“NÓS ESTAMOS DO LADO DE ISRAEL”

Ontem (23.01.2020) comemorou-se em Israel a libertação do campo de extermínio de Auschwitz, há 75 anos.

No evento estiveram entre muitos outras personalidades internacionais, o presidente russo, o presidente francês, o Vice-presidente dos USA, e o presidente alemão.

O discurso do presidente alemão Frank-Walter Steinmeier em Israel pode considerar-se um discurso histórico (1).

Corajoso reafirmou: “a nossa responsabilidade alemã não passa”… “Esta Alemanha só fará justiça a si mesma se estiver à altura da sua responsabilidade histórica”. E especificou: “Nós combatemos o antissemitismo! Nós desafiamos o veneno do nacionalismo! Nós protegemos a vida judaica! Nós estamos do lado de Israel (Também poderia ser traduzido “Nós estamos ao lado de Israel)! Eu renovo esta promessa aqui no Yad Vashem perante os olhos do mundo.”

Este discurso foi acolhido com muito aplauso pela imprensa alemã.

Yad Vashem ( “monumento e nome” ) em Jerusalém é o memorial e museu mais importante para as vítimas judaicas dos nazistas.

António da Cunha Duarte Justo

In Pegadas do tempo

(1) Discurso em alemão: https://www.morgenpost.de/politik/article228221477/Die-Rede-des-Bundespraesidenten-in-Yad-Vashem-im-Wortlaut.html

TRÁFICO DE PESSOAS – ESCRAVIDÃO MODERNA

Na Nigéria uma Menina custa 750€ e um Menino 1.245€

Embora a escravidão tenha sido legalmente abolida, há redes criminosas que raptam mulheres e adolescentes recorrendo também a outras formas de coerção, sequestro, fraude e engano. Muitas menores são raptadas e obrigadas a sexo até ficarem grávidas.

Muitas delas são levadas para fábricas de bebés onde o comércio de bebés floresce nas sombras da lei.

A Organização das Aldeias de Crianças SOS chama a atenção da necessidade de implementar processo criminal contra traficantes de seres humanos que são mediadores de crianças para o mundo inteiro, especialmente para os sem filhos. No dizer da Organização, a maior parte das fábricas de bebés encontram-se no sul da Nigéria. O problema já é antigo; em 2006 foram libertadas 300 mulheres dessas fábricas.

Há muitos casos de adoções ilegais, mas também os há de escravidão infantil, abuso sexual e tráfico de órgãos.

O chefe da polícia de Lagos afirmou que meninos custam 1.245€ (500.000 Naira) e meninas um pouco mais de metade (Cfr. HNA, 18.01.2020).

O comércio com bebés também se dá no Gana, Chade, Libéria, Egipto, Etiópia, Serra Leoa, Uganda, África do Sul.

A burocracia para a adoção de crianças é muito complicada, o que facilita o negócio dos traficantes de crianças.

O tráfico com crianças e da escravidão de pessoas atinge dimensões orbitantes.  Também na Europa há muitos casos de escravidão, especialmente na prostituição.

Segundo estimativas das organizações da ONU, atualmente, no mundo, há cerca de doze milhões de pessoas em situação de escravatura. Metade delas são crianças e adolescentes. O tráfico de menores é, depois do comércio de armas e drogas, o mais lucrativo.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

BENTO XVI DISTANCIA-SE DO LIVRO SOBRE O CELIBATO

O Papa emérito distancia-se de co-autor do controverso livro sobre a proibição do casamento para sacerdotes publicado pelo Cardeal Robert Sarah na França.

Por instruções de Bento XVI, através do seu secretário, foi pedido ao Cardeal Sarah que “peça à editora que retire o nome de Bento XVI da encadernação” e o mesmo se aplica à assinatura de Bento XVI na introdução e nas palavras de conclusão.

Bento XVI não tinha concordado em ser co-autor do livro, nem tinha sido informado sobre o seu formato

Bento XVI sabe que não se pode intrometer publicamente em assuntos do seu sucessor!

O cardeal Sarah certamente queria prestar um serviço aos ultra-conservadores e no seu zelo não observou certamente todas as regras.

António da Cunha Duarte Justo

In Pegadas do Tempo

CONSERVADORES ABUSAM DE BENTO XVI CONTRA O PAPA FRANCISCO NA CONTROVÉRSIA SOBRE O CELIBATO

 

 “Do profundo do nosso Coração” – Igreja contra ela mesma?

António Justo

Com a publicação de um livro de 144 páginas e com o título “Do profundo do nosso Coração” (“Des profondeurs de nos cœurs”) em defesa do celibato, ultraconservadores do Vaticano tentam manipular em seu favor escritos do emérito papa Bento XVI. O Cardeal Robert Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino, advoga a coautoria do livro dele e de Bento XVI.

O livro coloca o Papa Francisco em situação difícil. De facto, Francisco estava a preparar uma Exortação sobre o Sínodo da Amazónia onde deveria tomar posição, em breve, sobre o celibato e provável abertura do clero para mulheres a nível regional.

O livro declara-se expressamente contra posições do Sínodo para a Amazónia, onde se previa o sacerdócio para pessoas casadas. Concretamente, questiona a resolução 72 aprovada pelos padres sinodais do sínodo da Amazónia. De facto, o sínodo da Amazónia não acabou com o celibato, mas abriu uma brecha para familiarizar a ideia e com o tempo concretizá-la.

Segundo o livro, o sacerdócio celibatário pretende libertar o sacerdote do ciclo matrimonial e da sujeição aos bens terrenos (posse) para não estar sujeito ao “fluxo do tempo”.

É altamente questionável que Bento XVI tenha querido uma autoria comparticipada.  Colaboradores de Bento XVI dizem que “Bento está completamente alheio a esta operação e mediática evidente”. Também vários jornalistas do Vaticano de renome negam o envolvimento do ex-pontífice na publicação do livro e dizem que Bento “não tinha visto ou aprovado a primeira página ou o facto de ter sido publicado um livro a quatro mãos “. Trata-se mais de uma “operação mediática” com “manipulações mediáticas” em curso, das quais Bento se dissociou (1). O cardeal Sahra apresentou como prova da cooperação três cartas com o cabeçalho e a assinatura de Bento XVI. Mas não há neles qualquer menção de cooperação num livro.

Uma pessoa íntegra como Bento XVI nunca poderia tomar tal atitude que constituiria um perigo para a unidade da Igreja. De facto, nestas questões quem teria uma palavra a dizer, ao lado do Papa seria o Colégio dos Cardeais” a quem competiria interferir.

Tudo leva a indicar que não há “transparência” entre o que os textos que Ratzinger terá escrito e o que aparece agora em livro conjunto. Certamente em breve sairá uma comunicação de Bento XVI a pôr cobro às especulações.

É bastante evidente que os ultraconservadores procuram minar a autoridade do Papa Francisco. Para isso revelam uma boa estratégia, conscientes de que hoje o que mais determina a opinião pública são as manchetes dos jornais e agendas de grupos com influência nos Media. Uma vez colocada em movimento a massa dos sentimentos já não haverá oportunidade para mais reflexões e diferenciações.

Porém a realidade que subsiste é que quem está com o Papa está com a Igreja!

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo

In Pegadas do Tempo

 

  • (1) https://www.katholisch.de/artikel/24197-ist-benedikt-xvi-wirklich-der-co-autor-des-zoelibat-buchs