Por uma Nova Política de Verdade: Poder sem Violação da Verdade
Apresento aqui uma citação do filósofo Michel Foucault, do seu livro “Microfísica do Poder”, onde a citação nos proporciona uma reflexão fundamental: “O problema político essencial para o intelectual não é criticar os conteúdos ideológicos que estariam ligados à ciência ou fazer com que sua prática científica seja acompanhada por uma ideologia justa; mas saber se é possível constituir uma nova política da verdade. […] Não se trata de libertar a verdade de todo sistema de poder – o que seria quimérico na medida em que a própria verdade é poder – mas desvincular o poder da verdade das formas de hegemonia no interior das quais ela funciona no momento.” (Link para a obra: https://fliphtml5.com/clana/zccy/basic)
A questão central e o verdadeiro desafio não é apenas criticar ideologias ocultas na ciência nem questionar se ela serve a uma causa justa. O grande desafio é construir uma nova relação com a verdade, garantindo que ela beneficie a todos e não apenas os poderosos, que frequentemente moldam as suas próprias “verdades” como meios de conquistar terreno e como escudos de protecção.
Foucault argumenta que a verdade jamais será totalmente independente do poder, pois ela própria é uma forma de poder. No entanto, podemos lutar para que esse poder da verdade não seja usado para dominação e opressão, mas sim para promover justiça e igualdade de forma autêntica.
Nos dias de hoje, a ausência da verdade é evidente pois é identificada com o poder. Como resultado temos um embate entre elites opostas, enquanto a violência é transferida para os cidadãos, que são induzidos a acreditar que as disputas políticas refletem a verdade, quando na realidade são apenas expressões de poder desvinculado dela.
Os políticos e líderes deveriam ser guiados por princípios morais que colocassem a verdade a serviço do bem comum – e não como ferramenta de controle para benefício de poucos. A verdade deve ser um caminho para a justiça, e não um instrumento de manipulação e de implementação de poderes falsos porque oportunistas e antagónicos aos interesses do bem-comum. Isso exige autenticidade e compromisso com as reais necessidades das pessoas, acima de ambições pessoais ou interesses de grupos específicos.
É evidente que o poder tem a sua própria verdade, mas ele não pode ser confundido com ela. A incapacidade de distinguir entre verdade e poder gera confusão social, algo que vem sendo explorado por Bruxelas e pelas potências europeias, conduzindo a Europa para um impasse perigoso.
Se queremos um futuro mais justo, é fundamental redefinir a relação entre poder e verdade, garantindo que ela não sirva à opressão, mas sim à justiça e ao bem comum.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo
Já que a verdade serve várias correntes ideológicas, filosóficas, políticas, sociais…podemos dizer também que não acreditamos em nada. Que é feito daquele pensamento
“a verdade é só uma?” Não é mais do que um pensamento primário, dada a complexidade em que actualmente se tornou a vida sob todos os aspectos.
Mafalda Freitas Pereira, Michel Foucault, vai muito mais além! De facto a verdade não serve as correntes ideológicas, como refiro no artigo; as correntes ideológicas e políticos é que abusam dela ao identificá-la com o poder (seja de que ordem fôr). A realidade é como muito bem diz muito complexa mas o problema é que os políticos agora na arena e os meios de comunicação seguiram apenas o pensar dualista do sim-não, verdade-mentira, bons-maus (diabolização de um lado e branqueamento do outro, abusando dos sentimentos do cidadão, reduzindo questões complexas a dualidades simplistas) para controlarem o povo e assim o levarem a aplaudir os interesses que se escondem por trás da complexidade. Michel Foucault que está consciente da complexidade alerta-nos para não identificarmos verdade com o que os meios de comunicação e muitos políticos nos querem fazer crer como verdade o que nos apresentam. Por isso precisamos de uma política sob a regie da Verdade e não de meros interesses de mero poder. A Verdade é só uma, isto é Deus, e Deus está com o povo, mas o povo tem de ser governado por verdades repartidas entre vários partidos que tomam as próprias verdades como sendo a Verdade e de facto desconhecem a Verdade e por isso lutam por interesses de poderem organizados ou que se organizem mas não lutam pelo bem comum!