FESTA DE SÃO SILVESTRE / ANO NOVO

Em Portugal a Festa encontra-se em casa

A festa do Ano Novo (da passagem 31 de Dezembro) é nomeada de festa de S. Silvstre, o nome do Papa Silvestre I, que morreu em Roma no no dia 31 de Dezembro do ano 335.

Esse dia é, pela primeira vez, menciondo, no calendário eclesiástico, em 813, como onomástico de São Silvestre,  o padroeiro dos animais domésticos e de um feliz ano novo.

Os romanos começaram a celebrar a festa, pela primeira vez no ano  153 a.C., data em que o início do ano foi adiado de 1º de março para 1º de janeiro.

Para individualistas que não gostem de festas de calendário, tiveram a oportunidade de celebrar o início do novo ano astronómico que este ano, no hemisfério norte, começou no dia 21.02.2018 às 22h23 (hora portuguesa).

Na Alemanha na véspera do ano novo (Silvester) celebra-se a passagem com foguetes e fogos de artifício por toda a parte. Torna-se num espectáculo em que, à meia noite,  as pessoas vão para a rua, com os vizinhos, lançar os foguetes e com um copo de espumante brindam e trocam augúrios de Boas Festas.

É uma festa celebrada em todo o mundo e a que andam ligadas as mais diversas superstições e costumes. Em Berlim juntam-se na Porta de Brandenburgo mais de um milhão de pessoas a celebrar a passagem com um copo de sekt (vinho alemão semelhante ao champanhe) ou de champanhe! Na Alemanha oscomerciantes de sekt vendem só para essa noite 20% do consumo do ano.

Em Portugal, por exemplo no Porto, as pessoas celebram a passagem com um bom jantar em casa ou num restaurante e antes da meia-noite saem para a rua para assistir ao show dos fogos de artifício.

Por todo o país se festeja a magia da passagem e se admira, além do espectáculo pirotécnico, também os enfeites das luzes da época natalícia. Nesta altura Portugal torna-se num magnete de estrangeiros no Porto, na Madeira (mais de 500.000), em Lisboa, na Nazaré etc.  Muitas outras terras também se aproveitam da ocasião para festejar também com estrangeiros.

Em Portugal o mundo encontra um povo que gosta da festa!

Um ano 2019 feliz e à medida dos vossos desejos.

António da Cunha Duarte Justo

In “Pegadas do Tempo”

 

 

POR QUE NÃO EXISTE EXTREMA-DIREITA EM PORTUGAL?

O Extremismo político português só é constatável em pequenos Grupos que o importam e na Rectórica

Por António Justo

A virtude está no meio! O extremismo depende da distância do centro e também este é variável, se se parte da ideologia dominante numa mundivisão político-social. Numa época em que a crença dominante é a do pensar politicamente correcto, torna-se difícil determinar o que é centro. O extremismo político tem a ver com a rejeição de um Estado constitucional democrático. A extrema esquerda vê no capitalismo e no patriotismo o mal do sistema e trabalha para instalar um novo regime e a extrema direita caracteriza-se, principalmente, por um nacionalismo xenofóbico.

A sociedade portuguesa não corre o perigo de produzir extremismos políticos: os que tem tido são oportunamente importados. É uma sociedade acomodada que se expressa politicamente mais pela boa fé, pela mediania e pelo seu caracter de intermediário (conciliador). Os multiplicadores de ideias e ideologias chegam sempre um pouco atrasados a Portugal; geralmente através de “burgueses” insatisfeitos que se aproveitam das fraquezas do sistema político.

Na incapacidade de se criar um pensamento conservador e um pensamento progressista de matriz própria, importam-se ideologias destemperadas, sem espaço para as temperar ao nosso modo e menos ainda para produzirmos as nossas. Por isso passamos a andar politicamente, como nação, atrás da História, o que, por vezes, também nos poupa as asperezas de alguns erros…

Razões da moderação à direita na sociedade portuguesa

Um país com 20% de pobres e com um milhão de reformados com reformas inferiores a 250€ mensais não é tão homogéneo como parece. Apesar disso mantem-se um país socialmente pacífico, moderado, acolhedor, trabalhador e ordeiro.

O Artigo Artigo 46.º 4 da Constituição (1976) proíbe organizações que representem valores fascistas ou racistas. Na cultura política portuguesa a compreensão democrática é anti-ultra-direitista. Na opinião de comentadores internacionais, a Constituição portuguesa, de coloração socialista, não aplica a mesma medida para as forças comunistas ou anárquicas.

O uso do método d’Hondt nas eleições desde 1975 impede também ele o aparecimento de partidos pequenos e favorece os partidos maioritários (populares). O embargamento da ideologia à direita tem ajudado a impedir a formação de um polo radical com expressão institucional política (ao contrário do que acontece à esquerda) e deste modo impossibilitando a confrontação de extremismos, por ausência de um extremismo militante de direita. Por outro lado, a influência maçónica opera como factor de sustentabilidade a uma facção republicana influente de timbre socialista. Daí uma certa distorção da sociedade portuguesa quanto à percepção do que é esquerda e do que é direita, em comparação com a sociedade da Europa central e norte (p.ex. atitude do PS partido português e SPD partido irmão alemão!).

O Golpe de 25 de Novembro (Ramalho Eanes, Melo Antunes, Jaime Neves, etc.) interrompeu em Portugal a acção dos protagonistas do terrorismo internacional, que tinha entregado as colónias aos grupos de guerrilha comunista. Esta correcção da revolução recusou todo o extremismo, sobretudo o da direita.

A partir do Golpe, deu-se também a uma socialdemocratização de todos os partidos com excepção de alguns partidos da esquerda (Marxista-Leninista, Trotskista e maoista).

O problema ganhou mais relevância com a Geringonça porque antes o extremismo de esquerda não participava no poder, mas, com o governo de António Costa, o Poder assumiu uma certa radicalização, dado o partido socialista, para formar Governo, ter de conceder muito espaço ao partido Bloco de Esquerda (Marxista-Leninista e Trotskista) que propaga agendas internacionais da marxização da cultura ocidental).

Uma mentalidade portuguesa universalista, respeitadora do indivíduo e da sua expressão pessoal e um espírito católico ainda presente na sociedade portuguesa, têm possibilitado um comportamento moderado e tolerante também entre os partidos.

Quanto mais liberdade no sistema político mais potencialidade se nota para o aparecimento de posições mais individualizadas e também extremas; em Portugal a liberdade encontra-se mais na mão das corporações e o descontentamento social é mais fácil de ser instrumentalizado contra os patrões do que contra a classe política que se iliba de responsabilidades criando uma cultura política do culpabilizar o partido adversário e assim desviar as atenções do cidadão de políticas factuais concisas (principalmente a esquerda comporta-se em tempo útil de governação como se estivesse em permanente campanha eleitoral; a direita é mais cómoda e indolente neste sentido, contando com um certo apoio de muitas pessoas não politizadas).

Um outro factor da moderação social portuguesa deve-se também à circunstância de o regime político tratar bem as suas elites, que uma vez insatisfeitas provocariam instabilidade política. (Portugal tem 220 generais  dos quais 114 na reserva; tem tantos generais de quatro estrelas como a Alemanha (quatro). A moderação do povo é acompanhada por uma certa cumplicidade de um corporativismo encostado ao Estado e sem vocação para a população. Desde que os grandes ou pretendentes a sê-lo se encontrem satisfeitos, o povo acomoda-se sempre porque não tem a quem se encostar (como hipérbole observamos no reino animal este fenómeno em relação às hienas, à sua presa e aos outros animais que esperam até que elas se saciem).

Uma outra razão do nosso espírito temperado vem do facto de Portugal ainda não ter tido uma experiência com o islamismo como têm as nações ricas da Europa (na Suécia a viragem é radical). A fragilidade do sistema social português e a pobreza tem colocado Portugal fora da rota da imigração muçulmana.

Por outro lado, o radicalismo da extrema direita verifica-se mais em Estados com experiência das ditaduras socialistas (Veja-se o caso do radicalismo alemão que vem sobretudo da antiga DDR: país do real socialismo e outros países do antigo domínio soviético).

O extremismo político português, vem de fora e é contrário ao génio português que pouco tem de protestante sendo universalista e amante da festa. Recorde-se o radicalismo importado pelo Marquês de Pombal, as invasões francesas, os extremismos pré-república, a acção das forças escondidas por trás da carbonária,  o cobarde assassínio do rei e os inícios da república que conduziram à ditadura militar (1926) e, na consequência, os 40 anos do regime autoritário de Salazar que se caracterizava por ocupar o espectro nacionalista e combater os movimentos moderados de esquerda e de extrema esquerda; de não esquecer  o comunismo soviético, marxista-leninista e maoista, que esteve na base da revolução do 25 de Abril e que deixou uma opinião pública com conexão à esquerda na sequência de um ideário maçónico socialista.

O desequilíbrio, gerado por uma esquerda destemperada dominante, cria na sociedade um sentimento de insegurança que desestabiliza a ala conservadora da sociedade, fomentando-se assim pequenos grupos à esquerda e à direita que criam a sensação do caos social.

Se observarmos a vida dos líderes das nossas esquerdas, que se arrogam a defesa dos desbeneficiados do sistema, elas continuam com a mentalidade burguesa que combatem ad extra, só que disfarçada numa vida burguesa ad intra, encostada ao Estado. Também este tem sido um factor de resfriamento de extremismos latentes.

O drama português vem do facto de ser um povo demasiado propenso a influências; no regime de Salazar adaptou-se à maneira de ser do Estado Novo e, no que toca à atualidade, interiorizou de tal modo a propaganda do regime de abril que não nota as partes do seu cérebro branqueadas por ele, passando a viver de forma adaptada ao pensar do novo regime, tal como vivia antes em relação ao velho; o que é mas grave na mentalidade actual é o facto moralista de pensar que a sociedade portuguesa pós 25 de Abril  é melhor e de mentalidade qualitativamente diferente da do antigo regime. Esta mentalidade leva o povo a viver no equívoco de que a liberdade e a justiça são propriedade da esquerda. Assim se vai embalando uma sociedade em valores e contravalores entre “esquerda” e “direita” sem exigências em termos de eficiências governativas. Vive-se a nível físico social superficial uma paz dos cemitérios com governos que se alternam, mas que, em vez de manterem um equilíbrio com uma certa neutralidade governativa para poderem beneficiar o Estado, o minam devido a uma contínua intervenção pública de caracter jacobino.

Portugal o que tem a menos à direita tem a mais à esquerda; o bem-estar de uma sociedade revela-se mais eficiente quando a relação entre conservadores e progressista é normal e equilibrada. Na discussão política e nos meios de comunicação social chega a ter-se a impressão que há donos da democracia e que a esquerda se tornou, por graça do 25 de Abril (da Geração 68, a nível internacional), no pontífice da interpretação da opinião, determinando substancialmente a opinião pública.

O Extremismo político português é constatável em grupos que o importam, na rectórica e nalguma legislação ou regulamentações de caracter ideológico. A inexistência de um CDS e de um PSD fortes, ou melhor, a sua desestabilização significará a desestabilização do PS e uma consequente radicalização da sociedade.

Uma democracia eficiente tem de manter os extremos à direita e à esquerda de maneira a não ultrapassar os 10-15%, doutro modo dá lugar ao caos. Em Portugal, devido à mentalidade do povo, à situação corporativista e ao paternalismo autoritário das forças do Estado, não há perigo de se chegará a ter extremismos violentos como é comum ver-se fora de Portugal. O extremismo é, também ele, comutado num zelo nobilitado de defesa de uma República propriedade imaterial de alguns que de boa vontade a confundem com o bem-comum!

© António da Cunha Duarte Justo

Pedagogo (Português e História) e ex-membro activo do PS, SPD e CDU.

In “Pegadas do Tempo”

NEGAÇÃO DA CELEBRAÇÃO DO NATAL AO SERVIÇO DO SUICÍDIO DA CULTURA OCIDENTAL

António Justo

Em tempos altos das festas religiosas, há pessoas e grupos que se aproveitam da ocasião para tentar estragar a Festa e até para fazerem uma propaganda destruidora contra tudo o que é religioso, como se a crença religiosa e a crença científica se tivessem necessariamente de opor.

Chegam a dar uma impressão ciumenta, como se a Festa dos cristãos viesse estragar o seu humor e os obrigasse a participar na Festa!

A nossa cultura está a suicidar-se e muita gente encontra-se nesse serviço alegrando-se com o seu suicídio.

Quando conseguirem acabar com a compreensão do significado da simbologia na sociedade e na literatura, teremos uma sociedade toda ela invernosa sem esperança para qualquer Primavera.

Atualmente assiste-se à luta ferrenha da “cultura marxista” contra a cultura ocidental de forma jacobina que empobrece uns e outros. Querer impor uma lógica fria como única forma de abordagem da realidade é desconhecer que a apreensão da realidade se dá também através da razão e do coração.

O filósofo Blaise Pascal advertia:” O coração tem razões que a própria razão desconhece” e concluía: “A última função da razão é reconhecer que há uma infinidade de coisas que a ultrapassam.” O respeito é a virtude da reciprocidade! Já vai sendo tempo de ultrapassarmos os dogmatismos de todas as ideologias!

Na cultura ocidental há lugar para todos, sem ter de ser necessário que os militantes ateus aproveitem das festas religiosas para fazerem propaganda contra elas.

O Natal chega para todos os gostos e feitios! Temos o Natal das famílias e também o natal da rua e das compras, que é o natal do Pai Natal criado pela empresa Coca-cola!

No Cristianismo compreendemo-nos todos como irmãos havendo, no nosso coração, também lugar para os filhos pródigos e para aqueles que sentem que a casa paterna impede de viverem a sua adolescência!

© António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo

LEMBRAM-SE DO “LAVRADOR DA ARADA? – O JESUS ABANDONADO NOS POBRES

O LAVRADOR DA ARADA

Vindo o lavrador da arada,
Encontrou um pobrezinho ;
E o pobrezinho lhe disse:
-Leva-me no teu carrinho.

Deu-lhe a mão o lavrador,
E no seu carro o metia;
Levou-o para a sua casa
Prà melhor sala que tinha.

Mandou-lhe fazer a ceia
Do melhor manjar que havia;
Sentou-o na sua mesa,
Mas o pobre não comia.

As lágrimas eram tantas
Que pela mesa corriam;
Os suspiros eram tantos
Que até a mesa tremia.

Mandou-lhe fazer a cama
Da melhor roupa que tinha:
Por cima damasco roxo,
Por baixo cambraia fina.

Lá pela noite adiante
O pobrezinho gemia;
Levantou-se o lavrador
A ver o que o pobre tinha.

Deu-lhe o coração um baque,
Como ele não ficaria!
Achou-o crucificado
Numa cruz de prata fina.

-Meu Jesus, se eu tal soubera,
Que em minha casa Vos tinha,
Mandava fazer preparos
Do melhor que encontraria.

-Cala-te aí, lavrador,
Não fales com fantasia.
No céu te tenho guardada
Cadeira de prata fina,
Tua mulher a teu lado,
Que também o merecia.

(Da tradição popular)

(Retirado do Livro de Leitura da 3ª classe, Ministério da Educação Nacional)

VINTE MIL REQUERENTES DE ASILO DEPORTADOS EM 2018

Na Alemanha, em 2017 houve 20.019 deportações de requerentes de asilo. Em 2018, de janeiro a outubro, foram deportados  19.781 requerentes, a quem foi negado o estatuto de refugiado.

Em 2017  a Alemanha tinha acolhido 198.317 refugiados. Em 2018 recebeu 166.000 requerimentos de asilo tendo sido 30.000 deles, com menos de um ano, já nascidos na Alemanha.

Os estados federais tencionam reduzir os benefícios sociais para os requerentes de asilo que já tenham feito o requerimento num outro país da União Europeia (casos do acordo de Dublin).

Segundo o Departamento Federal de Migrações e Refugiados, no primeiro semestre de 2018, trinta mil dos requerentes seriam da competência de um outro Estado em que entraram primeiro.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo