PARA DESENFASTIAR!

Recebi, enviado por e-mail  este texto de que não conheço o autor:

TENHO SAUDADES DOS TEMPOS EM QUE HAVIA GORDOS

“Tenho saudades dos tempos em que no Liceu havia ‘burros’, ‘gordos’, ‘caixa de óculos’, ‘sem sal’, ‘pretos’, ‘chineses’, ‘indianos’, ‘artolas’, ‘maricas’, etc. Os ‘burros’ chumbavam, não se tornavam doutores como hoje em dia. Mas a fasquia era definida pelo marrão da turma, não era nivelada por baixo como agora. Somos todos iguais diz-se.

Antes não parecia que fossemos, mas o ‘gordo’ também tinha notas brutais e ninguém sabia como, talvez porque não jogasse à bola, o ‘caixa de óculos’ tinha um sentido de humor inigualável mas não fazia corridas pois tinha medo de cair, o ‘preto’ jogava à bola como ninguém e fazia umas fintas inimagináveis, tinha um físico fora do comum, o ‘chinês’ tinha vindo de outra escola sabia à brava inglês, e tinha histórias que não lembravam a ninguém. Cada um tinha um «defeito», até uma alcunha, mas tinha ou lutava por ter também outras qualidades. Hoje não. Dizem que somos todos iguais. Agora, tudo ou é bullying, ou racismo, ou xenofobia, ou opressão, ou assédio, ou violência. Antigamente quando se era mesmo racista, levava-se um chapadão na tromba e aprendia-se logo que o ‘preto’ era como nós outros, apenas tinha côr diferente. E não era bullying. Era ‘aprendizagem on job’. Aprender assim era duro pois dói e não se esquece mais. E às vezes em casa com os pais também se ‘aprendia’.

O menino ou menina ‘sem sal’ passava despercebido(a) e sentia-se sozinho(a). Ter uma alcunha diferente era fixe. A diferença era vista com bons olhos.

E aprendia-se uma coisa importante: rirmos de nós próprios. E não chorarmos porque alguém nos chamou isto ou aquilo. Assumia-se a gordura, o ‘esquelético’, a ‘caixa de óculos’ e tudo o mais que viesse. Mas quando não se estava bem, quando não se gostava da alcunha, fazia-se uma coisa importante: mudava-se, lutava-se por acabar com ela. Não se culpava os outros nem a sociedade. Não se faziam ‘queixinhas’. E falhava-se. Muitas vezes. Mas cada vez que se falhava ficava-se mais forte. E sabíamos que era assim. Que havia uns que conseguiam, outros ficavam para trás, que havia quem vencia e quem falhava.

Agora não.

Todos somos iguais, há mesmo a chamada igualdade de género, todos somos bons, todos merecemos, todos temos as mesmas oportunidades, todos devemos até ganhar o mesmo, todos somos vítimas, todos somos oprimidos e todos somos parvos …. porque aceitamos este ambiente do ‘politicamente correcto’ sem dizer nada….. e até devemos dizer que somos ‘normais’.

Segundo o novo paradigma social, devem ter muito cuidado comigo, porque:

– Sou velho, tenho mais de 70 anos, o que faz de mim um tolo, improdutivo, que gasta estupidamente os recursos do Estado;

– Nasci branco, o que me torna racista;

– Não voto na esquerda radical, o que me torna fascista;

– Sou hetero, o que me torna um homofóbico;

– Possuo casa própria, o que me torna um proprietário rico (ou talvez mesmo um latifundiário);

– Amo foie gras, carne de caça, peixe do mar e cordeiro de leite, o que me torna um abusador de animais;

– Sou cristão, e embora não praticante, sou um infiel aos olhos de milhões de muçulmanos;

– Não concordo com tudo o que o Governo faz, o que me torna um reaccionário;

– Gosto de ver mulheres bonitas bem vestidas (ou despidas), ou super decotadas, o que me torna um tipo capaz de assediar;

– Valorizo a minha identidade portuguesa e a minha cultura europeia e ocidental, o que me torna um xenófobo;

– Gostaria de viver em segurança e ver os infractores na prisão, o que me torna um desrespeitador dos direitos “fundamentais” protegidos;

– Conduzo um carro a diesel, o que me torna um poluidor, contribuindo para o aumento de CO2;

Apesar de estes defeitos todos, acho que ainda sou feliz …era mais antes da pandemia…. mas mesmo assim e considero-me um ‘gajo normal’!!…”

 

Social:
Pin Share

DESTA VEZ A REVOLUÇÃO É GLOBAL E GEOESTRATÉGICA

Ministérios da Felicidade para Pobres e Carenciados

Num mundo em processo de ser dividido entre USA e Rússia/China já se faz sentir as consequências amargas para os povos e que se manifestam já na carestia dos produtos para o consumidor! Nos mercados, os preços já chegaram a duplicar. Os políticos da União Europeia, em vez de se manterem independentes e de defenderem o bem-comum do próprio povo decidiram abdicar da Europa e prejudicá-la em troca da dependência só dos EUA; isto equivale a um encarecimento brutal de todos os produtos dado o mercado começar-se a confinar aos próprios grupos fechados. Na Europa encontramo-nos no início de uma revolução provocada pelas elites político-financeiras em favor dos EUA e de multinacionais que operam a nível global. Desta vez a Revolução vem camuflada, vem das cúpulas da sociedade e o povo não reage porque os meios de comunicação social se transformaram em altifalantes das elites que nos regem.

 O cúmulo da catástrofe para o povo europeu seria se os EUA conseguissem da UE a mesma atitude perante a China que conseguiram dos políticos europeus em relação à Rússia. Indícios disso já se encontram na política americano-chinesa em torno de Taiwan. Encontram-se lá na mesma dança em que se encontravam Russos e Americanos na Ucrânia especialmente desde 2007.

Ai dos vencidos“, mais concretamente, “triste sorte aquela reservada aos derrotados”! Nesta guerra, entre as superpotências, os vencidos são o povo abandonado de todo o lado. Este mesmo povo que é incitado, dos dois lados, a ser, por decisão e condição, contra o outro povo irmão.

Porque não se criam gestores da felicidade da pobreza? Revela cinismo o sistema democrático que se limita a estruturar a riqueza e a gerir a pobreza num circuito em que o mais forte é compensado de forma desmedida com o que tira ao mais fraco e o tema da pobreza e do sofrimento humano é desviado dos holofotes dos interesses públicos.

Andamos a ser distraídos com narrativas da guerra e tudo a ver quem ganha à custa dela.  A opinião pública transmite-nos a sensação de nos encontrarmos do lado certo, independentemente da realidade factual. Essa satisfação, porém, impede-nos de ver os que de um lado e do outro não têm perspectivas, aqueles que não podem sair do circuito da pobreza e do sofrimento.

Aos pobres foi-lhes tirada a consciência do seu ser e do seu viver! Eles também não incomodam porque são arrumados de maneira a viverem, entre si, na periferia das cidades rodeados de mercados descontentadores e de burocracias cobertas de compaixão cínica. Num sistema que considera as pessoas irrelevantes precisamos de criar gestores da felicidade para os pobres!  Precisamos de muitas arcas de Noé que salvem o povo do dilúvio dos preços e da ganância das elites; precisamos de uma cultura, com lugar para pobres e crianças, onde a má sorte não se torne em fadário aceite (vive-se num sistema em que o bem estar de uns é conseguido à custa do mal-estar de outros quando um sistema justo deveria preocupar-se com o bem e o mal-estar repartidos. A cadeia do declínio social torna-se cada vez mais abrangente.

É verdade que não é fácil governar, mas uma democracia, que mereça o nome, não se poder permitir ver os seus cidadãos cada vez mais polarizados entre perpetradores e vítimas.

No nosso universo social reina a escuridão e, apesar de haver alguns luzeiros, a sombra da frustração escurece grande parte da população que não consegue passar a fronteira da pobreza. Muitos refugiam-se no reino da fantasia onde não haja o “em cima” nem o “em baixo” na procura de uma rota que navegue fora da frieza e da órbitra da crueldade. Embora na escuridão as sombras da realidade pareçam maiores do que são, é preciso resistir pois só na sociedade onde haja luta haverá desenvolvimento.

Precisamos de um ministério que junte os carenciados para que juntos construam um novo planeta com um novo percurso. Uma vez juntos sai-se da cidade em direcção ao interior onde juntos possam construir a própria aldeia onde a fraternidade teça mantos que a todos cubra. Longe da autocomiseração, é mais fácil conquistar o mundo; é preciso construir um novo planeta nem que seja só por algum tempo, doutro modo ficaremos prisioneiros da própria pobreza (material e espiritual) num planeta dos outros. É preciso fazer dos muros da masculinidade e das forças militares, planícies e vales femininos onde jorre a fertilidade e a fraternidade; vamos construir uma aldeia onde a feminilidade não emigre para as cidades ao preço de se tornar masculina. Temos vivido num planeta inflexível, na polis dos homens, longe das árvores e dos campos. Não chega perder-se no sentimento grato de se ser necessário socialmente…

A paisagem precisa de solo fértil, fora do alcatrão e do cimento, onde as plantas possam lançar raízes e as crianças não se firam no asfalto. A crença na própria força precisa de espaços com oxigénio onde o verde das árvores nos deixe pairar.

Ao deixarmos as ruas da cidade, onde as lanternas só deixam ver as sombras de pessoas envoltas em mantos escuros de silêncio, notaremos que nas aldeias as estrelas brilham mais.

No vazio da cidade o clochard (vagabundo) caminha à luz da iluminação do natal que no seu sobretudo cintila de maneira especial ao passar ao lado de vidas reunidas em família por trás das vidraças; ele passa a caminho da gruta onde, coberto de cartão de embalagem, vive com o cão sem máscara! O emigrante não segue as regras rígidas da cidade, ele aspira a viver sob o céu livre onde as estrelas alumiam os sonhos de vida, sonhos mais reais que a existência!

Há muitas máscaras na sua porta de papelão, que devem ser deixadas lá fora porque são sinal de domesticação. Dentro da sua gruta não há para-bocas.

À beira da Europa, à janela de Portugal avisto a saudade do mar e nela procuro ver o meu sonho a pairar! A Europa envelheceu e a vista da vidraça encontra-se embaciada!…

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do tempo,

Social:
Pin Share

TURISTAS RUSSOS PARA PEQUIM EM VEZ DE PARIS E PORTO?

Falta um Painel de Política Europeia própria

Andrea Lindholz (vice-presidente do grupo parlamentar União CSU) declarou ao jornal alemão “Bild”: “Os destinos de férias, na Rússia de Putin, já não deveriam ser Paris nem Porto, mas sim Pyongyang e Pequim “. Já há países da Europa a boicotar turistas russos!

A impressão que se tem ao observar-se o activismo leviano dos nossos políticos em relação à Rússia e aos EUA é a de nos encontrarmos orientados por jacobinos ao serviço de poderes anónimos. A EU em vez de tentar resolver os problemas actuais, como interesseiramente faz a Turquia em relação à Europa e à Rússia, parece apenas estar interessada em humilhar a Rússia e os russos e em prejudicar a Europa.

Seria fatal impor uma proibição de visto aos turistas russos. Na Europa, (UE) pós ataque de Putin na Ucrânia, observamos uma política governamental que é principalmente ideológica em vez de se basear na ciência e nos factos.

Nas análises e na narrativa ocidental observa-se massivamente a defesa da perspectiva americana (escondida a pretexto da OTAN) notando-se a ausência completa de uma perspectiva europeia.

Os incidentes na Ucrânia e o boicote económico devem ser colocados num contexto completo e correto, ao contrário do que tem acontecido até agora. A unilateralidade apenas leva a uma escalada da violência e a indignação ritual celebrada pelos media concorre para o emburrecimento das populações indefesas. A União Europeia transformou-se em moça de recados dos americanos e esqueceu-se de formular uma política sob o ponto de vista europeu, naturalmente com interesses próprios, e em questões de geoestratégia até possivelmente contrárias aos dos EUA. A opinião pública ocidental tem sido orientada no sentido dos interesses dos EUA faltando a perspetiva europeia. Infelizmente também a Alemanha parece agora mais virada para o militarismo prussiano (ao serviço da OTAN e não da Europa), o que se revelará numa catástrofe para a Europa porque a Alemanha e a França seriam os únicos países capazes de levar a Europa a uma posição de defesa dos interesses europeus perante os interesses americanos. Os políticos americanos sob o ponto de vista dos EUA estão a fazer uma política inteligente na Europa em seu favor, instrumentalizando para isso também a OTAN.

O filósofo e escritor francês já previa a triste situação em que nos encontramos hoje: “A Europa aspira visivelmente a ser governada por uma comissão americana. Toda a sua política se dirige nesse sentido”. Bruxelas é de facto, cada vez menos europeia!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

Social:
Pin Share

TAMBÉM OS PREÇOS DOS ALIMENTOS SOBEM DRAMATICAMENTE

Na Alemanha, os preços no produtor aumentaram 37,2% em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo informou o Instituto Federal de Estatística. Os retalhistas de produtos alimentares aproveitaram a oportunidade para aumentar os preços dos seus produtos alimentares. Muitos fabricantes escondem os aumentos, reduzindo a embalagem dos seus produtos e muitos dos compradores não notam que a sua embalagem familiar encolheu!

Os responsáveis por isto são os políticos europeus que declararam guerra económica à Rússia donde recebiam os produtos energéticos e matérias primas muito baratos. Devido a esta falta de concorrência os produtos encareceram mundialmente, também devido à especulação; interessante é que a Rússia ainda consegue ganhar mais dinheiro vendendo os seus produtos a outros países. Vende-os por exemplo à Índia, e como li no jornal há dias, a Índia vende-os aos EUA, etc.

A política descarrega a sua responsabilidade no cidadão.

Vai-se tendo a impressão de vivermos num mundo político cínico sem cara mas com grandes multidões de costas para a realidade dispostas a todo e qualquer abuso! Ai dos pobres e dos que pagam os enganos!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

Social:
Pin Share

MAIS SUICÍDIOS NAS FORÇAS ARMADAS ALEMÃS DO QUE MORTOS EM SERVIÇO

Dos Tabus ou Assuntos proibidos

Desde 1955 até 2022 morreram mais soldados alemães por suicídio do que no cumprimento do seu dever militar! Neste espaço de tempo suicidaram-se 3.973 soldados e em serviço morreram 3.300 (1).

Como se pode ver no Site das Forças Armadas alemãs, desde a fundação da Bundeswehr em 1955 morreram 3.3349 membros da Bundeswehr em serviço no cumprimento do seu dever, 116 dos quais em destacamentos no estrangeiro ou missões reconhecidas.

Mortos em serviço (3.349): de 1956 a 1959 total 231; 1960-1969 total 1153; 1970-1979 total 720; 1980-1989 total 425; 1990-1999 total 330; 2000-2009 total 344; 2010-2019 total 111; 2020-2021 total 45.

Mortos por suicídio (3.973): de 1957 a 1959: total 69; 1960-1969 total 631; 1970-1979 total 869; 1980-1989 total 835; 1990-1999 total 537; 2000-2009 total 822; 2010-2020 total 210.  24 suicídios deram-se em missão no estrangeiro (entre 1998 e 2020).

Tanta vida jovem tão cedo truncada. Tanta gente a autodestruir-se num mundo tão dedicado à destruição!

O fenómeno dos suicídios mereceria um estudo aprofundado sobre eventuais causas e medidas preventivas a serem tomadas em conta e um estudo comparativo sobre tais casos noutros países.

No mundo matam-se por ano cerca de um milhão de pessoas.

É bom que se fale sobre o assunto porque tabus e medos sociais podem servir de amplificadores dos problemas e muitas vezes encontram-se apenas ao serviço de terceiros. É preciso falar-se mais, sem preconceitos também sobre o suicídio em geral.

O suicídio em geral é também fruto de uma tragédia individual e uma cobrança que o morto deixa ao meio ambiente e à sociedade em geral.

Não se trata aqui de procurar culpas e muito menos ainda qualquer culpa individual; importante é pensar-se sobre o assunto no sentido de podermos estar mais atentos e melhor compreender. O suicídio é um problema complexo e multifactorial!

Há tanta gente ignorada e esquecida, tanta pessoa perdida no meio da multidão. O suicídio acontece num momento crítico da vida, em que o sentido se esvai; isto atinge tanta gente que quereria ser alguém, mas não encontra lugar para ser árvore erguida nem tão-pouco relva do chão. Há tanta gente a morrer com seus sentimentos e valores enterrados no seu interior; são pessoas exaustas fragilizadas que se encontram em situações que consideram de beco sem saída.

Geralmente o desejo de viver permanece, mesmo quando a vida já fumega; o problema é que muitas vezes não se nota a fumarada que vai na casa do vizinho. A dificultar tudo isto é que todos temos tanta coisa para dizer e tão pouco tempo disponível para ouvir! A dificultar a situação junta-se o facto de vivermos sob a pressão social de nos mostrarmos sempre de óptima saúde e bem-dispostos, como se na vida tudo corresse bem.

Precisamos de mais momentos de pausa, de mais circunstâncias para desabafar e também de estarmos atentos para podermos ouvir. Não há que ver o suicídio apenas como uma vida fracassada porque a razão dele está também numa soma de fracassos numa vida feita de si mesmo e das circunstâncias. O suicídio revela um problema de saúde pública (também de falta de sensibilidade social), porque o inclinado ao suicídio vive num sofrimento profundo sem esperança que alguém o aceite e compreenda e além disso há problemas sociais que prejudicam o bem-estar de cada um. Por vezes, o propenso a suicida prefere viver o silêncio do que ouvir possíveis conselhos e julgamentos. É uma situação muito complicada que tudo envolve.

Segundo estudos 90% dos suicídios em geral poderiam ser evitados.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) https://www.bundeswehr.de/de/ueber-die-bundeswehr/gedenken-tote-bundeswehr/todesfaelle-bundeswehr

Social:
Pin Share