300 EUROS DE APOIO PARA BENEFICIÁRIOS DE PENSÕES

Desobriga dos Governantes desleais à Europa?

O Parlamento alemão decidiu uma lei que determina pagar uma prestação única de 300€, até 15 de Dezembro, a todos os reformados, devido aos elevados preços da energia.

Mais de 20 milhões de reformados irão beneficiar do pagamento. Os 300 euros serão automaticamente transferidos para a conta pelos serviços de pagamento de pensões. Esta medida custará ao Estado 6,4 mil milhões de euros.

Qualquer pessoa que a 1 de Dezembro de 2022 seja abrangido pelo direito a uma pensão de velhice, ou de redução da capacidade de ganho ou de sobrevivência ao abrigo do regime legal de seguro de pensão ou que receba pagamentos de pensão ao abrigo da Lei das Pensões dos Funcionários Públicos ou Soldados, tem direito ao dinheiro.

Há também autarquias que ajudam todo o cidadão concedendo-lhe uma ajuda para compensar um pouco o encarecimento dos custos de energia. Assim, por exemplo, a cidade de Kassel concede a cada habitante da cidade 75 euros.

O parlamento alemão aprovou também o endividamento de 200 mil milhões de euros para serem sobretudo aplicados em medidas destinadas a abrandar o encarecimento dos combustíveis. Esta medida isolada em termos europeus pode ser interpretada como mais uma afirmação da Alemanha no sentido do poder anglo-saxónico!

Também em Portugal os cúmplices da crise económica querem que o povo receba em espécie de óvulo de desobriga: 125 euros.

” Com papas e bolos se enganam os tolos”. Criaram a pobre situação em que estamos metidos e ainda enganam o cidadão como se fossem eles os bonzinhos a dar a esmola a um povo mantido de braço estendido!

Estas e medidas semelhantes resumem-se a trabalhos de reparação numa casa velha que não querem reconstruir!

Por toda a Europa se começam a ouvir sinos com toque a finados, mas Europa continua como Bela Adormecida no sonho americano enquanto os seus cangalheiros se divertem consigo mesmos e com os timoneiros do poder mundial!

António da Cunha Duarte Justo

Pregadas do Tempo

Texto em alemão em https://antoniojusto.wordpress.com/

 

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A ONU JÁ NÃO CORRESPONDE ÀS NOVAS REALIDADES

O Papa Francisco apela à Reforma das Nações Unidas

Sob a panorâmica da pandemia coronária e da guerra na Ucrânia, o Pontífice, numa passagem do seu novo livro com o título “Peço-vos em nome de Deus. Dez preces para um futuro de esperança”, exige uma reforma das Nações Unidas.

Estas crises mostraram os “limites do sistema multilateral” ONU. A guerra na Ucrânia mostra, “de novo, mais que evidentemente” a necessidade “de caminhos mais eficientes para a resolução de conflitos”, A ONU já “não corresponde às novas realidades”.

A ONU e o seu órgão mais poderoso, o Conselho de Segurança, foram originalmente criados para “dar forma à rejeição dos horrores vividos pela humanidade nas duas guerras do século XX”; Francisco defende “reformas orgânicas” destinadas a repor as organizações internacionais na sua “vocação original” de “servir a família humana”.

O Papa escreve, “o mundo já não é o mesmo “e apela às “autoridades locais, nacionais e mundiais” porque “delas dependem as iniciativas apropriadas para travar a guerra. E a eles dirijo o meu pedido em nome de Deus para que ponham fim à produção e ao comércio internacional de armas” e para que qualquer arma nuclear seja desmantelada. A solução requer diálogo, negociação, escuta, habilidade diplomática e criatividade, bem como uma política clarividente “capaz de construir um sistema de coexistência que não se baseie no poder das armas ou na dissuasão”.

Também o Secretário-Geral da ONU Guterres, apela a que a organização se torne mais eficiente e adaptada aos novos problemas. Sem uma reforma a ONU não pode preservar a sua legitimidade e autoridade.

Devido aos extremos conflitos de interesses entre a Rússia, os EUA e a China tudo leva a crer que a reforma será sempre adiada como se poderá depreender do poder decisivo das cinco potências de veto do Conselho de Segurança. Dos 15 membros do Conselho de Segurança 5 membros são permanentes com poder de veto (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e República Popular da China). Os demais dez membros são eleitos pela Assembleia Geral para mandatos de dois anos.

Quando há conflitos entre estados a ONU tem uma capacidade negociadora muito reduzida dado ter de submeter-se aos interesses das cinco potências de veto não podendo evitar a guerra como foi também no caso da Síria e da Ucrânia. O facto de alguns países membros terem a faculdade de veto revela o espírito de satélites a que ficam reduzidos os outros membros. O próprio organigrama da organização já pressupõe que os interesses particulares e nacionais se imponham ao bem comum! O Conselho de Segurança é um produto das grandes guerras com o objetivo de fomentar a paz, mas também com o senão de que os 5 países com poder de veto representam apenas uma parte do mundo. África, América do Sul e Índia não estão adequadamente representadas no Conselho de Segurança… O grande Brasil ainda não se encontrou a si mesmo como nação porque dividido entre capitalistas e socialistas e muitos políticos mundiais querem vê-lo dividido e reduzido!

De facto, é preciso fazer-se política para a realidade que criamos e não apenas para a que é do interesse de alguns.

Também as democracias correm o perigo de se transformarem num sistema justificador e legitimador dos interesses das elites tal como acontecia e acontece com outros sistemas políticos! Grosso modo, não é legítimo que as elites atualmente assumam de maneira camuflada o papel da nobreza de sociedades passadas.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

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CHAMADA À ORAÇÃO PELO MUEZIM EM COLÓNIA

 

Na sexta-feira, 10 de Outubro, os muçulmanos em Colónia passaram a ser autorizados a apelar publicamente às orações através de altifalantes.

A directora do Centro de Investigação do Islão Global de Frankfurt receia que o apelo público do muezzin (do imã) na mesquita Dtib em Colónia possa ser interpretado pelos “islamistas da linha dura” como uma “vitória pontual”.

A fórmula anunciada significa “Allah é o maior, Allah é o maior. Não há divindade (nenhum deus) além de Allah e Allah é o maior. Allah é o maior e a Allah todos os louvores pertencem”. (Allahu Akbar Allahu Akbar La Ilaha Ilallah Wallahu Akbar Allahu Akbar Wa Lillahil Hamd)

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

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O 20° CONGRESSO DO PARTIDO COMUNISTA CHINÊS IMORTALIZA XI JINPIN NO PODER

O partido chinês (2.000 Delegados) alarga os poderes de Xi  para o próximo quinquénio, enfraquecendo para isso a direcção colectiva em favor de Xi Jinping (secretário geral e presidente da China) de maneira a este ter poderes quase absolutos; esta estratégia adoptada revela-se como tentativa “adequada e eficiente” de dar resposta autoritária aos problemas internos e externos e de fortalecer a economia chinesa que deve ser orientada no sentido da segurança chinesa.

A regra determina que os altos funcionários com 68 anos ou mais na época do congresso se aposentem. O mandato de Xi é prolongado apesar de ter 69 anos. O controle sobre o partido, o Estado e os militares permitem-lhe poderes de ditaduras (1).

Os poderes dados a Xi pelo partido possibilitam a China a existir sem Indecisões e sem  o mundo!

Deng Xiaoping em1982 revolucionou o comunismo de Mao Tsé-Tung criando a forma específica do socialismo chinês que compatibilizou o socialismo de Estado com o capitalismo liberal ocidental numa institucionalização dictatorial. A China ao compatibilizar a ideologia socialista com as linhas do capitalismo como forma de domínio, possibilitou a sua posição mundial relevante na competição com o capitalismo que motivado pela globalização a ajudou. Como grande potência e ditadura consegue fazê-lo de maneira a poder afirmar-se em desvantagem de outros sistemas. O capitalismo dos privados encontra-se em posição fraca em relação ao Capitalismo de Estado chinês.

Taiwan, entre interesses capitalistas e socialistas, passa a ter de temer mais a pressão chinesa; Taiwan continua submetida aos interesses da China como a Ucrânia aos interesses da OTAN e da Federação russa.

Nesta perspectiva a raiva e não o entendimento continuará a governar o mundo.

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) Organigrama do poder político-administrativo chinês

 

 

 

 

 

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A EUROPA ANDA PERDIDA NUMA FASE EM QUE OS IMPÉRIOS SE REOGANIZAM

Tempos de Crise universal beneficiam os Grupos globais oportunistas

O ser humano para subsistir precisa de um habitat natural, de instituições e de organizações sociais com ideologias ou doutrinas estáveis que lhes confiram consistência interna possibilitadora de identidade e de identificação. Neste sentido, a União Europeia encontra-se já há muito num processo de desconstrução/reorganização que vem acentuar o sentimento de crise implementado pela nova geoestratégia em construção.   

Das famílias, tribos, povos/nações surgiram os impérios e civilizações. Se antes os impérios eram determinados pelos interesses internos de nações, hoje organizam-se em torno de núcleos regionais económicos e ideológicos.

Se nas primeiras organizações dominavam as relações humanas empáticas já a nível de conglomerados (por exemplo, ONU; NATO/USA, Federação Russa, China, EU) dominam as relações funcionais (não empáticas) mais próprias de organigramas de funcionários em tempo de serviço; é um facto que o povo se orienta sobretudo pela moral e os Estados por interesses. A relação pessoal é, nestes organismos complexos substituída pelo interesse de jeito utilitário e funcional; em vez da lei moral de interacção pessoal rege a lei cívica de controlo externo (1).

Os tempos de viragem global são épocas de insegurança em que o medo ganha a dianteira, as instituições desconfiam umas das outras, chegando a confiança, também a nível individual, a ser substituída pela suspeita. As superpotências são perigosas entre si, o resto é obrigado a segui-las e a entreter-se com a informação que elas lhe dão.  Encontramo-nos num tempo que exige especial atenção a tudo, um tempo de guerras híbridas onde domina a propaganda e a contrapropaganda, a desinformação e a corrupção, o que complica uma avaliação da situação porque o cidadão é sobretudo o resultado de informação; da informação de uma realidade meramente virtual.

A crise atual é mais dolorosa do que outras passadas porque o mundo se transformou numa “aldeia” e o cidadão e a sociedade estão a ser reagendados e transformados em produto em função de algo imediato ao serviço de instituições económico-políticas globais que se servem da propaganda e da informação como meio de governo e de domínio de uma população cada vez mais exteriorizada e de governantes açaimados por agendas colectivas.

Os latifundiários do poder, interconectados entre si, criaram uma realidade e uma atmosfera social que chega já a ultrapassar o cinismo e a sátira. Gera-se uma consciência colectiva em que a arbitrariedade e a absurdidade passam a reduzir a realidade a uma narrativa de factos atrás de factos, não interessando sequer os elos de ligação entre eles. As populações vão-se contentando no alinhamento da dança atrás do rufo do tambor! Neste tempo triste a sociedade passa a andar como que atordoada na espectativa do estupefacto de uma realidade miragem.

O cidadão/consumidor é confrontado com situações irracionais em que a razão última dada se reduz a uma decisão autoritária sem fundo visível (No âmbito da Internet o consumidor cada vez é mais confrontado com artifícios refinados de aproveitamento da situação a que falta qualquer boa intenção de serviço e de transparência; o mesmo se observa em grandes fornecedores e prestadores de serviços). Isto cria a sensação de impotência e de se ser entregue a forças incontroláveis; esta situação é cada vez mais precária dado os portadores de confiança pública deixarem de ser eles mesmos para se transformarem em propagandistas de agendas e de interesses anonimizados que destroem o sentimento do bem-estar. Por outro lado, a aposta numa guerra só destruidora arruína a orientação da confiança interior e individual e conduz a sociedade a um estado depressivo porque inconscientemente se sente numa situação perdida. Os governantes transformaram-se em administradores da “miséria” e não fazem nada por devolver a esperança popular. Sem esperança (que é o sol da vida individual e social) não há progresso, não há sobrevivência e não há futuro porque a esperança e a confiança são os elixires da vida imprescindíveis para o bem-estar individual e social. Atualmente as notícias televisivas e cometários económicos e políticos exteriorizam-nos distanciando-nos de nós próprios e daquilo em que confiamos, preparando o caminho para um estado inerte e depressivo.

Pensava-se que na Europa a Esperança não morreria, mas com a progressiva morte da pessoa humana (da morte de Deus passou-se à morte do Homem) toda a esperança vai morrendo e sendo substituída por expectativas instaladas. Cada vez nos mergulhamos mais na dor do luto de guerras militares, subculturais (de capelinhas) e económicas que nos reduzem à qualidade de refugiados indesejados a viver na desconfiança de um mundo que leva muitos a terem de existir de forma sonâmbula e outros a terem de adormecer sob o manto da tristeza. Cada vez se ganha mais a impressão que, de dia para dia, a velha Europa, que abusara do mundo, morre, com a vã satisfação de morrer em conjunto. Uma Europa das nações que antes pensava o mundo sob a perspectiva nacionalista ainda não encontrou uma óptica geopolítica própria.

Em sociedades passadas só as elites se davam conta dos erros das elites e da História; hoje, os generais já não se encontram nos quarteis mas nas centrais da informação, nos gabinetes e nas operadoras globais que vão transformando o mundo num quartel e os estados em casernas de incorporados (onde muitos vestidos de uniformes se encontram alinhados na parada sempre à espera do toque da alvorada televisiva, para recebem instruções, que levam muitos a  rastejarem na lama da informação da coreografia política.  A guerra da informação não reflectida mobiliza mentalmente os citadinos transformando-os em “soldados” do sistema. O „mainstream “político-económico controla tudo ao assenhorear-se das capacidades mentais e emocionais das populações não deixando margem para alternativas. Tudo obedece: os implementados apresentando as agendas e os subalternos seguindo-as; não há lugar para a dúvida numa sociedade de interesses e interesseiros; esquece-se que onde não há dúvida não há desenvolvimento!

Na casa da Europa, sem tecto metafísico, a desmoronar-se por todo o lado, tudo se torna cada vez mais virtual, nada é verídico tudo se tornou narrativa de fantasmas e fantasias que levam à decadência alimentada pela pobreza do vizinho. O pensar humanista universal europeu deu lugar a um pensar latifundiário mercantil de economia e ideologia.

Precisamos de uma política lúcida empenhada na construção da paz que restitua a esperança ao povo.

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

Pegadas do Tempo

(1)  A “autoridade„ é substituída pelo poder, desenraizado da família e da terra, e, para se afirmar, tem de manter o balanço entre as exigências populares e as dos grupos relevantes para a subsistência do Estado). Na relação familiar ou de grupos acessíveis (onde se consiga uma visão do particular e do geral) torna-se possível uma relação de troca de confiança em que se dá também uma troca de benefícios mútuos e de protecção que pode possibilitar uma pessoa a ser uma autoridade para a outra enquanto no Estado ou grandes instituições as relações  são determinadas pelo ter autoridade sobre uma pessoa sem serem percepcionadas como autoridade, por esta se afirmar a nível do ter que assume um caracter meramente funcional, sendo exercida através de pressão ou poder. Também na escola um professor pode ter autoridade sobre um aluno sem que ele seja uma autoridade para o aluno; para o ser pressupõe-se uma relação não só funcional a nível de papéis, mas sobretudo uma relação empática de reconhecimento, bondade, amor e compreensão. As autoridades no espectro político e económico, porque empenhadas na defesa e imposição de interesses, não assumem o caracter de modelo ou de exemplo a seguir definindo-se geralmente pela mera ordem hierárquica (caracter burocrático). Quer no ser como no ter autoridade se pode influenciar as pessoas de forma positiva ou negativa. Exercer autoridade significa criar as condições para que algo seja feito em conjunto de maneira a se possibilitar desenvolvimento, ao indivíduo e ao grupo. Na carência disto, vamos tendo fartura de arrogância e mal-entender.

 

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