CAIM EM SARAMAGO


O Centenário da República exigia Saramago

António Justo
Os ideais sociais e republicanos parecem só se poderem afirmar numa relação social de dois grupos antagónicos: Caim e Abel. Saramago, um apologista da velha física mecanicista e materialista deita mão da sua ignota sebenta sobre o Velho Testamento para afoguear o ânimo dos portugueses e reavivar os velhos ressentimentos republicanos e materialistas, cada vez mais presentes numa sociedade decadente. Esta polémica em torno de Caim, no centenário da república portuguesa, procura dar continuidade a um republicanismo barato e atrevido que vive de forma discreta e parasitária num Estado em estado de graça e de sonho.

Saramago, fez, como os bons promotores de vendas fazem. Dias antes do seu livro “Caim” aparecer nos balcões de venda, o negociante da opinião presta uma série de declarações provocantes aos Media para chamar as atenções para si e motivar os correligionários e curiosos à compra do livro. A polémica ajuda o negócio. A arte cada vez se reduz mais ao escândalo. A opinião publicada em torno de Nobel camarada, revela um país assombrado, como se tratasse dum galinheiro de galinhas de olhar fixo na crista vermelha do galo que brilha no poleiro da sua importância. Os negociantes da cultura e os traficantes das ideologias e do poder sabem bem que os ingredientes que melhor servem os seus interesses cínicos e logo atraem as atenções do galinheiro são: religião, sexo e dinheiro. Saramagos parecem dar-se bem nos baixios da nação. Por isso persistimos em viver na mediocridade do medo, do recalque, da inveja e do sonho.

Os jornalistas, por avidez de escândalo que lhes simplifica o trabalho ou por razões ideológicas, aproveitaram a deixa para o seu negócio, moendo e remoendo continuamente a mesmo assunto. Saramago com uma machadada consegue encher os bolsos e ao mesmo tempo fazer a maior propaganda contra a Igreja Católica como se a Bíblia só fosse propriedade dos católicos e estes só conhecessem a leitura literal da mesma. Como numa acção concertada, nos Media ouvia-se continuamente falar do cândido Saramago e da inocência de Caim como se tivesse sido a Igreja Católica a matar Abel.

Saramago banaliza o Nobel e banaliza a Bíblia. À maneira de Pilatos lava as suas mãos nas águas turbas da ignorância e do oportunismo. Terapia os seus medos inconscientes atacando.

O artista quer dizer aos cristãos que “Deus fez o mundo em seis dias, porque ao sétimo descansou”, quando os cristãos sabem que aqui se trata não de dias de 24 horas mas de épocas da evolução, muito embora de cariz antropológico onde se apresenta o processo do desenvolvimento do primitivo para o mais desenvolvido, a nível biológico, moral e existencial.

Na sua interpretação interesseira, Saramago até sabe que “Caim matou o irmão porque não podia matar Deus”. E na sua inocência primitiva o escritor afirma o seu dogma revelador da sua lógica: “Um Deus que não existe, nunca ninguém o viu.” O que é estranho é que Deus e o Catolicismo parecem ser o bombo da sua festa e do seu negócio!

Saramago faz uma leitura ingénua e tendenciosa da Bíblia. Fala como um iletrado. Para justificar a sua fé ateia joga com a não informação das pessoas e com interesses baixos de desacreditação e com uma mentalidade ávida do insólito. Estamos perante um caso de desinformação para que o povo desça à praça das ideologias e se sirva de ânimo leve nas bolsas dos dogmas da opinião.

O azedume de Saramago, ao afirmar que “sem a Bíblia seríamos outras pessoas. Provavelmente melhores”, luta contra o seu fantasma do medo, falando mal dos outros para melhor poder branquear-se e branquear os seus patronos marxistas. O que ele parece desconhecer é que o socialismo, a fé que professa, é um produto da Bíblia, um filho da tradição judaico – cristã.

O maior documento da história humana é categorizado por Saramago como um “manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e da pior da natureza humana”. Saramago querer desconhecer a Bíblia na abordagem que ela faz do Homem e do seu desenvolvimento, no que ele tem de positivo e negativo. O autor julga sai-se melhor apostando num Deus que quer “cruel, invejoso e insuportável.” A guerra contra Deus serve-o a ele e à sua desilusão ideológica.

Saramago procura espantar o medo que tem

Porque combate tanto o que para ele não existe? Isto torna-o suspeito. A velhice parece aproximar muita gente da religião pela positiva e pela negativa! Psicologicamente poder-se-ia dizer que nele há qualquer recalque ou medo do depois da morte! Quando alguém combate algo tão veementemente a nível externo quer dizer que isso não o deixa em paz a nível interno. É uma luta substituta. Como um crente se sente na necessidade de combater as próprias dúvidas (inconscientes) um ateu também tem as suas dúvidas (inconscientes) sobre o ateísmo que professa e tem de combater externamente. No inconsciente e nos medos reside as raízes de fanatismos mais ou menos explícitos; sejam eles religiosos ou ideológicos. Segundo Freud combate-se fora o que não se quer ver e reconhecer em si próprio, quer dizer, o que é inconsciente. Nos fundilhos psicológicos das suas calças, Saramago luta contra o seu medo. Nele se catalizam também muitos medos de seus defensores e atacantes.

A Bíblia possibilita a descoberta da imagem do Homem onde este pode descobrir as suas pegadas, encontrando aí testemunhado o seu desenvolvimento ao longo dos tempos, desde o seu estado mais primitivo ao mais desenvolvido. No seu falar de Deus e do Homem revela-se uma História comum.

A Bíblia não é um livro mas um conjunto de 27 livros em que se encontram cristalizadas as mais diferentes disciplinas: Religião, Filosofia, História, Literatura, Sociologia, Antropologia, Psicologia, Artes bélicas, Física, etc. A Bíblia é a radiografia do Homem e das sociedades. É um tesouro em antropologias e sociologias. Nela se encontra a tentativa de descrição do alvorecer da criação, do início da evolução em sete épocas (dias), do desenvolvimento do Homem até ao ser do Homem divino, o resumo e fim de toda a criação, onde Jesus Cristo é apresentado como Homem no fim da sua evolução.

Com a queda de Adão a essência do mal e do pecado não se encontram cabalmente explicadas. A história de Caim e de Abel além de mostrar a complexidade da convivência de duas culturas diferentes (tal como no caso de Esaú e Jacob onde se documentam a evolução da sociedade na concorrência entre a antiga sociedade nómada pastorícia e a nova sociedade sedentária agrária) é mais um contributo para a compreensão do mal e do Homem. O mal cometido tem uma alcance de responsabilidade que além da intenção transcende o acto.
As diferentes interpretações permitem a continuidade na descoberta de algo comum essencial a todo o Homem.

O ser humano permanece sempre igual a si mesmo independentemente de ser religioso ou ateu.

Estou certo que se o senhor Saramago tivesse estado atento na escola à aprendizagem dos meios de interpretação de “Os Lusíadas” do nosso Camões, não poderia fazer uma leitura tão ingénua e tendenciosa da Bíblia. O problema é que a leitura da epopeia do nosso maior escritor português que é Camões também não interessa à sua ideologia.

Quando descobrirmos Caim e Abel em nós mesmos, então estaremos mais lúcidos para entender a Bíblia e deixar de combater fora o que está dentro de nós. Caim e Abel, tal como Adão e Eva, são duas partes complementares da mesma realidade: o Homem.

© António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@unitybox.de

DEUS NA TERRA E OS ANJOS NO CÉU


Não creio em Deus, Deus crê em mim
António Justo
Eu sou eu e o que a minha linguagem possibilitou, o que a minha língua fez de mim! Nas metáforas do meu sonho se formou a paisagem que avisto do mirante do meu ser: o fora de dentro e o dentro de fora, num vaivém ondulante de marés envolventes! Mar e terra no nevoeiro a erguerem-se! Da qualidade do espelho em que me vejo e formo depende a imagem que de mim faço e da realidade. A linguagem, a metafísica, tornam-se assim numa potencialidade, a janela aberta para o apartamento do meu ser. “No princípio está a palavra”! Assim a transcendência só pode ser uma possibilidade e não uma limitação da repartição de reparações, nem tão-pouco um analgésico para as intempéries do meu existir. A linguagem é realidade, é sonho, é horizonte, é medicina.

O mestre de Israel, só palavra, curava e salvava do mal, livrava as pessoas dos preconceitos sociais tanto na rua como em suas casas; o seu contacto levava as pessoas a libertarem-se como podemos verificar no caso da prostituta e de tantos outros. Na aceitação está o primeiro passo para a cura! Ele trouxe uma nova vida e, dele, ela emanava também. Não pregava a existência de Deus vivia a vida em relação: uma relação nobilitante e criadora expressa no amor trinitário. Assim transpõe a barreira do som e da visão entre vida e existência tornando presente o aquém e o além numa presença que é futuro também. O existir torna-se no estar aqui e o “ser” transforma-se em relação envolvente do espaço e do tempo no transcendente.

Deus é o outro, o vizinho a quem me dirijo, aquele que me possibilita e acorda para a vida. Na minha expressão para com Ele me possibilito, aprofundo o meu ser. Por outro lado Deus é, como poderemos apreender pelo mistério da Trindade e seu processo contínuo de incarnação e ressurgimento no ser , toda a minha potência, o vigor do mundo a acontecer. Ele é a paisagem de que faço parte, o ar que inspiro e expiro. Ele é ao mesmo tempo o outro e a minha presença, a outra parte de mim mesmo. Para ele falo e nele me torno presente nos meus sentidos. Nele me torno perspectiva.

Tal como o nascimento começa com um grito do bebé e da parturiente assim o verdadeiro nascimento para mim mesmo e para o mundo começou com um grito para Deus. A pobreza e a injustiça do mundo estreitam tanto a vida gritando tão alto que me acordaram para Deus e nele me descobri a mim. Nele acordei e me senti. A dor do mundo acordou-me para Ele e senti nele o mundo presente. Sem a resistência nem a dor do mundo não me teria posto à procura do Deus, do Homem, da Natureza que me puxa. Como nas lâmpadas a luz torna-se visível no estreito, na resistência às circunstâncias da vida em fluxo. No estreito da dificuldade brota a vida tal como do ramo verde a flor. Nas suas pétalas coloridas, a flor canta a sua vida e testemunha a vida da natureza. E nesta tantas pessoas mantidas na sombra da vida não chegam a florir!

De facto, Deus já me tinha visitado nos meus sonhos e nos vales e montanhas de Arouca. A prisão da vida ofendida de que falavam os missionários, aquando da preparação da Páscoa e das festas grandes da terra, nos meus tempos de criança, fez surgir em mim a vontade de ser, a vontade de libertar e de andar para lá dos horizontes que ameaçavam repousar nas montanhas. A esperança porém avistava algo para lá do longe, para lá da linha do horizonte. Na minha fantasia de criança imaginava o caminho para a liberdade do céu como o traçado dos postes de fios de alta tensão que rasgavam caminhos sem fim através das montanhas! Por lá seguiam as almas ao encontro dos anjos no céu…

Nos campos ao lado, sentia a libertação da cor no vermelho das cerejas e no colorido da paisagem a chamar! O amor sentia-o também num rosto de menina (Mariazinha), alargado na paisagem que interiorizava, sentado, ao sol do recolher do dia. Neste ambiente se misturava uma variedade de sentimentos e cores que se reuniam religiosamente na construção de pontes que tornam a distância perto e se vão juntar, de mãos erguidas, no círculo do arco-íris.

A dor dos abandonados do mundo sentia-a também na geada vidrada dos amanheceres cristalinos do vale no Inverno e no vigor da vida reprimida que por sua vez se liberta nas trovoadas sonantes do Outono e da Primavera. Na natureza dos vizinhos mais pobres via, mais presente, o sofrimento mudo e os gritos da fome e da injustiça do mundo. Será que Deus anda distante? Será preciso acordá-lo?

Tudo isto provocava ventanias e tempestades num espírito de criança. Daí surgia uma energia desmedida que contradizia a força do hábito e do aconchego do ninho fofo da família. Queria sair da roda do destino rotativo e tornar-me missionário do amor, ser um fósforo apenas, para ajudar a acender a fogueira do amor, e, de lar em lar, ajudar e me aquecer!

O sorriso daquele Sol aquecedor que afastava as tremuras do frio invernal, porque não há-de ele brilhar para toda a gente, em todo o mundo? Porquê tanta gente a tremer de frio e de medo?

Tal como no botão primaveril hiberna em cada um de nós o botão do espírito, a esperança de levar o sol da justiça ao outro, a outros povos. Nos pobres do mundo e nos sofredores espera Deus por ti para que lhe dês a mão. A dignidade deles espera por nós, aguarda ser aceite. No encontro se realiza a divindade! Deus torna-se no vizinho. O sol do amor nos levanta para a vida. Aceitar-se e aceitar é o passo em frente a caminho de Deus em ti e no outro. Então o outro é digno não por ter Deus mas por o ser tal como eu em Jesus Cristo. O mesmo amor que nos gerou nos mantém e nos dá as boas-vindas a este mundo. No Sol que raia na natureza, tal como no amor que nos inibira, está presente a mesma centelha divina que nos sustenta. A imagem e semelhança de Deus que reflectimos esperam que em nós se torne a imagem e semelhança da natureza. O ser do Homem é processo, é tornar-se Homem na comunhão divina com a natureza, tal como no processo da incarnação: o Sol ilumina a matéria divinizando-a.

Os padres lá na aldeia diziam que Deus se encontra à nossa espera. Havia que irromper de si mesmo para tornar Deus presente, em mim mesmo e no mundo. Urge libertar os povos da prisão do Egipto, da prisão da pobreza e da injustiça. E eu só me liberto, libertando! Deus é salvação em nós e encontra-se prisioneiro de nós mesmos. No encontro com o outro, com o vizinho sentimos a fidelidade divina que nele se revela. Deus grita da nuvem da miséria e do sofrimento para no encontro contigo se gerar a luz, acontecer ressurreição de Cristo, de ti, do vizinho. Deste encontro surgirá uma nova terra um novo céu.

Aí o brilho das cores, o vermelho da vida será comum às cerejas e a toda a criatura em todo o mundo. Nessa fulgurância Deus crê em mim e o seu crer me dá força e consistência para o encontrar. O resto é a aventura de tudo em relação! Na vivência e no testemunho surge então a realidade profunda da vida que é relação e troca manifestada no calor e no amor!

A esperança é a fonte de toda a possibilidade e, na divindade, tudo é possível. A realidade é o lugar limitado onde acontece a realização, de todas as potencialidades a caminho, para lá do horizonte. O amor é a amplitude do horizonte que tudo rejuvenesce e mantém o futuro aberto.

A fé é uma faísca na escuridão da tempestade cerrada. Ela possibilita a esperança e a própria realização, acorda os nossos sentidos para a vida. Ela possibilita a aurora dum novo dia sempre a acenar. Para lá do infinito há o sol a raiar e a seu caminho a minha alma a formar-se na presença do aquém e do além; em Jesus Cristo Deus abandonou o Céu para se tornar a vida e a crítica do Homem.

Uma sociedade que não dá lugar à possibilidade de Deus despede-se da humanidade. Deus é a potencialidade das potencialidades, ele abre-lhe a perspectiva da liberdade e a amplidão da paisagem. O distanciamento de Deus conduz ao corte com a vida e à injustiça entre os homens e ao distanciamento destes para com a natureza. Deus está presente em toda a pessoa é a luz que procura brilhar também nas nuvens da resignação.

Independente de todo o arrazoar: a cruz continuará a ser a escada do futuro e Deus a sorte dos pobres na realização do hoje através da construção da humanidade de amanhã.

Eu não creio em Deus, Deus crê em mim!

©António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

PORTUGAL CONTINUA ESQUERDO E A ALEMANHA CENTRO DIREITA

RAZÃO PORQUE PORTUGAL NÃO SE ENDIREITA
António Justo
Se Portugal durante o Estado Novo se encontrava torto à direita, com o 25 de Abril tornou-se torto à esquerda! Um país que obriga o povo a safar-se pela esperteza e não pela inteligência só poderá produzir governantes espertos! A esperteza vive do provisório, sempre sem tempo para viver mas para se safar.

Segundo os resultados eleitorais para o Legislativo, de 27 de Setembro último, Portugal continua um país de esquerda e a Alemanha um país de centro direita.
Em Portugal a esquerda conta com 118 deputados (PS 97, BE 16 e CDU (Comunistas) 15), e o Centro Direita com 102 (PSD 81 e CDS-PP 21), no Parlamento. Portugal, na sua maioria é esquerda e a administração, de maneira geral encontra-se nas mãos de partidários. Na praça pública a vida da nação é discutida sob a perspectiva de interesses partidários. Em Portugal o povo não está presente na opinião pública nem no discurso político. Presentes estão os políticos! Os políticos só parecem conhecer-se e acreditarem em si mesmos. Para os políticos portugueses a nação é uma coisa ultrapassada, o futuro vem do estrangeiro, das remessas dos emigrantes e dos apoios da União Europeia!
Na Alemanha o Centro Direita conseguiu para o Parlamento 330 deputados (União de Cristãos democratas – CDU e sociais democratas – CSU 237 e Liberais – FDP 93) e a Esquerda 290 deputados, dos quais SPD 147, Verdes 67 e Esquerdos-Linke 76.

De notar que na Alemanha o partido da esquerda SPD que corresponderia, diria eu, a nível de família política ao PS, na realidade está mais perto do PSD português do que do PS. O SPD é pragmático enquanto que o PS é ideológico! Os Verdes alemães integram neles elementos conservadores e progressistas.
A Alemanha, na sua maioria é conservadora e na sua administração encontram-se cidadãos com consciência técnica. Na praça pública alemã a vida da nação é discutida pelos políticos e pela sociedade, sob a perspectiva dos interesses do país. Na Alemanha o povo está presente na opinião pública e na política e há uma vida cívica muito organizada: poder-se-ia dizer: cada alemão é uma associação! Os políticos mantêm-se reservados. Na Alemanha os políticos acreditam na nação e vêem o futuro nela.
Estas são apenas algumas impressões provocantes sobre algo do que observo em Portugal e na Alemanha. Se comparo os noticiários dum país com o outro, tenho a impressão que, enquanto na Alemanha se relatam mais os assuntos objectivos nacionais, no telejornal português dá a impressão de Portugal andar em campanha eleitoral durante toda a legislatura. Na Alemanha, as notícias são narradas, em Portugal são encenadas: mais que as notícias o que parece de importância são as cores, o locutor e os sentimentos! Dum lado cultiva-se a razão, do outro a paixão!
Dois povos, dois destinos. Como é sabido os conservadores sabem criar riqueza e os progressistas sabem gastá-la.

Sócrates, na nova legislatura teria a oportunidade de deixar de ser um socialista jacobino para se tornar num homem der estado. A mentalidade oportuna e correcta obrigará, porém, esta elite portuguesa a continuar a optar pela esperteza à custa da inteligência e da nação. A esperteza aconselhá-lo-á a fazer coligação com o CDS-PP para depois se poder rir dum centro direita sem espinha dorsal, a quem poderá dar alguns postos para assim contaminar o espírito conservador português!…
O PS sabe que o país votou esquerda e chega-lhe para poder fazer o que quiser. Fará acordos ad hoc com os partidos da esquerda desacreditando-os e responsabilizando-os também pelas incompetências dum Estado demasiado caduco para se poder erguer.

No próximo Domingo, haverá eleições para as autárquicas! Naturalmente que o povo continuará a fazer o que aprendeu: jogar às eleições. Será que quem nasce torto não terá hipótese de se endireitar? Porque não deixamos de ser um país de ilusão, de desiludidos
e de invejosos?
Portugal sofre altamente de esquerdismo. Ele precisa das duas pernas; da esquerda e da direita, de ambas fortes! Portugal não pode continuar como até aqui! No tempo de guerra não se limpam armas! Portugal tem uma grande cultura e um grande povo com imensas potencialidades adormecidas. Diz-se que Portugal não tem tiros para melros!… Um povo que lá fora enriquece outros povos não pode continuar a suportar chicos espertos e cucos. En casa também se podem fazer milagres! Para isso pressupõe-se a distinção entre politiquice e política.
António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

PORTUGAL CONTINUA ESQUERDO E A ALEMANHA CENTRO DIREITA


RAZÃO PORQUE PORTUGAL NÃO SE ENDIREITA
António Justo
Se Portugal durante o Estado Novo se encontrava torto à direita, com o 25 de Abril tornou-se torto à esquerda! Um país que obriga o povo a safar-se pela esperteza e não pela inteligência só poderá produzir governantes espertos! A esperteza vive do provisório, sempre sem tempo para viver mas para se safar.
Segundo os resultados eleitorais para o Legislativo, de 27 de Setembro último, Portugal continua um país de esquerda e a Alemanha um país de centro direita.
Em Portugal a esquerda conta com 118 deputados (PS 97, BE 16 e CDU (Comunistas) 15), e o Centro Direita com 102 (PSD 81 e CDS-PP 21), no Parlamento. Portugal, na sua maioria é esquerda e a administração, de maneira geral encontra-se nas mãos de partidários. Na praça pública a vida da nação é discutida sob a perspectiva de interesses partidários. Em Portugal o povo não está presente na opinião pública nem no discurso político. Presentes estão os políticos! Os políticos só parecem conhecer-se e acreditarem em si mesmos. Para os políticos portugueses a nação é uma coisa ultrapassada, o futuro vem do estrangeiro, das remessas dos emigrantes e dos apoios da União Europeia!
Na Alemanha o Centro Direita conseguiu para o Parlamento 330 deputados (União de Cristãos democratas – CDU e sociais democratas – CSU 237 e Liberais – FDP 93) e a Esquerda 290 deputados, dos quais SPD 147, Verdes 67 e Esquerdos-Linke 76.

De notar que na Alemanha o partido da esquerda SPD que corresponderia, diria eu, a nível de família política ao PS, na realidade está mais perto do PSD português do que do PS. O SPD é pragmático enquanto que o PS é ideológico! Os Verdes alemães integram neles elementos conservadores e progressistas.
A Alemanha, na sua maioria é conservadora e na sua administração encontram-se cidadãos com consciência técnica. Na praça pública alemã a vida da nação é discutida pelos políticos e pela sociedade, sob a perspectiva dos interesses do país. Na Alemanha o povo está presente na opinião pública e na política e há uma vida cívica muito organizada: poder-se-ia dizer: cada alemão é uma associação! Os políticos mantêm-se reservados. Na Alemanha os políticos acreditam na nação e vêem o futuro nela.
Estas são apenas algumas impressões provocantes sobre algo do que observo em Portugal e na Alemanha. Se comparo os noticiários dum país com o outro, tenho a impressão que, enquanto na Alemanha se relatam mais os assuntos objectivos nacionais, no telejornal português dá a impressão de Portugal andar em campanha eleitoral durante toda a legislatura. Na Alemanha, as notícias são narradas, em Portugal são encenadas: mais que as notícias o que parece de importância são as cores, o locutor e os sentimentos! Dum lado cultiva-se a razão, do outro a paixão!
Dois povos, dois destinos. Como é sabido os conservadores sabem criar riqueza e os progressistas sabem gastá-la.

Sócrates, na nova legislatura teria a oportunidade de deixar de ser um socialista jacobino para se tornar num homem der estado. A mentalidade oportuna e correcta obrigará, porém, esta elite portuguesa a continuar a optar pela esperteza à custa da inteligência e da nação. A esperteza aconselhá-lo-á a fazer coligação com o CDS-PP para depois se poder rir dum centro direita sem espinha dorsal, a quem poderá dar alguns postos para assim contaminar o espírito conservador português!…
O PS sabe que o país votou esquerda e chega-lhe para poder fazer o que quiser. Fará acordos ad hoc com os partidos da esquerda desacreditando-os e responsabilizando-os também pelas incompetências dum Estado demasiado caduco para se poder erguer.

