Traição de Segredos como Prova de Democracia


WIKILEAKS – O SENTIDO DUM SENTIR UNIVERSAL

António Justo

Julian Assange e seus colaboradores fazem tremer o mundo dos poderosos com as suas revelações na sua plataforma WikiLeaks

Por toda a parte surgem cada vez mais alertadores (Whistfleblower) que chamam a atenção da opinião pública para questões que põem em perigo o Homem e o seu ambiente. Tornam públicos males e actos ilegais, corrupção, etc. que observam.

O” Expresso” teve acesso aos 722 telegramas dos EUA sobre Portugal recolhidos pelo WikiLeaks. Isto manifesta qualidade e profissionalismo jornalístico, ao dedicar capital ao jornalismo investigativo.

Muitas das revelações de WikiLeaks já eram conhecidas em países onde a imprensa vai funcionando razoavelmente.

Em geral, a documentação dos WikiLeaks revelou um certo autismo da administração americana. Os comentários dos americanos em relação aos europeus, reflectem também a agressividade de muitos europeus contra a América. Não passam de ofensas suportáveis entre amigos, atendendo à comunidade de destino de que participamos e participaremos.

WikiLeaks tornou mais consciente a gravidade da situação no Médio Oriente. Nas suas revelações também se deu a conhecer a impotência dos Estados contra o rearmamento nuclear no mundo. O Irão já possui raquetes que podem atingir a Europa. A Arábia Saudita e outros Estados árabes já fazem, há muito tempo, pressão para que os Estados Unidos da América intervenham contra o programa atómico do Irão.

Pelo que se vê da documentação, os dirigentes dos Estados revelam-se impotentes para resolverem os problemas. Isto obrigará o Presidente dos Estados Unidos e o Ocidente em geral a optarem por uma estratégia de diálogo entre os povos, já que o diálogo com os corifeus representantes dos povos tem levado, ciclicamente, ao fracasso, demonstrando, assim, o erro da política seguida.

Ao mesmo tempo que o mundo desejoso de transparência informativa rejubila, reagem outros contra a revelação posta ao público em geral. Surgem então, por todo o lado, ataques a Julian Assange, o chefe de WikiLeaks. Atacam Assange de autista como se grandes personalidades da História e da arte não tivessem sido autistas e maníacos e como se a sociedade não se encontrasse toda ela doente!

É interessante verificar que neste fenómeno, quem cometeu o erro da indiscrição foram diplomatas, políticos e sua administração, mas quem é atacado é o jornalista.

Em democracias, que ainda se prezam do nome, a liberdade de imprensa tem um significado constitucional, devendo o jornalista defender os seus informadores não os atraiçoando. A Alemanha, que dentro do sistema democrático em vigor tem uma das Constituições mais maduras do mundo, está do lado do jornalista. O jornalista tem o direito e o dever de recusar o depoimento relativamente aos seus informantes. Informação é um dever do cidadão dado o Estado receber a sua legitimação democrática duma informação ampla. A revista semanal alemã “Der Spiegel”, no seu número 50 defende: “A traição de segredos é uma legitimação da qualidade duma democracia”.

A informação é sempre boa; o problema encontra-se no detalhe e a dificuldade reside no facto de poucos terem tempo ou se encontram à altura de conseguir ver a conexão de factos e saberes. O Diabo encontra-se sempre nas entrelinhas e para as perceber será necessário ter já avistado as zonas avernais de sociedades e ideologias. A quantidade de informação não é acompanhada pela capacidade de compreensão. De costume, o denominado povo, anda sempre, atrás do acontecimento, a ladrar a qualquer coisa que se mecha, a nível de interesses imediatos e de sentimento mas, os malandros da informação sabem disso e também sabem que assim é mais fácil ganhar dinheiro e garantir melhor o emprego. Normalmente a realidade encontra-se em fora de jogo. O campo de jogo é a TV. O povo que lê não é tão influenciável,  mas muito escasso. De resto, sabe-se que a opinião é que vale e esta prescinde de fundamento. Eticamente grave é a aceitação popular de que “para se ser político tem de se ser mentiroso”.

Quem decide sobre boa ou má informação na formação da opinião pública? Esta é uma avalanche determinada pelos que dominam a sociedade. Estes estão bem servidos e sabem que o povo come o que lhe dão.

Neste contexto, é de lamentar que o jornalismo português não tenha capital nem interesse em fazer investigações sérias, em casos importantes como os faxes do freeport e as irregularidades comuns nas empresas do Estado e PPP.

De resto sabemos já os rituais vigentes: Afirmações são desmentidas mas depois não aparecem factos a provar o desmentido!

A internet revelou-se num grande factor de democracia. A identidade da nova juventude passa pelo Facebook criando-se assim uma nova Ágora. (China e Irão bloqueiam-no).

António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com

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NORTE DE ÁFRICA À PROCURA DE SI MESMA

Rebelião ou Revolução em África

NOVA ESTRATÉGIA da EU E USA: APOIO AOS MOVIMENTOS CÍVICOS

António Justo

Movimentos sociais em colectividades muçulmanas reduziam-se, até agora,  a manifestações contra os outros (América, cristãos, curdos, judeus, etc..) apelando ao seu papel de vítima. O levantamento popular jovem na Tunísia, no Egipto e noutras regiões árabes parece ter uma outra qualidade e ganhar, assim, contornos de “revolução” do mundo árabe. De facto, pelo que se nota, os manifestantes já não procuram fora a causa do próprio mal; revoltam-se contra os seus, à margem da ideologia comandada de Al-Qaida que, paralisada, não consegue perceber o que está a acontecer no meio dum povo, até agora habituado a ser guiado por arautos da ideologia. Agora o grito é outro. É a fome da liberdade e da dignidade humana que desce por si à rua. A revolta é contra os seus. Uma chama da liberdade é transmitida de terra em terra como o fogo dos jogos olímpicos. O seu pior inimigo são as estruturas culturais internas.

Neste processo, um dos factores mais importantes desta revolta talvez se encontre na Internet e em fenómenos como Facebook, WikiLeaks e outros Media. Eles possibilitam conhecimento, diálogo e uma nova consciência pessoal.

A luta pela liberdade vai-se organizando de forma inteligente. Da má experiência com ditadores e regimes autoritários, levantou-se na Sérvia um movimento de cidadania pacífica destinado a tornar tais regimes inseguros. Em Belgrado surgiu uma escola “Canvas” (Centro para aplicação de acções e estratégias pacíficas) onde revolucionários, ou candidatos a tal, aprendem os utensílios e estratégias a serem usados na preparação e execução duma subversão ou revolução pacífica contra líderes autoritários ou regimes ditatoriais. No dizer dum seu fundador, Srdja Popovic, desde 2004 já lá frequentaram seminários, pessoas de 37 nações. Nas manifestações árabes em curso, já se encontram pessoas que frequentaram seminários dessa escola.

As forças humanistas árabes e seus apoiantes não podem esperar que a cultura árabe dê, por ela mesma, um passo em frente. Maomé deu um passo, o povo tem que ir dando os outros! Por isso a estratégia terá de ser: mudar as circunstâncias para possibilitar a interpretação crítica do Corão e assim tornar a cultura dinâmica.

A Europa e a América reagem, senão com entusiasmo, pelo menos, com admiração com o que se está a passar no Norte de África. Sente-se o seu acordar para uma nova política com perspectivas de futuro e por isso orientada para o povo: uma política de projectos apoiantes de grupos interessados na cidadania.

Obama apoiou a revolução popular do Egipto, manifestando assim uma nova estratégia de estabilidade a ser baseada no povo e não em ditadores. A classe militar ficou, a princípio, decepcionada, mas logo começou a compreender a necessidade da nova estratégia. A mudança da política dos USA em relação ao Norte de África pressupõe que seja o povo a vencer mas a partir dele. No futuro, um acordo entre povos talvez se revele mais estável que o acordo feito entre Estados, como acontecia até aqui! O povo fica e o Estado muda. O Ocidente, ao apoiar os movimentos populares fomenta a democracia.

Os USA anunciaram, no dia 15 de Fevereiro, um programa de milhões de dólares para ajudar a geração Facebook, Twitter e You Tube para que esta consiga fugir aos bloqueios de Internet feitos por regimes ditatoriais, como China e outros. Trata-se duma estratégia moderna e inteligente: menos ajuda militar e mais ajuda civil. Fomentar projectos de democracia para abrir, com tolerância, um caminho entre militares e religião, considerando como único aliado o povo. Trata-se de agir à maneira dos cristãos em relação ao império romano, pondo-se ao lado dos escravos, que eram 90% da população; de restituir a dignidade roubada ao povo e assim possibilitar a complementaridade de religiosidade e civilidade! Uma intervenção dos USA no Líbano prejudicaria o clima social no Egipto e noutras zonas. Importante é considerar a necessidade do povo e não continuar a apostar em caudilhos que garantem o cumprimento de acordos internacionais e usam desse privilégio lucrativo para oprimir o povo, em nome da estabilidade.

A Alemanha apoia o movimento de base, na região, através da Fundação Adenauer (ligada ao CDU) que discute na sociedade sobre a liberdade religiosa e sobre a relação de fé e estado em seminários tanto com os “irmãos islâmicos” como com o clero copta, com Imames, etc. A Fundação Friedrich-Ebert (ligada á SPD) discute os temas sindicatos e direito do trabalho. A fundação Naumann (FDP) dialoga sobre o destino do liberalismo nos Estados árabes.

Os ocidentais, ao apoiarem os movimentos democráticos in loco, também contribuem para a mudança de mentalidade da população imigrante. O movimento em curso no Norte de África entusiasma já partes dos seus emigrantes no estrangeiro. Os muçulmanos europeus poderão dar um grande contributo para um islão aberto e assim criar melhores perspectivas para a cultura árabe.

A “União para o Mediterrâneo” (UPM) ganhou uma nova oportunidade. Seria do interesse dos povos ao lado do mediterrâneo criarem uma zona de cooperação especial em torno dele. Em vez de sanções será necessário levantar obstáculos ao comércio de produtos agrários, para que a população possa sobreviver sem ter de emigrar para a Europa. O fomento directo de iniciativas de grupos civis torna-se imprescindível

A democratização da sociedade árabe e o pluralismo de organizações civis enfraqueceriam o terrorismo, a única força que até agora se encontra organizada, ao lado do Estado com a religião. Na fase actual será importante impedir que Al Qaida se apodere da revolta. Esta não é a sua revolução, porque em vez do terror usa a demonstração pacífica. Não pretende uma teocracia. Os povos árabes fazem, pela primeira vez a experiência de que a manifestação pacífica consegue mais que o terrorismo. Independentemente do problema palestiniano o mundo árabe avança. O povo desmascara o satu quo da política até agora seguida na palestina, uma política que favorecia os que vivem das estratégias, os grupos dirigentes dum lado e do outro. Em vez do ódio e palavras ocas manifesta-se a necessidade de liberdade como necessidade legítima.

Às solidariedades dos ditadores e governantes entre si acrescenta-se uma nova solidariedade, a solidariedade de indivíduos no chão duma virtualidade que conduz à realidade.

A China e outras ditaduras tremem de medo perante o fenómeno que está a acontecer numa sociedade tão afinada e hermética como a árabe, onde, apesar disso, o povo se levanta… A sociedade árabe, com 300 milhões de habitantes, que tem sido o maior alfobre de ditadores, mostra, pela primeira vez, um novo rosto ao mundo, o rosto do povo. Isto atemoriza as ditaduras.

O grande requisito da nova geração árabe será modernizar o Islão. O tempo do fascismo, da cleptocracia, da corrupção já é posto em questão na rua.

As nozes mais duras de quebrar são a união de estado e religião, a subjugação da mulher, enquadrados pela religião. Introduzir uma cultura da discussão só se tornará séria quando a análise histórico-critica puder ser aplicada também ao Islão. Este torna inconstitucional o direito à emancipação, à individualidade e à libertação.

O grande meio capaz de tornar consciente a nova geração Facebook será a intercomunicação através da Internet. Esta será a fonte de próximas revoluções em sociedades autoritárias e de contestação nas sociedades democráticas.

No Egipto, os militares, ao colocarem-se ao lado dos manifestantes, salvaram a própria imagem conseguindo assim maior continuidade do velho regime. O facto da sua proveniência, da classe média, rivalizar com o clã de Mubarak, pode abrir perspectivas para inovações. Tudo dependerá, agora, da maneira como os militares apoiarão o movimento popular introduzindo o espírito democrático na Constituição. De esperar será o iniciar de sucessivas rebeliões que com os anos se poderão tornar em revolução.

Até agora, numa sociedade islâmica, só os militares da Turquia conseguiram instaurar uma certa cultura civil. Para isso tiveram de assumir e defender a ideologia (de Ataturk) que se contrapunha à tradição árabe do islão. O problema da relação fé e estado constituirá o cadinho da democracia a ser discutida.


António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com

www.antonio-justo.eu


Regime Europeu de Patentes discrimina a Língua portuguesa


Português excluído com a cumplicidade do Governo

António Justo

A gora que o Parlamento Europeu pôs na ordem do dia a votação das línguas a empregar no regime europeu de patentes muitos dos nossos deputados comportaram-se como mercenários de legiões estrangeiras.

O Português foi excluído com a cumplicidade do nosso governo. Ficou só a ser em inglês, francês e alemão.

Esta iniciativa desrespeita a igualdade e discrimina a capacidade de concorrência no mercado interno. Assim, os mais fortes ficam ainda mais competitivos. Facto é que o Instituto Europeu de Patentes tem seis mil funcionários… Os portugueses que paguem o serviço.

Fonte competente revela que votaram “a favor do interesse nacional, só CDS (Nuno Melo e Diogo Feio), PCP (Ilda Figueiredo e João Ferreira) e dois PSD (Carlos Coelho e Graça Carvalho). Contra o interesse nacional, votou todo o PS e a maioria do PSD”.

Os nossos boys são bem comportados. Depois os países fortes dão-lhes alguns tachos que os compensam do que roubam a Portugal. Depois queixam-se que Portugal vai mal. A democracia diminui em benefício da partidocracia.

Esperemos que os espanhóis levem a coisa a tribunal!

António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com


Líbia – A Revolta das Tribos – O Erro do Ocidente


Preparação da Guerra Civil

António Justo

Numa sociedade com 140 tribos e clãs de família rivais, é de prever-se uma guerra civil entre elas. A Líbia não tem um movimento de oposição unido e o seu exército apenas tem o uniforme a uni-lo; de resto é constituído por uma malha de representantes das diferentes tribos e clãs, até agora mantido sob o manto férreo de Kadhafi.

Por outro lado, não se avista, no horizonte líbio, uma personalidade, capaz de catalisar os interesses e as rivalidades inter-tribais e as forças de al kaeda.

Até uma intervenção militar internacional, para proteger a população, se torna propriamente inexecutável. O recurso aos militares, como parceiros de diálogo a nível internacional, torna-se impossível, ao contrário do que acontece com os outros países árabes que têm a continuidade garantida no poder militar. Na Líbia, momentaneamente, nem a ditadura militar parece viável. A formação militar encontra-se dividida numa relação proporcional às tribos. O facto de se rebelarem contra Kadhafi e saltarem para a rua, não pode servir de argumento para a interpretação corrente.

Na África, como nestes estados, não houve o processo da colonização interna. Este foi impedido, também, pela colonização externa, o que torna a questão mais complicada, em termos modernos subjacentes aos processos verificados no surgir de nações. Na Europa os grupos mais fortes subjugaram os mais fracos, formando depois nações.

Os povos árabes ainda não têm a consciência de nação nem de povo. Pensam apenas em termos de família, clã e religião. Não são “Povo” são apenas população e só têm a uni-los a consciência religiosa e algum chefe. Por isso terão ainda de suportar, por muito tempo, a mão de ferro da religião, até que uma consciência de povo/nação organize a sua justiça e as suas forças militares e policiais, tão combatidas por extremistas muçulmanos que querem ver a população abandonada à pilhagem de caciques locais. Não os assusta mais que a organização dum Estado (democrático), como se vê testemunhado no Afeganistão. Por isso também aqui o Ocidente terá de sair vencido, tal como a antiga União Soviética. Onde não há Povo reina a ditadura sobre o caos; não é possível a guerra, apenas sobrevive a guerrilha! Esta é comum tanto à fase do surgir como à da queda das civilizações!

O erro de análise ocidental e das suas relações com estes povos está no facto de não conhecer a sociologia e antropologia árabes. O Ocidente transpõe, apenas, os próprios modelos de solução para problemas que provêem duma socialização diametralmente oposta. O mesmo se diga com a sua imagem de Homem e consequentes direitos.

A sociologia nómada, própria da civilização árabe e turca, não pode ser encarada com os mesmos critérios duma civilização sedentária em que os deuses se sujeitaram a um Deus pai. Naquelas predomina ainda um politeísmo açamado pelo poder absoluto dum Deus alheio à população, mas o único subterfúgio que lhe dá consistência. Trata-se dum Deus imposto. Maomé conhecia bem as tribos a subjugar ao criar a sua religião; por isso não podia tolerar o monoteísmo mitigado cristão. Não podia servir-se da evolução histórica como era o caso do povo israelita, nem duma antropologia humana como era o caso dos cristãos. Maomé teve de criar um sistema religioso para solucionar o problema de tribos aguerridas e indomáveis; para isso precisava de estruturas culturais de carácter sociológico e não antropológico. Por isso a pessoa é considerada como objecto. Um sistema político ou religioso que não sirva a pessoa mas apenas o grupo desaparecerá com o tempo e depois não se nota a sua falta. Os árabes perderam o comboio da História continuando no deserto sob a tenda de Maomé! O Islão terá de sofrer uma revolução e integrar na sua antropologia beduína os elementos sedentários, tal como aconteceu com ocidentais e em parte com os orientais.

A insurreição árabe, e o grito pela sua liberdade, estão a dar-se em torno do mediterrâneo, nos países que têm cooperação e contacto com a Europa. Nos outros domina a paz dos cemitérios. O norte de áfrica encontra-se a caminho do Irão. A sua sorte continuará a ter de suportar a colonização externa que o Ocidente, mais cedo ou mais tarde, entregará às mãos do Irão e da Turquia.

Desde que o déspota Muammar al-Gadhafi , que domina o país há 42 anos, renunciou ao terrorismo no exterior e deixou correr o petróleo em direcção à Europa, com a promessa de impedir extremistas muçulmanos e os refugiados africanos de passar as suas fronteiras para a Europa, os políticos europeus concederam-lhe o estatuto de homem de bem.

Os estados da União Europeia continuam desunidos no que toca a uma estratégia a seguir, preferindo manter-se na indecisão e continuar a jogar com as brasas pelo facto de Gaddafi ter ameaçado a EU de rescindir o contrato de impedir o fluxo de emigrantes ilegais do norte de África.

A líbia com 1,8 milhões de Km2 tem 6,5 milhões de habitantes. 90% do território é deserto com grandes reservas de petróleo.  A Itália importa 40% do seu óleo e a Alemanha 12,8% da Líbia. Em 2010 a EU negociou com Gadhafi uma “cooperação de migração”; até 3013 a líbia devia receber da EU 50 milhões de Euros para o controlo das fronteiras. Na cimeira EU-África realizada em Novembro 2010 em Trípoli, Gadhafi exigiu, para impedir o fluxo migratório de africanos para a Europa, 5 mil milhões de Euros, por ano, doutro modo deixa a europa cristã branca tornar-se negra!

Berlusconi, ter-se-á inspirado na Líbia no seu culto Bunga-Bunga com prostitutas jovens.

As insurreições populares podem vir a impedir o fornecimento de petróleo e de gás. O preço do petróleo sobe e já atingiu o valor máximo atingido em 2008.

A revolta popular já custou imensos mortos. Como é próprio desta cultura também o próprio assassino de massas populares se encontra disposto a derramar o sangue de mártir” até à última gota”! Reina o caos na Líbia. A cidade de Bengasi já se encontra nas mãos dos adversários de líder líbio com desertores de parte do exército e várias tribos aliaram-se aos adversários de Gadhafi.   Há representantes políticos que criticam abertamente a atitude assassina do líder que mata o povo. De facto, nas estradas corre o sangue de centenas e familiares têm medo de ir buscar os cadáveres com receio de serem tiroteados. O ministro da justiça demitiu-se protestando contra a excessiva violência empregada contra os demonstrantes; o mesmo declararam muitos diplomatas líbios junto da ONU.

Ao ditador só resta o suicídio, ou ter de se entregar ao Tribunal Internacional. Gadhafi, como preanunciando o seu fim declarou: “Eu morrerei como mártir, tal como meu avô”! Resta a guerra civil. Alguns diplomatas líbios já apelam á “responsabilidade da comunidade internacional para intervir para acabar com o correr do sangue”. Os actos do déspota “podem constituir crimes contra a humanidade”. Para a Alemanha a era de Gadhafi já acabou e exige sanções contra o seu regime. Itália, Malta e Chipre impediram que a EU ditasse sanções contra o regime líbio. A Alemanha é de opinião que a EU possa ditar sanções sem o acordo dos três países.

António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com

in Pegadas do Tempo

PORTUGAL FECHA 900 ESCOLAS BÁSICAS


Política discriminadora das Regiões do Interior

António Justo

A partir do próximo ano lectivo (Setembro) 500 escolas da primária serão abatidas por este governo. Depois seguem-se as outras, disse a ministra da Educação e o Conselho de Ministros aprovou.

O objectivo é encerrar escolas primárias (básicas) com menos de 21 alunos, distribuídas por essas aldeias de Portugal. E isto é apregoado descaradamente sob o rótulo de qualidade. Isto corresponde a 3,5% ou seja, segundo a ministra 400 mil crianças, a quem se fecha a porta e obriga a percorrer grandes distâncias, para assistir às aulas. O que se não diz é que isto faz parte duma política interessada em desertificar o interior e obrigar as pessoas abandonar as aldeias para vir aumentar os arrabaldes degradados das cidades do litoral. O povo aquartelado em grandes centros torna-se mais dócil e aberto a ideologias partidárias. O desenraizamento fomenta o medo e este faz muito jeito no exercício do poder.

A ministra esconde-se por detrás das estatísticas. Para uma classe política para quem o que conta é o cifrão fácil, trata-se apenas de números e não de pessoas. À destruição das maternidades no interior seguem-se agora as escolas. Basta-lhes as cidades. O resto que fique para os espanhóis. Talvez, um dia volte a Igreja com escolas para se colocar ao lado do povo! …

É de lamentar que as autarquias, que, por vocação, estão mais perto do povo, aceitem, sem mais, tal resolução e o povo se lamente, à maneira árabe, mas sem sair sequer para a rua. Naturalmente que, para os interesses da classe, o que importa não é o povo nem as regiões mas as estatísticas e os grandes ventres dos boys dos ministérios e seus camaradas a alimentar. Como o número é que vale e este vive nas cidades, o povo da província, a nível de número, não conta nem risca; a nível de pessoa menos ainda; para os meninos de Lisboa e das suas instituições, humanismo só embaralha o seu progresso e, como renegaram a província e seus pais, preservar as ecologias naturais, isso só significaria regresso para eles. É realmente perigoso este ódio à província pelos provincianos da elite.

Quanto às instituições onde acolhem os seus boys, essas não as reduzem, nem lhes tocam: número de deputados, assessores, gestores públicos, institutos políticos, instituições públicas, conselheiros de embaixada. O que ganha um só conselheiro de embaixada, daria para manter três dessas escolas a serem extintas.…

A renúncia à construção da supérflua auto-estrada A 32 (com trajecto paralelo a outras duas ao lado) e seus consequentes custos de manutenção disporia um fundo de meneio para defesa do interior.

Uma racionalização administrativa das freguesias (4.200), distritos e outras mordomias seria mais produtiva e contribuiria para o fomento dum estado moderno e responsável com menos dívidas.

O que gastam, por má administração, daria para tornar luxuosas todas as escolas das aldeias e muitos possíveis projectos de fomento da província. Um Estado responsável por todo o país desenvolveria políticas de fomento e de defesa das zonas do interior, tal como faz, por exemplo, a Alemanha. As zonas desfavorecidas deveriam receber transferências das zonas mais desenvolvidas e não o contrário.

Uma falta de política de defesa das regiões do interior e a má administração do Estado conduzem à discriminação das populações do interior e ao êxodo para o estrangeiro e para o litoral. Desertificam culturalmente o interior e poluem espiritualmente as cidades. A isto chamam progresso e racionalização de recursos.

Em resumo: esta é mais uma medida contra a terra e contra a família, uma medida a favor das concentrações e da ideologia. Valha-nos Deus. Uma ministra a executar política machista! Onde já chegou a emancipação tipo macho da mulher! Destroem o interior para poderem gastar em Lisboa. Acabam com os vestígios escolares que Salazar deixou. Não querem saber ligado à terra, porque esta é feminina, querem-no ligado à ideologia macho que é desenraizada.

A idiotia política chega a admirar-se dos corruptos árabes sem notar a sua própria corrupção e a sua selvajaria na destruição do interior e da cultura em geral.

António da cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com