Primeiro foram os Russos a perder a guerra e agora é a vez da NATO
10.000 soldados da NATO terão de deixar o país entre o 1º de maio e o 11 de setembro. A decisão foi tomada na conferência dos 30 ministros das Relações Exteriores e da Defesa seguindo-se assim, a anunciada retirada dos EUA, atualmente com cerca de 1.100 soldados. Os USA ocupar-se-ão no futuro mais com o que se passa na Ásia; os europeus terão de se definir para assumirem estrategicamente mais responsabilidade na África e na América do Sul.
Após 20 anos de guerra, a República islâmica Afeganistão fica destruída e devastada e à deriva dos Talibãs.
No Afeganistão, só em 2019, foram mortos 484 civis e 777 feridos em ataques noturnos e ataques aéreos de tropas afegãs e estrangeiras. De acordo com OCHA uma organização da ONU, 350.000 Afegãos foram deslocados dentro do país, no mesmo ano.
Quem assume a responsabilidade dos muitos mortos e paga os custos e limpa as muitas minas? Os talibãs e a NATO certamente que não.
Como se constata, uma população de muitas tribos não pode ser derrubada de cima para baixo. Na perspectiva contrária, esta parece ser uma lição para o globalismo e para o centralismo hodierno que, contra o regionalismo, se esforça por doutrinar, também ele, os vários povos no sentido de um pensar igual já não religioso mas do politicamente correcto…
Embora os USA tenham “investido na reconstrução civil e política do Afeganistão tanto como investiram na reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial, o efeito é modesto” (1) . Os talibãs repudiam uma sociedade moderna secular! Consequentemente, iremos ter na Europa um significativo aumento de pedidos de asilo de refugiados afegãos.
Toda a sociedade em que o islamismo fundamentalista se afirme mantem em si os germes da guerrilha e abranda o seu desenvolvimento humano e social na história.
A guerra uma vez perdida deixa agora o destino do Afeganistão nas mãos dos Talibãs e das outras forças afegãs.
Espere-se por um milagre!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo
(1) https://www.tagesspiegel.de/politik/afghanistan-droht-ein-exodus-was-der-nato-abzug-bewirkt/27100020.html