No próximo Domingo, haverá eleições para as autárquicas! Naturalmente que o povo continuará a fazer o que aprendeu: jogar às eleições. Será que quem nasce torto não terá hipótese de se endireitar? Porque não deixamos de ser um país de ilusão, de desiludidos
e de invejosos?
Portugal sofre altamente de esquerdismo. Ele precisa das duas pernas; da esquerda e da direita, de ambas fortes! Portugal não pode continuar como até aqui! No tempo de guerra não se limpam armas! Portugal tem uma grande cultura e um grande povo com imensas potencialidades adormecidas. Diz-se que Portugal não tem tiros para melros!… Um povo que lá fora enriquece outros povos não pode continuar a suportar chicos espertos e cucos. En casa também se podem fazer milagres! Para isso pressupõe-se a distinção entre politiquice e política.
António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

TODOS OS PAÍSES QUEREM PAZ


E os Políticos fazem Guerra
António Justo
Todos os povos querem paz mas os políticos fazem guerra. Os governantes encontram-se no poder para realizar os desejos do povo. Os desejos do povo são paz e justiça como se depreende não só dos desejos individuais do cidadão como dos ajuntamentos de massas que demonstram nesse sentido.

Facto é que políticos não respeitam os desejos do seu povo. Em nome do Estado e do Povo fazem a guerra.

À primeira vista o cidadão é bom e a instituição é má. Assim a responsabilidade seria anónima e a guerra uma necessidade da estrutura institucional. Na verdade a responsabilidade está no cidadão governante e no cidadão tolerante. Ao leme das instituições porém não parecem estar os cidadãos normais mas os mais doentes! Deste modo o cidadão normal pode suportar melhor (e até combater) a vista da sua sombra no governante.

Os estados europeus, embora com paz à superfície do seu interior mandam os seus soldados para o Afeganistão para defenderem a sua fronteira lá longe. O argumento de que os terroristas talibans desestabilizariam as democracias ocidentais parece ter algo de fundamento atendendo à solidariedade islâmica que não se distancia deles. Ou será que a guerra é justificada pelos possíveis 1600 biliões de toneladas de petróleo e gás, que se encontram na região até ao mar Cáspio? O Ocidente, para assegurar a passagem dos oleodutos através do Paquistão e do Afeganistão precisa da guerra para adquirir terreno seguro!…

Não haverá estratégias mais económicas e mais humanas de distribuir as riquezas de forma mais equitativa entre os cidadãos e as nações? O mundo moderno, tão futurista e progressista em superficialidades, mantém-se extremamente retrógrado no que respeita ao essencial: a opressão interna do cidadão e a agressão bélica externa. A continuar assim os nossos ministros da defesa terão de se nomear ministros da guerra? Nada justifica a violência seja ela no Afeganistão, no Iraque ou na América a 9/11. Embora ninguém pergunte pelo sofrimento que fica nas vítimas e familiares, permanece nalguns a dignidade da inocência de se ser simples pessoa a questionar-nos. Na hora dos criminosos não resta tempo para as massas porem luto pelos mortos nem para chorarem a sorte dos oprimidos.

Depois dum século com 2 milhões de assassinados pelo regime turco, 6 milhões pelo nacional-socialismo de Hitler, de 25 milhões pelo ditador Estaline na Rússia, e de 75 milhões de assassinados na China sob Mao, o mundo ainda não aprendeu a distanciar-se dos seus psicopatas. Pelo contrário estes encontram sempre admiradores e fãs. Os tribunais internacionais não têm calibre para semelhantes assassinos. Basta-lhes ser vencedores e toda a barbaridade fica justificada. Para os da mó de baixo não há tribunais de apelação!…

Antes os dominadores faziam guerras em nome de religiões e em nome de estados. Hoje uns desculpam a guerra com a pertença à NATO e outros com a defesa de integridades hegemónicas. O povo é embrulhado com argumentos que procuram legitimar agressões ao serviço dos que vivem à custa da opressão, da guerra e da agressão. Estes encontram-se em todas as nações, sistemas e ideologias.

Estes são também os 20% que possuem 80% do produto da humanidade, enquanto que 80% da população mundial tem de sobreviver com 20% da produção. E tudo isto acontece num mundo que se crê civilizado e democrático com os seus paleativos de igualdade, fraternidade e liberdade.

No meio deste mundo maluco e hipócrita muitos cidadãos, impotentes mas não resignados, parecem só encontrar lugar numa comunidade de sentimento de ser sem estar, num espaço existencial para lá da terra, da política e da religião.

António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com