Finalmente, tornou-se público que o Catar fornecerá gás líquido para a Alemanha a partir de 2026.
Por um lado, o público alemão critica fortemente os jogos e a supressão dos direitos humanos no Catar e, por outro, a Alemanha está fazendo negócios com o anfitrião da Copa do Mundo.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, defensora dos direitos humanos no estrangeiro e o ministro federal da Economia e Proteção Climática, Robert Habeck, defensor da economia alemã, desempenham-se bem no seu jogo em terra alheia (a dupla liderança de Die Grünnen consegue afirmar o duplo padrão sem perda de rosto!).
A EU quer afastar-se de negócios com estados autoritários como a Rússia e, por outro lado, volta-se para países que considera ditaduras. E tudo isto por causa da guerra injusta da Rússia contra o estado oligarca da Ucrânia e por causa da lealdade aos EUA.
A política moral simbólica é mantida dentro da discussão pública nacional e a política empresarial faz-se fora sem alaridos que poderiam incomodar. A política sabe jogar bem com actos simbólicos pois está certa que as populações são suscetíveis a eles. O que importa é uma consciência popular tranquila!
Numa de novo arranjo geográfico-político, o parlamento alemão também já se sente agora com força para aprovar o acordo comercial CETA com o Canadá (1).
Só uma coisa não entra no jogo: seriedade e transparência.
Quanto a mim penso, porém, que toda a guerra económico-comercial só beneficia os estados fortes, e isto à custa do sacrifício das populações que têm de pagar tudo mais caro.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo
(1) https://antonio-justo.eu/?p=3661