A MAIORIA DOS JOVENS NÃO CONFIA NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

De acordo com um inquérito (estudo da Universidade de Bielefeld) na Alemanha, a maioria dos jovens não confia nos meios de comunicação social.

75,8% não confiam nos jornais e 71,6% não confiam nos jornalistas.

37,9% suspeitam que os meios de comunicação social retêm deliberadamente informações importantes.

32,8% pensam que os profissionais dos media apenas difundem a sua própria opinião.

Entre os adolescentes, apenas 53,9% confiam no governo federal e 54% nas Nações Unidas.

Manifestam mais confiança nos cientistas com 76,1% e na polícia com 79,9%.

Este é um sinal de alarme que deveria levar a um exame de consciência dos Instituições dos meios de comunicação social, difusoras de notícias e jornalistas.

Em vez de se colocar o problema nos jovens já vai sendo tempo de as agências noticiosas se examinarem e mudarem de rumo.

Através do acesso à internet hoje há maior possibilidade de observar e questionar o que se encontra por trás dos grupos de influência.

A juventude pode ter uma ideia mais diferenciada do espectro noticioso porque faz uso da Internet não se limitando ao saber transmitido pelas notícias e telejornal como acontece a muitos condicionados a tais praxes. Os novos meios permitem maior troca de informações, mas não necessariamente saber mais profundo.

De facto, a nível social somos o resultado da informação biológica genética e da informação do meio em que vivemos e não temos tempo suficiente para nos questionarmos sobre isto.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

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9.000 SOLDADOS MORTOS DA PARTE UCRANIANA E 40.000 DA PARTE RUSSA

O chefe do exército ucraniano disse que as crianças ucranianas precisam de atenção especial porque os seus pais estão na linha da frente de batalha e “podem estar entre os quase 9.000 heróis mortos”. O Alto Comissário das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários acrescentou que, desde então, foram mortos 5.587 civis (incluindo 362 crianças) e outros 7.890 feridos. Dados respeitantes ao período de 24 de fevereiro até 21 de agosto 2022.

O governo ucraniano, nas suas informações fala de mais de 40.000 soldados russos mortos.

Já na guerra civil ucraniana iniciada a 14 de abril de 2014 até 15 de setembro de 2016, de acordo com a ONU, 9.640 pessoas tinham sido mortas e 22.431 feridas. Pouco depois do derrube do Presidente Viktor Yanukovych, (2014) amigo da Rússia, pelo movimento Maidan pró-UE, partes das regiões de Donetsk e Luhansk, tradicionalmente próximas da Rússia, separaram-se de Kiev.

De acordo com o governo ucraniano, 14.000 pessoas tinham sido mortas na guerra civil até 13 de maio de 2021. Outros falam de 13.000 civis e de 4.000 soldados mortos.

A causa da guerra civil ucraniana e da invasão russa de 24 de fevereiro 2022 está sobretudo na quebra da neutralidade ucraniana levada a cabo pelo movimento Maidan pró União Europeia e pró OTAN e concretizada na deposição do presidente ucraniano que depois se exilou na Rússia. Os militares ucranianos queriam pôr fim à revolta dos separatistas pró-russos de forma rápida e decisiva. Mas estes receberam apoio da Rússia. A planeada operação “antiterrorista” transformou-se numa guerra civil que durou mais de sete anos, com mais de 13.000 baixas, como informou a ARD alemã.

Dado a revolta do movimento Maidan preparado pelos USA/OTAN e ao movimento separatista apoiado pela Rússia, a Ucrânia foi consequentemente transformada num campo de batalha entre a Rússia e os EUA/OTAN.

Quanto aos dados sobre os mortos inicialmente referidos, outras fontes referem muito maior número.

Nesta guerra fratricida todos os Estados envolvidos se mostraram irresponsáveis: os políticos fracassaram e o povo terá de pagar amargamente as favas. Especialmente Selensky e os governos dos EUA/OTAN continuam a empurrar, para as garras do urso, o povo ucraniano sem que este tenha oportunidade de vencer. É triste observar-se que apenas interesses económicos e geoestratégicos aliados a fanatismos prolongam uma guerra em que não há preocupação por resolver o conflito através de conversações e acordos porque parecem interessados em que a Ucrânia desapareça do mapa. Quem morre são os outros!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

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CRENÇA É A PARTE EXTERNA DA FÉ

Pressupostos para uma práxis religiosa e para o diálogo com crenças não religiosas

Nas discussões de caracter ideológico confunde-se, muitas vezes, fé com crença e deste modo cai-se em discussões paralelas ou confusas. A fé tem a ver com a experiência espiritual com Deus e a crença tem mais a ver com a doutrina, com a visão mental e ordenação lógica do conhecimento em comunidade. A crença expressa o falar do homem sobre Deus enquanto que fé vive da experiência tida ao entrar em relação profunda com o divino.

A crença é como que o interruptor comunitário que estabelece o contacto com Deus a nível de vivência individual e universal transcendental e possibilita a experiência da fraternidade. A crença coloca-nos num estado de abertura que possibilita a abertura para uma relação de confiança. Religião significa ligação a Deus e é mais que uma compreensão, mais que um alinhamento de ideias lógicas dentro de uma cultura. A verdadeira crença assenta numa experiência espiritual individual profunda; neste âmbito a doutrina tornada fé transforma-se em vivência que nos mergulha numa espécie de ressonância amorosa universal, vivência essa que suplanta as diferentes expressões religioso-culturais porque acontece a um nível de união espiritual comum e não de divisão/definição onde se passa a compreender as simbolização culturais como expressões de uma análoga experiência e sentido comum. Que a chama da espiritualidade, fé se dê em torno de uma verdade da crença também não desqualifica as crenças porque elas formam a ponte que conduz a uma experiência de amor profundo que é de tal maneira envolvente que o próprio corpo participa da experiência inefável.

Crença e fé estão intimamente conectadas; uma crença sem fé (experiência espiritual) é algo que não satisfaz a personalidade no seu todo de ser espiritual dado situar-se ao nível de um viver ad extra (mover-se a nível do “folclore” de uma filosofia/mística mais profunda e que aquele alberga)!

É natural que um discurso pressupõe uma certa objetivação e objetividade, mas também não se pode limitar aos dados mentais ou pragmáticos (de uma lógica ordenada causalmente, de eficiência ou utilidade prática) para ser dialogal. Quem sabe da ilusão a que também a mente poderá estar sujeita, como amante da sapiência, terá de aceitar a sua posição e a do dialogante com benevolência atendendo à insegurança ou falta de evidência do terreno em que nos movemos. Daí a atitude construtiva e benevolente de criar um espaço necessário para a dúvida metódica que leva à aceitação do “in dúbio pro reo” e possibilita a oportunidade para uma ampliação da própria perspectiva e visão.

A pessoa só orientada por princípios mentais tidos como claros terá de considerar que há espaços da chamada realidade carentes de ser consciencializados. O problema maior situa-se entre a percepção (representação) e a interpretação no espaço que separa o receptor do emissor e vice-versa e o objecto da ideia. A percepção está ligada a factores externos como os sentidos (visual, cheiro, táctil, sonora e gustativa). Já a este nível a percepção se encontra dependente do estímulo, da selecção sensorial, organização e interpretação. Para complicar a perceção e interpretação ainda se veem juntar a estes factores condicionantes da perceção da realidade, outros factores internos como a própria atitude, os motivos, experiências, interesses e expectativas.

Não podemos reduzir o ser à percepção como algum filósofo quereria, nem tão-pouco ao entendimento dele. Também a ideia é um produto do processo de pensamento. Tudo isto condiciona naturalmente as nossas imagens do mundo à nossa volta. As percepções são principalmente processos inconscientes de processamento de informação e percepção individual. As percepções são, portanto, inventários selectivos-subjectivos do ambiente, mas num sentido mais amplo, incluem também processos inconscientes e emocionais de sentimento.

Só pode ter a percepção ou detectar o odor da canela quem tem o órgão do cheiro operacional. Quem não tiver acesso ao “órgão” da espiritualidade está condicionado a ordenar as suas percepções aos factores de que dispõe.

É difícil para um ateu e também para algumas pessoas religiosas intuir a diferença entre crença e fé limitando-se a falar sobre as religiões a nível de discurso mental de crença ou do aspecto “folclórico” dela.

Apresento aqui a experiência que um amigo meu ateu (Hartmut) teve e me contou e que pode ter uma certa semelhança com a experiência de fé de um crente. O amigo fez uma viagem de barco. No princípio ao entrar no barco, este parecia-lhe muito grande e ele sentiu-se bem passeando nele a sua pessoa enquanto admirava a grandeza do barco. Entretanto o barco partiu e quando se encontrava já no alto mar, onde as águas eram planas, sentiu o barco como uma coisa minúscula e um oceano imenso com uma abóboda celestial infinita. Nesta situação o amigo sentiu profundamente a sua pequenez e a do barco e a ao mesmo tempo a grandeza do universo. Sentiu uma vivência especial da sua pessoa como extrema pequenez e da imensa grandeza do céu e do oceano de que teve a sensação de fazer parte. Esta experiência do amigo ateu é similar à experiência de fé de um crente: a experiência da extrema pequenez do próprio ser e ao mesmo tempo a experiência da grandeza divina de que faz parte criam uma nova consciência e uma nova maneira de sentir e ordenar as coisas.

Certamente um ateu que não tenha feito a experiência do viajante ateu verá a viagem de forma descritiva apenas pela razão e a sua visão da viagem do barco é muito diferente daquele que fez o viajante ateu porque lhe falta a vivência do momento especial e a intuiç1bo que ele pode causar.

Há muitas pessoas que confundem fé com crença (credo) quando se trata de coisas distintas. Uma tem mais a ver com a mística (fé é vivencia espiritual) e a outra com a filosofia da linguagem (a crença verdadeira quer ser justificada a nível de afirmações (credo) que unem uma comunidade) e que cria objectividade. Uma é experiência íntima com um Tu e a outra é um conceito de fé. A união das duas pode levar à convicção envolvente. A crença realiza-se na fé e esta transpõe o nível da explicação porque acontece a nível de vivência dialógica com o todo, com o divino e não só a nível de parte. A fé pode transcender as próprias crenças e as simbologias culturais dado ser uma aptidão humana para o transcendente e expressar-se numa experiência metafísica comum enquanto a crença empenha o pensamento, a razão no sentido de granjear a verdade que conduz à convicção, sentencia certa. Assim dá-se uma interligação entre intuição espiritual e doutrina (fundamento racional ou justificação). A crença na Trindade pode levar, a nível de experiência espiritual íntima, à experiência das três pessoas na vivência de uma fórmula única (a relação eu-ele manifesta na experiência do nós). A experiência mística não se pode reduzir ao conhecimento dela porque é envolvente e não reduzível ao elemento e como tal permanece uma experiência não objetivável em palavras. A fé é uma espécie de saudade saciada numa vivência e que conduz a uma atitude de confiança universal que nos envolve numa espécie de carinho comunicativo e numa atitude básica de humildade e do bem querer porque se experimentou o verdadeiro de toda a realidade num relâmpago que atravessa toda a existência numa visão-vivência interior sem fronteiras.

Neste sentido passo a refletir sobre Teresa de Ávila (1) que pode ajudar a uma melhor compreensão da realidade crença-fé. Teresa manifestou a preocupação de não acedermos a Deus só através do direito canónico ou de frases teológica; ela defendia a consideração mística numa teologia demasiado intelectualizada. Para ela tratava-se de entrar na presença mística de Deus numa oração interior de relação de amor com Deus, numa relação de amizade sincera com Deus, num envolvimento de “tu”. Teresa dizia “Pode-se falar com Deus como se falasse com um bom amigo”. É uma espiritualidade profunda envolvente do quotidiano e por isso Teresa dizia “O Senhor também habita entre as panelas da cozinha”. Na altura ela tentou mover formas demasiado rituais da Igreja para uma espiritualidade de trazer por casa. É natural que a sua teologia mística aproxima Deus da pessoa e como tal relativiza um pouco certas regulamentações eclesiásticas, ao criar um espaço para a subjetividade individual na doutrina! O caminho da teologia mística e da amizade directa com Deus sempre causou dores de cabeça aos representantes das religiões tal como a certos clérigos (e direito canónico) que viam nisso um certo confronto ao regulado. Ela ao, de um certo modo, proceder a uma certa destronização de Deus e puxando-o para o centro do coração humano, o seu “castelo interior” situado no coração da alma constituía para os dogmáticos um perigo de subjetivação e também de relativação da ordem eclesiástica.

Naturalmente que a posição desta doutora da Igreja pressupõe o uso do critério de caracter mais objetivo estabelecendo uma balança com o da subjetividade sem um aspecto ter de negar o outro. De uma coisa estou certo, a mensagem de Teresa estava bem fundamentada na mensagem de Jesus para quem o interesse e dedicação é dirigido para as pessoas e não para as organizações, sejam elas religiosas ou seculares. A dúvida e os medos também podem ser uma oportunidade para nos aproximarmos de Deus (do âmago da nossa ipseidade) e isto mostrou Teresa na qualidade de pessoa imperfeita como cada pessoa, conseguiu viver liberta porque entusiasmada pela relação íntima com Deus. Ela no meio de sofrimentos e dúvidas questionava sempre o pensamento único. A dúvida faz parte da crença e pode também atingir o nível da fé (momentos do deserto) mas o que sempre fica é a experiência-vivência uma vez tida com Deus. A dúvida são os momentos de pausa que nos impulsionam a ir mais além! A abordagem de Deus a nível de mente e de coração (vivência relacional) completam-se e possibilitam a vivência de comunidade e em comunidade com todos e com tudo. Gosto muito de Teresa porque também acho que mais que ter sempre Deus ou nossa senhora nos lábios importante é viver o dia a dia profano com eles no coração, a ponto de não ter de fazer muita diferença entre o interno e o externo nem tão-pouco perder-se na moral!

Teresa consegue fazer valer na teologia o valor da experiência, a interioridade mística demonstrando a insuficiência da intelectualidade de caracter discursivo que se aproxima mais do senhoreio e assenhoreamento mundano (2) numa do divide para imperar, divide para te afirmares.

Teresa de Ávila também defendia a união da experiência espiritual à corporal. Neste sentido afirmou uma teologia negativa de acesso a Deus o que pressupõe uma certa imanência divina. Ao introduzir a experiência íntima (a mística) como argumento válido da teologia envolve directamente o cristão, o teólogo e o clero, o que indirectamente constituía uma crítica às hierarquias, porque o que as deveria legitimar seria a experiência mística com Deus dando prioridade à via do coração em relação à via do intelecto. Este é para mim um momento alto de teologia feminina porque questiona, por dentro a matriz cultural e de pensamento masculino para optar por uma matriz da masculinidade e feminilidade, da espiritualidade e da corporalidade em equilíbrio. Esta teologia ainda está por realizar institucionalmente; acontece, porém no coração de muito homem e mulher que penetraram no verdadeiro âmbito da fé e não apenas da crença!

Neste processo de acesso a Deus chega a abdicar-se do conhecimento discursivo de Deus através de ideias e atributos (está-se perante uma Teologia negativa : do que Deus não é porque “é” a transcendência absoluta) em contraposição à teologia afirmativa da asserção de Deus como bem, beleza, amor, inteligência, paz, perfeição….

Confiar e invocar a experiência íntima pessoal subjetiva e argumentar em nome dela, é ainda hoje considerada ousadia que pode minar a vontade institucional e as jerarquias

Para ela não há verdadeira teologia sem a experiência divina! Pela via mística, Deus habita no coração do Homem, a espiritualidade “desce à terra”, não se baloiçando apenas nas teorias intelectuais nem na confusão do dia-a-dia. Urge uma práxis teológica da espiritualidade.

Teresa dizia: “Quem ama faz sempre comunidade; não fica nunca sozinho… Ser grande é amar os pequenos. Ser pequeno é odiar os grandes”.

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

Pegadas do Tempo

(1) TERESA DE JESUS UMA MULHER GRANDE E MUITO INTERESSANTE NA HISTÓRIA DA CULTURA: https://antonio-justo.eu/?p=4935&fbclid=IwAR07ecm5zTj4_qKRxyvoj1bGCPpYylCStSxaeso-ez7hV_StGojFket4Zno

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O PAPA FRANCISCO COMEÇA A PREPARAR A SUA RENÚNCIA E O SEU LEGADO

21 novos Cardeais no Vaticano dos quais 4 de Língua portuguesa e Canonização de dois Beatos

O Papa Francisco nomeou 21 novos cardeais (1), provenientes dos cinco continentes no sábado 27 de Agosto (2) . Cardeais são as pessoas mais importantes na Igreja Católica depois do Papa ao serviço da igreja universal e cuja missão principal é eleger o Papa. Dos novos cardeais apenas 16 terão direito a voto na eleição do novo papa; cinco dos cardeais nomeados recebem a dignidade cardinalícia honorária pois não podem participar no conclave (eleição de um novo papa) devido à idade (80 anos). Após a cerimónia, Francisco e os novos cardeais visitaram o Papa emérito (em 2013) Bento XVI na sua residência no mosteiro Mater Ecclesiæ no Vaticano. No total, o Colégio dos Cardeais é de 226 purpurados, dos quais 132 são possíveis eleitores no próximo conclave (eleição de um papa). Mais de 60% dos cardeais com direito a voto foram nomeados por Francisco (112 cardeais).

Depois da cerimónia de nomeação dos cardeais procedeu-se à votação da canonização (declaração de santos) do beato salesiano laico Artemide Zatti e do beato Juan Bautista Scalabrini, fundador de los Scalabrinianos!

Há quatro novos cardeais de língua portuguesa: D. Filipe Néri António Sebastião do Rosário Ferrão (69 anos), arcebispo de Goa e Damão; D. Virgílio do Carmo da Silva, arcebispo de Díli (55), e dois brasileiros – D. Leonardo Ulrich Steiner (71), arcebispo de Manaus e D. Paulo Cezar Costa (54), arcebispo de Brasília.

O Pontífice convocou também um consistório (reunião do colégio cardinalício) para 29 e 30 de agosto. Aí, os cardeais do mundo inteiro vão refletir sobre a reforma da Cúria romana na base da nova Constituição Apostólica do Vaticano, “Proclamai o Evangelho” (3). Será também uma ocasião para os cardeais se conhecerem mutuamente e poderem trocar ideias.

De notar que neste consistório participam tantos cardeais (eleitores) portugueses como alemães! Os três cardeais-eleitores portugueses são:  D. Manuel Clemente, D. António Marto e D. José Tolentino e do lado alemão são D. Rainer Maria Woelki, D. Reinhard Marx e D. Gerhard Ludwig Müller

A nomeação dos novos cardeais revela a preocupação pela evangelização “no terreno”, sobretudo nas periferias e pequenas comunidades minoritárias que nunca tiveram cardeais (exemplo Timor), merecendo especial atenção a Ásia. Na nomeação dos novos cardeais estão representados 4 novos países: Mongólia, Paraguai, Singapura e Timor Leste. Assim passam a estar representados 89 países.

O cardeal agora nomeado mais jovem tem apenas 48 anos de idade e é o italiano Giorgio Marengo.

O Santo Padre dirigiu-se à cidade de L’Aquila celebrando missa na catedral (28.08) onde está sepultado o Papa Celestino V que resignou em 1294. Bento XVI, também visitou este lugar quatro anos antes de resignar. Este facto simbólico dá consistência a especulações de Francisco também tencionar resignar.

Sobre a sua renúncia, Francisco disse: “A porta está aberta… É uma opção normal… Sinceramente, não é uma catástrofe. Podeis mudar o Papa”. A experiência do pontífice com a última operação não o entusiasma a nova operação devido a efeitos secundários que a última anestesia deixara: “Não se brinca com anestesia”… “Todo o problema é a anestesia”.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

(1) Novos Cardeais: https://www.katholisch.de/artikel/39475-das-sind-die-21-neuen-kardinaele

(2) O bispo de Wa, Ghana, Richard Kuuia Baawobr, não pode estar por doença.

(3) Sobre a reforma da Cúria: https://antonio-justo.eu/?p=7236).

 

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DEPOIMENTO DE DOIS MILITARES SOBRE A GUERRA

Guerra da Ucrânia: “Demasiado para morrer, demasiado pouco para viver”
O Coronel Markus Reisner (Viena, 17 de Agosto de 2022) faz um balanço interessante sobre a guerra:. “Na guerra, que tem sido travada como uma guerra de informação desde o início, é cada vez mais difícil acompanhar a situação. Novos acontecimentos, tais como o confronto entre a China e os EUA sobre Taiwan, dominam as primeiras páginas. As entregas de armas ocidentais que chegaram até agora significam que as forças armadas ucranianas têm “demasiado para morrer e demasiado pouco para viver”. Se os 16 lançadores múltiplos de foguetes do tipo HIMARS entregues a partir dos EUA obtiveram até agora um sucesso compreensível, coloca-se a questão: Porque é que os EUA não fornecem mais? Drones para reconhecimento de artilharia ou em operações “kamikaze”, aplicações de controlo de fogo de artilharia, mísseis de cruzeiro de precisão ou mísseis de médio alcance, reconhecimento por satélite e rádio apenas escondem o facto de que a guerra ainda está a ser travada com extrema brutalidade.
A guerra moderna é acima de tudo uma guerra para as mentes…. Os militares chamam a esta abordagem “guerra cognitiva”. Para o lado russo, o ponto decisivo do ataque é, portanto, a vontade do Ocidente de continuar a apoiar a Ucrânia. A Rússia está portanto a tentar enfraquecer esta prontidão em todos os domínios disponíveis (especialmente no espaço cibernético e de informação). A retirada de matérias-primas e as ameaças de armas nucleares são as armas aqui utilizadas para obter um efeito. O Ocidente, por outro lado, está a tentar atingir a coesão da sociedade russa. Os pacotes de sanções e as medidas económicas punitivas são concebidos para exercer pressão. A economia russa já está a sofrer grandes impactos. A questão é: irão ou não provocar uma mudança de comportamento? De momento, o sucesso decisivo não pode ser medido nem no campo de batalha nem em casa, o que torna claro que as armas na Ucrânia não ficarão em silêncio durante muito tempo.” O Artigo encontra-se completo em alemão em https://www.bundesheer.at/cms/artikel.php?ID=11511
Para se chegar a uma observação mais abrangente é necessário ver-se o que os nossos media propagam e o que outros também propagam. Neste sentido é interessante também o ponto de vista do Major-General Carlos Branco que procura referir o contexto que levou à intervenção directa russa:
“Esta guerra é fundamentalmente consequência de a obstinação de Washington querer integrar a Ucrânia na NATO, parte integrante do seu projeto hegemónico. Chamem-lhe autocracias, imperialismos, inventem as narrativas que quiserem. Mas é neste ponto que reside a coisa. Este conflito estava anunciado há décadas. Não por mim, mas por Kissinger, Mearsheimer, Stephen Walt, Keagan, muitos outros. Como, aliás, alguns setores liberais da elite russa que não se revê em Putin. “… A guerra na Ucrânia é uma condenável violação do Direito Internacional. Como são quase todas as guerras, tendo como referência a Carta das Nações Unidas. Como foram a invasão de Grenada (1983), o ataque à Jugoslávia (1999), a Guerra no Iraque (2003), a guerra na Síria (2011). O leque de violações não acaba aqui, curiosamente perpetradas sempre pelos mesmos… Iraque, em 2003.”…” A presente crise em que a humanidade se encontra, à beira de um confronto mundial, entre os EUA, Rússia e China, começou com o golpe de Estado de 2014, patrocinado pelos EUA (hoje Washington assume isso. Victoria Nuland e o embaixador americano andaram a distribuir sandes aos revoltosos em Kiev. A Sr.ª Nuland gastou cinco mil milhões de dólares na preparação do golpe. Na altura de escolher os ministros para o governo, mandou a Europa à fava) que substituiu um presidente democraticamente eleito, que defendia uma política de neutralidade (non block policy), por outro que abrisse as portas à entrada da Ucrânia na NATO, e voltássemos à estaca zero. Podia falar-lhe do dilema de segurança, das zonas de influência (teoria Monroe), segurança para uns, segurança para todos….” … a lei de 1.7.2021, “sobre os povos indígenas da Ucrânia”, disponível em https://zakon.rada.gov.ua/laws/show/1616-20#Text, que consagra uma política baseada na pureza racial da nação ucraniana em nome da superioridade genética dos ucranianos puros sobre os russos, considerados “sub-humanos”.
Sou do parecer que ouvindo uns e outros nos vamos preparando para sermos menos manipulados num sentido ou no outro e deste modo não nos tornarmos em propagandistas de um ou outro polo económico-político! Naturalmente, saber mais faz doer!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo
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