UMA GRANDE NAÇÃO EM CONSTRUÇÃO
António Justo
A visita do Papa a Angola levou a imprensa mundial a pôr em foco este país de grande porvir.
Angola é já o maior produtor de petróleo da África, sendo as suas reservas maiores do que as do Kuwait.
No tempo de Salazar dizia-se que as riquezas de Angola são incomensuráveis. Afirmava-se que quando Deus criou o mundo, não sabendo que fazer ao resto o deixou em Angola.
Apesar da tragédia da descolonização irresponsável dos marxistas do 25 de Abril, que trouxe muito sofrimento para o povo angolano e para os portugueses lá residentes, pouco a pouco, Angola vai-se afirmando e vai ganhando peso a nível internacional.
Eduardo dos Santos, membro da MPLA governa o país desde há trinta anos. O governo é que toca a música da nação. As pegadas da guerra civil ainda se encontram visíveis por todo o lado nos rebeldes. Felizmente os representantes, os de cima, reconciliaram-se.
A maioria dos angolanos, porém, vive na pobreza, com falta de trabalho. A reconciliação do povo está ainda por fazer.
Luanda teve um crescimento de 25% num ano. O aluguer das casas, em Luanda, é um dos mais caros do mundo.
Uma nação tão rica estaria vocacionada a tornar-se o eixo da África. Para isso o Governo teria de evitar o erro da política das nações ocidentais que levaram o povo a abandonar o interior, provocando a sua desertificação para o concentrarem em grandes metrópoles de vida artificial onde a marginalidade pulula. Angola precisa de grandes investimentos nas infra-estruturas. Em política de imigração estaria bem aconselhada se seguisse o exemplo do Luxemburgo, favorecendo a imigração de portugueses. Este é um povo que se identifica com os autóctones e depois da primeira geração já se encontra integrada, ao contrário doutras etnias.
O privilegiar a imigração de portugueses e de brasileiros tornar-se-ia uma medida altamente inteligente sócio-economicamente. (Cfr. O milagre da socialização brasileira em Gilberto Freyre em “Casa Grande & Senzala”).
Uma outra medida benéfica para a estabilização social e nacional seria o fomento do cristianismo, como religião universalista e aberta também ao secularismo ela é garante de prosperidade e identidade nacional plural. Por todo o lado se revela como factor de progresso e de integração nacional das diferentes etnias, sem o perigo de apostar na hegemonia religiosa. O cristianismo revelou-se como a Mundivisão que leva ao progresso dado apostar na pessoa e não se encerrar em formas de vida arcaicas. Os governantes a sul do deserto do Saará, mesmo por meros interesses nacionais, deviam estar mais atentos a este fenómeno.
A Visita do Papa a Angola
Um povo paciente e bom acorreu, de todas as partes, para estar com o Papa. O povo e os pobres estiveram no centro do acontecimento e das preocupações da Igreja. Na recepção do pontífice, o governo manifestou-se à altura apresentando Angola como nação responsável.
Alguma imprensa internacional, sempre ávida na crítica ao Papa, lamentou o facto de ele não ter puxado as orelhas aos governantes. Esta, geralmente com má consciência ou desinteresse em relação a África e à Igreja apostou demasiado no moralismo ideológico querendo reduzir o problema africano à sexualidade. Certa informação internacional foi manipuladora tencionando conotar o Papa com extremismos a ele alheios. De facto ele mesmo já disse há anos atrás que a questão do preservativo é secundária e que “ mais importante é o processo de educação séria das pessoas”. É índice de má-intenção querer reduzir ou ligar a acção da Igreja à opinião contra contraceptivos. De facto é perverso menosprezar o empenho da igreja católica quando ela, se dedica tanto ao tratamento dos doentes com SIDA, estando ela com eles e entre eles, enquanto que os ideólogos só falam deles. De facto 27% das instituições no mundo que cuidam de doentes de SIDA são da Igreja. Os governos têm 8% de instituições, as ONG 18%, e a ONU tem 44%.
O Pe. Feytor Pinto, Coordenador Nacional da Pastoral da Saúde, põe o dedo na chaga ao afirmar que “não é apenas através dos métodos de ponta final que se evita o contágio. Antes do preservativo há outros. Falta educação para a sexualidade, que é tão importante e continuamos sem a fazer. Falta abordar a redução de parceiros de risco, a diminuição drástica do número de parceiros, a monogamia… Quando as pessoas têm uma vida sexual correctamente assumida, não é usar o preservativo que é errado, mas sim ter comportamentos errados num sexo anárquico”.
Não chega, como querem progressistas da superficialidade, apostar apenas no momentâneo, num homem proletário sem história nem rasto. É importante estar com eles e não contentar-se apenas em ridicularizar os profetas enxovalhando os seus valores.
António da Cunha Duarte Justo
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