Categoria: Religião
ASILO NA GREJA
Monge absolvido
Asilo na igreja é o asilo concedido, em edifícios de igrejas, a alguém em risco de deportação (especialmente requerentes de asilo).
Segundo a impensa alemã, um monge foi absolvido num processo de asilo religioso para um refugiado na Baviera.
O tribunal distrital decidiu que o irmão beneditino havia cometido “ilegalmente” cumplicidade na permanência não autorizada. Porém, o apelo do réu ao direito fundamental à liberdade de crença e de consciência é uma razão “que exclui a punição neste caso individual”.
Para mais informação sobre asilo na igreja pode ler o meu aritgo “Igrejas alemãs continuam a Tradição de Lugares de Refúgio como na Idade Média” em https://antonio-justo.eu/?p=2980
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo
NATO ABANDONA O AFEGANISTÃO
Primeiro foram os Russos a perder a guerra e agora é a vez da NATO
10.000 soldados da NATO terão de deixar o país entre o 1º de maio e o 11 de setembro. A decisão foi tomada na conferência dos 30 ministros das Relações Exteriores e da Defesa seguindo-se assim, a anunciada retirada dos EUA, atualmente com cerca de 1.100 soldados. Os USA ocupar-se-ão no futuro mais com o que se passa na Ásia; os europeus terão de se definir para assumirem estrategicamente mais responsabilidade na África e na América do Sul.
Após 20 anos de guerra, a República islâmica Afeganistão fica destruída e devastada e à deriva dos Talibãs.
No Afeganistão, só em 2019, foram mortos 484 civis e 777 feridos em ataques noturnos e ataques aéreos de tropas afegãs e estrangeiras. De acordo com OCHA uma organização da ONU, 350.000 Afegãos foram deslocados dentro do país, no mesmo ano.
Quem assume a responsabilidade dos muitos mortos e paga os custos e limpa as muitas minas? Os talibãs e a NATO certamente que não.
Como se constata, uma população de muitas tribos não pode ser derrubada de cima para baixo. Na perspectiva contrária, esta parece ser uma lição para o globalismo e para o centralismo hodierno que, contra o regionalismo, se esforça por doutrinar, também ele, os vários povos no sentido de um pensar igual já não religioso mas do politicamente correcto…
Embora os USA tenham “investido na reconstrução civil e política do Afeganistão tanto como investiram na reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial, o efeito é modesto” (1) . Os talibãs repudiam uma sociedade moderna secular! Consequentemente, iremos ter na Europa um significativo aumento de pedidos de asilo de refugiados afegãos.
Toda a sociedade em que o islamismo fundamentalista se afirme mantem em si os germes da guerrilha e abranda o seu desenvolvimento humano e social na história.
A guerra uma vez perdida deixa agora o destino do Afeganistão nas mãos dos Talibãs e das outras forças afegãs.
Espere-se por um milagre!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo
(1) https://www.tagesspiegel.de/politik/afghanistan-droht-ein-exodus-was-der-nato-abzug-bewirkt/27100020.html
HÁ ROUBAR E ROUBAR
MORREU HANS KÜNG HANS KÜNG – UM CRÍTICO CONTROVERSO NA IGREJA CATÓLICA
O teólogo Hans Küng morreu hoje com 93 anos em Tübingen. Ele tinha opiniões fortes e ao mesmo tempo foi um dos mais importantes lutadores pelo entendimento entre as religiões. Segundo ele, sem a paz entre as religiões não haverá paz no mundo. Nesse sentido empenhou-se muito com o seu conceito do ethos global.
Tematicamente lutou muito em defesa de uma Igreja empenhada nas suas raízes e na modernidade: queria uma Igreja voltada para a reforma. Ele desejava “mais Jesus e menos Papa”.
Junto com Ratzinger, Küng foi nomeado conselheiro do Concílio Vaticano II 1962-1965 e, mais tarde, tornar-se-ia num oponente forte do Papa João Paulo II e de Bento XVI; ele era contra o centralismo de Roma.
Como relata a HNA, há um episódio dos anos 60 que até hoje se conta em Tübingen: “Küng e Razinger eram colegas como docentes da universidade católica de Tübingen. Mas, enquanto Ratzinger vinha silenciosamente para a universidade de bicicleta, Küng vinha com o seu ruidoso Alfa Romeo. Enquanto Ratzinger fazia carreira em Roma, Küng tornar-se-ia o seu crítico mais ruidoso. ”
Sobre a sua ética escrevi o artigo: UMA ÉTICA MUNDIAL PARA A CULTURA DA PAZ – Mudança do paradigma institucional para o individual” que pode ser consultado em https://www.gentedeopiniao.com.br/opiniao/uma-etica-mundial-para-a-cultura-da-paz ; Sobre a Eutanásia Hans Küng tinha uma posição própria; sobre a sua opinião escrevi o artigo A EUTANÁSIA E A MORTE ORGANIZADA em https://antonio-justo.eu/?p=3112
A Küng liga-me o seu empenho pela aplicação do Vaticano II e a Bento XVI a profundidade da sua teologia cristã: num compreendi o significado da modernidade e noutro o significado e importância da tradição.
Com Hans Küng cheguei a ter uma correspondência nos finais dos anos 70, tendo-me ele apoiado e oferecido alguns livros seus em português.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo