta armada a crises, para que podem ser destacadas a curto prazo.
A iniciativa alemã, também no sentido de, a longo prazo, se formar um Exército da União Europeia, limita-se, para já, a abordagens bi- ou multinacionais. Isto porque as divergências políticas entre os membros da EU e à má coordenação europeia das forças militares não permitem ainda uma coordenação europeia conjunta das forças militares. Este é um impulso para a formação de uma força de intervenção coordenado agora pelos cinco países.
Agora, que os EUA se estão a retirar do seu papel de polícia mundial, a Europa sente-se obrigada a cuidar da sua própria segurança e estratégia geopolítica.
António CD Justo
Pegadas do Tempo
DO DIREITO TORTO DA UNIÃO EUROPEIA E DO CONTENCIOSO COM A POLÓNIA
O Governo da Polónia nega-se a ultrapassar as próprias Instituições
A União Europeia está em construção. Por isso são compreensíveis erros na sua edificação. O que não é compreensível é a arrogância como um constructo incompleto se arroga direitos de Estado sobre os Estados membros servindo-se do atuar de oligarcas de Estados membros legitimados, em parte, apenas por contratos à margem da discussão pública e da via democrática.
A disputa entre a UE e a Polónia sobre o Estado de direito da Polónia ameaça dividir a UE, como se observa na recente cimeira da UE.
O pano de fundo da atual disputa é uma decisão do Tribunal Constitucional polaco em Varsóvia que declara partes do direito da UE como incompatíveis com a Constituição polaca. Na cimeira, o primeiro-ministro polaco manteve-se firme e afirmou que certas instituições da UE, tais como a Comissão e o Tribunal de Justiça Europeu, usurparam poderes que não lhes tinham sido concedidos e “não era esse o acordo e, por conseguinte, nem o governo polaco nem o parlamento polaco atuarão sob pressão de chantagem nesta matéria”.
Há países em que a independência dos parlamentos e governos não é colocada sob o ajuizar do cidadão e dos parlamentos porque o dinheiro ajuda os governos e substitui as disputas.
A UE está inquieta com a Polónia por esta não consentir, ao contrário do que fazem outros governos contra as próprias constituições (Estes governos não vinculam suficientemente a opinião pública nem o Parlamento em questões em que está em jogo a soberania nacional e em que a EU, de facto, interfere na soberania de países criando factos consumados sem a legitimação necessária). Os governos, em falta perante a própria população e as próprias instituições, estão todos eles interessados em que a Polónia seja castigada; tornar-se-ia muito incómoda uma discussão pública de factos consumados à margem de Estados e do cidadão se o proceder da Polónia viesse pôr na praça pública assuntos comprometedores!
Embora a reforma judicial polaca seja um empreendimento questionável, por outro lado, a Comissão Europeia, a fim de aplicar a chamada lei europeia, utiliza um tribunal (TJCE) que presume ter soberania sobre a constituição dos Estados nacionais ligados apenas por tratados na UE, e não por tribunais nacionais nem legitimados democraticamente e, portanto, sem obediência constitucional (Este é um assunto muito controverso entre os juristas!).
De facto, a lei europeia não é elaborada/legitimada através dos canais democráticos parlamentares. “O Parlamento da UE tem, na melhor das hipóteses, o direito de participar, mas não o direito de iniciar legislação, que é característico de um parlamento democraticamente legitimado” (Jens-Carsten Petersen). E, finalmente, permanece a questão de saber a que serviço e direito disciplinar os juízes do TJCE estão efectivamente sujeitos. No caso da Polónia, a UE está a agir de forma tecnocrata autónoma, apesar de necessitar de remodelação.
Seria de se desejar da Polónia maior colaboração com uma União Europeia em fase de construção e seria de desejar da União Europeia que respeite a soberania dos Estados (muito embora ela tenha de ser participada sem ser, contudo, atropelada) e as vias democráticas de cada país! O Poder democrático da EU não pode ser alcançado através de mera compra porque então os países marginais passariam a ser colocados num papel de pedintes que se acomodam à custa do que lhes daria honra.
António CD Justo
Pegadas do Tempo