MUITO ME ENGANA A VISTA, OU NÃO SERÁ QUE ANDA POR AÍ O “BAPTISTA”…?!!!

Passo a responder a uma pergunta que anda pelo FB sobre o que se pensa!
Estou a pensar numa coisa esquisita!
Quanto mais gente vacinada se encontra no país, mais exigências são colocados às pessoas.
Às regulamentações de observação de distâncias e uso de máscaras, como medidas de protecção contra o Corona 19,  agora que 70% do pessoal se encontra vacinado, além da observação das distâncias e do uso de máscaras, exige-se-lhes um certificado negativo de infecção ou, alternativamente, prova de vacina ou de recuperado!
É verdade que a sociedade é complexa, mas deveria ser um dever das autoridades evitarem medidas que incluam arbitrariedade na sua aplicação!
António CD Justo
Pegadas do Temo

DEUS SÓ VEM AO AFEGANISTÃO PARA CHORAR

 Urge uma Revolução cultural feminina

Por António Justo

Deus chora nas mulheres afegãs enquanto uma nuvem tenebrosa se alastra no firmamento da humanidade! No Afeganistão as trevas vieram para ficar em forma de guerra civil e da masculinidade contra a feminilidade! Estamos em plena guerra cultural mundial: a “guerra santa” contra a humanidade!

Depois da catástrofe humana a acontecer no Afeganistão, há muitas perguntas que se colocam também ao Ocidente! De facto, com ingenuidade não se chega a lado nenhum!

A situação atual no Afeganistão e as imagens do aeroporto afegão mostram impiedosamente as fraquezas dos Estados ocidentais (1).  

Por que é que o Ocidente continua a promover o machismo na implementação da emigração quase só de homens para o Ocidente? Porque não introduzir uma quota de pelo menos 50% de mulheres? Não fomenta o Ocidente, deste modo, o machismo nos países islâmicos e a emigração do sistema patriarcal para a Europa? (ou precisarão os homens afegãos que não emigram das mulheres para as usarem como cobaias parideiras?).  Qual a razão por que a NATO, durante 20 anos, não investiu muitos dos seus milhares de milhões de euros no fomento prioritário de mulheres na carreira militar afegã? Um exército de mulheres empenhar-se-ia em defender a nação ameaçada e certamente não entregaria as armas, de mão beijada, aos adversários, porque teria muito para defender. (Uma estratégia de fomento da feminilidade sistémica no Afeganistão valeria também para África: fomento de grupos femininos de autoajuda.)

Porque não investiram na promoção de mulheres polícias? Porque não promoveram Partidos femininos? Porque não fortaleceram a criação sistemática de associações de mulheres? Porque não formarem comités de anticorrupção formados por mulheres?

Enquanto a matriz masculina se mantiver como força motriz da sociedade e da cultura e não houver a finalidade de integrar nela a feminilidade, muitos dos esforços masculinos e femininos não passarão de remendos na matriz patriarcal que ordena ainda todas as sociedades. A luta tem feito parte essencial da masculinidade, mas precisa de ser reparada, urgindo a integração da feminilidade nela (e não transformar as mulheres em meras lutadoras (homens) tornando-se elas mesmas estranhas à sua feminilidade; afinal lutam num mundo masculino, à maneira masculina, pela implantação de um mundo que não passa além das características masculinas).

Uma cultura que transforma as mulheres em escravas e servas de homens só pode ser modificada através de uma estratégia e filosofia que transforme a mulher em actora e portadora da liberdade! Só uma aposta na feminilidade e na mulher poderá constituir a primeira base de resistência contra os hábitos sociais e culturais e o meio de implementar neles a liberdade.

Precisa-se de uma revolução feminina não só que implemente mulheres ao poder para moderar a oligarquia masculina, mas sobretudo para introduzir na sociedade uma filosofia feminina. Nos homens não haverá confiança, enquanto não integrarem neles mais características da feminilidade! Só as mulheres podem libertar de maneira especial o Islão de uma filosofia e estruturas extremamente patriarcais. A luta contra o extremismo machista e contra o terrorismo não será eficaz, a longo prazo, com bombas nem com mísseis; ela tem de começar pelas estruturas internas da sua antropologia e sociologia (religião e ideologia político-económica). A tarefa é extremamente difícil, dado o ideário islâmico ser tão coeso em si que impossibilita os próprios crentes de se pensarem e serem pensados fora dele: a subjugação da mulher é-lhe inerente! O islão ao apropriar-se prioritária e sistemicamente do princípio de afirmação e legitimação do mais forte, revela-se com garantia de sustentabilidade (lei evolutiva primeira da natureza) Precisamos de uma revolução cultural feminina que ponha na ordem do dia os valores e características da feminilidade; a luta das mulheres pela emancipação tem sido benéfica, mas continua a ser nos moldes da filosofia da matriz masculina!

Com a volta da talibã, ISIS e grupos extremistas, às mulheres só espera sofrimento e sobressaltos!

A desumanidade anti-feminina chega-lhes sob a forma primitiva de homens barbados que tratam as mulheres pior que gado, pois para eles a mulher é objecto perigoso a subjugar e para tal a sexualidade é considerada mercadoria e a humanidade é tratada como assunto privado!

O poder do EI, do Talibã e grupos radicais correspondentes proíbem a formação às mulheres porque esta lhes possibilitaria sair da cegueira e assumir consciência e resistência. Uma atitude que rejeita na educação tudo o que é mundano (não religioso) é ultrapassada e contra o ser humano!

Para se ter uma ideia mais concreta do que se passa no Afeganistão, leia-se o livro, “Do outro Lado do Destino” (2), onde a autora apresenta a biografia de Shirin-Gol, que é uma imagem exemplar do desespero de milhões de afegãs de outrora e de agora! O livro permite-nos compartilhar o destino das mulheres afegãs e de tantas outras no mundo.

Mulheres corajosas cheias de vida preservadas apenas pela esperança são expressão da escravatura ainda nelas hoje aceite. A escravatura exercida por bastardos vingadores da vida (3) não avançaria se não fosse aceite, também pela nossa sociedade, como algo natural-cultural a respeitar, apesar da crueldade de uma cultura do ódio e da vingança.

Se até agora tínhamos assistido a uma guerra masculina entre homens, agora passou-se a uma guerra de machos cruéis contra mulheres. O agora das mulheres (o papel clássico das mulheres) encontra a sua sustentabilidade num presente de miséria, de pobreza e de fanatismo: uma realidade sempre moderna contra elas! Até agora, o país tem sido assolado por uma guerra masculina: por um lado destrói-se o país com bombas e rivalidades de homens e por outro lado destroem-se as mulheres tornadas vítimas das bombas da cultura usada contra elas!

Um terço da população afegã encontra-se sempre em fuga. Um desastre para todos enquanto a população civil do islão se identificar com população religiosa.

A vida é invencível, mas a escravidão torna-se na queda da esperança que a sustenta. A política é a arte do possível, não do que se desejaria, esperemos só que o Homem se torne mais “humano”!

 

António CD Justo

Teólogo e Pedagogo

© Pegadas do Tempo

  • (1)   A situação atual no Afeganistão mostra impiedosamente as fraquezas dos Estados ocidentais que queriam expor, com a sua democracia e economia, o caminho a seguir pelo mundo. A milícia terrorista EI (Estado Islâmico) pertence ao grupo do Salafismo e é ainda mais radical do que os Talibãs, também militantes e cruéis. A EI (IS) é Sunita e quer espalhar o Islão por todo o mundo enquanto os Talibãs, sunitas também, concentram o seu agir no Afeganistão. Para o EI, “o nacionalismo é uma espécie de apostasia” porque aspiram a um califado transnacional; o seu objetivo é a dominação do mundo pelo Islão. Os combatentes talibãs que rejeitam as conversações com os EUA desertaram para a EI. Isto reforça a posição da Turquia no Ocidente como um parceiro sunita de negociação adequado. O Ocidente nunca se importou onde muitos milhares de milhões de dólares acabaram; “ninguém se importou”, queixam-se os afegãos agora.
  • (2)   “Deus só vem ao Afeganistão para chorar” é o título do livro em alemão “Nach Afghanistan kommt Gott nur noch zum weinen” de Siba Shakib. Em português o livro tem o título “Do outro Lado do Destino”!
  • (3)   A mulher é, como a árvore, um símbolo da vida; Imagine-se! Nem sequer lhes é permitido dançar, cantar e rir!

 

E POR QUE NÃO FAZERMOS PERGUNTAS À MANEIRA DE SÓCRATES?!

Erich Kästner dá um Exemplo

Tenho lido Erich Kästner (Escritor alemão) e gostado muito da sua linguagem! Apresento aqui um exemplo da sua maneira simples de chegar às pessoas!

Com o título “À maneira de Sócrates”, Erich Kästner quer-nos chamar a atenção para lermos o seu epigrama na atitude filosófica de Sócrates (processo maiêutico/Técnica de parteira) que, em diálogo, através de perguntas seguidas de perguntas – sem responder à pergunta – leva o interlocutor a descobrir a resposta que se encontra nele mesmo!

“À MANEIRA DE SÓCRATES

É mesmo assim: É das perguntas,

a partir das quais se levanta o que resta.

Pense na pergunta daquela criança:

“O que faz o vento quando não sopra?” Erich Kästner

Na pergunta da criança Kästner quer certamente questionar a nossa arrogância de se querer ter já na gaveta uma resposta ou solução para tudo.

Certamente haverá perguntas que ao darmos-lhes resposta só mostramos nelas as pegadas do nosso espírito!

Na realidade nas perguntas da criança questiona-se o saber aparente (ignorância) dos adultos que se dão por satisfeitos com uma resposta, ficando-se também aí pelo estado do não saber!

Sócrates com a exigência primeira do “conhece-te a ti mesmo” para poderes tentar conhecer o mundo acaba por responder ao oráculo que o considerava o maior sábio da Grécia dando-lhe a resposta: “só sei que nada sei”? A base da busca será saber que nada se sabe porque a certeza absoluta será questionável!

A saída do dilema do não saber será de encontrar não fora, mas na resposta pessoal ou personalizada por nós mesmos ao criamos a realidade. Poderá ser o vento explicado só com o movimento do ar?!!! De facto, para nos podermos acercar do assunto da resposta teríamos de ir fazendo perguntas e até chegarmos a ultrapassar a complexidade da meteorologia e sua dependência da astronomia!

MAIS UMA PERGUNTA DE KÄSTNER
“ Uma questão de coragem
Quem se atreve
Quem se atreve a enfrentar os comboios trovejantes?
As pequenas flores
entre as travessas de caminho-de-ferro!”
Erich Kästner
Uma possível interpretação da mensagem poderia ser: De facto, quem tem de assumir o risco dos poderosos que passam no seu caminho é sempre o mais simples (o povo) que por natureza da sua insignificância não estorva e como tal também não assume risco! Não há heróis! Os mais fortes combatem-se uns aos outros na esperança de terem o povo atrás deles!

 

António CD Justo

“Pegadas do Tempo”

CONTRADIÇÕES NO AFEGANISTÃO –A PAZ NÃO SE COMPRA, CONSTRÓI-SE

O exército afegão foi treinado e equipado pelos EUA e parceiros da OTAN com muitos biliões de euros, durante 20 anos, para que o Afeganistão tomasse o seu destino nas próprias mãos; bastou chegar um bando de guerreiros de Alá, com Kalashnikovs às costas, montados em motorizadas, para tomarem o poder do Estado sem resistência e isto em poucos dias!

Os ocupantes negligenciaram a paz e fortaleceram em vão e contra produtivamente os militares e os chefes.

“O governo dos EUA tomou decisões que encorajaram a corrupção e reduziram a eficácia dos programas de reconstrução”, disse o Inspector-Geral do Congresso dos EUA para a Reconstrução do Afeganistão.

Nomeadamente, os EUA tinham depositado nas mãos de autoridades regionais corruptas a responsabilidade de administrarem a ajuda à reconstrução do país, em vez de distribuí-la directamente.

Conforme a “Integrity Watch”, cerca de 2,25 mil milhões de dólares foram gastos em subornos de funcionários do governo afegão (um quarto do produto interno bruto).

Uma triste observação que corria entre muito do povo afegão: “pelo menos, os Talibãs não eram corruptos”.

Os cépticos do regime talibã fogem para o aeroporto na procura de refúgio no estrangeiro. As mulheres, essas ficam em casa!

Assim o regime talibã fica mais à vontade e ao povo afegão, desejoso de liberdade, falta-lhes depois pessoal corajoso que se poderia opor ao regime e empenhar esforços no sentido de construir um novo Afeganistão e um islão de rosto mais humano.

Um dilema: O Ocidente empenha-se em medidas de humanidade tentando trazer os refugiados para o Ocidente e por outro impede, assim, o desenvolvimento normal social e político do país.

António CD Justo

Pegadas do Tempo