DONALD TRUMP MAIS EUROPEU DO QUE A ELITE DA UNIÃO EUROPEIA?

As reações das potências da UE ao serem excluídas das conversas preliminares sobre o futuro da Ucrânia são, no mínimo, lamentáveis. A oligarquia de Bruxelas, ao insistir em impor as suas agendas através de uma guerra económica e cultural contra a Rússia, revela-se cada vez mais míope. Essa postura não só perpetua um preconceito primitivo contra os russos, mas também expõe um interesse velado nas riquezas do solo ucraniano.

Curiosamente, Donald Trump demonstra uma visão mais europeia do que a própria União Europeia ao reconhecer que a Rússia é parte integrante da história e da cultura europeia, elementos que outrora tornaram o continente grande. Enquanto isso, a UE, corroída da cabeça aos pés, opta por se afirmar como uma entidade beligerante em vez de buscar diálogos de paz. Essa postura pode levá-la ao mesmo destino fracassado que os aliados tiveram no Afeganistão.

A elite da UE, em vez de se ter preocupado com os genuínos interesses da Europa e da sua posição geográfica (geopolítica) encostou-se aos interesses geoestratégicos americanos e agora um americano genuíno vem-lhes mostrar os erros de estratégia e a falta de consciência cultural de que sofrem. A humilhação não podia ser maior!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

O Debate Sobre as Redes Sociais e a Democracia

O Controlo sobre o Fluxo de Informação é o maior Garante do Poder

Agora que os ventos da América, através do reposicionamento estratégico liderado por Elon Musk à frente do X (antigo Twitter), questionam o papel de ONGs ao serviço de ideologias financiadas pelo Estado e por organizações financeiras com grande influência na sociedade, assiste-se a uma crescente revolta, tanto na Europa como na América, protagonizada sobretudo por organizações de esquerda. Esta reação surge em resposta a iniciativas que visam tornar a administração pública mais transparente e a críticas direcionadas a plataformas tecnológicas como Meta, X e TikTok.

Erguem-se vozes de governos e organismos dos media tradicionais contra estas plataformas, que, embora não estejam isentas de problemas, têm desempenhado um papel perturbador no panorama da comunicação social. Elites políticas veem nas redes sociais uma ameaça ao monopólio que até então detinham sobre a informação, um monopólio que lhes permitia moldar a opinião pública de acordo com interesses estabelecidos, mantendo um povo ordeiro e submisso ao sistema, ainda que com algum espaço limitado para iniciativas individuais.

O facto é que as redes sociais vieram, em certa medida, democratizar o acesso à informação, que antes se encontrava quase exclusivamente nas mãos de grupos económicos e ideológicos alinhados com as elites. Esta mudança trouxe consigo uma maior pluralidade de vozes e a possibilidade de questionar narrativas dominantes, mas também levantou questões complexas sobre o equilíbrio entre liberdade de expressão e controle, entre a descentralização da informação e a responsabilidade das plataformas.

Enquanto alguns celebram o poder das redes sociais como ferramentas de autonomização cívica e de amplificação de vozes marginalizadas, outros alertam para os riscos de desinformação, manipulação e polarização. O debate, portanto, não se resume a uma simples dicotomia entre liberdade e controle, mas envolve uma reflexão profunda sobre como garantir que a democratização da informação não seja minada por interesses ocultos ou por falhas estruturais das próprias plataformas.

Também se torna primordial contextualizar o problema e levantar questões fundamentais: como podemos preservar a liberdade que as redes sociais trouxeram, ao mesmo tempo em que mitigamos os seus efeitos negativos? E, acima de tudo, como garantir que a democracia seja fortalecida, e não fragilizada, por esta nova era da comunicação digital?

No entanto, é de observar que as autoridades da União Europeia, sediadas em Bruxelas, parecem estar excessivamente empenhadas em campanhas de controle e censura das redes sociais. Em vez de abordar as questões de forma equilibrada, muitas dessas iniciativas parecem visar, no cerne da questão, a defesa de velhos monopólios e regalias das elites estabelecidas. Essa postura reflete uma cultura mais focada no ter — no controle e na manutenção de poder — do que no ser, ou seja, na promoção de uma sociedade verdadeiramente livre, plural, justa e democrática.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

Reunião de Segurança Europeia em Paris: Uma Reunião dos “Maiores”?

Portugal ausente  à Reunião

Portugal não participa na cimeira de urgência sobre a Ucrânia, realizada em Paris. Este encontro, longe de ser uma reunião da União Europeia (UE), parece mais um esforço de relações públicas dos países que desempenharam um papel decisivo no desenvolvimento do conflito ucraniano e que agora buscam lidar com as consequências de suas ações.

A reunião (17.02), que inclui principalmente Alemanha, França, Reino Unido e Polónia, não representa os interesses de todos os países europeus. Pelo contrário, reflete uma divisão dentro da UE, onde as nações centrais impõem suas agendas, muitas vezes em detrimento dos interesses das nações periféricas que conseguem comprar com algumas esmolas. A chamada “segurança europeia” parece ser, na realidade, uma discussão sobre o poder e a influência desses países, e não sobre o bem-estar coletivo da Europa.

É crucial que a Europa deixe de lado as disputas internas e se concentre em fortalecer sua economia, defesa militar e cultura. A atual elite política, demasiadamente focada em seus próprios interesses, tem negligenciado esses aspectos fundamentais. Em vez de gastar energia em reuniões que pouco contribuem para a paz e a estabilidade, (e mais para enrolar a opinião pública) os países europeus deveriam trabalhar juntos para construir uma Europa mais resiliente e unida, capaz de enfrentar os desafios do futuro sem depender de agendas particulares de poucos. Porém perante a fortaleza inabalável de algumas potências europeias é importante que os mais marginais ou marginalizados se unam ou pelo menos manifestem o seu protesto como tem feito a Itália e alguns outros menos afectos à ideologia anglo-saxónica.

A verdadeira segurança europeia só será alcançada quando todos os países, independentemente de seu tamanho ou influência, tiverem voz ativa e seus interesses forem equitativamente considerados (e não como querem os grandes embora só o digam pela calada: tirar o direito a veto às nações da periferia). Até lá, reuniões como a de Paris continuarão a ser vistas como meras manobras políticas, distantes das reais necessidades do povo europeu e ucraniano.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo.

DOS BOYS AMERICANOS E DA VACA EUROPEIA

Entre comédia e tragédia, os cowboys da América estão a colocar a mitológica Vaca Europa sob grande estresse. Habituada a ruminar tranquilamente as doutrinas progressistas de Marx e Mao servidas pelos seus pastores de Bruxelas, a pobre réstia de sonho comunitário agora encontra-se atolada no lamaçal das suas próprias contradições.

A tempestade que varre os ares políticos americanos não só ameaça as colheitas democratas nos EUA, mas também os campos utópicos dos seus fervorosos aliados europeus. A esquerda-Woke, sempre à frente na caça aos hereges, encontra-se agora encurralada pela realidade: o novo presidente americano não se interessa pela Europa. Quem diria? Depois de quatro anos de crucificação mediática de Trump, eis que chega um sucessor ainda menos atencioso com os caprichos do Velho Continente.

E o que faz a Europa? Agarra-se desesperadamente a Zelenskyj, o cómico transformado em tragédia, agora convertido em presidente sem mandato, sustentado pela hipocrisia de uma União Europeia que apostou tudo na sua guerra de princípios contra a Rússia. O guião político alcança novos patamares: o antigo actor, feito presidente, até há pouco louvado como herói da resistência, passa a símbolo do fracasso da política externa europeia. A NATO já teve o seu Vietnam no Afeganistão, agora a UE prepara-se para o seu próprio Waterloo ucraniano.

Os media europeus, sempre com um olho na propaganda e outro na sobrevivência, continuam a dançar a valsa da ilusão. Os mesmos que trataram os americanos comuns como broncos incultos agora precisam que esses mesmos americanos os salvem da enrascada geopolítica em que se meteram. Entre discursos inflamados e promessas vazias, assiste-se a uma corrida contra o tempo para conseguir um lugar à mesa das decisões, mesmo que o banquete seja apenas uma serventia da realidade.

A Europa e Zelenskyj, encostados um ao outro como dois jogadores que perderam todas as cartas, mantêm-se de pé apenas pela força da retórica. Se o comediante político acabar como mártir, será por sacrificar-se no altar de uma elite europeia que sempre preferiu sonhar com vitórias impossíveis a encarar a dura realidade.

No fim, a vaca europeia continuará a ser ordenhada pelos boys americanos, e os cidadãos europeus, esses, ficarão com o que sempre lhes coube: a conta para pagar e a ilusão de que ainda têm voz na história que outros escrevem por eles.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

LIBERDADE AMERICANA VERSUS LIBERDADE EUROPEIA

Recuo da Europa em valores fundamentais e liberdade de expressão

Na Conferência de Segurança de Munique, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, expressou preocupação com o que chamou de “recuo da Europa” em relação a valores fundamentais partilhados com os Estados Unidos, como a liberdade de expressão e a democracia. Vance destacou que a maior ameaça à Europa não vem de atores externos, como Rússia ou China, mas de dentro, citando exemplos como a intervenção da UE para anular eleições na Roménia, condenações por crimes de ódio na Suécia e no Reino Unido, e propostas de leis que permitiriam o encerramento de redes sociais em tempos de agitação social.

“Em toda a Europa, a liberdade de expressão está a recuar”, afirmou Vance, admoestando os políticos europeus de temerem as opiniões divergentes dos seus próprios cidadãos.

Os meios de comunicação europeus também se mostram cúmplices com a estratégia bélica até ao ponto de agirem como “altifalantes” dos governos, silenciando perspectivas alternativas. É um facto observável que a UE (Bruxelas) está a afastar-se da sua tradição cultural cristã, adotando uma postura mais alinhada com ideologias marxistas e maoístas.

Para Vance, a verdadeira ameaça à democracia europeia não vem dos eleitores, mas das elites no poder, que agem de forma ideológica e censuram vozes dissidentes.

JD Vance, está a desiludir a elite política da União Europeia e esta encontra-se em desassossego (principalmente as forças militaristas e publicitários de ideologias) porque tem de rever completamente a sua narrativa política. Naturalmente não será de esquecer que embora da parte europeia esteja em causa a ideologia esquerda-Woke, da parte dos EUA está em causa a segurança do dinheiro a longo prazo.

A crítica de Vance reflete tensões crescentes entre os EUA e a UE, especialmente no que diz respeito à defesa de valores democráticos, à estratégia militar e à liberdade de expressão, num momento em que a Europa enfrenta desafios internos e externos.

Perante uma sociedade europeia cética, a forma empenhada de Vence recorda um pregador a fazer a exegese da parábola do filho pródigo.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo