O Abuso com as más Notícias nos Media
António Justo
As pessoas reagem mais fortemente às más notícias do que às boas notícias, segundo confirma um estudo da universidade de Michigan, na revista científica “PNAS” (1).
Os resultados oferecem a demonstração transnacional (experimentação feita em 17 países e 6 continentes) mais abrangente dos preconceitos de negatividade até ao momento, mas também servem para destacar uma variação considerável em nível individual na capacidade de resposta ao conteúdo de notícias”.
As notícias negativas atraem a atenção do humano deixando mais rastos no seu caminho; também por isso os jornais e noticiários das TVs se servem de tantas más notícias.
Um ambiente de Media (meios de comunicação socia) diversificado não deveria subestimar o público, deixando-se orientar pela tendência da massa nem por interesses meramente mercantis.
Em geral os “feitores” de notícias e as redacções dos jornais e TV conhecem a psicologia do ser humano. Talvez este, na sua reacção siga a lembrança ancestral dos tempos em que ainda vivíamos na selva, expostos a toda a espécie de perigos! Nos tempos primordiais, o perigo viria dos animais e actualmente parece vir do próprio homem.
Por isso reagimos primeira e primariamente a tudo o que pode constituir perigo ou é negativo: a reacção de medo ou de indignação tornam-se naturais.
O que acontece em muitos Media mostra observar-se em algumas áreas da arte! Aí faz-se uso do escândalo como método de activar a atenção para o instinto, reagindo por primeiro a emoção em alarme de defesa ou de ataque contra algo. O medo e os problemas da herança passada encontram-se presentes em todos nós, mas, por vezes, compensámo-los noutros sectores da vida do dia dia!
Um grande abuso e injustiça a que hoje assistimos e em que somos envolvidos é a tendência de filmes e de agências noticiosas para se fixarem no negativo da História ou de acontecimentos; deste modo manipulam a consciência de massas indefesas que não têm, muitas vezes, pré-informação suficiente de assuntos complexos apresentados de maneira a serem compreendidos só a preto e branco.
No “ar do tempo” que nos envolve tudo se fixa no negativo, numa atitude de autodefesa, talvez para irmos tendo a sensação, como o homem primitivo, de que o perigo vem de fora; ao registarmos que o perigo está fora ficamos com a sensação que nos encontramos acolhidos em lugar seguro!
Precisamos de uma cultura da benevolência e da esperança que não abuse do medo nem do instinto primário. Ao continuarmos a mesma estratégia de in-formação pela negativa somos levados a viver num cenário de ameaça, com o perigo de assumirmos a a atitude do melro que no jardim vai picando a terra para descobrir a minhoca que quer comer e, a cada bicada que dá, levanta a cabeça, olhando à esquerda e à direita, antes de se atrever a nova bicada.
O medo e o perigo movimentam em nós mecanismos de defesa que, por vezes fomentam a necessidade de controle de tudo e de todos! O medo e o prigo, criam em nós o inimigo e fomentam o outro como adversário.
Em tempos sentidos perigosos mais atenção é dada à negatividade. O bem que fazemos (optimismo) passa desapercebido e o mal fica no horizonte da observação (pessimismo). Uma criança que não sentiu o calor do coração humano num regaço e uma sociedade determinada pelo egoísmo fixado nas necessidade primárias, é natural que sofram e desenvolvam um horizonte sobretudo pessimistas e se refugiem numa atitude de auto-controlo e de controlo social numa cultura virada para a morte!
Qual será o selo branco, a estampagem que nos leva a caminhar em direcção contra o sol e nos leva a ver a realidade do que nos envolve, dentro da própria sombra? A falta original já foi remida; seria agora a hora de começarmos a andar em direcção à luz!
António CD Justo
Reflexões, Pegadas do Tempo,