FESTIVAL EUROVISÃO DA CANÇÃO 2024

FESTIVAL EUROVISÃO DA CANÇÃO - MUITO FOGO DE ARTIFÍCIO – DOUTRINAÇÃO DA MENTE EUROPEIA E UM EXEMPLO DE DECADÊNCIA MORAL PARA O MUNDO

Um Tempo de Diversão para uns – um Frete para outros e uma Mistura tóxica de Género e Militância política

“Todos julgam segundo a aparência, ninguém segundo a essência… Agradar a muitos é mau”, constatava o filósofo e poeta Friedrich Schiller.

O Festival Eurovisão da Canção 2024 realizado na Suécia (11 de maio) sob o lema “Unidos pela arte”, teve 26 (25) países a competirem entre si (1), depois de 11 terem sido eliminados nas semifinais.

Acompanhado de muitas controvérsias e protestos (2) o espetáculo mostrou o trabalho artístico esforçado de muitos, criando uma tensão entre prazer e “valores” a serem implementados:  evidenciou-se uma mistura tóxica de expressão artística, género e militância política. Destacou-se no espetáculo o narcisismo e o ruído colorido acompanhado da atuação serena de artistas amantes do bem e do belo.

A política devora a arte ao nivelar a sua expressão e as pessoas. A União Europeia de Radiodifusão tornou-se fraca ao ceder aos interesses do marketing industrial e ao substituir a orientação cultural por um código de conduta ambíguo e contraditório. As elites que nos dirigem querem que as pessoas sejam guiadas de maneira indireta, e não aprendam através da observação direta, mas através de ideias encenadas e ações vindas de cima. A falta de autoconfiança favorece a definição e a determinação externas.

Exemplo de ambiguidade e duplo decoro pôde observar-se na determinação de  se evitar a palavra “Merda” (Schitt) do texto da canção alemã (não sendo pronunciada) e, por outro lado, o evento apresentar exemplarmente sexo anal de expressão trivial e machista (Nada contra homossexuais nem contra a liberdade de exercício sexual individual, mas sim contra a instrumentalização do sexo e dos homossexuais para fins propagandistas e disciplinadores do povo)!

Já Séneca protestava admoestando que “aprendemos para a escola e não para a vida”. Como se observa do Festival e do pensar politicamente implementado, não estamos a ser orientados para a vida prática, mas sim para a ideologia que pretende criar uma sociedade com consciência diferente propagando para isso uma cultura nova desumanizada e contra a cultura de características populares. Sinal claro disso   observa-se também na disparidade da qualificação atribuída pelos votos da opinião de especialistas da indústria musical de cada país e o televoto (votação de telespectadores). Facto é que os pontos do Júri determinaram a classificação oficial.

Assim, enquanto o júri colocou Israel em 12º lugar, o televoto coloco-o em 2º lugar sendo o resultando das duas votações Israel em 5° lugar.

Da votação do júri (50%) e do televoto (50%) resultou a ordem oficial: 1º Suíça (Nemo ,”The Code”), 2º Croácia (Baby Lasagna,”Rim Tim Tagi Dim”), 3º Ucrânia (Alyona Alyona & Jerry Heil, “Teresa & Maria”), 4º França (Slimane ,”Mon amour”), 5º Israel (Eden Golan, “Hurricane” ), 10º Portugal (Iolanda,”Grito”), 12º Alemanha (Isaak ,”Always On The Run”) e 25º Noruega (Gåte ,”Ulveham”).

Segundo o televoto a qualificação seria: 1º Croácia, 2º Israel, 3º Ucrânia, 4º França e 5º Suíça.

A competição europeia é um mau exemplo para o mundo. O maior espetáculo musical do mundo, o Festival Eurovisão da Canção, reflete os tempos bélicos e a abdicação da Europa a ter um lugar digno no mundo.

O festival da canção segue a política uniforme do pensar politicamente correcto propagado, de cima para baixo, pelas elites do globalismo, alinhando-se na estratégica de fazer da cultura europeia um latifúndio com um modo de ser cultural extravagante, num planeta raso, sem minifúndios. Também aqui a cultura se quer afirmar contra a natura, onde a diversidade apesar de tudo também canta o belo! A acentuar a ideologia do igualitarismo na União Europeia determinava o ritmo musical e grande parte das encenações visuais a apontar para a algazarra e para a mediocridade. Um frete para a grande maioria dos espectadores e um atentado à riqueza cultural da música em geral, em que o alarido e a encenação abafavam os artistas, muito embora mitigada pelo contributo recatado de alguns países (entre eles, França, Croácia, Israel e Portugal) apesar de bons actores.

O Festival da Canção e a utilização da arte como médium de doutrinação moderna pelo socialismo marxista e acólitos, demonstram o seu grande saber e empenho na criação de uma sociedade cada vez mais politizada!   Os seus críticos conservadores deveriam aproveitar para aprender deles apenas as técnicas modernas de transmissão de mensagens para assim estarem à la page no que toca a metodologias de resposta às tendências e desafios da sociedade moderna que se sente necessitada.

“Unidos através da música” é um slogan do Festival da Eurovisão prometedor, mas com algumas armadilhas quando se nota o que acontece por trás dos bastidores e em palco. A grandiosidade do espetáculo não chega para o ilibar.  Abusou da música e, de uma maneira geral, perdeu a oportunidade de mostrar as características musicais-culturais dos povos europeus. Numa época em que o mundo se orienta pela mesma batuta ficaria bem à União europeia apresentar a sua variedade cultural que se expressa na sua rica diversidade musical sem que tenha de ser submetida a um ritmo uniforme para mostrar unidade europeia!

“Um grupo humano transforma-se em multidão manipulável quando se torna sensível ao carisma e não à competência, à imagem e não à ideia, à afirmação e não à prova, à repetição e não à argumentação, à sugestão e não ao raciocínio”, constata Jean F. Revel (filósofo francês crítico do marxismo e das esquerdas na intelectualidade francesa)

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) https://www.sbs.com.au/language/portuguese/pt/podcast-episode/como-assistir-ao-eurovisao-2024-gratuitamente-pela-sbs-e-sbs-on-demand/46szjmqo1

(2) Problemas em torno do Festival Eurovisão da canção 2024 https://pt.wikipedia.org/wiki/Festival_Eurovis%C3%A3o_da_Can%C3%A7%C3%A3o_2024

Eden Golan, a artista israelense, foi marginalizada e até foi alvo de hostilidade com ameaças de morte porque vem de um país em guerra. Apesar das agressões foi homenageada com o 5º lugar. A Ucrânia, também em guerra teve mais sorte, talvez por se encontrar na Europa!

Social:
Pin Share

Social:

Publicado por

António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *