A ALEMANHA PREPARA-SE PARA A ERA PÓS-ÂNGELA MERKEL

A Mudança político-social na Alemanha expressa a Mudança em Via na Europa

António Justo

As eleições do Estado federado Turíngia, na continuação de outras eleições federais, colocaram em xeque-mate não só os partidos da Coligação como também as tradicionais forças políticas do arco do poder na Alemanha. Pelo que se observa, a liberdade favorece as margens partidárias e abandona o centro.

O partido Esquerda ganhou as eleições na Turíngia (antiga Alemanha Oriental) com 31,0 % (29 assentos num parlamento de 90 deputados), AfD 23,4 % (22 assentos, duplicando o seu resultado de 2014); a CDU 21,8% (21 assentos, menos 11,7 %), SPD 8,2%, (oito assentos), os Verdes 5,2 % (cinco assentos); o FDP 5,0% ( cinco assentos, cinco votos fizeram com que o partido entrasse no Parlamento; restantes partidos 5,4% . A maioria absoluta é de 46 lugares.

Do meio da sociedade alemã surge um clamor que faz lembrar um toque a finados anunciador da era pós-Merkel e do poder político europeu classicamente disputado e repartido entre os partidos populares do centro da esquerda e da direita.

Chanceler Merkel conseguiu com a coligação CDU/CSU-SPD fortalecer a força económica da Alemanha. Mas, com a sua teimosia em matéria de política de refugiados (política das portas abertas à imigração muçulmana e do norte de África) e de política energética (pôr termo agendado às centrais nucleares e às centrais do carvão) embora conseguisse também o aplauso dos Verdes e da esquerda em geral, desestabilizou a sociedade centrista alemã e em parte a política europeia (A política dos refugiados desestabiliza toda a Europa e as relações entre os membros da EU (O Brexit também tem explicações neste contexto; a difamação da Polónia que conseguiu integrar um milhão de ucranianos também).

A Grande Coligação do Governo de Merkel criou prosperidade, mas em vez de reagir às exigências da maioria do povo que representava limitou-se a criticar o surgir de um AfD que provem do seu eleitorado. Não chega a demonização da AfD, a força de uns é a fraqueza dos outros. Importante seria a discussão política de quem tem as melhores ideias.

Enquanto os partidos do poder se concentram em torno do monotema clima, e a AfD se ocupa do monotema imigração muçulmana, a sociedade reagirá. As medidas para redução do CO2 fazem-se sentir na carteira de cada um e a criminalidade sobretudo de estrangeiros parece tornar-se normal na sociedade. Não admira que o AfD surja como novo “partido do povo”, em oposição ao estabelecimento.

A nova força, a estabelecer-se como novo centro parece querer dar resposta a exigências de revisão de políticas, as mesmas que estão na base da eleição de Trump nos EUA. O AfD movimentou muito dos cidadãos não eleitores pela razão do buraco existente criado pela Grande coligação governamental (Groko) que segue uma política tida por muitos como demasiado verde e vermelha.

O AfD perfilou-se como verdadeira oposição, apontando também para problemas por resolver e que são o controlo das fronteiras, a imigração em massa, Estado de direito condescendente com Erdogan, segurança interna, islão, autonomia monetária, identidade nacional e a Expropriação da classe média pela taxa de juro zero na zona Euro.

Embora na Turíngia tenham ganhado os polos (Esquerda e AfD), resumindo, pode-se dizer que venceu a democracia; o cidadão encontra-se mais politizado começando a haver mais mistura de cores. O povo sente-se submerso, não representado, e quer ver a coisa pública nas próprias mãos; é o começo de autoconfiança. Não é fácil governar uma sociedade do bem-estar e igualitária, dado também ela concorrer para a divisão de pessoas e grupos.

A esquerda de Bado Ramelow poderia constituir governo com a CDU, mas esta tem medo que lhe aconteça como tem acontecido ao SPD em plena derrocada. Por isso se levantam na CDU as vozes conservadoras que não aceitam fazer coligação com uma esquerda socialista que não se distancie do ideário dos pais do socialismo. No futuro, também estes antagonismos políticos deixarão de constituir impedimento de coligações governamentais; é apenas uma questão de tempo.

A discussão em vez de se dar em tabus e ataques dogmáticos gerais deveria passar a uma discussão de quem tem as melhores ideias, com debates racionais e com espaço para compromissos. O povo bem diz : “o compromisso é a cola da democracia”. Se os partidos do arco do poder pretenderem manter-se nele terão de investir mais no cidadão, pois a sociedade civil será a chave para o futuro. Censurar como o fazem aqueles que lucram com o poder estabelecido, e como aqueles que se expressam como se fossem os senhores da democracia e da verdade não ajuda ao desenvolvimento. Estamos em tempos de mudança; aqueles que ainda não notaram isso já perderam.

Se a CDU e o SPD quiserem voltar aos gloriosos tempos do passado terão de ouvir o povo que nesta época anseia por fronteiras não tão escancaradas.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

FORNECIMENTO DE ARMAS PARA A TURQUIA PELA ALEMANHA

A Voz da Verdade nas Entrelinhas

Nos primeiros oito meses deste ano, a Alemanha forneceu armas à Turquia no valor de 250,4 milhoes de euros; até ao dia 9 de Outubro deste ano foram aprovadas mais do dobro das entregas de armas à Turquia do que em todo o ano de 2018.

A Turquia tem 354 tanques de batalha (Leopard 2), que foram entregues ao parceiro da NATO Turquia como parte de um negócio de armamento desde 2005. O principal tanque de batalha tem sido fabricado pela KMW desde 1979 (HNA 24.10.2019).

A linguagem da economia é mais inequívoca! A cumplicidade tem um nome: negócio irresponsável. Deve ser evitada a má consciência do ppvo; por isso, na generalidade da imprensa dos países, estas informações são dadas à margem.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

CATALUNHA À VISTA

CATALUNHA À VISTA

Venham ver, amigos venham

A democracia a arder

Hong Kong em Barcelona

Numa Espanha por fazer!

 

Venham ver, amigos venham

Lá para os lados de Castela

Ventos vindos da Venezuela

A enfunar a Constituição!

 

Venham ver, amigos venham

A democracia enfardada

Em terras de Espanha

A enxotar a população!

 

A democracia encapotada

De resistência em África

É tirania indesejada

Se recriada na Europa

 

António da Cunha Duarte Justo

© In Pegadas do Tempo

e em  http://poesiajusto.blogspot.com/

BREXIT: FINALMENTE SURGIU LUZ NO FIM DO ESCURO TÚNEL

Irlanda com Perspectivas de Futuro

António Justo

Com o novo acordo do “Brexit” de Johnson, entre Londres e Bruxelas, é criado um bom precedente que possibilita uma participação comum do RU e da EU nos destinos da Irlanda. Se não for criado um estatuto próprio para a Irlanda do Norte continuará o problema por resolver de uma situação entre União Aduaneira e o Mercado Único. O compromisso proposto mantém em aberto a esperança para a EU e para uma futura Irlanda mais independente.

Ficou claro que o Brexit não será adiado para lá do 31 de Outubro e foi acordada uma fase de transição até final de 2020. O reino Unido permanece no mercado único da UE e na união aduaneira europeia. Os 3 milhões de cidadãos da EU residentes no RU e um milhão de britânicos residentes na EU continuam, também depois de 2020, com os mesmos direitos que tinham até agora, no entender da imprensa alemã. O calcanhar de Aquiles ainda continua a ser a oposição e os Unionistas da Irlanda do Norte que rejeitam o acordo no parlamento.

No Reino Unido discute-se, nem sempre ao agrado de todos. De não esquecer, que apesar dos egoísmos nacionais próprios das grandes potências, o RU é um grande e velho país onde princípios de democracia começaram por se afirmar na Europa.

Não se pode comparar os interesses deste país com a maior parte dos interesses dos países da EU qua andam mais ou menos atrelados a ela.

Bruxelas também cometeu muitos erros não acautelando muitos interesses ligados ao conceito de Nação que, países grandes conscientes do seu poder e soberania não abdicam facilmente. Em jogo estavam interesses económicos e a defesa de interesses considerados inalienáveis para uma nação e uma demasiada submissão a interesses também eles legítimos de Bruxelas no mundo: isto foi um dos motivos do Brexit. Os interesses nem sempre são só de estómago, por vezes, passam também pela cabeça!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

RESULTADOS DAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2019 NA DIÁSPORA PORTUGUESA E APURAMENTO NACIONAL FINAL

 

António Justo

Finalmente (17.10.2019) foram apurados os resultados dos votos das eleições legislativas na emigração. Houve irregularidades graves!

O círculo eleitoral da Europa, com direito a dois deputados, elegeu um deputado para o PS (29,06%) e um para o PSD (18,77%). No círculo fora da Europa, também com direito a eleger dois deputados, foram eleitos os dois partidos: PSD com 33,39% e PS com 20,19%. A nível de votos o PAN também recebeu 4,84% dos votos, o Bloco de Esquerda 4,75%, o CDS-PP 3,36% e o PCP-PEV 2,04%

Só 158 000 emigrantes votaram (dos 1.441.344 eleitores inscritos). Houve irregularidades, mas, como se trata dos fracos emigrantes, a política não liga; eles também não!

A participação caricata de 10% dos emigrantes inscritos nas eleições, é também ela, um factor que explica e legitima, em parte, o desinteresse das organizações partidárias e dos governos no empenho pelos emigrantes.

Os emigrantes passam a interessar apenas no sector económico e este deve ser calado porque daí poderia resultar maior inclusão de interesses!

O resultado das eleições torna-se numa situação embaraçosa para todos as partes e explica o alibi democrático e político da eleição de quatro deputados para toda a diáspora. Em tal situação também não se pode exigir mais.
Ninguém dá nada a ninguém e parra exigir é preciso voz!!

RESULTADO NACIONAL

Das eleições legislativas 2019 resultaram eleitos, para a Assembleia Nacional, 108 deputados para o PS (36,34%), 79 deputados para o PSD (27,76%), 19 deputados para o Bloco de Esquerda (9,52%),12 deputados para a CDU (PCP-PEV) (6,33%), cinco deputados para o CDS-PP (4,22%), quatro deputados para o PAN (3,32%), um deputado para o Chega (1,29%), um deputado para a Iniciativa Liberal (1,29%) e um deputado para o Livre (1,09%).

A taxa de abstenção foi de 51,43% e votos em branco 2,51% e votos nulos 2,36%.

A representação democrática em Portugal revela-se assim muito fraca, dado o partido da maioria silenciosa abstencionista ser de 51,43%.

Perante tal facto os partidos terão mais razão para calar do que para regugizar!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo,