O ESPÍRITO DE QUEM TUDO VEM
Em línguas, o espírito se vai revelar,
Às vezes masculino, outras, no polar,
Mas dele provém a essência do ser,
A fonte da vida, do eterno crescer.
Cai à terra, frutifica, gerando
Matéria e espírito, tudo fecundando.
Feminino e masculino, em divina união,
Dão vida à pessoa, em plena comunhão.
Como a semente que a flora propaga,
A ideia, na cultura, também se alaga.
Céu e terra, homem e mulher,
Unem-se na essência, na vida a nascer.
Três é, número sagrado, em nossa cultura,
Convida-nos à vida, em plena ternura.
Poetizar a prosa, sem pressão sentir,
Corpo e mente unidos, no eterno fluir.
Música e arte, em linguagem convergem,
A palavra que cria, à imaginação urge.
De sua sombra nascem, corpos e almas,
Mundos, civilizações, em suas palmas.
Assim como o sol, desperta a natura,
A menina da lenda, em beijo perdura.
Revela riquezas, em si escondidas,
Mostra o tesouro, em si bem-vindas.
Do nada, o amor, tudo vivifica,
Na palavra Virgem, a vida amplifica.
Céu e terra, no beijo, se atraem,
O amor, terceira realidade, vêm.
Mulheres são terra, divina morada,
Homens, anjos, em forma velada.
Na amorosa atração, tudo se entrelaça,
No espírito que dá à luz, a vida se abraça.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo