ADVENTO É O TEMPO DA ESPERANÇA

Advento é o tempo de espera. Este ano com a característica de continuar a praticar a paciência e a reflectir sobre a esperança que nos conduz e nos faz confiar.

Faz-nos lembrar o tempo de César Augusto que determinou que todos se pusessem a caminho de Belém, como fez José e Maria,  para se recensearem.

Este ano torna-se mais difícil a realização de encontros pessoais devido às regras do Covid 19 mas a maior parte de nós pode viver com saúde e alegria de sentirmos algo juntos. O Corona junta-nos nas preocupações e fraquezas e o Advento junta-nos para lá das preocupações e cuidados  na esperança que a luz domine sobre as trevas.

Adventus significa chegada. Para os cristãos, é o tempo de preparação para a chegada de Jesus, que é celebrada no Natal. Na liturgia são lidos, frequentemente, textos do Antigo Testamento que anunciam a vinda do Salvador.

Durante este tempo são especialmente abordados os temas da penitência, perdão e reflexão.

A cor violeta litúrgica (símbolo de penitência e conversão), que  é utilizada durante a Quaresma, também é a cor dos paramentos usados na liturgia do tempo de Advento.

O Advento começa no quarto domingo antes de 25 de dezembro. A generalidade das famílias na Alemanha tem como tradição colocar na mesa, no primeiro domingo de advento, a Coroa de Advento: uma grinalda com ramos de abeto, enfeites e quatro velas para lembrar  Jesus, como a luz do mundo, que trará luz na escuridão.

As 4 velas são para se irem acendendo nos domingos de advento. O verde é interpretado como sinal de esperança e de vida…

Se bem vemos, o futuro já cá está, no retorno da experiência. Esta encontra-se na linha que leva a uma meta. Nesse sentido Jesus está sempre a chegar! Na expectativa se gera o mistério e nele acontece o milagre.

Alguns textos sobre o assunto em (1)

Um bom advento para todos

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

A imagem pode conter: mesa e interiores, texto que diz "ம 2020/11/29 19:20"

Espiritualidade Feminina

Espiritualidade Feminina
2006-12-31

A espiritualidade tem um rosto humano com diferentes concretizações e expressões dependendo estas do sexo, da idade e do carácter de cada um. Na época em que vivemos já não há uma experiência religiosa familiar comum o que torna mais difícil a frequência duma liturgia dominical comum. Duma maneira geral também não há a oferta de celebrações específicas para mulheres. As comunidades que, além das celebrações dominicais para a generalidade não oferecem liturgias da palavra específicas às várias espiritualidades da região nde estão implantadas perdem a oportunidade de dar resposta às novas necessidades das pessoas e de possibilitar futuro à comunidade. As destinatárias femininas não têm sido consideradas. Não se trata aqui de reactivarmos a discussão feminista dos anos 80 e 90 marcada ela mesma por estratégias e critérios machistas. Aqui trata-se de dar resposta ao Homem todo na sua masculinidade e feminidade, criando lugares específicos onde a masculinidade e a feminidade possam ter formas de expressão mais adequadas à mulher.
A liturgia católica é mais feminina que a evangélica. Esta porém é mais versátil na resposta às necessidades de milieu. Cada vez será mais difícil criar liturgias para a generalidade atendendo a que cada vez aparecem mais biótopos na sociedade, estes correspondem a formas de vida alternativas, mentalidades e espiritualidades que a igreja como católica deverá dar resposta abrindo os seus espaços nesse sentido. A falta de liturgias específicas conduz pouco a pouco ao afastamento físico ou psíquico do meio. As famílias com crianças até aos doze anos procuram e fomentam certas actividades de grande densidade criativa. D Tornamo-nos resistentes à voz interior a luz da chama em nós. Depois surgem outras necessidades, não tanto funcionais, já mais relativas à necessidade própria de orientação e sentido. O mesmo se diga a grupos de artistas, etc. Aqui abrem-se grandes perspectivas para as potencialidades e necessidades latentes nas populações e para uma pastoral situada na realidade envolvente.

A mulher, mais próxima da vida, quer relacionar as experiências da própria vida com a fé. Não separa, como o homem, o mundo em vários sectores por vezes estanques. Ela quer levar a vida para a igreja e trazer a igreja para a vida. (O amor não se manifesta só na cama!…).

Não se trata de ir encher o depósito como se vai às bombas da gasolina mas duma vida integral. Esta não é centrada na cabeça mas no coração, na palavra, não virada para lá das nuvens mas bem assente na terra. A sua espiritualidade tem uma expressão corporal importante.

As paróquias não dão resposta as exigências hodiernas por transcendência e espiritualidade e teimam, também por escassez de pessoal activo, continuar no entorpecimento ordinário. A falta da vivência, uma linguagem de imagens quase demasiado masculinas Deus é também maternal e não só paternal. Para a uma mentalidade masculina encardida basta muitas vezes um argumento intelectual, longe da realidade, para justificar o seu agir. Para um Deus pai e mãe isto insuficiente!

Na Bíblia encontramos diferentes imagens de Deus além de pai e mãe: a mãe águia (Dt 32,11-12); a mãe urso (Os 13,8), a que dá à luz Is (42,14), a parturiente (Is 66,7) a padeira (Mt 13,33), fogo (Ex 13,21), vento (1 Cor 9,11), chuva (Sl 68,9), água (Ez 16,9). Sob cada imagem esconde-se uma experiência de Deus própria.
António Justo
Teólogo
“Pegadas do Tempo”

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António da Cunha Duarte Justo

Mau trato de animais!

Mau trato de animais!
2006-11-29

O Supremo Tribunal alemão deu razão às queixas de muçulmanos considerando a matança ritual de animais legal, ao contrário do que instâncias inferiores tinham decidido. Esta prática (entre muçulmanos e judeus) prevê que os animais sejam mortos de maneira sangrenta sem qualquer anestesia ou atordoamento.

É legalizado um ritual que não tem compaixão pelos animais.

Conseguem ocupar mais um espaço social na Alemanha em nome da liberdade de religião: segundo a sua prescrição religiosa, a carne não pode conter sangue, para não ser impura. Se é verdade que essa prescrição religiosa se baseia no Corão também é verdade que o Corão não obriga ninguém a comer carne. Pode-se ser vegetariano. Porque vêm exigir esse direito a um país que tinha proibido essa prática quando podiam importar a carne da Turquia? O facto de se quererem afirmar mesmo em questões acidentais só ajuda a fomentar a xenofobia!

Desde há dois mil anos se sabe que não é impuro o que entra pela boca mas o que sai dela!…

Isto não deve significar um levantar o dedo contra os muçulmanos porque a barbaridade da matança de quantidades sem conta de animais se deve mais a nós Ocidentais que exageramos no consumo da carne. Além disso esses povos ainda não passaram pela época do renascimento.

Também ainda me recordo, de quando era pequeno, como os porcos eram mortos e como o sangue jorrava não falando já do esbugalhar do olhar animal e da luta do animal com a morte. Desde então aprendi a venerar a carne que como e a ser mais regrado no seu consumo… Os animais vertebrados sentem a dor como nós.

Nesse tempo não eram conhecidos ainda os novos métodos dos matadouros que poupam já muitos dos sofrimentos aos animais embora estes certamente pressintam a sua morte quando arrastados para os matadoiros.

O Supremo tribunal legaliza a desumanidade dando um passo em direcção à Idade Média e o que é pior ainda fundando a sua decisão em nome da liberdade religiosa. Os juízes enganam-se no fundamento que dão para a permissão. Ou será que querem abandalhar o religioso? Aqui não se trata do cumprimento duma obrigação religiosa mas duma prescrição para a comida. De facto não é exigida a matança do animal de maneira sangrenta. O Corão apenas proíbe o consumo de alimentos impuros (Suras 1, 168 e 5, 4) não obrigando ninguém a comer carne. Para mais a autoridade religiosa da universidade do Cairo considerou o emprego do electro-choque rápido conforme ao Corao, podendo assim, os que se orientam pela norma, renunciar à forma arcaica brutal da matança.

O mesmo se diga de touradas em que o sangue jorra e em que o animal é maltratado e morto de forma cobarde em campo.

Estas e outras tradições de barbaridade com um pouco de fantasia poderiam ser transformadas ou mesmo substituídas por práticas ou ritos mais “humanos”. Se queremos enobrecer o Homem teremos de começar por considerar e respeitar o animal tal como fazia no século XII Francisco de Assis com “o irmão burro”, a irmã vaca, “o irmão sol”…

António Justo

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António da Cunha Duarte Justo


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Matanças e touradas – – – 2006-12-03
Para o Budismo toda a vida é sagrada (princípio do ahimsa ), nem que o ente em questão não passe dum simples insecto. Nele há uma irmandade cósmica com tudo quanto é vida. Sejam pessoas, animais ou plantas.
Neste aspecto o Budismo poderia sevir de lição quer seja aos mulçumanos e Judeus, matando os seus animais sem qualquer anestesia ou atordoamento, quer seja para os Cristãos com as suas touradas sanguinárias: estas que ainda são mais brutais do que a morte de um animal sem anastesia, dado que neste último caso o golpe mortal é tão certeiro que os animais em questão mal sofrem.
A tourada é, quanto a mim, uma das coisas mais abomináveis do mundo Cristão, termine ela com a morte do touro em plena praça ou não. Aquilo é uma verdadeira barbaridade. E o pior de tudo é que milhares de Cristãos apoiam incondicionalmente aquele espectáculo.

Luís Costa
Mau trato de animais! – – – 2006-11-30
Pedro Duque
De acordo. Só resta uma questão: onde é que a coerência se baseia? Uma má prática não tem suficiência lógica para justificar a próxima.
Não será que somos todos demasiado compreensivos?

António da Cunha Duarte Justo
– – – 2006-11-30
Concordo a 100% na punição do maltrato de animais, mas quero lembrar que a Tourada é legal em Portugal.

Encaixa-se quase perfeitamente no “Esta prática (entre muçulmanos e judeus) prevê que os animais sejam mortos de maneira sangrenta sem qualquer anestesia ou atordoamento.”, com a eventual diferença que antes de serem mortos os animais são torturados numa arena perante uma multidão de espectadores…

Caso essa lei fosse aprovada em Portugal, não ia aplaudir, mas compreenderia, pois há que ser coerente!

Pedro Duque

União entre Portugal e Espanha! – De Couto para Província?

União entre Portugal e Espanha! – De Couto para Província?
2006-10-18

Num País de Sonhadores há sempre um D. Sebastião
A revista espanhola El Tiempo apresentava ontem, 17.10.06, os resultados duma sondagem feita algures em Espanha em que 45,6 % dos espanhóis se manifestam pela fusão de Portugal e Espanha. Destes, 43,4% defende que o novo país se chame Espanha enquanto que 39,4 % opta pelo nome Ibéria. A maioria 80 % quer a capital fique em Madrid e 3,3% favorecem Lisboa. Metade dos inquiridos quer o regime monárquico espanhol, 30,2 % é favorável a uma República.
O mais grave é que, aquando da visita de Cavaco Silva a Espanha, uma sondagem certamente não representativa do semanário português Sol referia que 28 % dos portugueses são pela integração de Portugal e Espanha num único Estado.
Estes são inquéritos sem credebilidade mas que podem revelar os estados de alma dos dois lados da fronteira.
Para a Espanha seria esta uma maneira fácil de resolver os seus problemas políticos internos ainda não arrumados duma nação multinacional politicamente ainda não estabilizada. Esta poderia ser uma estratégia indirecta de resolverem os problemas da sua casa numa de mais valia.
Olivença já lá está não tendo problemas com ela. O contrário de dá com Catalães, Bascos e Galegos .
Para Portugal continua a restar-lhe o sonho. Num país de sonhadores há sempre o recurso a um D. Sebastião que resolve aquilo que deveria ser resolvido por eles.
As reportagens do Tempo e do Sol são de questionar-se. Não serão estas sondagens artimanhas de nacionalistas ou de progressistas? …. De patriotas certamente que não.
Para os nominalistas portugueses não haveria problemas porque viriam na Espanha o D. Sebastião e ficariam de espírito agradecido ao naco de pão numa atitude semelhante ao cão fiel não à raça mas a quem lhe dá o pão. Esta atitude parece-me mais de progressistas. De resto, um ataque ao sentimento nacional. Os que favorecem a opção pela eventual união entre os dois países vizinhos fundamentam-no com os benefícios económicos. Sujeitar-se-iam a ser espanhóis porque lá se ganha mais e se paga menos pelos serviços e pela energia. Esta posição é própria daqueles que se comportam como a avestruz que quando vê o perigo enterra a cabeça na areia na esperança de que o problema passe. Só que a receita para tais seria sonhar menos e trabalhar mais. Só conta o Mamon.
Por outro lado a Espanha não aguentaria tanto sonho nem com um povo em que cada um e cada qual é um governo! A guerra da nova Aljubarrota que Espanha trava é a económica e os seus generais já se encontram posicionados por todo o Portugal (o que não condeno porque também criam riqueza). Naturalmente que também levantarão o tributo da antiga afronta e o enviarão em desagravo para Espanha.
Este é o problema dos pequenos. O que não têm nos músculos terão que o ter no cérebro, na organização e na disciplina… Uma desilusão não se resolve com uma nova ilusão nem só com greves. O que Portugal tem é de valorizar a sua maça cinzenta que é muito boa e aplicá-la. Então, a exemplo duma Irlanda, duma Suiça poderemos de novo dar mundos ao mundo, podendo estar mais satisfeitos connosco e suportar melhor a leviandade das nossas elites sem termos de as lançar ao Tejo para nos subjugar a Madrid. Primeiro teremos que unir Portugal, unir o povo acabando com os senhorios, temos que unir o interior e o litoral, a cidade e a aldeia. Para isso é necessário dividir Portugal em duas ou três regiões naturais, temos de reduzir os deputados para metade e tornar as administrações distritais e camarárias mais eficientes e organizadas em planos supra-distritais.
Porque tropeçar na Espanha se já estamos nos braços da Europa. A maior parte da soberania já a demos à União Europeia. Ou já não chegam as comendas?
De tudo isto uma coisa é certa, as nossas escolas têm que ensinar mais história de Portugal onde se aprenda a ser português. Ou já estão esquecidos da batalha de S. Mamede e da vontade popular, sempre repetida contra os tais das comendas, frente às varandas reais?

António Justo

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António da Cunha Duarte Justo


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Iberismo – – – 2006-12-10
A CAMINHO DE UM NOVO IBERISMO
Compreende-se o temor do Sr. Ignacio Sanchez Amor, vice-presidente da Extremadura, em artigo publicado no Expresso de 30 de Abril de 2005, sobre correntes de opinião que advogam um iberismo plurinacional, tendo em conta o espaço peninsular como um todo, logo, com a participação activa de Portugal neste projecto dando apoio político aos nacionalismos espanhóis e propondo a Madrid “que aceite desenhar com Portugal uma nova Península”, o que tornaria “Portugal menos ameaçado na sua identidade”.
Neste contexto, a força negocial de acordos transfronteiriços da Extremadura com Portugal diminuiria, por não ter por trás o arrojo de Madrid, e os transvazes dos rios do norte peninsular para esta sequiosa região, de que o Sr. ISA é Vice-presidente, seriam certamente mais problemáticos.
Propõe o Sr. ISA que a relação de Portugal com a Espanha deve basear-se na transparência e na lealdade, ou seja, na subserviência.
Mas a lealdade e a transparência nunca foram o apanágio de Madrid para com Portugal. Basta observar a construção de centrais nucleares e do cemitério nuclear junto à fronteira; a constante imposição a ministros lusos indigentes de desenhar a geografia dos rios peninsulares internacionais como se fossem apenas espanhóis e tivessem a sua foz na área raiana; a dificuldade dos empresários portugueses em território espanhol; o persistente assédio a empresas estratégicas lusas por parte das congéneres espanholas com o esquisito beneplácito de gestores altamente bem pagos pelo erário público português (veja-se o caso recente da PT e Telefónica, e, no passado, o grupo Champalimaud adquirido por um banco espanhol, o que levou o primeiro ministro de então a gritar publicamente que Portugal não era a república das bananas ); o traçado do TGV, em que Madrid se senta à mesa das conversações só para dizer aquilo que Lisboa tem que fazer; as ameaças de OPAs hostis e até, pasme-se, a diferença de critérios da imprensa oficial espanhola, tida como imprensa de bom jornalismo, na abordagem de Olivença e Gibraltar! Quem não se lembra dos comentários dessa imprensa acerca do relatório da CIA sobre disputas territoriais em que era incluído o território de Olivença?
Adivinha-se que para o “ADN” da política interna espanhola não interessa um Portugal forte e próspero, pois seria um exemplo encorajador e moralizador para os nacionalismos espanhóis.
Compreendemos assim o velado boicote às iniciativas portuguesas e o esquecimento ostensivo e parolo de Portugal nos media espanhóis.
Parece, por vezes, que as teses dos historiadores oficiais de Franco, que viam a independência de Portugal como uma aberração geográfica e histórica, predominam numa Espanha democrática, que nutre pelo servilismo de Lisboa uma arrogância e um complexo provinciano, de certo modo, compensatórios do complexo de inferioridade que sente além Pirinéus, quando se compara com a França, a Alemanha, a Itália e a Inglaterra.
Neste panorama, Portugal nada tem a perder se se redescobrir num novo mapa da Península Ibérica em consonância com os nacionalismos espanhóis, exigindo deste território de contrastes a força política a que tem direito. O surgimento de novas nações na Península porá termo a uma relação histórica e cronicamente doente entre Lisboa e Madrid.
É um facto que “Portugal não deve aproveitar-se das tensões territoriais de Espanha e da sua consequente fraqueza política”, mas também é verdade que a política portuguesa não deve agir como se elas não existissem.
Esta maneira de pensar não tem nada de “incendiário”,pois criará as condições para o apaziguamento e união politicamente equilibrada de toda a Península Ibérica, o que iria ao encontro da já consistente integração económica.
É tempo de meditar e materializar sem complexos uma Península Ibérica unida por nações soberanas, e bilingue (castelhano e português ). A identidade de Portugal sairá reforçada por algum protagonismo no equilíbrio e consensualização de todas as forças políticas que tais movimentos geram.
A península Ibérica tornar-se-ia numa grande potência económica, cultural e política, e as duas línguas internacionais ibéricas teriam a importância que lhes cabe.
Era o abraço e a materialização do sonho histórico de muitos peninsulares e, sobretudo, daqueles que se revêem, embora noutros moldes, no impulso de ver a Península Ibérica como um todo.
Francisco de Miranda
Portugalclub

“cada macaco no seu galho” – – – 2006-11-15
Sem recorrer ao significado mais comum do dito que assinalo como título e sem ler com mais atenção a sua douta apreciação sobre a estafada “União Ibérica”, assino e louvo quase sem restrições todo o seu douto parecer. Ainda ontem perguntei a alguém que me acompanhava se ela fazia ideia de quantos dos nossos compatriotas se sacrificaram até à morte para que pudéssemos viver com alguma independência? Os portugueses são ibéricos, mas não castelhanos! De facto, temos sido mal governados, mas não é isso que nos permitirá entregar a gestão da “nossa casa” aos outros.
Este é o meu grande desabafo!

Pedro da Silva Germano
Um olhar sobre a Hespanha – – – 2006-11-03
O post está lúcido e os comentários são interessantes.
Junto-me à confraria com esta reflexãozinha: no meu caso, gosto da Espanha porque – agora sem curar de razões de ordem histórica – é um país belo e variado: tem florestas e desertos, lagos e mares e rincões encantadores. O povo é inteligente e comparticipativo e possui uma altivez que me agrada. (Não falo nos casos de arrogancia ou prosápia pontuais, que são detestáveis em qualquer pessoa ou nacionalidade). Dão-me a ideia de encarar as coisas a sério, enquanto em Portugal se tem a sensação de um artificialismo sem fibra. Têm pinta de libertários e amam, tanto quanto me apercebo, a arte viva e a vida vivida com arte. Por isso são duros na guerra, mas sabem saborear a paz. As mulheres são directas, não fingidas como em Portugal. Assumem a sua condição de seres sexuados e não são lambisgóias nem andam a esconder a sensualidade, como as hipócritas e beatas lusitanas costumam fazer. Os homens têm caballerosidad. Em geral não são provincianos nem mesquinhos, que é o pior que têm os portugueses.
Sabem respeitar o talento e a criatividade e apreciam os outros povos, talvez porque andaram, autonomamente mesmo quando eram empresas e aventuras de Estado, por todo o mundo e sabem inclusivamente arrepender-se de crimes que perpetraram nos tempos das “descobertas”.
E trabalham, sabendo que isso é duro mas…são ossos do ofício. Não são lamechas, quando se sentem prejudicados lutam. Os portugueses barafustam, mas calam-se prudentemente se lhe pedem que dêem testemunho.(Mas talvez que eu esteja a olhar em demasia para a pequena burguesia lusa, é nela se calhar que assenta estas reservas que faço. Porque o povinho, pelo que tenho visto, com toda a sua falta de letras eventual ainda é o que de melhorzinho por cá há).
O ideal seria que a União Ibérica prosperasse, mas sem nos obstaculizarem, sem nos obstaculizarmos – antes possibilitando que nós varrêssemos os muitos vícios que em nós vivem. E eles os seus, como por exemplo caírem na pecha de andar a cindir a Espanha em multi-regiões ou multi-nacionalidades (não comunidades autónomas, mas mini-países), sem verificarem que estão a fazer os sonhos dos nostálgicos autoritários do pacto de Varsóvia: dividir para reinar.

Saudações cordiais do ns

nicolau saião
Portugal – Espanha – – – 2006-11-02
PLANO SECRETO PARA VIABILIZAR O ESTADO PORTUGUÊS

Passo 1:
Trocamos a Madeira pela Galiza.
Têm que levar o Alberto João!

Passo 2:
Os galegos são boa onda, não dão chatices e ainda ficamos com o dinheiro gerado pela Zara (é só a 3ª maior empresa de vestuário).
A indústria têxtil portuguesa é revitalizada.
Espanha fica encurralada pelos bascos e Alberto João.

Passo 3:
Desesperados, os espanhóis tentam devolver a Madeira (e Alberto João).
A malta não aceita.

Passo 4:
Oferecem também o País Basco.
A malta mantém-se firme e não aceita.

Passo 5:
A Catalunha aproveita a confusão para pedir a independência.
Cada vez mais desesperados, os espanhóis oferecem-nos a Madeira, País Basco e Catalunha.
A contrapartida é termos que ficar com o Alberto João e os etarras.
A malta arma-se em difícil, mas aceita.

Passo 6:
Dá-se a independência ao País Basco.
A contrapartida é eles ficarem com o Alberto João.
A malta da ETA pensa que pode bem com ele e aceita sem hesitar.
Sem o Alberto João a Madeira torna-se um paraíso.
A Catalunha não causa problemas.

Passo 7:
Afinal, a ETA não aguenta com o Alberto João, que, entretanto, assume o poder. O País Basco pede para se tornar território português.
A malta aceita, apesar de estar lá o Alberto João (não há problema – ver passo seguinte).

Passo 8:
No País Basco não há Carnaval.
Alberto João emigra para o Brasil…

Passo 9:
Governo brasileiro pede para Brasil voltar a ser território português.
A malta aceita e manda o Alberto João para a Madeira.

Passo 10:
Com os jogadores brasileiros mais os portugueses (e apesar do Alberto João), Portugal torna-se campeão do mundo de futebol!
Alberto João, enfraquecido pelos festejos do Carnaval na Madeira e no Brasil, não aguenta a emoção e sucumbe.

Passo 11:
Todos vivem felizes para sempre.

SER PORTUGUÊS – – – 2006-10-22
Não pretendendo nem ser xenófobo, nem nacionalista, mas antes ser um verdadeiro patriota, quero aqui dizer que prefiro ser mil vezes Português, embora sejamos um quanto ao quanto preguiçosos, embora tenhamos muitos defeitos, embora sejamos sonhadores, que gostam de sonhar com o D.Sebastião ( como Sebastião da Gama escrevia: “ pelo sonho é que nós vamos…” ) do que ser um espanhol, que é coisa que ao fim e ao cabo não existe.
E, embora me encontre fora do país, meu Portugal, há uma coisa que procuro sempre ensinar ao meu filho, nascido e criado aqui na Alemanha, que nunca tenha vergonha de ser Português, porque se é verdade que os Alemães, e os Ingleses e os Espanhóis nos são economicamente superiores, nós, Portugueses possuímos uma coisa que poucos povos possuem: sentimentos, mas sentimentos profundos…
Se Portugal ainda existe como nação, a mais antiga da Europa com fronteiras fixas, é porque os portugueses sempre sentiram profundamente no plexo das suas almas o que é ser Português. – ser Português é ser-se talvez pobre, mas ser português é também ter uma alma grande, uma alma nobre e é também estar-se espalhado pelo mundo mas, apesar dos nuitos erros e das muitas decepções políticas, saber-se que lá na periferia da Europa existe uma terra pronta para nos acolher, chamada Portugal, uma terra que tem uma língua rica, como poucas, uma terra que fala uma língua que é a nossa.
E penso que se um dia Portugal viesse a ser absorvido pela Espanha, coisa quase impossível, estou certo que os Portugueses se iriam umir e, tal como aconteceu durante os 60 anos de reinado de Filipe IV ( III Portugal ), iriam lutar até conseguirem de novo a sua Restauração.
Talvez nos nos encontremos hoje numa grave crise de identidade, mas eu estou certo que se os Espanhóis nos quisessem anexar, o mito sebastianista, ao fim e ao cabo cordão umbilical da nossa identidade, iria acordar em todos nós aquele ígneo sentimento, nos dias de hoje, um tanto ou quanto anestesiado, do que é ser Português….

Luís Costa
União entre Portugal – – – 2006-10-22
Penedo da Paciencia
As sondagens apresentados nao significam muito pois o facto de haver 45% de espanhoiis e 28% de portugueses que gostaria da fusao dos dois paises, tal nao traria proveito nenhum para a Espanha e como tal nao tera lugar, nunca, especialmente agora que os dois paises estao na UE. Que ha muitos portuguese com vergonha de o ser, isso ha. Tambem ha muitos que pensam que se Portugal fosse “absorvido” por outro pais (neste caso a Espanha) seria a solucao para aquilo que parece ser incapacidade dos portuguesae em andar para a frente. E tudo uma grande falta de auto-estima e confianca que estao ligadas ao sistema de educao e instrucao vigentes desde o 25 de Abril. E preciso nao olhar ao investimento e possivel influencia espanhola em Portugal como um perigo. Nao e, antes pelo contrario. Trazem capital necessario,inovacao e diversificam a nossa economia. Nao sejamos nem xenofobos nem isolacionistas ! A se-lo nao nos levara a lado nenhum num Mundo cada vez mais globalista. A Espanha na verdade nao e um pais unido. Pois ate sabemos que a Catalunha, a Galiza e os Bascos tem ja ou lutam ferozmente pela sua propria autonomia ! Porqe haveria de ser Portugal a unica regiao na Iberia a desejar tanto ser absorvida Aquilo a que nos referimos quando falamos de Espanha e na verdade Castela. As outras regioes na Iberia querem o investimento economico “espanhol” , mas preferem a autonomia e menos influencia castelhana nos seus assuntos. Eu creio que os castelhanos nao tem interesse nenhum em ter Portugal pendurado neles e a viver a conta deles, pois Portugal trabalha pouco e exige muito em termos de beneficios. E os Portuguese nunca deixariam de ser cidadaos de segunda. Os portugueses podem estar confusos e nao saber o que querem ou o que sao. Mas garanto-vos que os castelhanos sabem bem o que querem e o que nao querem…e o que sao! Eles nao precisam de Portugal para nada. Na verdade podem ter todos os beneficios economuicos sem ter de arcar com as despesas. So se fossem idiotas iriam movimentar-se para “absorver’ um pais de Funcionarios Publicos. Nao ha que ter receio. Se aguentamos 800 anos e ate lutamos (nesses tempos lutava-se mesmo !)para nao nos tornarmos parte de Espanha, porque seria agora que tal iria acontecer? Mesmo que hajam alguns traidores escondidos nos bastidores da politica….o POVO de Portugal sabe o que e ser Portugues e nunca teve qualquer duvida sobre o que isso representa. Renato Nunes
Portugalclub

Novo paradigma de administração – – – 2006-10-19
O Manual Administrativo de Marcelo Caetano permitiu administrar de forma magistral o Império. Depois de 25 de Abril, esse instrumento passou a ser util apenas para instrumentalizar a Constituição e a Legislação permanentemente dominada/manipulada – por esse Administrativismo inadequado.
Talvez se o Governo cumprisse a Lei, e na sua execução abolisse o Manual Administrativo de Marcelo Caetano permanentemente aplicado,talvez Portugal tivesse um funcionamento globalmente eficaz e se aproximasse do nível dos Países como Espanha,ao melhor nível Europeu, e nos tornaríamos bem mais competitivos.

João Asseiceiro

A Armadilha do Diálogo e da Compreensão

A Armadilha do Diálogo e da Compreensão
2006-09-25

Dado que tanto terroristas como muçulmanos pacíficos baseiam o seu agir no Corão que é o fundamento imutável e obrigatório da fé, dos valores, do agir e do direito não pode haver diálogo entre as culturas sem o conhecimento do livro Corão. Consequentemente terá que ser permitido falar do conteúdo do mesmo…
O diálogo não é uma questão de somenos importância reservada a ingénuos ou a bonzinhos que confundem diálogo com engraxar ou com o jogo do empisca.
O futuro das democracias na Europa dependerá da maneira como reagirmos ao Islão.
A obrigação obsessiva em que se sentem os europeus para a compreensão conduz à armadilha da compreensão. Um diálogo aberto ajudará o Islão e todos os outros.
Para o diálogo não é suficiente a afirmação de que o Islão é uma religião pacífica. Alguns apelam para o tacto no trato com os muçulmanos. Ora, eles não são crianças, o que se necessita no diálogo é veracidade, sinceridade e abertura. Doutro modo o diálogo torna-se em campo de acção de hipócritas e oportunistas. A dor, a sombra de hoje anuncia o sol de amanhã… Um diálogo universal, num mundo global só é possível sob a plataforma da razão. Já antes de Jesus, a Bíblia reconhecia “ Muita sabedoria, muita aflição e quem aumenta o saber, aumenta a dor”….
A “guerra santa” não é racionalmente sustentável. Àqueles que misturam alhos com bugalhos apresentando as cruzadas como espécie de guerra santa isso é perverter a realidade. As cruzadas nunca foram santas nem com base no evangelho. Também não foram guerras de conquista mas sim de reconquista. (Lembre-se a acção de D. Henrique e seus homens na fundação de Portugal). Além disso vivemos hoje.
Hoje, só o Islão defende o direito de defender a religião, a fé com a espada. Daí a oportunidade da frase do imperador bizantino: “mostra-me o que Maomé trouxe de novo e encontrarás coisas más e desumanas, como o direito de defender pela espada a fé que pregava”. Os extremistas do Islão tornaram-se a expressão da religião, pervertindo assim o todo.
A indústria da informação não está interessada em ouvir o que se diz. Ela está preocupada no como ouvir, como utilizar, dizendo-se o mesmo dos destinatários. Observa-se uma cumplicidade mútua.
Amigos, podemos fazer história mas não na continuação da guerra com outros meios. Não precisamos de esperar pelas catástrofes para nos mudarmos, para aprendermos. Rememos contra a catástrofe contra a violência, talvez com palavras duras mas com um coração manso no sentido de servir no seguimento da luz… a luz da possibilidade real.

António Justo

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António da Cunha Duarte Justo


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SOBRE A IDEIA DE MORTE ( no homem ocidental ) – – – 2006-10-06
SOBRE A IDEIA DE MORTE ( No homem ocidental )

”Wer soll der Erde Herr sein? Wer will sagen:
so sollt ihr laufen, ihr großen und kleinen Ströme! „

Friedrich Nietzsche

Li, há uns poucos de dias, num fragmento filosófico de Antero de Quental uma coisa muito interessante. Dizia ele: “ A ideia de morte é a base da vida moral. Os seres que a não têm ( crianças, animais ) não são morais – são maus ou bons apenas . Se o homem fosse imortal, estaria exactamente, no mesmo caso, por muito que a razão progredisse. “
Concordando-se com Antero pode-se translinear esta ideia para o tempo de hoje.
Portanto, como acabámos de ler, para Antero os seres que não possuem moralidade, como crianças e animais, não tem a ideia de morte.
Analisando-se o homem da nossa época, a partir desta perspectiva, poderemos dizer que ele é moral ? A resposta só pode ser negativa. Concluimos assim que o homem apesar de todo o seu desenvolvimento ainda não conseguiu deixar de ser criança, embora queira afirmar o contrário.
Pense-se nas pequenas brigas que ele vai inventando no dia a dia, pense-se no seu egoísmo primitivo, nas suas invejas, no seu racionalismo tão contraditório etc.
Ele quer deveras ser Homem e porta-se, por vezes, como um Homem, mas podemos afirmar que ainda não o é, e que talvez nem nunca o venha a ser.
Pretende-se então, com isto, dizer que o homem de hoje não possui a noção de ideia de morte ?
Se a possui, pelo menos não o demonstra. Graças ao desenvolvimento científico acima de tudo no campo da genética, ele imagina-se todo poderoso, capaz de fazer verdadeiros prodígios e por isso, embora não o seja, senhor da morte. Este facto leva-o a desrespeitar a sua vida e a vida dos outros, bem como a própria natureza.(A qual de quando em vez lhe dá uma demonstração real do seu poder.)
Como é que o homem pode ter respeito pela vida se não tem consciência de que esta vida, que agora está em si, que desbrochaem em seu redor, é um simples sopro no tempo?
Chegando a este ponto poderemos agora também perguntar:
Mas será que se o homem tivesse a noção de morte se tornaria automaticamente moral como Antero nos pretende fazer crer? Ou antes deixaria ele de ser moral visto que sendo a vida um simples sopro no vento, ela perderia com isto todo o seu sentido? E não tendo a vida um sentido final, porque é que deveremos ser morais? Antero fala-nos da razão. Mas o que é a razão se a vida não tiver um sentido último? Se não houver uma instância transcendental que nos obrigue a acreditar nessa razão e assim a sermos morais ?
Se a vida não tiver um sentido último, uma continuação para lá da morte, uma alta instância pela qual o Homem se regule, então tudo é possível, tudo é permitido ao homem, cada qual pode inventar a sua razão, cada qual pode inventar os seus valores morais, quer dizer, tudo é relativo, deixando uma moral humanista de ser viável. A moral da besta loira ganha assim a sua justificação.
A única saida para este problema, penso eu, poderia ser Deus.

(A esta conclusão também chegou o grande Kant, responderá o leitor. Só que o Deus de Kant é um mero postulado, por isso pouco credível. Algum tempo depois, Nietzsche destrói este postulado com o grito de guerra: “ Gott ist tot.”)

Acreditando o Homem num Deus, não como um postulado, mas como se diz em ontologia, como o ser em si , por quem ele foi criado, instância moral reguladora, o qual um dia, depois da morte, o julgará pelos bons ou maus actos que este possa ter cometido durante a sua existência terrestre, então, ai sim, o homem poder-se-ia tornar homem, já que a sua vida ganhava desto modo, um sentido final.
( embora esta afirmação venha a pôr outros problemas de ordem filosófica que por agora não interessa serem aqui descritos)
É exactamente neste ponto que reside a fraqueza da cultura ocidental dos nossos dias.O homem ocidental de hoje já não consegue acreditar em Deus. E embora ,por vezes, até pareça que acredite, lá bem no fundo, ele não acredita em nada. Para ele já não existem coisas sagradas, ele não tem qualquer problema em conspurcar os templos, para ele tudo acaba por , mais cedo ou mais tarde, ter uma explicação lógica, e assim ele perdeu toda a moralidade, todo o repeito por si próprio e todo o sentido existêncial; visto que passou a ver existência não a partir do SER como processo contínuo evolutivo, mas a partir dum TER definitivo, inflexível.
A partir da perspectiva deste TER definitivo e inflexível, ele torna-se num verdadeiro ditador do Ser e imagina-se imortal, já que se pensa, por meio do poder económico e por meio do progresso técnico-cientifíco, ( a isto chamou Heidegger a “ metaphysische Wesen der Moderne ” ) vir a ser um dia capaz de dominar a natureza e tomar o trono abandonado por Deus. Mas será isso possível?

Não reconhecendo a temporalidade da sua vida e continuando a afirmar a morte de Deus, o homem ocidental está-se aos poucos e poucos a derrotar a si mesmo. Neste seu modo de pensar, nesta sua forma de encarar a existência, encontra-se precisamente o seu calcanhar de Aquiles.
– Calcanhar esse que o Islão desconhece e que por isso o torna actualmente tão forte e ao mesmo tempo tão perigoso para a cultura ocidental.

Züschen, O1. Oktober MMVI

Luís Costa
A armadilha do diálogo… – – – 2006-09-28
A verdade é que eles vivem bem do tal diálogo e os ocidentais parece que querem ser enganados.
O que vale é que o povo simples consegue ver melhor o que está por trás do diálogo porque nao estao tao interessados no negócio do petróleo.
Os que defendem a compreensao ainda nao notaram que nao se trata disso e caem como tordos e ingénuos nas maos dos muculmanos.
A Europa está perdida.

Neves
– – – 2006-09-28
Não acha que a renúncia da ópera à peça de Mozart nao é um atentado à religiao porque em cena é cortada a cabeça de Maomé?
A arte tem de ser responsável!
Quanto aos árabes eles ainda se encontram na Idade Média.
MA

Tem razão – – – 2006-09-28
Não desejo monopolizar os comentários no seu interessante e suscitador blog, mas não resisto a dizer que a realidade que radiografa é efectivamente inquietante. E inquietante porque aponta em duas direcções: a primeira é que o imaginário social do ocidente democrático está a bloquear-se, o que é sufocante e deixa sequelas e miasmas muito negativos; a segunda porque mais tarde ou mais cedo as forças mais poderosas desse ocidente perderão a paciencia de acordo com o velho ditado que diz que até um rato busca lutar se o encostam à parede.
Temo que tudo acabe numa catástrofe. Os árabes conscientes deviam considerar esse facto maduramente e procurarem que a extrema susceptibilidade dos santões muçulmanos não leve certas instancias a um acto limite em desespero de causa.
Do nosso lado – do nosso lado todo – espero que haja inteligencia ponderada mas também firmeza.
Obrigado por me ter respondido.

nicolau saião
A Armadilha do Diálogo – – – 2006-09-27
Douto Nicolau Saião!
Obrigado pelo seu contributo.
As suas deixas: “entre fanatismo totalitário e civilização”, “chantagem moral”, “ o mundo chegou à mais grave crise da sua existência” apontam para uma situação triste que nem a sociedade, nem a política nem a igreja se atrevem a pôr na ordem do dia.
A espiritualidade embora confiante tem por companheira a dúvida e a fé nunca pode ser presunçosa. Reportar-se a Deus não pode ser o factor legitimador do saber, como eles fazem. Nós é que temos de desenvolver a nossa tradição na consciência, na consciência do mundo cristão de que Deus é o nosso próximo.
O diálogo com os muçulmanos torna-se impossível porque para eles tudo constitui ofensa e injúria. Esta só acabará no momento em que o mundo se oriente pelas suas concepções o que significa só deixaria de ser ofendidos no momento em que todos se tornem muçulmanos. O grande problema é que só é permitido um diálogo de amabilidades hipócritas tendo o Ocidente de ceder sempre. Não querem saber de nada e querem tudo. Este é o melhor serviço antidemocrático.
É uma tristeza ver como o Ocidente já se encontra na defesa, com a tesoura na cabeça, com uma auto-censura que já funciona automaticamente no que toca aos árabes. O medo do que poderá acontecer leva intelectuais e opinião pública a censurar-se a si mesma. Até a arte já não é livre. Eles interferem na liberdade da cultura e da arte. Como um pequeno exemplo refiro o caso da Ópera de Berlim que se viu obrigada a interromper a ópera de Mozart “Idomeneo” com receio das reacções muçulmanas.

Atenciosamente
António Justo

António Justo
Subscrevo – – – 2006-09-26
Subscrevo, com gosto e certo descanso de espírito, este lúcido texto.
Com gosto porque verifico que ainda há intelectuais (dignos desse nome) que não se enredam em reflexões especiosas e chamam os bois pelos nomes: o Islão nasceu na violencia, viveu e vicejou na violencia e, se não resultarem as tentativas de aproximação que visam que o Islão se morigere, já que não pode tornar-se pacífico pois isso é o mesmo que falar-se em “tigres vegetarianos”, terminará no meio da violencia a que os seus próceres deram ensejo mediante a sua falaz brutalidade.
Com descanso de espírito porque verifico, de igual modo, que mantendo a tolerância e a lucidez, há pois pensadotres que não se conformam em tornar-se reféns da chantagem moral dos chefes islamitas ou meros “idiotas úteis” papagueadores de inanidades.
Tenho para mim que o mundo chegou à mais grave crise da sua existência, uma vez que agora a sociedade democrática não se defronta com aparatchikis nazis, estalinistas ou maoístas mas com o próprio “Deus” (essa espúria versão de “Deus”) encarnada em ulemas totalitários e massas fanatizadas que o exprimem.
A cegueira de muitos, que os poetas (não lambedores de frases pseudo-líricas) têm procurado erradicar – a par de outros cidadãos – pode e está a facilitar o embate que se perspectiva, por nossa tristeza, entre o fanatismo totalitário e a possível civilização.
Esperemos que, se os bárbaros mais uma vez tentarem a nossa defenestração, saibamos resistir com a firmeza e a verticalidade que se impõe.

Nicolau Saião