DIA DE AMIZADE EM TEMPOS DE CRISE

Muitas amizades esbarram nas opiniões sobre as medidas corona e a guerra na Ucrânia.

Segundo resultados do instituto de pesquisa de opinião YouGov e do Instituto Sinus, diferentes pontos de vista podem criar tensões de grande estresse nas amizades.

Quase dois terços dos alemães inquiridos dizem ter amigos com opiniões políticas diferentes. 35% perderam a sua amizade devido a opiniões políticas divergentes. 27% disse que era difícil manter amizades quando se tem opiniões diferentes sobre a guerra na Ucrânia. 56% afirmaram não terem qualquer problema com isto.

À pergunta: “Podem homens e mulheres ser amigos uns dos outros? 20% dos inquiridos afirmaram que era possível; 73% não acreditam nisso e 7% não sabia ou não respondeu a esta pergunta.

A Pandemia de Corona, fez com que os contactos fossem reduzidos ao mínimo. Assim, as amizades do dia a dia, que se baseiam naquilo que se faz em conjunto, desvanecem mais facilmente devido ao distanciamento provocado pela pandemia e por diferentes atitudes e opiniões perante ela. As amizades cordiais, essas, geralmente resistem às contrariedades surgentes porque se processam numa amizade de coração para coração e este consegue resistir a distâncias e ao tempo, independentemente das opiniões do parceiro.

Os acontecimentos do nosso dia a dia têm sido sobretudo dominados pelo conflito Este-Oeste a decorrer na Ucrânia e pelo medo do Vírus da pandemia e reações às medidas contra o vírus.

Tanto a guerra como a pandemia oferecem obstáculos às relações interpessoais  dado as pessoas geralmente se dividirem em dois grupos: aqueles que estão atentos e que cuidadosamente se agarram às regras ou à opinião dos superiores e aqueles que pensam que a vida é para se continuar a viver como antes ou apostando no que lhes dita a própria mente.

O problema esconde-se, por vezes por trás de uma opinião avaliadora mais interessada em que se vá uns contra os outros do que em fazermos caminho juntos.

Importante é fomentar-se uma atitude benevolente perante a vida e perante os interlocutores.

Tempos de crise exigem de nós mais esforço e maior criatividade e mesmo assim ficam muitos problemas por resolver!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

AS MULTINACIONAIS PETROLÍFERAS DUPLICARAM OS SEUS LUCROS À CUSTA DO AUMENTO DA POBREZA

A British Shell conseguiu quintuplicar o seu lucro no trimestre de abril a junho 2022 para 17,8 mil milhões de euros.

Nesse espaço de tempo, a Total Energias de França duplicou o seu lucro para 5,7 mil milhões de dólares.

A Repsol de Espanha mais do que duplicou o seu lucro anual para 2,5 mil milhões de euros.

A RWE na Alemanha conta com um lucro de 5,5 mil milhões de euros em vez de 3,6 mil milhões de euros, de acordo com a imprensa alemã.

A GALP teve um lucro de 153% no primeiro semestre.

As empresas energéticas europeias estão a lucrar com os seus elevados preços de petróleo e gás, a pretexto da guerra na Ucrânia e do boicote económico do Ocidente contra a Rússia.

Como se vê, as crises revelam-se boas para as multinacionais. Conseguem lucro e enriquecimento para si à custa do empobrecimento das populações.

O castigado é o consumidor num sistema que enriquece os mais ricos e aumenta as receitas fiscais do Estado sem que estes tenham necessidade de produzir mais préstimos! Nesta ordem de ideias é natural que os Estados se alegrem com o que está a acontecer no mercado! Para enfeitarem o próprio rosto perante o cidadão orquestram hipocritamente algumas medidas de apoio a alguns pobres mas continuam a alimentar o sistema de exploração.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

O SUL GLOBAL ESTÁ A CHEGAR –VAI SER GRANDE O PREÇO A PAGAR  

China-Índia-Irão ao lado da Rússia e do outro lado os EUA com a NATO

O Ocidente, com os USA a encabeçá-lo, julgava, com a queda da União Soviética (1991), ter-se chegado ao fim da história cuja meta seria um mundo unipolar com os USA a comandá-lo. A reacção desastrosa de Putin veio demonstrar que tinham deitado os foguetes antes da festa! Tudo leva a crer que o resultado da Nova Guerra Fria fará surgir um bloco alternativo. As sanções económicas castigam especialmente os países sancionadores e dobradamente as suas populações que irão ver o sarilho em que foram metidas. Na Alemanha, políticos destacados, como Sigmar Gabriel, já se pronunciam a favor de horários de trabalho semanais mais longos. No jornal “Bild am Sonntag”, Gabriel anuncia que a Alemanha tem de se preparar durante dez anos “nos quais se tornará mais extenuante”, doutro modo não poderá manter a prosperidade (1)! Também associações empresariais e economistas defendem a introdução da semana das 42 horas e a idade de reforma para os 70 anos!

A afirmação do Rublo perante o Dólar americano (2) também indica que a hegemonia do dólar sobre as outras moedas se aproxima do fim! A Rússia e a China desligaram-se do sistema financeiro liderado pelo Dólar que tinha substituído o Ouro. Com o Dólar facilitavam-se as trocas internacionais e, por outro lado, os USA eram subsidiados por um mundo sujeito ao dólar!

O bloqueio económico à Rússia quis ignorar a dependência da Europa (o nosso bem-estar) das matérias primas baratas e deste modo a política das sanções económicas colocou em “fora de jogo” o próprio Ocidente, o verdadeiramente sancionado, porque obrigou a Rússia a controlar capitais e a determinar que o gás russo fosse comprado em rublos e tornado mais acessível a outras partes do globo. Tudo isto está a provocar um alinhamento geopolítico da Rússia com países asiáticos e com alguns africanos, proporcionando aos povos do Sul Global procurar nova orientação (3). O bloco ocidental (NATO) que antes vivia bem dos serviços prestados pelo sul global terá de se contentar com uma concorrência (entre pobres e ricos) mais limitada ao seu bloco, uma vez que a Ásia e a Rússia seguirão um outro caminho talvez mais solidário entre eles. Teremos China-Índia-Irão ao lado da Rússia contra a Hegemonia pretendida pela NATO.

Os USA queriam que a história acabasse neles, mas veem surgir um recomeço da História na Rússia e na China que parece iniciar a história de um mundo bipartido. A aproximação dos povos entre si não será fácil devido ao desequilíbrio na relação de poder entre eles.  Em 2015, os EUA tinham um total de 4.855 bases militares no mundo (4). A maioria das instalações situava-se no território dos Estados Unidos, 114 situavam-se em territórios estrangeiros dos EUA. 587 bases estavam localizadas no estrangeiro, 181 das quais na Alemanha (5).

Não chega difundir a democracia e os direitos humanos com a espada na bainha pelo facto de sermos “melhores”; é preciso criar uma solidariedade a nível de populações como aquela que reina entre a elites que nos conduzem. Temos que criar condições para que os povos se democratizem por dentro sem a desestabilização de povos nem submissão seja a que poder for. Temos que aprender a desenvolver-nos mais lentamente e para isso a caminhar mais devagar com o mundo todo criando sinergias entre povos e continentes sem que uns explorem os outros desumanamente.

O caminho que seguimos não é bom. Primeiro expropriaram-se os senhorios e agora expropria-se o cidadão que reduzido a contribuinte já não de um Estado, mas de forças globais anónimas é mantido na serventia.

Uma oligarquia financeira mundial que tem 90 por cento da riqueza global nas suas mãos fortalece-se cada vez mais. Serve-se do poderio militar para conseguir o monopólio e controlo já não de terras, mas dos Estados, com troicas e aliados. Em 2019 os 10% mais ricos da população de 57 países inquiridos em conjunto detinham cerca de 84% de 146 triliões de euros, o total dos activos financeiros líquidos. O 1% mais rico da população possuía quase 44% da riqueza, com uma média de activos financeiros líquidos por pessoa superior a 1,2 milhões de euros (6).

Agora que os parceiros da NATO se encontram num empasse histórico estão a perder a ocasião de dar um passo qualitativo da filosofia oligárquica financeira para uma filosofia social participada e solidária, numa estratégia comum onde a perspectiva de empenho de uns e outros fosse o bem-comum. A competição a haver seria: quem serve melhor o bem comum e não, quem tira mais proveito das situações e quem domina o outro! Uma nova matriz pressuporia uma nova reestruturação do pensamento e uma nova filosofia político-social. Para isso teríamos de abandonar definitivamente a estratégia de colonizar com ideologias subsidiárias das oligarquias liberais económicas.

Multinacionais globais e os sistemas bancários cada vez assuem mais funções supervisoras próprias do Estado; a nível individual, o Cartão de crédito quase já assume a função controladora do cidadão e, por este andar, chegará a substituir o passaporte! O sistema financeiro assume o lugar do crédito público.  (Antes sobressaíam as torres das Igrejas hoje sobressaem as torres bancárias.) Um Estado que não seja mais forte que a oligarquia perde a sua funcionalidade e impossibilita uma independência equilibrada e com ela a missão de servir o povo e o país.

As oligarquias financeiras, embora invisíveis, governam o mundo e através dos seus bancos internacionais disciplinam os países endividados de tal modo que a própria produção não pode conter as dívidas e assim se eterniza a dependência dos juros a pagar e coloca o cidadão numa situação de assalariado da finança internacional e os governos na mera posição de gerentes. (de lembrar que os países ricos pagam à oligarquia internacional uma taxa de juro muito mais reduzida do que os países precários). A política bancária estabiliza a subordinação comum e impede assim qualquer mudança política séria nas sociedades. Os políticos, por sua vez, através dos governos financiam as grandes empresas endividadas (ligadas à alta finança internacional) com o dinheiro público (impostos dos seus cidadãos); deste modo o sistema oligárquico é implementado devido à miscigenação de economia e política sempre à custa do bem-comum.  Com o truque das dívidas e inflação adia-se o desenvolvimento da história dos países; com magias rectóricas da política de informação, que assume um caracter narrativo, a narrativa pósfactual…

Também não é suficiente que as democracias liberais e o capitalismo consigam alimentar o povo mais precário com subsídios porque a injustiça continua a ser sistémica e se não estiverem atentos o sistema chinês, este até poderá ganhar a dianteira em termos de concorrência económica e até social, a nível material. A promiscuidade do grande capital com a classe política governante tem possibilitado nessa união oligarca o endividar do povo e colocar nações ao seu serviço (O caso de Sócrates em Portugal poderia ser o exemplo de uma relação à vista entre finanças e política como geradora de oligarcas). O exemplo da China em que o Estado controla a nação e as finanças através dos seus 80 milhões de comunistas afirma-se como verdadeiro concorrente do sistema ocidental se este não moderar o capitalismo e não mudar radicalmente a atitude dos governantes em relação ao bem-comum.

O problema a resolver seria: quem controla quem? Nem o sistema chinês com o seu controlo financeiro e social através dos burocratas comunistas, nem o sistema ocidental de controlo financeiro e diplomático pela força militar (NATO) dão resposta às necessidades humanas, na sua qualidade de pessoas e de sociedade. Ambos sistemas são selectivos e alienadores da pessoa e da comunidade, reduzindo-as a mero instrumento ou a mero meio para atingir um fim, quando o ser humano é, ao mesmo tempo, meio e fim, numa relação pessoa-comunidade e, como tal, não redutível apenas à qualidade de cidadão-sociedade! Há que inverter as categorias de poder e de servir para se criar uma nova matriz político-económica que integre os interesses concorrentes no sentido de servir todo o povo, independentemente do lugar geográfico ou ideológico onde ele se encontre!

Doutro modo, o autoritarismo hegemónico continuará a servir-se da guerra fria para continuar a dividir o mundo em vez de assumir a função de o unir.

 O plano de um governo mundial (globalismo global) é, também ele, fruto de ideias oligarcas centralistas (imperialismo total) e de uma atitude anti pessoa, antirregião,  sem respeito por culturas nem por biótopos regionais que, dentro dos seus organismos, criariam equilíbrio social, económico e financeiro (um sistema democrático mais orientado pela base ou bem-comum e não servidor do corporativismo liberal vigente que fomenta oligarquias do lucro e de poder).

O cidadão de hoje deserdado da terra e do campo perdeu a capacidade de autossustento e encontra-se em perigo de ser desenraizado também da família, dado, tanto a política como a economia, o conceber apenas como cliente ao serviço de uma globalização que tem por fim prolongar o “colonialismo”!

“A República de Roma enriqueceu a sua oligarquia ao retirar a riqueza das regiões que conquistou, deixando-as empobrecidas. Esta continua a ser a estratégia extractiva do colonialismo europeu subsequente e, mais recentemente, da globalização neoliberal centrada nos EUA. O objectivo foi sempre o de “libertar” as oligarquias de constrangimentos na sua procura de si próprias (7)”.

Se, depois da guerra na Ucrânia, as potências não se reconciliarem para construírem uma nova ordem mundial mais justa e humana, mal do sul europeu e do Sul Global (8).

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=7753

(1) Actualmente, a política e as empresas estão a discutir várias ideias para contrariar o peso da falta de mão-de-obra e as consequências da guerra da Ucrânia. O Presidente da Federação das Indústrias Alemãs (BDI), Siegfried Russwurm, e o Director do Instituto da Economia Alemã (IW), Michael Hüther, tinham defendido uma semana de 42 horas. Outros economistas apelam ao aumento da idade da reforma para os 70 anos. https://www.spiegel.de/politik/deutschland/spd-sigmar-gabriel-spricht-sich-fuer-eine-laengere-wochenarbeitszeit-aus-a-ebda6d0c-abb8-49f0-ab11-85dbdefcb2fb?fbclid=IwAR0ardFKHRFtnexZyHE2fl-yVjREVjgrJNp3U8TP1l3mvJ7dCAjiwoaydKg

(2) Putin defende o Rublo: https://antonio-justo.eu/?p=7264

(3)  https://www.kinea.com.br/blog/o-gambito-do-czar-russia-da-um-xeque-na-europa/?fbclid=IwAR37NunbROopvXOrWkqVdH1wiSJyL8WitqT327RsZSmltf7Gj33OdDFZsuU

(4) https://de.statista.com/statistik/daten/studie/1134544/umfrage/militaerische-einrichtungen-der-us-streitkraefte/

(5) Crítica à Base Aérea dos EUA na Alemanha: https://antonio-justo.eu/?p=7663

(6) https://de.wikipedia.org/wiki/Verm%C3%B6gensverteilung

(7) https://geopol.pt/2022/07/21/o-fim-da-civilizacao-ocidental/?fbclid=IwAR0rmt9vf-I7DVXCfZmZ9amrCaUbP0rgeqKx4YYD-bAN9madn4PEOZrdxX8 “A oligarquia e a dívida são as características que definem as economias ocidentais.”

(8)A preocupação por manter a continuação do sistema imperial herdado dos gregos e dos romanos encontra-se muito clara na declaração da Cimeira da NATO em Madrid: NATO em Madrid. https://antonio-justo.eu/?p=7672

ALGUNS TEXTOS sobre a Ucrânia

O erro de Putin foi querer ter travar  o avanço da NATO através da invasão!  Por outro lado deu maior expressão aos motivos da guerra civil ucraniana que desde 2014 já tinha vitimado 13.000 civis e 4.000 soldados numa Ucrânia que não passava de cavalo troiano das duas potências em conflito e também ela nas mãos de oligarcas:  Ucrania Cavalo troiano da NATO e da Coligação russa: https://www.gentedeopiniao.com.br/opiniao/ucrania-e-o-cavalo-troiano-dos-usa-e-da-russia-surpresas-em-democracia

Chegou a hora de Putin: https://triplov.com/chegou-a-hora-de-putin/

A maior Victória dos EUA foi criar a Separação entre a Alemanha /Europa e a Rússia:  https://beiranews.pt/2022/04/02/ponto-de-vista-por-antonio-justo-221/

Símbolos de subjugação e decadência: https://antonio-justo.eu/?p=7435

Já em 2014 indico do que se trata na Ucrânia no artigo: “Ucrânia entre imperialismo russo e ocidental” (2014):  https://www.triplov.com/letras/Antonio-Justo/2014/ucrania.htm

Embaixadas ucranianas agências de propaganda: https://www.gentedeopiniao.com.br/opiniao/embaixadas-ucranianas-transformadas-em-agencias-de-propaganda-discordia-entre-berlim-e-kiev-os-oligarcas-da-ucrania

Causas do Conflito: https://antonio-justo.eu/?p=7410&fbclid=IwAR0c1RHilCBv1vjjRb0iUrN1TtpOUB54-J1qC5xdCHhSTORyHyLk8js4rJw

À custa da Ucrânia: https://jornalpovodeportugal.eu/2022/04/03/com-a-escusa-da-ucrania-os-eua-ganharam-a-guerra-do-gas-e-conseguiram-desnortear-a-europa/

A Ucrânia está em guerra e desta guerra vai resultar uma divisão do mundo em mundo de tendência socialista e mundo de tendência capitalista: https://bomdia.eu/a-ucrania-esta-em-guerra/

Nem Guerra nem Paz – Negócio e Hipocrisia: https://antonio-justo.eu/?p=7116

 O POVO FALA DE POLÍTICA E OS POLÍTICOS FALAM DE NEGÓCIOS: http://abdic.org.br/index.php/675-o-povo-fala-de-politica-e-os-politicos-falam-de-negocios  

A Alemanha rendeu-se atraiçoando assim a Europa: https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2022/05/a-alemanha-decidiu-render-se-entregando-armas-pesadas-%C3%A0-ucr%C3%A2nia.html

 O BATALHÃO AZOV EM MARIUPOL RENDEU-SE: http://www.uaisites.adm.br/iclas/ler.php?CdNotici=1024&Pagina=Opiniao

Alguns textos em: http://www.uaisites.adm.br/iclas/todas.php?Pagina=Opiniao

Putin, pode ter os defeitos que tiver mas ocupará um lugar relevante na História por ter provocado o início de mudança de matrizes a nível de política mundial!

AUMENTO DO HORÁRIO SEMANAL PARA 42 HORAS E DA IDADE DE REFORMA PARA OS 70 ANOS?

Encontra-se a União Europeia em Acto de “Suicídio Colectivo”?

Na Alemanha, personalidades da política e de associações empresariais já falam de se ter de apertar o cinto por um período sinistro de dez anos, prevendo, para o minimizar o aumento do trabalho semanal para 42 horas e há economistas que apelam ao aumento da idade da reforma para os 70 anos (1). Os políticos cometem, de ânimo leve, os erros que o povo tem de corrigir com o suor do seu rosto! A isto chamaria sustentabilidade de sistemas!…

A guerra das sanções económicas decretada pela União Europeia à Rússia e a contraofensiva económica da Rússia com o estrangulamento do gás revela já o preço que a Europa tem a pagar pela solidariedade da EU com os USA e ao mesmo tempo a dessolidarização com o povo europeu (bem-comum) e a incapacidade dos nossos tecnocratas em Bruxelas de pensar em termos europeus de diálogo e conversações!

Seria de desejar que o povo vítima e castigado se levantasse contra o não senso de políticos e deixasse de ser movido por um discurso público pós-fático emocionalmente movido no sentido de uma visão atropelada por prelações de interesses contra a razão.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1)  “Actualmente, a política e as empresas estão a discutir várias ideias para contrariar o peso da falta de mão-de-obra e as consequências da guerra da Ucrânia. O Presidente da Federação das Indústrias Alemãs (BDI), Siegfried Russwurm, e o Director do Instituto da Economia Alemã (IW), Michael Hüther, tinham defendido uma semana de 42 horas. Outros economistas apelam ao aumento da idade da reforma para os 70 anos”. https://www.spiegel.de/politik/deutschland/spd-sigmar-gabriel-spricht-sich-fuer-eine-laengere-wochenarbeitszeit-aus-a-ebda6d0c-abb8-49f0-ab11-85dbdefcb2fb?fbclid=IwAR0ardFKHRFtnexZyHE2fl-yVjREVjgrJNp3U8TP1l3mvJ7dCAjiwoaydKg

 

EX-MINISTRO DAS FINANÇAS DEMITE-SE DA SOCIEDADE ALEMÃ-ISRAELITA

“Eichel protesta contra as declarações de Beck”, lê-se no HNA de 25.07.2022.

O protesto de Hans Eichel é mais do que apropriado para contradizer e mitigar o radicalismo das críticas de Volker Beck (Presidente da Sociedade Alemã-Israelita) à Documenta 15. Não basta pertencer a um grupo vítima para se ter razão!

Implicar que a documentação poderia ter tido lugar noutro lugar e dizer que foi uma “exibição de fogo-de-artifício antissemita” é usar indevidamente a arte para fins políticos e colocar-se no mesmo espírito radical de exclusão que anima os antissemitas que não têm vontade de esclarecimento, nem de chegar a acordo. Trata-se simplesmente de ficar na sua!

Reduzir a discussão a uma pequena parte da tela artística (exposta e logo desmontada) traz à tona o radicalismo que também é inerente ao antissemitismo. A discussão sobre um detalhe da tela obscurece a visão de toda a tela e orienta o discurso para o antissemitismo. A tela inteira tornaria muitas pessoas conscientes de actos do imperialismo, mas apenas um detalhe (antissemitismo) passou a chamar a atenção! Desta forma, a atenção é desviada do que o Sul global teria para nos dizer, muito embora de forma drástica.

Com as suas declarações radicais, Volker Beck parece tornar-se um catalisador do que é agora entendido como política pós-factual, que distrai do factual com declarações emocionais no interesse de um único grupo.

Este mau-hábito parece estar a instalar-se no discurso político, como se pode constatar em algumas declarações feitas também  por certos políticos governamentais alemães. Parece já estarmos no centro de um discurso político pós-factual, no qual o discurso emocional parece substituir unilateralmente o discurso racional.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo