ÂNGELA MERKEL

REPRODUZO AQUI UM TEXTO DE FRANCISCO H. DA SILVA SOBRE ÂNGELA MERKEL
O Texto do Embaixador sobre a chanceler Ângela Merkel é um testemunho adequado e digno de uma política exemplar que honra o posto político que ocupa numa atitude de serviço.
“Merkel
A Alemanha disse adeus a Merkel com seis minutos de calorosos aplausos. Os alemães escolheram -na para liderá-los, e ela liderou 80 milhões de alemães por 18 anos com competência, habilidade, dedicação e sinceridade. Durante esses dezoito anos de liderança da autoridade no seu país, não houve transgressões contra ele. Não designou uma secretária para nenhum de seus parentes. Não afirmou ser a criadora da glória. Ela não lutou contra aqueles que a precederam. Quando falava não dizia asneiras . Não apareceu nos becos de Berlim para ser fotografada. Ela é a mulher que foi apelidada de “A Senhora do Mundo” e foi descrita como o equivalente a seis milhões de homens. Há poucos dias Merkel deixou a posição de liderança do partido e entregou-a aos que a seguiram, e a Alemanha e seu povo alemão estão em melhor forma do que estavam quando ela chegou. A reação dos alemães foi sem precedentes em toda a sua história. Toda a gente nas cidades saiu para as sacadas das casas e aplaudiu calorosa e espontaneamente por 6 minutos contínuos. Ao contrário da nossa realidade populista, não houve elogio, hipocrisia, representação ou exagero. A Alemanha permaneceu como um só corpo despedindo-se da líder da Alemanha, uma física química que não se deixou seduzir pela moda ou pelas luzes e não comprou imóveis, carros, iates ou aviões particulares, sabendo que era da ex-Alemanha Oriental. Ele abandonou o seu posto depois de deixar a Alemanha na liderança. Dezoito anos e não trocou de roupa. Numa conferência de imprensa um jornalista perguntou a Merkel: – reparo que o seu vestido é repetido, a senhora não tem outro? Ela respondeu: – Sou funcionária do governo e não modelo. Noutra conferência de imprensa perguntaram-lhe: – A senhora tem empregadas domésticas que fazem a limpeza da casa, preparam as refeições, etc.? A sua resposta foi: – Não, não tenho trabalhadores e não preciso deles. O meu marido e eu fazemos esse trabalho em casa todos os dias.
A Sra. Merkel mora num apartamento normal como qualquer outro cidadão. Este apartamento é aquele na qual ela vive desde antes de ser eleita Primeira-Ministra da Alemanha e não o deixou, e ela não possui uma mansão com empregados, piscinas e jardins. Esta é Merkel, a primeira-ministra da Alemanha, a maior economia da Europa!”
Francisco H. Da Silva

ASILO NA GREJA

Monge absolvido

Asilo na igreja é o asilo concedido, em edifícios de igrejas, a alguém em risco de deportação (especialmente requerentes de asilo).

Segundo a impensa alemã, um monge foi absolvido num processo de asilo religioso para um refugiado na Baviera.

O tribunal distrital decidiu que o irmão beneditino havia cometido “ilegalmente” cumplicidade na permanência não autorizada. Porém, o apelo do réu ao direito fundamental à liberdade de crença e de consciência é uma razão “que exclui a punição neste caso individual”.

Para mais informação sobre asilo na igreja pode ler o meu aritgo “Igrejas alemãs continuam a Tradição de Lugares de Refúgio como na Idade Média” em  https://antonio-justo.eu/?p=2980

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

NATO ABANDONA O AFEGANISTÃO

 Primeiro foram os Russos a perder a guerra e agora é a vez da NATO

 10.000 soldados da NATO terão de deixar o país entre o 1º de maio  e o 11 de setembro. A decisão foi tomada na conferência dos 30 ministros das Relações Exteriores e da Defesa seguindo-se assim, a anunciada retirada dos EUA, atualmente com cerca de 1.100 soldados. Os USA ocupar-se-ão no futuro mais com o que se passa na Ásia; os europeus terão de se definir  para assumirem estrategicamente mais responsabilidade na África e na América do Sul.

Após 20 anos de guerra, a República islâmica Afeganistão fica destruída e devastada e à deriva dos Talibãs.

