O CDS E O PCP GANHARAM A LUTA CONTRA A EUTANÁSIA

 

Interrompida a marcha do marxismo cultural

 

António Justo

Com o resultado contra a Eutanásia no parlamento (29.05.2018), em termos futebolísticos, temos o CDS e o PC a ganhar a partida numa disputa entre os 229 deputados. Assim o PCP deixou de andar a reboque do PS, e o PSD ficou dividido entre Rui Rio, a favor, e Santana Lopes, contra. Entre os deputados do PSD seis votaram a favor da eutanásia e no PS dois votaram conta. A ala parlamentar mais derrotada foi a extrema esquerda que questionava radicalmente o dever de não matar. O CDS ao assumir-se contra a Eutanásia preserva, a nível de partido e de cultura, a matriz cristã.

 

Foi uma batalha perdida para alguns e ganha para outros, mas, na realidade, a guerra continua e a sociedade fica fracturada como antes. Para lá de todas as diferenças foi uma vitória do humanismo.

 

O cardeal de Lisboa afirmou que é preciso avançar no sentido da vida e “esse é que é o sentido do futuro, do progresso e da vida” uma missão que se poderia tornar num característico da sociedade portuguesa. Para o PCP “a dignidade da vida não depende da consagração legal do direito à antecipação da morte”.

 

Desta vez, foi interrompida a marcha do marxismo cultural.

 

Para o desenvolvimento da civilização não chega a necessária inovação, a adaptação e a diversidade; a civilização ocidental precisa sobretudo de manter alguns valores essenciais que lhe possibilitem sustentabilidade e não apenas tendências que levam à sua dissolução. O reconhecimento da inviolabilidade da vida é uma característica essencial ocidental, ao lado da soberania da pessoa humana. A evolução quer-se na continuidade quando a revolução é meramente ocasional e ao serviço do momentâneo.

 

O voto contra a possibilidade de terceiros assassinarem pessoas, foi um contributo para o progresso, ganhando a civilização e o humanismo cristão.

 

Cada qual pode continuar, com a sua opinião, a imperar do alto do seu miradouro condicionado pelo panorama que alcança. Não chega o olhar do coração e da boa intenção.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

EUTANÁSIA: TODO O SUICÍDIO É UMA ACUSAÇÃO À SOCIEDADE

Um direito contra a vida é antinatural e anticultural

Por António Justo

Como poderá o parlamento lidar tão ligeiramente com o assunto da morte, tenha ela o nome de aborto ou de eutanásia, atendendo ao facto de a legislação constitucional prescrever: “A vida humana é inviolável”.  Sem a inviolabilidade da vida humana tudo o resto se torna comerciável!

 

O assunto é demasiadamente complexo e os deputados, em geral, não têm tempo para estudar o assunto com profundidade! Deixem-se de activismos precipitados e deixem passar mais água no Tejo se pretendem tratar seriamente do assunto e um tratamento sério só poderá ser no sentido de não legalizar a possibilidade de matar nem obrigar médicos a ser instrumentos de um rito contra a humanidade e contra a civilização ocidental.

A legislação sobre a eutanásia não foi anunciada nem fundamentada por nenhum programa eleitoral dos partidos; isto revela desonestidade parlamentar e partidária ao ser colocada extemporaneamente na ordem do dia; os partidos sabiam que, se colocassem a deliberação da eutanásia nos programas para as eleições, seriam castigados pelo eleitorado. O oportunismo não pode ser bom conselheiro numa discussão que deveria ser séria. A lei quer tornar obectivo o sofrimento que leva à decisão quando este é subjectivo. O que a medicina pode é irradiar a dor e esta pode atingir-se sem o subterfúgio do recurso a matar (eutanásia).

Todo o suicídio é uma acusação à sociedade e um contributo para o seu empobrecimento! Aspectos argumentativos em “Eutanásia entre Ideologia, Consciência e Ética” e comentários.

Não se trata aqui de fomentar dogmatismos sejam eles de caracter de opinião individual grupal ou institucional; a vida e a morte correm em todas as forças da sociedade.  Seria uma boa ocasião para se criar uma cultura do diálogo; na argumentação pode seguir-se várias lógicas: a lógica do sentimento, a lógica dos factos ou a lógica da razão. Segundo o evangelho o melhor julgamento será o baseado “nas obras”, nos factos e o seu ingrediente motor adequado é o amor. Como pode a lógica do sentimento destruir, sem mais, a lógica da natureza, a lógica racional? Como pode um Estado permitir-se abolir a lei do não matar? Legitimar a morte por razões pessoais para fugir a um sofrimento implica consigo legitimar a morte de alguém que causa sofrimento aos outros.

