Fomento do divisionismo entre ucranianos e agitação contra o PCP
A embaixada Ucraniana discrimina os próprios cidadãos procurando distingui-los em ucranianos e russos quando a interculturalidade se encontra na Ucrânia de mistura. Uns e outros são vítimas da violência e da guerra.
Também em Portugal, a Embaixada Ucraniana está a revelar-se como divisionista, de espírito nacionalista pidesco ao avisar publicamente que há associações pró-russas como se o seu povo fosse homogéneo quando 20% dos cidadãos ucranianos são de tradição russa (dos 45 milhões de ucranianos 32 milhões têm ucraniano como língua materna). Será que querem perseguir os próprios cidadãos como é praxe ucraniana? A comunidade ucraniana com um grande património russo comum que antes era unida e se distinguia em Portugal pelo trabalho, inteligência e interculturalidade, vê-se agora metida numa campanha política de divisão. A Embaixada não olha a meios para tal e com o apoio de uma associação, consegue intrometer-se até nas questões internas do país como revela o caso de Setúbal e o contencioso contra o partido comunista.
Numa sociedade portuguesa já tensa, devido à política de informação sobre a guerra, está-se a conseguir ucranizar ainda mais a discussão e os sentimentos portugueses também em torno do PCP; escondem assim as suas verdadeiras intenções de difamar parte dos cidadãos ucranianos em Portugal! Aproveitam-se da atmosfera xenofónica espalhada por toda a Europa para fomentar o espírito de intransigência na sociedade portuguesa não só contra o povo russo, mas também intolerância entre os partidos.
Agora a associação do seu agrado “Associação de Refugiados Ucranianos (UAPT) vem dizer que não compreende a razão por que “as organizações não filtram as pessoas que lá trabalham» e, por outro, «como é que Portugal, um país democrático, continua a ter um partido como o PCP». De lembrar que Selensky, no final de 2021 condecorou um dos líderes do batalhão neonazi Azov, e posteriormente proibiu a actividade de 11 partidos políticos, incluindo o maior partido da oposição, acusados de serem pró-russos.
A sua embaixatriz em Portugal imiscui-se em assuntos de administração interna como se deu no problemático caso de Setúbal e de uma associação de ucranianos afecta à Embaixada que vem reclamar que o PCP deveria ser ilegalizado como tinham ilegalizado o comunismo em 2014 aquando do derrube do governo de então e do começa da guerra civil.
Na manifestação do 25 de Abril a embaixatriz alinhou ao lado do partido Iniciativa Liberal, mostrando-se partidária.
Dá a impressão que querem para Portugal as mesmas relações que reinam na Ucrânia.
Uma batata quente e melindrosa por esclarecer será o envolvimento da embaixada no recrutamento de membros nazis portugueses para o exército ucraniano!
Muito questionável é o facto de parte da sociedade portuguesa, em vez de defender a liberdade de o PCP (1) se posicionar, preferir ver o partido alinhado acriticamente à caravana da propaganda de que Selensky é expressão, isto independentemente da empatia que merece o povo sofredor na Ucrânia.
A Embaixada está interessada em apoiar especialmente uma associação nacionalista de pensamento único, o qual alastra cada vez mais pela Europa! A embaixada tenta dividir cidadãos contra cidadãos, à imagem do que aconteceu desde 2013 na Ucrânia. Querem fazer passar a ideia que a luta na Ucrânia é contra o comunismo.
Domina um espírito agressivo assistindo-se a um espírito ademocrático de intolerância como se pode observar em atitudes extremistas contra o PCP e contra o Chega! O espírito dos que agora atacam o PCP é o mesmo dos que antes atacavam o CDS e jubilaram quando este deixou de estar na AR.
A embaixatriz ucraniana (Inna Ohnivets) parece ser do mesmo cariz do seu colega embaixador na Alemanha (Melnyk) que diz “Todos os russos são inimigos”. Divide os ucranianos residentes em Portugal e não respeita a democracia nem hábitos portugueses dispensando-se de cumprir a boa tradição diplomática! Não se pode compreender como gente surgida à sombra de oligarcas ucranianos, como foi o caso do atual presidente da Ucrânia, se arrogue o direito de atacar partidos da democracia portuguesa e de lhe dar lições.
O governo da Ucrânia tem-se comportado em suas embaixadas com desprezo e falta de diplomacia como se fossem os senhores da Europa exigindo o direito a armas e ajuda para as vítimas, como se as duas coisas não se contradissessem.
Uma preocupação ideológica nacionalista quer afirmar-se com base em ideologias de outros grupos… Abusam de uma imprensa receptiva a tudo o que é contra a Rússia (2) para espalharem insegurança entre a população. O oportunismo está a ganhar foros de cidadania!
Em declarações à SIC Notícias, Pavlo Sadokha referiu que o Alto Comissário para as Migrações ignorou os pedidos da associação para que deixasse de reconhecer como ucranianas organizações pró-russas. Deixo em nota as palavras do Major-general Raul da Cunha (3).
Esta tática divisionista revela-se certamente como uma eficiente estratégia de polémica porque será bem acatada numa sociedade portuguesa demasiadamente virada para a discussão partidária!
É preciso estar-se atentos para que representações diplomáticas e associações não se tornem em agências do nacionalismo seja de quem for (4).
A pretexto de Putin perseguem-se ucranianos russos também em Portugal
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=7417
(1) Os comunistas defendem, em comunicado, que as declarações do líder da associação Refugiados Ucranianos constituem um “nítido e intolerável carácter censório e persecutório que visa todos os democratas e que exige um posicionamento inequívoco dos órgãos de soberania”. https://www.publico.pt/2022/05/03/politica/noticia/pcp-exige-posicionamento-orgaos-soberania-devido-posicoes-partido-2004761?fbclid=IwAR2g05KjKDYwdNLjV4hcZEY39Zc4xUNgCql_-0aUuGxY4bPTEMfY_7PhKdk
(2) https://www.publico.pt/2022/04/30/sociedade/noticia/ha-varias-associacoes-proputin-acolher-refugiados-acusa-representante-ucranianos-portugal-2004408; https://cnnportugal.iol.pt/russia/embaixada/embaixadora-da-ucrania-teme-pela-seguranca-dos-refugiados-ucranianos-em-portugal-e-alertou-governo-sobre-infiltrados-pro-russos-em-organizacoes-que-os-acolhem/20220408/624f8b2d0cf2f9a86e9d4002
(3) Palavras do Major-general Raul da Cunha :
“Graças ao nosso governo e a muitos dos meus compatriotas, um fascista ucraniano (ao que parece dirigente de uma associação de refugiados ucranianos) permite-se vir dar ordens ao governo e autarcas portugueses, insultar os partidos políticos portugueses que não são do seu agrado e vomitar o seu ódio ao sistema e vivência democrática no nosso País.
Não percebo porque é que este malfeitor, que abusa da nossa hospitalidade, não é imediatamente expulso de Portugal, ou será que, tal como o hábito de haver dois pesos e duas medidas, que foi implantado no mundo ocidental, só nos indignamos quando os abusadores da nossa tolerância são do Senegal?
E, que dizer das reiteradas manifestações de ingerência da embaixadora da Ucrânia e que constituem uma intolerável afronta ao regime democrático em Portugal? Porque está o nosso PR a permitir os repetidos abusos daquela fulana? Haja quem tenha a dignidade de lhe fazer sentir que o seu comportamento é inaceitável.
Para aqueles que ainda têm dúvidas sobre o carácter fascizante do regime ucraniano e o seu total desrespeito pela democracia e liberdade, estas atitudes, evidenciadas em Portugal, mostram bem o que este miserável regime está a concretizar na Ucrânia, contra o seu próprio povo.
Infelizmente, alguns portugueses, de menor ou falso patriotismo, já se deixaram contaminar e já viraram “bufos” ou denunciantes (e até torcionários seriam) dos portugueses que não se deixaram enganar por aqueles fascistas.”
(4) Cheguei há anos a dar emprego a ucranianos que não se punham o problema da sua interculturalidade e eram amigos uns dos outros. Agora que a Embaixada se mete a interferir pretende-se criar a discórdia entre eles para chegarmos às mesmas condições que têm dominado na Ucrânia desde 2014. Antidemocráticos. Ignoram a representação complementar dos interesses do povo em democracia?