NA ESTRATOSFERA DA MENTE

A NOVA IDADE

 

Num palco moderno, tudo respira,

A dança dos media que o mundo admira.

Cada mente, uma pedra voadora,

Vê sem olhar, sempre de fora.

 

Nos picos da  cultura agora agonizante

Lobos uivam, alcateia assaltante!

Texto? Quem liga? Só interessa o sabor,

Dos factos transformados em vapor.

 

Num curto-circuito, sem origem nem fim,

A verdade é um jogo, um pobre arlequim. (postfactual!)

Círculos giram, interesses se enlaçam,

E o ego pequeno, a servir quem manda.

 

Humanos reduzidos à mera situação

Submissos à mente, longe do coração.

A cultura tornada fruto de uma mente vazia,

Onde o ego se dobra, em hipocrisia.

 

Neste reino de crime e injustiça velada,

Rebeldia é a luz, a esperança encenada.

Ironia dançante, oculta insubmissão

Na sombra da ordem, espera a salvação

António CD Justo

Pegadas do Tempo

http://poesiajusto.blogspot.com/

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PROGRAMA DE TRUMP

POR SER CLARO E AJUDAR A ENTENDER O QUE ESTÁ EM JOGO NOS EUA E SEM O RECURSO À DEMONIZAÇÃO DE PESSOAS
COLOCO AQUI
A ANÁLISE POLÍTICA DO ESPECIALISTA Doutor Miguel Mattos Chaves relativa às
“Eleições nos EUA – acerca de Donald J Trump
45º Presidente dos Estados Unidos da América
Candidato a ser o 47º Presidente dos EUA.
Há duas maneiras de analisar um País e um Presidente, ou um Candidato a futuro Presidente do mesmo:
a. A 1ª e a mais correcta, em termos técnicos, é analisar como se fosse um cidadão desse país, neste caso, como se fosse americano;
b. A 2ª é analisar como cidadão de outro país.
A minha técnica de análise, que sempre tenho seguido, leva-me à adopção do primeiro método. Isto é partir do ponto de partida de:
– “Se eu fosse Americano, (neste caso) como julgaria o candidato!”
Depois de ter assistido em directo (e sem os “filtros” das Tv’s portuguesas) à Convenção do Partido Republicano em Milwaukee – Wisconsin, através da Fox News (Partido Republicano) e da Cnn americana (Partido Democrata);
Depois de ter relido o Programa do Candidato quando foi candidato em 2015 a 45º Presidente dos EUA;
Depois de ler o Programa que se propõe executar se for eleito em Novembro deste ano como 47º Presidente dos EUA;
Tenho a dizer o seguinte:
NA POLÍTICA INTERNA – Em síntese
1º É a favor dos americanos primeiro, isto é, para ele, eles estão primeiro é para eles que quer governar e a quem quer defender; preocupa-se com as pessoas, não finge, preocupa-se mesmo;
2º Defende a Vida como Valor Supremo, em consequência:
a. Rejeita o Aborto, excepto se: 1. – houver perigo de vida para a Mãe, 2º. – se houver malformação grave do feto, devidamente e médicamente comprovado, e 3º. – se a gravidez resultar de violação violenta e criminosa da mãe;
b. Rejeita a Eutanásia;
3º É a favor da Família natural, nascida do casamento civil, ou religioso qualquer que seja a religião, entre homem e mulher, ou da união entre homem e mulher, mas rejeita a denominação de “casamento” a uma união civil entre homossexuais; nada o move contra os homossexuais. Cada pessoa em liberdade escolhe a sua tendência sexual;
4º Mas é contra a imposição e doutrinação forçada das crianças nas escolas, para as inclinar na crença da “Ideologia de Género”. A Educação pertence exclusivamente à Família. A Instrução cabe à escola. Não cabe à escola “doutrinar” as crianças. Cabe sim à escola ensinar e dar os instrumentos do saber, saber e saber fazer;
5º É contra a Imigração Ilegal, indocumentada, sem autorização, a qual provoca disrupções graves na sociedade; durante o seu 1º mandato diminuiu a imigração; continuou a obra dos seus antecessores de construir o muro entre o México e os EUA. Quando tomou posse em 2016 já havia cerca 1.000 kms construídos, construção essa que começou a partir de 1994. Construiu mais 365 kms. E quer continuar essa obra para impedir mais imigração clandestina.
6º Segundo as suas palavras “(…) se querem vir para os Estados Unidos venham, mas venham legalmente cumprindo as leis deste país (…)”.
7º Quer voltar a dar força e prestígio às forças de segurança do país, para que os americanos vivam em segurança e no respeito pela lei;
8º Quer prestigiar e defender uma vida condigna para os Veteranos que serviram nas Forças Armadas dos EUA; quer prestigiar todos quantos prestam serviço nas Forças Armadas;
9º Baixou os Impostos sobre o Trabalho (de 25% para 17% em média) e sobre as empresas; quer fazê-lo novamente, pois a liberdade das pessoas vem de poderem ter uma melhor vida e poderem escolher livremente onde gastam os proveitos do seu trabalho; e a liberdade de criação de empresas e consequente emprego advém de não terem um Estado a dificultar-lhes a vida e sobrecarrega-las com impostos.
10º Quer voltar a dar a independência energética aos EUA;
11º Quer as famílias americanas a poderem escolher livremente a escola onde põem os seus filhos;
12º Cumpriu enquanto Presidente todas as Promessas que fez na Campanha Eleitoral de 2015, excepto a da reconstrução de auto-estradas dos anos de 1950, de pontes, aeroportos e hospitais, por falta de mão-de-obra e de tempo de mandato e com isso criar mais riqueza e emprego para os americanos.
NA POLÌTICA INTERNACIONAL
(A). – NATO
1º Quer que os Governos dos Países Europeus cumpram a sua quota parte de contribuição financeira para o Orçamento da NATO; não quer os EUA a pagar tudo. Quer os Estados Europeus a pagarem a sua quota parte, ou seja, mais do que têm pago pela Defesa Colectiva do Ocidente.
2º Quer, e desde Eisenhower que todos os Presidentes o querem, que os Países Europeus tenham Forças Armadas e um Indústria de Defesa forte para se defenderem;
3º É contra o facto de os europeus estarem a viver à custa dos EUA em matéria de Defesa;
4º Quer libertar Parte dos milhares de milhões de dólares que gasta na defesa da Europa, para os aplicar na Economia Americana em proveito dos Americanos, e para fazer face à real ameaça – a China.
(B). – DEFESA e SEGURANÇA
1º Fez no seu anterior mandato o primeiro Acordo entre Israel e vários países Árabes da região, para manter a Paz; durante o seu mandato não houve conflitos armados na zona;
2º Manteve em respeito o líder da Coreia do Norte. Durante o seu mandato, depois das reuniões que teve com o mesmo, nunca mais houve um disparo de Misseis por parte da Coreia do Norte. Isto durou até à sua saída de Presidente;
3º Quer acabar com o conflito gerado pelo bárbaro ataque do Hamas a Israel;
4º Quer acabar com o patrocínio da guerra na Ucrânia, pondo a Rússia e a Ucrânia na mesa das negociações para negociarem os termos da Paz e acabar com o conflito.
Quer os Estados Europeus a assumirem as suas responsabilidades nesse processo.
5º No seu mandato como 45º Presidente (2016-2020) avisou os líderes dos vários países que os EUA não tolerariam conflitos armados, com um discurso rude e forte.
Conseguiu-o! Nenhum conflito armado internacional teve início no seu mandato.
6º Quer a Paz.
7º O Adversário dos EUA é a China que, ao mesmo tempo, é o inimigo comum do Ocidente; avisou de forma rude e à bruta que não tolerará quaisquer tentativas de avanços militares desse país na cena internacional.
8º Durante o seu anterior mandato queria puxar a Rússia para o lado da Europa e dos EUA e evitar que a mesma se viesse a aliar à China;
9º Quer restaurar a força e o prestígio internacional dos EUA. Não se preocupa que os outros governantes ocidentais gostem dele ou não, quer respeito pelo seu País!
ECONOMIA INTERNACIONAL
1º É contra a “globalização” selvagem a que assistimos com prejuízo dos cidadãos europeus e americanos e que só aproveita a alguns;
2º Quer que a Indústria, que se estabeleceu na China no auge da “moda” da globalização e noutros Países Asiáticos, regresse aos Estados Unidos para dar Emprego aos Americanos e assim aumentar e enriquecer a Classe Média e diminuir o número de pobres americanos;
Muito mais poderia descrever, mas seria muito longo.
CONCLUSÃO
Os dirigentes políticos europeus estão muito “incomodados” porque:
1º – Ele tem um discurso claro, rude e bruto (como bom americano médio que é) que contraria a vontade destes de continuarem a viver à custa do contribuinte Americano.
2º – Porque defende os Americanos em primeiro lugar e só depois vem o desígnio de ajudar os países europeus. Mas ele é eleito por americanos e não pelos europeus. Ou não?
3º – Põe a nu de forma desabrida e rude, mas honesta, a incompetência e a negligência de boa parte dos dirigentes europeus e a degradação dos Valores Perenes da Humanidade e da Civilização Judaico-Cristã.
4º – O seu lema: “In God we trust” (Em Deus confiamos) incomoda muita gente, sobretudo os Ateus e Agnósticos.
5º – O seu objectivo: “Make America Great Again” (Tornar a América grande outra vez) ainda incomoda muito mais, sobretudo os internacionalistas da esquerda.
Ora o seu Programa posto em prática no seu primeiro mandato, e que prosseguirá no seu segundo mandato, se for eleito, Não é do agrado:
– Dos Liberais dos Costumes,
– Da Esquerda Caviar,
– Da Direita Envergonhada.
Paciência. É a vida!
Tudo tentaram para o destruir! Não conseguiram, pois tem um carácter indomável e Acredita profundamente naquilo que defende e no seu País.
TERMINO:
Não sou americano, MAS se fosse,
– Votava sem qualquer dúvida em Donald J. Trump, para um novo mandato como 47º Presidente dos EUA.
– Como Português, é a minha esperança na recuperação dos Valores da Civilização Ocidental que estão a ser destruídos, de há uns anos a esta parte.
Miguel Mattos Chaves
Doutorado em Estudos Europeus pela Universidade Católica
Auditor de Defesa Nacional (CDN 2002)
Quadro Superior de Empresas
Conservador de Direita, sem filiação em nenhum Partido.”
Pessoalmente gostei muito do texto porque,  no que me é dado observar, os massmedia da União Europeia não têm estado interessados numa discussão objectiva a nível de conteúdo sobre Trump ao contrário do que é feito no artigo (nem nos conteúdos do partido democrata), pois têm interesse em dedicar-se à demonização da pessoa de Trump (tal como fazem com outros políticos que não sigam os seus interesses) porque falar da pessoa em vez de falar do programa, embora assuma um caracter baixo, impressiona mais o povo que se deixa orientar mais pelo sentimento transmitido do que pelo programa (o povo em geral não tem tempo para ler os programas dos partidos). É verdade que Trump usa um discurso público rude, mais claro e como tal bastante longe de um falar eufemista e ambíguo mais próprio da burguesia e do socialismo. Também é verdade que Trump usa um discurso público emocional dirigido às populações. Mas este é o recurso público de que fazem uso os imbuídos no poder quer a nível de interesses e concorrentes políticos quer dos media. Com Kamala Harris como concorrente certamente que o discurso para as populações mudará bastante e talvez se dê mais a nível de conteúdos programáticos.

O que está em jogo são as posições de Trump (republicanos) que são contra a globalização nas mãos de uma elite global que condiciona as políticas das nações cada vez mais dependentes de agendas internacionais e é contra a desmontagem da classe média em benefício dos globalistas e defende o humanismo judaico-cristão da civilização ocidental e o regionalismo.
O que importa reter é que os políticos agem com base em cálculos políticos de curto prazo e no mundo ocidental encontram-se duas mundivisões em luta escondidas sob programas encimados por pessoas.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo
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A POLARIZAÇÃO DO PODER POLÍTICO ENVENENA A ATMOSFERA SOCIAL ALEMÃ

O despertar do povo incomoda muita gente

Na Alemanha e na França, elitistas e populistas não olham a meios na disputa do poder. Vive-se já numa sociedade que pensa em estereótipos e usa dois pesos e duas medidas na condução do discurso público, como já se torna fácil observar nos mass media.

Principalmente a partir da epidemia Covid 19 e da guerra geopolítica na Ucrânia, a classe política e os Media apostaram na polarização da sociedade e deste modo transportam a sua agressividade política para o meio do povo.

Desde que o aspecto ideológico tomou assento na actual coligação alemã, o ambiente social na Alemanha é cada vez mais desconfortável chegando mesmo a tornar-se insuportável: as pessoas hoje têm medo de dizerem o que pensam para não perderem amigos e não serem colocadas no canto dos que pensam bem (a esquerda) ou no dos que pensam mal (a direita). Apagaram-se as diferenciações e até a palavra conservador já não se usa passando a ser identificada com a direita e esta com a extrema direita! As mentes correm cada vez mais o perigo de se encontrem em curto-circuito. Jornais alemães e políticos incitam o povo contra a direita como se se a direita se identificasse com extrema direita; diferenciação é concebida a nível de esquerda, como se o meio da sociedade fosse constituído pela esquerda).

Isto cria medo nas populações porque à guerra militar geopolítica dos governantes vem juntar-se a guerra civil da opinio pública sem espaço para a razão nem para alternativas, a não ser a luta e a culpa democratizada. De momento vale tudo menos o discernimento e a diferenciação: em tempos de guerra “salve-se quem puder”! As elites governantes em vez de corrigirem o seu actuar preferem declarar como antidemocrata quem não está de acordo com as suas medidas.

O povo, para não ser hostilizado nem envolvido na luta social criada pela política e pelos media, só lhe resta a possibilidade de se refugiar na vida privada. Doutra maneira verá amizades destroçadas!

A sociedade crítica alemã vai assim tendo uma ideia da atmosfera social do seu tempo nazi e do tempo da Alemanha socialista (DDR). Os regimes quanto mais autoritários são mais se servem do medo, da censura e do controlo. As democracias que se quereriam exemplares (União Europeia e USA) encontram-se doentes.

Passo a testemunhar uma experiência feita na sociedade alemã nos anos oitenta e noventa. Então era eu o porta-voz do Conselho de Estrangeiros de Kassel  e minha esposa e eu organizávamos no nosso jardim encontros de convívio onde se reuniam africanos, muçulmanos, ateus, judeus e cristãos e membros dos diferentes quadrantes políticos alemães (De notar que então o partido dos Verdes era repelido pelo arco do poder tal como é hoje o partido AfD; no passado, porém, os Media eram mais neutros e por isso não havia ainda na sociedade a agitação popular). Eram festas em que se reuniam 40 pessoas empenhadas politicamente  e todos conviviam e falavam uns com os outros sem preconceitos e, sem atender a diferenças ou posições políticas; todos aplaudiam músicas feitas por judeus, afegãos ou da Índia e não se preocupavam se os participantes eram de direita ou de esquerda.

Pelo que me é dado observar, hoje a opinião pública da população alemã encontra-se em geral fanatizada e com ela também habitantes de outras etnias; a polarização política passou a dominar de tal modo a opinião pública que põe em perigo a paz social e as amizades.

Imagine-se o desplante da arrogância ideológica: A ministra dos negócios estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, declarou querer levar ao mundo uma política externa feminista. O feminismo considerado como símbolo do bem apregoado por um país onde a vontade de compromisso, a capacidade de diálogo e a empatia devem ser substituídas por “tornar-se eficiente para a guerra” parece ter muito mais de masculino do que de feminino.  Esperemos que este mal não se espalhe tão depressa pelos países menos expostos.

Deixou de haver direita e esquerda para se dar expressão à opinião única dos defensores do sistema identificado com a democracia contra a chamada extrema direita. Em geral, o discurso público não faz uso da palavra extrema no que toca aos da esquerda porque se parte do princípio de que esta se encontra na verdade e está consciente do poder virolento de palavras fortes. Também a China está a intervir no controlo da linguagem porque quem domina a linguagem domina o povo!

Os critérios usados para classificar uma pessoa como extrema direita são: questionar a agenda de género, ser contra o aborto, falar da existência de demasiados refugiados, da excessiva criminalidade de origem islâmica ou questionar o liberalismo globalista.

Na realidade trata-se de implementar uma nova cultura e o que está em causa é a deslocação do poder dentro do arco do poder (partidos que se alternam na governação) que, vendo o surgir de novos partidos com muito apoio popular, sente a sua posição de poder a oscilar  e por isso faz uso de todos os meios para os combater usando a estratégia de que a democracia está em perigo, quando o que está em questão são medidas governativas que sem consideração de prejuízos se afirma de maneira arrogante sem ver necessidade de justificar as medidas que toma, como se dá no caso dos Verdes na coligação de governo alemã

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

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URSULA VON DER LEYEN CHEFE DA COMISSÃO EUROPEIA POR MAIS 5 ANOS

O Presidente do Conselho Europeu António Costa já nomeou como chefes do seu gabinete Pedro Lourtie e David Oppenheimer

Os chefes de Estado e de Governo da Europa tinham eleito Ursula von der Leyen como única candidata no final de junho, para presidente da Comissão Europeia; esta foi agora (18.07.2024) confirmada pelo Parlamento Europeu.

Dos 707 representantes eleitos no Parlamento 401 votaram na candidata alemã para um novo mandato de cinco anos! 284 parlamentares votaram contra e houve 15 abstenções. Deste modo a EU demonstrou unidade e uma certa legitimação para continuar a sua política adversária em relação aos seus declarados concorrentes Rússia, China e republicanos dos EUA.

Von der Leyen, para ser eleita precisaria de 361 votos. Dos 707 deputados fazem parte 21 portugueses, Alemanha 96, França 81, Itália 76, Espanha 61, Polónia 53, etc. (1)

Pode-se dizer que o poder continua propriamente como antes nas mãos do PPE – grupo popular europeu (democratas cristãos) e do S&D – Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu com o apoio dos Verdes/ALE – Grupo dos Verdes / Aliança Livre Europeia. A coligação informal acordou antecipadamente a distribuição dos cargos de topo entre si. O centro-esquerda e o centro-direita continuam a determinar o futuro da Europa. Quem está do lado do poder está sempre na frente da história. Von der Leyen tem 32.000 funcionários sob sua tutela (2).

O pacote de postos mais influentes, além da Presidente da Comissão (Von der Leyen) são o de Presidente do Conselho Europeu (António Costa) que tomará posse a 1 de Dezembro e já nomeou como chefe do seu gabinete o embaixador  Pedro Lourtie e como chefe do gabinete adjunto, David Oppenheimer; Costa sucede no cargo a Charles Michel ; outro cargo muito importante é o de diplomata-chefe da EU (Kaja Kallas) e o cargo de Presidente do Parlamento Europeu (Roberta Metsola).

A Mãe de 7 filhos andou na escola de Angela Merkel e por isso a sua força revela-se na sua capacidade de conversações entre os partidos do arco do poder e de estabelecer alianças no carrossel dominado pela Alemanha e a França, mas onde os interesses vão da Finlandia (e países bálticos) a Portugal e ao Chipre. Pelo resultado vê-se que Von der Leyen não tropeçou sobre os duvidosos acordos secretos de vacinas contra o coronavírus que ela concluiu com gigantes farmacêuticos como a Pfizer! Para o arco do poder e para a política e geral a moral reduz-se a música de acompanhamento.

A campanha de da Presidente da Comissão por um “escudo protetor europeu para a democracia” certamente não passará de um programa de maior controlo do cidadão no sentido de uma polarização desenfreada da sociedade.

Para o partido alemão da aliança Sahra Wagenknecht, a reeleição foi um erro grave. A fundadora do partido, Sahra Wagenknecht disse: “O BSW votou contra Ursula von der Leyen e… a UE enterrou definitivamente a ideia de um projecto de paz”; Wagenknecht criticou o facto de Von der Leyen apoiar militarmente a Ucrânia e não ter criticado suficientemente a guerra na Faixa de Gaza; atacou também o “Acordo Verde” que coloca “um machado na prosperidade das pessoas, especialmente na Alemanha” (3).

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) https://www.deutschlandfunk.de/europawahl-von-der-leyen-kommission-europaparlament-posten-100.html

(2) As facções do Partido Popular Europeu, dos Sociais Democratas e dos Liberais já tinham chegado a acordo sobre a reeleição. No curto prazo, os Verdes também sinalizaram apoio. https://www.parlamento.pt/europa/Paginas/InstituicoesEuropeias.aspx

(3) https://www.tagesschau.de/ausland/europa/von-der-leyen-eu-kommissionspraesidentin-100.html

 

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O HOMEM EUROPEU QUE SABE O QUE QUER ENTRE OS QUE FAZEM O QUE QUEREM

O Presidente da Hungria visitou Trump no Âmbito da Cimeira da NATO

Imediatamente após a cimeira da NATO em Washington, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, visitou o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, no seu domicílio em Flórida, tornando-se no desmancha-prazeres da festa ao colocar a sua „missão de paz” em cena, quando o que estava na ordem de trabalhos era só a “missão de guerra” da NATO!

Numa Europa perdida entre o saber e o querer sobressai a petulância no fazer. Por outro lado, a população movida pelos ventos dos centros noticiosos renuncia ao fazer na ilusão de que os que fazem o fazem com saber e não por mero interesse de poder. No meio de uma Europa em derrocada e de um mundo cada vez mais multipolar, tudo se move na tentativa de criar alianças internacionais

Em jogo encontram-se duas concepções de União Europeia: uma visão supranacional e uma visão de soberania das nações, acompanhadas de uma geoestratégia tendente a manter os EUA à frente de um poder monopolar mundial. Isto leva a uma luta política, económica, cultural e de valores entre internacionalistas/socialistas e nacionalistas/conservadores. A UE não tem mostrado capacidade para gerir sobretudo o conflito cultural e de valores devido à sua política de desconstrução de valores tradicionais europeus em contrapartida de interesses de grupos globalistas. As potências mostram-se interessadas em poder económico militar e os países pequenos defendem o que têm e lhes dá valor e isso é sobretudo a sua cultura.

A visita de Orban a Kiev, à Rússia, China, (1) embora não autorizada pela UE, representa uma inovação compreensível no cenário político europeu. No passado, nações como Alemanha e França não se contentavam em ver os seus interesses expressos na EU, mas por seu lado realizavam ainda conversações nacionais paralelas em relação à China, enquanto países periféricos da UE se contentam com apoios económicos limitados.  O líder húngaro, arroga-se gestos que só seriam aceites se feitos por potências europeias que pensam em termos de interesses nacionais.

Orban, com sua iniciativa, sugere que é hora de incluir os interesses das nações menos influentes nas relações internacionais. Caso contrário, a democracia servirá apenas os interesses das economias e povos mais poderosos.

Por outro lado, ao colocar os objetivos da EU como indiscutíveis: ganhar a guerra geopolítica na Ucrânia e o liberalismo económico fomentador de um globalismo beneficiador sobretudo das grandes potências e do grande capital acrescido da política de imigração islâmica torna o desafio ainda mais agudo. A Coesão da EU assenta sobre pés de barro enquanto mantiver um dirigismo através de medidas económicas e legislativas que não respeitam a consciência popular. A cultura europeia, de si multifacetada e aberta encontra-se, neste momento em grande crise sobretudo no que diz respeito à política de imigração dado a sociedade ter a impressão de que a imigração islâmica é usada como instrumento político que pretende, em nome da tolerância para com o islão, legitimar a desestabilização da cultura europeia, a longo prazo. Observa-se no trato mediático que os valores cristãos são colocados à disposição enquanto os valores muçulmanos são tratados como tabu não sendo permitida uma discussão séria sobre os respectivos valores. Deste modo assiste-se a uma luta clandestina entre a secularidade e a tradição de caracter europeu.

A Hungria tem utilizado o seu poder de veto dentro do Conselho Europeu para bloquear decisões de sanções contra certos países ou políticas de redistribuição de migrantes. Orban opõe-se desde 2015 à prática da UE que promove uma política de acolhimento e redistribuição de refugiados, em nome da solidária e partilhada entre os Estados-membros, quando a causa da imigração islâmica se deve em grande parte a guerras efetuadas no interesse das potências como se deu no caso do Afeganistão, Iraque, Síria, Líbia, etc. A política externa de Orbán também inclui o fortalecimento de laços com potências não ocidentais, como a China e a Rússia, que vai contra a política da EU de procurar laços só com os parceiros do seu bloco.

Também o uso do veto pela Hungria tem frustrado muitos líderes europeus e complicado a tomada de decisões na UE. Daí ter surgido a ideia de se retirar o direito de veto às nações para deste modo ser favorecida a formação de maiorias na EU sem vetos nacionais, o que significaria concretamente uma cedência à imposição dos interesses das grandes potencias. Sintomático neste sentido torna-se o facto de António Costa já antes de ser nomeado presidente do Conselho da UE ter tomado posição em favor da abdicação do direito nacional de veto. Nesta lógica, tão advogada na imprensa alemã, as nações pequenas perderiam o seu significado podendo as potências impor a sua vontade sem necessidade de grandes conversações.

Em suma, a iniciativa de Orban sublinha a importância de priorizar a paz sobre interesses particulares, refletindo uma visão que deveria ser central na política internacional. Em vez de uma discussão séria sobre as diferentes concepções e respectivos interesses no que diz respeito à EU e à guerra geopolítica, a opinião pública fomentada por Bruxelas, contenta-se em qualificar Orbán de nacionalista e de fascista e o povo não tem outro remédio senão engolir sem mastigar nem digerir.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

(1) Viktor Orban foi um dos poucos representantes europeus e o único chefe de governo da UE a participar no fórum da China sobre a “Nova Rota da Seda”. A reação dos políticos da UE e da imprensa sugere uma insatisfação generalizada com a missão de Orban a Kiev, Moscovo e Pequim. O silêncio sobre sua iniciativa de paz reflete uma preocupação em não perturbar o status quo militar e estratégico fomentado pela NATO e pela Alemanha.Numa era de declínio da hegemonia dos EUA, a insistência na guerra na Ucrânia e em fronteiras russas parece preparar o terreno para um futuro onde conflitos económicos e militares serão a norma. Esse cenário beneficia os “falcões” militares, que promovem um mundo dividido em blocos militares, adotando medidas protecionistas e bloqueios económicos que afetam sempre e diretamente o povo.

Viktor Orban, não bem visto pela UE e pelos seus media, desafia a narrativa dominante, exigindo uma discussão séria sobre os interesses da Europa e do mundo. Em Pequim, Orban afirmou que apenas com contribuições positivas de todas as grandes potências será possível um cessar-fogo rápido no conflito. Ele ressaltou que “nenhuma pessoa séria pode dizer que a Rússia tem qualquer intenção de atacar a NATO”, sublinhando a necessidade de energia positiva para alcançar a paz.

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