 

Os responsáveis políticos parecem estar mais interessados no foguetório emocional que deve substituir o lugar da argumentação e a defesa do “não matar”. Deste modo o governo ganha tempo e promete-se com a eutanásia poupar dinheiro com os doentes terminais. Embora em Portugal os cuidados paliativos não cubram sequer 50% das necessidades; o governo procura assim arrumar mais depressa com muitos deles. Para se dar resposta aos “cuidados paliativos” e possibilitar uma morte digna aos pacientes terminais, o Estado teria de investir muito mais dinheiro neles. Embora o suicídio se torne mais barato, o Estado e a sociedade tornam-se eticamente mais pobres e mais desumanos; é um gesto de afirmação de uma sociedade em estado de tanatofilia e como tal um grande passo no processo da entropia civilizacional. (Além dos cuidados paliativos há a possibilidade da interrupção dos aparelhos artificialmente prolongadores de vida. Neste caso o paciente deveria ter deixado uma declaração de se renunciar a tais meios!).

 

Na discussão não chega a palavra mágica “despenalização” como fundamento de uma lei irreflectida. Na realidade não se trata de penalizar ou culpar ninguém mas cuidar pelo respeito pela vida e precaver-se contra o negócio em torno da morte e evitar uma legitimação superficial do Estado poder, um dia, vir a intervir, em nome da lei, tal como aconteceu no nacional-socialismo alemão.

Como premissa deve estar sempre a defesa da vida, da dignidade humana e da consciência individual contra o poder organizado e o mero instinto da rebanhada!

A discussão não é tão inocente como parece devido em torno da eutanásia  se moverem muitos interesses emocionais, económicos e ideológicos…

O Estado e os seus grupos de interesses, em nome da defesa do indivíduo, quer abdicar da defesa da inviolabilidade da vida humana para esmiolarem a pessoa e o indivíduo daquilo que lhe seria próprio e inalienável para, pouco a pouco, o colonizar e colectivizar; secularizam e materializam aquilo que a pessoa tem de mais sagrado e íntimo que é a vida (consciência colectiva contra a consciência individual) sobre o pretexto de direito individual: um direito é dado por alguém que ao dá-lo melhor poderá subjugar o seu objecto de direito e transformá-lo em manada; procede-se assim a uma expropriação de tudo aquilo que é constitutivo da pessoa, roubando-lhe até a privacidade de modo a um dia poder torna-la só coisa. A dignidade inalienável da pessoa e a inviolabilidade da vida passam a pertencer ao foro comum que mais que por humanidade se orienta por interesses. O totalitarismo de Estado, religioso ou ideológico não ajuda o desenvolvimento, não está empenhado na formação de consciências independentes e libertas, prefere adeptos seja de um direito torto ou de uma doutrina sem vida. No cristianismo (catolicismo) a inviolabillidade da vida é tabu, mas, no foro da consciência individual a pessoa é soberana e responsável mesmo no caso de ser errónea; como tal, é quem manda, muito embora numa comunidade afirmadora da cultura da vida e não da cultura da morte.

Muitos estão interessados apenas em respostas simples de sim ou não numa mentalidade redutora do “ou… ou…”  Os Media, o Estado, grupos ideológicos religiosos e políticos procuram apoderar-se da consciência individual estando mais interessados em criar seguidores do que em levar as pessoas a raciocinar ou a pensar por elas próprias.

Muitas pessoas não se dão conta que o que está muitas vezes em vista nestas discussões superficialmente públicas não é a decisão consciente da pessoa, mas a ideologização delas. As ideologias e as elites não estão interessadas em fomentar a reflexão individual e a decisão individual porque o que querem é adeptos e pessoas dependentes; pessoas reflectidas e sabidas são mais difíceis de governar porque precisam de argumentos para se convencerem não se deixando mover apenas pela lógica emocional.

O tema é demasiadamente complexo e tem imensas implicações a nível de filosofias de vida, de interesses grupais, institucionais ou estatais para poder ser consensual e para se poder reduzir aos termos de um sim ou de um não, pelo menos ao nível de uma opinião que se queira afirmar o mais objectivamente possível. A decisão individual subjectiva de se poder matar ou não deve ser respeitada, sem ter necessariamente de se tornar doutrina a seguir secular ou religiosamente, desde que se aposte na formação de uma cidadania adulta.

O argumento da fuga à dor tem peso, mas não satisfaz sequer a prova dos nove porque a dor faz parte da vida e torna-se difícil discernir do momento em que o sofrimento seria suficiente para negar o valor da vida!

Também há uma pequena diferença entre o permitir que uma pessoa morra (na Alemanha isso é possível sem eutanásia com a interrupção da assistência de aparelhos) e encontrar quem esteja disposto a matar. Imagine-se que a sociedade se torna humanamente mais sensível no futuro e todos os médicos se negam a matar? Ou será que se terá de recorrer à profissão dos carrascos como se dá em países do bárbaro uso da pena de morte?

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

FESTIVAL DA EUROVISÃO 2018 – UM MODELO PARA OS PAÍSES LUSÓFONOS

Até um Festival VisãoLusofonia

António Justo

Sob o mote «Todos a bordo!» realizou-se o festival (eurovision Song Contest 12.05.2018) perante um público presencial de 11.000 pessoas e muitos milhões de telespectadores dos 43 países participantes. Portugal está de parabéns! No Festival mostrou as suas capacidades e enriqueceu o mundo com a sua maneira de celebrara vida como festa!

Venceu Israel (esta é a quarta vez que vence), com a canção «Toy» interpretada por Netta. A artista soube, de maneira diferente, fazer valer a diferença transmitindo, ao mesmo tempo, a mensagem de que as mulheres não são nenhum brinquedo nas mãos dos homens. O que sobressai pela diferença, foi uma das características que se afirmou na memória dos países ao distribuírem os pontos pelas 26 apresentações de artistas. A canção de Cláudia Pascoal, com a sua digressão ao jardim da avó, não favorecia o espalhafato das emoções, o que levou ao incómodo último lugar, o lugar 26 na qualificação.

Apesar dos favoritos Suécia, França, República Checa, Noruega e Estónia, os três primeiros lugares vencedores foram para Israel, Chipre e Áustria. O 4° lugar, conseguido por Schulte, para a Alemanha, com a balada “Deixas-me andar sozinho”, dedicada ao falecido pai, mostra que o festival também tem espaço para cenários menos pirotécnicos.

A organização do espectáculo e sua a execução revela alto profissionalismo e competência.  Sem fogo de artifício, foi espectacular a encenação inicial do espetáculo e as intervenções musicais que se seguiram à competição.

Numa ética do pensar a partir do nós, da canção “Amar pelos dois”, diria, numa mística lusitana, foi expresso o espírito universal e profundo do que significa lusofonia, numa simbiose lusófona de Salvador Sobral e Caetano Veloso, com o pianista Júlio Resende. 

Em contraposição a uma música tecnocrata, a alma lusa lá estava a dar corpo à Europa, tal como o fez com D. Henrique e os Descobrimentos.

Um Projecto para um Festival da Lusovisão?

Lusovisão poderia tornar-se num projecto dos países lusófonos com potencialidades para fomentar os ‘biótopos’ culturais dos diferentes países/regiões no sentido de se institucionalizar a diversidade das culturas num todo feito de complementaridades.

A criação de um canal de Lusovisão comum, comparticipada pelos diferentes países lusófonos, poderia tornar-se num segundo ou terceiro canal de cada país, dedicado inteiramente à cultura e à arte na CPLP (todos os falantes de português e suas variantes: Angola, Brasil, Cabo Verde, Galiza, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Goa, Damão e Diu e outras comunidades falantes).

Na sequência da criação de um canal de Lusovisão, seria natural ter-se o Festival da Eurovisão como modelo para um projecto de Festival LusoVisão a criar-se na comunidade de língua portuguesa.

A canção das lusitanidades seria um festival de arte e cultura onde a diversidade unida tornaria uma alma forte a afirmar-se na concorrência das civilizações; juntaria sinergias diversas e poderia tornar-se também numa reacção correctora de uma globalização sem coração e num antídoto contra a uniformização cultural em via. Seria um ensejo para proteger o cariz humano e feminino, proteger a província, à nossa maneira, contra a metropolização ou monopolização cultural.

De facto, ao contrário da francofonia, que tem como base um conceito político, a lusofonia tem como base um conceito linguístico e cultural e como tal deveria criar o seu lugar de expressão e de encontro a esse nível.

Particularmente, cada nação carece de capacidade para se defender na concorrência com uma cultura latifundiária… A defesa de uma certa sustentabilidade local só poderá ser eficiente se se servir de supraestruturas em que o regional seja guardado sem, contudo, esquecer as leis da evolução que se resumem na selecção e domínio pelo mais forte ou na colaboração dos mais fracos para se defenderem e afirmarem juntos. Um tal projecto seria um contributo na defesa da sobrevivência das regiões e dos “biótopos” ecológico-culturais, sem ter de perder o comboio da História; o futuro será de quem se antecipa; o que fez Portugal com a iniciação dos descobrimentos (dando novos mundos ao mundo) seria hoje a missão dos países lusófonos. Um país, um espaço intercultural só terá sucesso se tiver uma missão à frente e tiver consciência de a querer cumprir.

Para isso há que meter mãos à obra e conservar a tensão da unidade na diversidade num universo de culturas e paisagens, todas elas complectivas.

A Lusofonia, de espírito humanista global católico e de alma honesta e transparente encontra-se já a deslizar no coração de todos nós, mas, para aparecer, terá de ser construída numa multiplicidade de eus a partir do nós.

Vamos todos antecipar o futuro, começando não só a nível de associações, mas também a nível universitário, administrativo e de organizações económico-comerciais, como propunha em 2012!

Chegou a hora de construirmos uma cultura arco-íris contra a monocromia em via.

Pessoalmente, na minha retina, do Festival, o que mais ficou e mais profundamente me tocou  foi a nova canção do S. Sobral. Ficou a satisfação de um Portugal a exercitar-se e a projetar-se num mundo que apesar das muitas luzes se revela bastante opaco. Do festival como tipicamente português fica a festa e o aviso de se redescobrir a ele para poder voltar a enriquecer o mundo de forma qualitativa!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

RESCISÃO DO ACORDO NUCLEAR COM O IRÃO PELOS USA: UM PERIGO E UMA CHANCE

Trump cumpre uma Promessa eleitoral

António Justo

Apesar das presumíveis vantagens que o Pacto nuclear com o Irão poderia trazer, o acordo tem muitas lacunas e não impede o Irão de vir a construir a Bomba atómica; o texto, além de não ser transparente possibilita ao Irão o fomento do terrorismo no Próximo-Oriente, que aumentou depois de assinado o contrato. Com a assinatura do contrato em 2015, os USA só tinham propriamente suspendido as sanções económicas. Para tal basta ver o texto completo do acordo nuclear com o Irão, que pode ser lido aqui .

Os Compromissos do Acordo

Segundo o acordo, tal como refere a imprensa alemã, o Irão submete o seu plano de enriquecimento de Urânio a um sistema de restrições e controles pela Agência Internacional de Energia Atômica por um período até 25 anos. As Centrífugas de urânio instaladas devem, nos primeiros 10 anos, ser reduzidas de 19.000 para 6.000. O enriquecimento de urânio só poderá ser feito até 3.65%, percentagem suficiente para centrais energéticas. Para a produção de bombas atómicas o urânio teria de ser aumentado de 90%. Os estoques de urânio existentes serão reduzidos, nos próximos 15 anos, de 10.000 para 300 quilogramas. Quanto às instalações nucleares o enriquecimento de urânio deve realizar-se na central já existente em Natan; além disso, o reator de água pesada Arak deve ser reconstruído de modo a não poder produzir plutónio adequado para armas nucleares. A instalação nuclear de enriquecimento de urânio de Fordo deve ser transformada num centro de pesquisa atómica. A proibição das Nações Unidas à importação e exportação de armas é prorrogada por 5 anos. Também as importações que poderiam servir o programa de mísseis do Irão, permanecem suspensas por oito anos. Em contrapartida foram levantadas as sanções económicas do ocidente. No caso de infração por parte do Irão poderão ser, novamente, accionadas sanções económicas.

Vantagens e Desvantagens do (Des)Acordo

Com o acordo, o Irão alcançou o seu principal objetivo oficial de negociação, que era o reconhecimento internacional do direito ao enriquecimento de urânio e deste modo a não abdicar, a longo prazo, da construção da bomba atómica.

Com o bloqueio do acordo por parte de Trump, o Irão verá a exportação de petróleo reduzida e a Europa verá as suas exportações, para o Irão, minoradas. O regime dos mullahs perderá força e atractividade para investimentos internacionais, dado a instabilidade social interior crescer. Com o empobrecimento do Irão aumentará o fanatismo que apoia a ditadura teocrática do Irão.

A desvinculação do acordo terá que ser também avaliada no contexto do perigo que trouxe o acordo e na consequência do qual (2015) o Irão incrementou o terrorismo na região.

A rotura de um acordo torna-se num caso grave de credibilidade dos USA que não se salda com o simples argumento da falsidade do Irão.

As sanções económicas provocarão a subida do petróleo como já tinham prognosticado especialistas no assunto e empobrecerão as empresas dos estados fortes da Europa que verão serr limitadas as suas exportações e no caso de empresas terem negócios, simultaneamente,  nos USA e no Irão terão de pagar imensas multas por transgredirem as sanções americanas.

Pontos críticos do Acordo

O acordo nuclear com o Irão foi, de princípio, um acordo a abortar. O busílis da questão vem do que o acordo não regula. “Os primeiros termos do acordo feito expirarão, em parte, dentro de sete anos, permitindo então ao Irão aumentar o nível de enriquecimento de urânio” (HNA, 9.05.2018).

Onde assenta a credibilidade de um acordo em que o Irão pode continuar a incrementar a construção de mísseis nucleares balísticos e onde, passados uns anos, lhe é permitida a continuação do programa que tinha inicialmente? O acordo favorecia o negócio das grandes potências e os seus negociadores não estavam interessados em obrigar o Irão a abandonar o seu papel de desestabilizador do Próximo-Oriente e dá estabilidade à ingerência dos grupos internacionais fortes na região; principalmene àqueles que assinaram o contrato: EUA, Rússia, Alemanha, França, Inglaterra e pelo Irão.

Com o acordo, o Irão ficou economicamente com as costas livres para fomentar a desestabilização na região. Ele permite ao Irão continuar a apoiar as milícias do terror do Hamas e do Hezbollah (Líbano), os rebeldes no Iêmen e a fomentar o terrorismo internacional em geral. O povo iraniano não tem beneficiado do negócio acordado.

Os adversários de Israel mostram-se muito preocupados esquecendo que o Irão continua com o objectivo da extinção de Israel.

O projeto de lei de Obama com a sua ameaça de veto, caso o Parlamento não aprovasse a assinatura do contrato e a sua afirmação “O acordo decide da guerra ou da paz”, revelam a precaridade do contrato e o seu caracter enganoso. Não tem passado muito além de papel impresso atendendo ao desenvolvimento bélico promovido em grande parte pelo Irão na região.

A posição da União Europeia é compreensível na base de cálculos económicos. A rivalidade na liderança do mundo entre Rússia e USA só se complicará com um terceiro elemento cujo interesse se esgota na economia. Penso que a EU terá de se orientar no sentido da Rússia se pretender um lugar demarcado nas novas constelações que irão surgir a partir da Ásia.

A paz no Próximo-Oriente depende das relações USA-Rússia e o bem-estar futuro da Europa dependerá das suas boas relações com a Rússia. Penso que o resto é música de encher no adiamento da História.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

ESTADOS CARRASCOS

O “Relatório Global sobre Sentenças de Morte e Execuções em 2017” regista que a maior parte das execuções se dão no Médio Oriente e no Norte de África. Segundo o relatório 90% das execuções realizam-se na região (847 das 933 mundialmente conhecidas: 507 no Irão e 146 na Arábia Saudita, etc).
A Amnistia Internacional acredita que na China são milhares de executados, mas na China as execuções são segredo de Estado.
Em 2017 foram registadas pelo menos 2 591 sentenças de morte em 53 países. Actualmente há 21 919 pessoas condenadas à pena de morte no mundo inteiro.
Em 20 países da África subsariana foi abolida a pena capital! O respeito pela humanidade vai crescendo no mundo.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo