Síria em Tempos de Ramadão Muçulmano e de Quaresma Cristã

A Paixão de Cristo Continuada nos Massacres de Alauitas, Drusos e Cristãos na Síria

 

A situação na Síria permanece trágica, com violência sectária atingindo níveis alarmantes durante um período que coincide com o Ramadão muçulmano e a Quaresma cristã. A “operação militar” sunita síria, que visou especificamente minorias religiosas como alauítas, drusos e cristãos, resultou em massacres brutais e execuções seletivas, deixando a comunidade internacional em estado de choque. No entanto, a resposta dos políticos da União Europeia (UE) tem sido marcada por hipocrisia e inação, levantando questões sobre o seu compromisso real com os direitos humanos e a democracia.

O Contexto da Violência Sectária

O derramamento de sangue começou em 6 de março de 2025, quando apoiantes do presidente deposto Bashar al-Assad, majoritariamente da minoria alauíta, lançaram ataques contra as forças de segurança do novo governo liderado por islamitas. A violência rapidamente escalou, com combatentes sunitas realizando execuções seletivas baseadas na filiação religiosa. Segundo relatos, os agressores verificavam documentos de identificação para confirmar a religião das vítimas antes de cometê-las.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) documentou massacres que resultaram na morte de pelo menos 750 civis alauítas em 29 incidentes distintos entre 6 e 8 de março de 2025. Famílias inteiras foram executadas, e os corpos foram enterrados em valas comuns. O conselheiro do ex-presidente do Conselho Alauíta, Muhammad Nasser, alegou que mais de 1,7 mil civis foram mortos, incluindo membros das comunidades drusa e cristã.

A Resposta da União Europeia: Hipocrisia e Inação

Os políticos da UE expressaram alarme com a violência contra civis, mas a sua resposta tem sido amplamente criticada como hipócrita. Anteriormente, muitos deles haviam feito uma peregrinação à Síria para apertar as mãos de líderes islamistas após o golpe extremista, ignorando os princípios do Islão que justificam a perseguição de minorias religiosas e a mentira desde que sirva o islão. Agora, lavam as mãos como Pilatos, recusando-se a assumir responsabilidade pelas consequências das suas acções.

A EU parece mais interessada em manter relações diplomáticas do que em proteger vidas humanas. A sua posição política é vista como cega e ignorante, pois falha em reconhecer a gravidade da situação e em agir de forma decisiva para impedir mais violência.

A Desumanização e o Extermínio das Minorias Religiosas

Os alauítas, grupo ao qual pertencia o presidente deposto Bashar al-Assad, foram antes alvo de uma campanha de desumanização através de propaganda antes de serem marcados para extermínio. A mesma sorte coube aos drusos e cristãos, que também foram brutalmente assassinados. Relatos indicam que cerca de 7.000 integrantes de minorias religiosas foram mortos, incluindo 1.000 cristãos, alguns dos quais foram crucificados.

Os media, no entanto, têm sido reticentes em cobrir a perseguição e os assassinatos de cristãos, muitas vezes ignorando ou minimizando a gravidade dos crimes. Essa omissão contribui para a invisibilidade do sofrimento dessas comunidades e para a impunidade dos agressores.

A Urgência de uma Resposta Internacional

A situação na Síria é um triste reflexo de como a religião pode ser instrumentalizada para justificar a violência e a opressão. Enquanto os líderes mundiais continuam a falhar em proteger as minorias religiosas, a Paixão de Cristo é reencenada nas vidas daqueles que são crucificados, literal e figurativamente, por sua fé.

É imperativo que a comunidade internacional, incluindo a UE, deixe de lado a hipocrisia e a inação e tome medidas concretas para acabar com a violência sectária na Síria. A democracia e os direitos humanos não podem ser meros desejos baratos expressos em discursos vazios; eles devem ser defendidos com ações firmes e decisivas. Caso contrário, o sangue derramado continuará a manchar as mãos de todos aqueles que poderiam ter feito a diferença, mas escolheram ficar em silêncio.

O novo regime da Síria tem como presidente interino Ahmad al-Sharaa (Al-Jolani),  terrorista, ex-membro da Al-Qaeda e do Estado Islâmico.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

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