No Afeganistão, só em 2019, foram mortos 484 civis e 777 feridos em ataques noturnos e ataques aéreos de tropas afegãs e estrangeiras.  De acordo com OCHA uma organização da ONU, 350.000 Afegãos foram deslocados dentro do país, no mesmo ano.

Quem assume a responsabilidade dos muitos mortos e paga os custos e limpa as muitas minas? Os talibãs e a NATO certamente que não.

Como se constata, uma população de muitas tribos não pode ser derrubada de cima para baixo. Na perspectiva contrária, esta parece ser uma lição para o globalismo e para o centralismo hodierno que, contra o regionalismo,  se esforça por doutrinar, também ele, os vários povos no sentido de um pensar igual já não religioso mas do politicamente correcto…

Embora os USA tenham “investido na reconstrução civil e política do Afeganistão tanto como investiram na reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial, o efeito é modesto” (1) . Os talibãs repudiam uma sociedade moderna secular! Consequentemente, iremos ter na Europa um significativo aumento de pedidos de asilo de refugiados afegãos.

Toda a sociedade em que o islamismo fundamentalista se afirme mantem em si os germes da guerrilha e abranda o seu desenvolvimento humano e social na história.

 A guerra uma vez perdida deixa agora o destino do Afeganistão nas mãos dos Talibãs e das outras forças afegãs.

Espere-se por um milagre!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) https://www.tagesspiegel.de/politik/afghanistan-droht-ein-exodus-was-der-nato-abzug-bewirkt/27100020.html

HÁ ROUBAR E ROUBAR

MUITO ACTUAL E OPORTUNO!
“Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador?
Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres.”
Pe António Vieira, in ‘Sermão do Bom Ladrão’
Pelos vistos e observando o exemplo da operação Marquês do caso de Sócrates e consórcios a justiça assume um caracter de sustentabilidade perene, através de todos tempos, como anpotava já então o Pe. António Vieira!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do tempo

MORREU HANS KÜNG HANS KÜNG – UM CRÍTICO CONTROVERSO NA IGREJA CATÓLICA

O teólogo Hans Küng morreu hoje com 93 anos em Tübingen. Ele tinha opiniões fortes e ao mesmo tempo foi um dos mais importantes lutadores pelo entendimento entre as religiões. Segundo ele, sem a paz entre as religiões não haverá paz no mundo. Nesse sentido empenhou-se muito com o seu conceito do  ethos global.

Tematicamente lutou muito em defesa de uma Igreja empenhada nas suas raízes e na modernidade: queria uma Igreja voltada para a reforma. Ele desejava “mais Jesus e menos Papa”.

Junto com Ratzinger, Küng foi nomeado conselheiro do Concílio Vaticano II 1962-1965 e, mais tarde, tornar-se-ia num oponente forte do Papa João Paulo II e de Bento XVI; ele era contra o centralismo de Roma.

Como relata a HNA, há um episódio dos anos 60 que até hoje se conta em Tübingen: “Küng e Razinger eram colegas como docentes  da universidade católica de Tübingen. Mas, enquanto Ratzinger vinha silenciosamente para a universidade de bicicleta, Küng vinha com o seu ruidoso Alfa Romeo. Enquanto Ratzinger fazia carreira em Roma, Küng tornar-se-ia o seu crítico mais ruidoso. ”

Sobre a sua ética escrevi o artigo: UMA ÉTICA MUNDIAL PARA A CULTURA DA PAZ – Mudança do paradigma institucional para o individual” que pode ser consultado em https://www.gentedeopiniao.com.br/opiniao/uma-etica-mundial-para-a-cultura-da-paz ; Sobre a Eutanásia Hans Küng tinha uma posição própria; sobre a sua opinião escrevi o artigo A EUTANÁSIA E A MORTE ORGANIZADA em https://antonio-justo.eu/?p=3112

A Küng liga-me o seu empenho pela aplicação do Vaticano II e a Bento XVI a profundidade da sua teologia cristã: num compreendi o significado da modernidade e noutro o significado e importância da tradição.

Com Hans Küng cheguei a ter uma correspondência nos finais dos anos 70, tendo-me ele apoiado e oferecido alguns livros seus em português.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo