Conversações de Paz em Riad: Um Novo Capítulo no Conflito Ucraniano?

As conversações de paz sobre o futuro da Ucrânia, iniciadas em Riad (18.02), marcam um momento crucial no conflito que já dura anos. A União Europeia e Kiev estão ausentes da mesa de negociações, o que reflete uma mudança significativa na dinâmica geopolítica em torno da guerra. Donald Trump, conhecido por sua abordagem pragmática, busca resultados concretos, distanciando-se do que considera “conversa fiada” à moda da UE. Esta postura contrasta com a de alguns países europeus que, ao apostarem exclusivamente na vitória militar, acabaram por marginalizar-se no processo de paz. Trump mostra-se mais respeitador da cultura comum à Europa e à Rússia do que os próprios corifeus de Bruxelas mais ligados a lobyismos  e ideologias velhas do que a uma consciência europeia.

A Ucrânia enfrenta desafios complexos. O presidente Volodymyr Zelensky, cujo mandato terminou, carece de legitimidade para assinar acordos de paz, o que complica ainda mais o cenário. Enquanto isso, a Rússia acusa a UE de querer prolongar o conflito, apesar de Moscovo demonstrar maior abertura para um acordo que garanta estabilidade e paz na região.

A reunião de Paris, que reuniu sete países com responsabilidade histórica no conflito, é sintomática desta dinâmica. Estes países, que se têm apresentado como os maiores interessados numa vitória ucraniana, têm sistematicamente bloqueado iniciativas de paz, como evidenciado nas negociações mediadas pela Turquia e outras. Este grupo de potências ocidentais parece mais interessado em legitimar a continuação do conflito do que em alcançar uma solução pacífica. Von der Leyen, Kaja Kallas e António Costa sofrem por serem arredados das conversações, mas só estão a colher o que semearam. Não foram eleitos e revelam-se o fruto de conluios e TVs e Trump sabe disso!

É fundamental compreender que esta guerra vai além de um conflito local, como demonstra a reunião entre os parceiros do conflito reunidos em Riad na busca de uma solução para a guerra; trata-se de uma disputa geopolítica de grande escala, na qual a Ucrânia tem sido usada como peão num jogo de interesses globais. As ricas terras ucranianas, há muito cobiçadas por corporações ocidentais, tornaram-se o palco deste confronto. Empresas americanas, alemãs e de outras potências já operavam na região antes mesmo da escalada do conflito.

A retórica política tem sido marcada por uma polarização perigosa quando a extrema-direita se tem declarado por soluções diplomáticas. Grupos ligados à esquerda progressista recorrem ao termo “extrema-direita” como forma de deslegitimação política, enquanto praticam um extremismo ideológico que é mais preocupante porque já instalado nas diferentes instituições estatais na sequência da revolução cultural de 68.

Neste contexto, as conversações de paz em Riad representam uma oportunidade única para redefinir a abordagem ao conflito ucraniano. A busca por uma solução geoestratégica, que transcenda interesses locais e globais, é essencial para alcançar uma paz duradoura. A comunidade internacional deve priorizar o diálogo e a cooperação, evitando a polarização e o extremismo que só servem para prolongar o sofrimento do povo ucraniano e sobrecarregar a população da Europa..

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

14 comentários em “Conversações de Paz em Riad: Um Novo Capítulo no Conflito Ucraniano?”

  1. António Cunha Duarte Justo, muito bem absorvida a narrativa absurda e completamente falsa de Putin, um ex-membro dos serviços secretos soviéticos e por conseguinte um mentiroso, um torcionário e um assassino, muitos parabéns!
    Só que ignora o detalhe da invasão russa da Ucrânia não provocada, o direito dos países a escolherem os seus aliados e alianças de forma soberana como bem entenderem, o desrespeito putinista pela lei internacional, pela Carta das Nações Unidas, pelas normas mais básicas de convivência pacífica entre as nações, a morte de centenas de milhares de militares e civis resultante da sua façanha imperial-fascista na Ucrânia, os mais de 13 milhões de refugiados e deslocados internos ucranianos, a terraplanagem de cidades inteiras à lei da bomba, o saque de recursos alheios, a negação da existência de um povo com uma identidade e cultura próprias, o sequestro de milhares de crianças, o mandato de busca sobre Putin emitido pelo TPI, o Memorando de Budapeste, etc, etc.
    E cinicamente, sem qualquer vergonha, o nosso António enche a boca com disparates como o de que a Rússia procura a “paz” (traduzindo: a capitulação ucraniana
    com a paz dos cemitérios), que Putin mostra abertura para um “acordo que permita relações estáveis e pacíficas na região” (absoluto delírio), e atribui aos países europeus reunidos em Paris a “responsabilidade histórica no desencadear deste conflito” (brada aos céus tamanho disparate). Se o ridículo fosse música, este chorrilho de aldrabices seria uma orquestra sinfónica… o nosso António deve viver noutro planeta ou pensar que os outros comem banha da cobra ou papam gelados com a testa.
    O nosso António, apreciador de Venturas, Trumps & similares, é infelizmente apenas mais um triste exemplo de como comunismo e fascismo é tudo vinho da mesma pipa, cara e coroa da mesma moeda imunda. Porque vemos a extrema-esquerda e a extrema-direita irmanadas no apoio ao crápula do Kremlin e ao narcisista patológico da Casa Branca. Putinismo e trumpismo andam de braço dado e há quem odeie tanto a liberdade de que usufruie, que adoraria viver sobre a pata dum qualquer regime ditatorial
    Se o nosso António me suscita compaixão? Claro que sim.
    FB

  2. Pedro Luís Azevedo, agradeço o seu ponto de vista, embora discorde da forma como apresenta os seus argumentos, repleta de ataques pessoais e generalizações que pouco contribuem para um debate construtivo. Parece que o seu objetivo não é dialogar, mas sim desqualificar opiniões diferentes da sua. Isso, por si só, já revela uma certa fragilidade na sua argumentação.
    Quanto ao conteúdo da sua mensagem, é importante lembrar que a história não começa em 2022. A crise na Ucrânia tem raízes profundas e complexas, que incluem, sim, a interferência externa de potências como os EUA e a UE em assuntos internos ucranianos, como o apoio ao movimento do Euromaidan em 2014, que resultou na deposição de um presidente eleito. Isso não justifica a invasão russa de 2022, mas ajuda a entender o contexto mais amplo em que ela ocorreu. Ignorar esses eventos é simplificar demais uma situação extremamente complexa.
    Você menciona o direito dos países de escolherem suas alianças, o que é válido, mas esquece que a expansão da OTAN para o leste, apesar de promessas contrárias feitas no final da Guerra Fria, foi vista pela Rússia como uma ameaça direta à sua segurança. Isso não justifica ações militares, mas é um fator que não pode ser ignorado ao analisar as motivações por trás do conflito.
    Quanto às acusações de “imperialismo fascista” e “guerra não provocada”, é importante lembrar que a Rússia não age num vácuo. A guerra civil no Donbass, que começou em 2014, e o tratamento dado às populações de língua russa na Ucrânia foram fatores que contribuíram para a escalada do conflito. Novamente, isso não justifica a invasão, mas ajuda a entender por que a Rússia agiu como agiu.
    Sobre o Memorando de Budapeste, é curioso que você o mencione, já que ele foi violado por todas as partes envolvidas, incluindo a Ucrânia, que não cumpriu com suas obrigações de garantir os direitos das minorias russas no país.
    Quanto ao seu tom agressivo e às acusações de que eu estaria “absorvendo a narrativa de Putin”, gostaria de lembrar que questionar a narrativa ocidental dominante não significa apoiar automaticamente a Rússia. A verdade raramente é preto no branco, e é possível criticar ambos os lados de um conflito sem ser rotulado de “apoiador de ditadores”.
    Por fim, a sua tentativa de me associar a figuras como Trump ou Ventura é um claro exemplo de falácia ad hominem, que busca desqualificar o interlocutor em vez de refutar seus argumentos. Isso só enfraquece a sua posição.
    Se o objetivo é realmente discutir o conflito na Ucrânia, sugiro que nos concentremos nos fatos e nas nuances, em vez de recorrer a ataques pessoais e simplificações. A complexidade da situação exige um debate sério e informado, não trocas de insultos. Não chega a formação ad hoc que os media comprometidos lhe fornecem.
    Com os meus melhores cumprimentos…

  3. António Cunha Duarte Justo, Pronto você escreveu muito, mas acertou pouco quem invadiu a Ucrânia e destruiu foi o criminoso do Putin e ponto.

  4. Costa Alves , agradeço o seu comentário, embora ele pareça reduzir uma questão extremamente complexa a uma simples afirmação de “certo” ou “errado”. Concordo que a invasão russa da Ucrânia em 2022 foi um ato ilegal e moralmente condenável, e não há justificativa para a violência e destruição que se seguiram. No entanto, reduzir toda a crise a “Putin é o criminoso e ponto” ignora o contexto histórico e geopolítico que levou a esse conflito.
    A história não começa em 2022. A Ucrânia, como nação independente, tem enfrentado desafios internos e externos desde o colapso da União Soviética. A interferência de potências estrangeiras, como os EUA e a UE, em assuntos internos ucranianos, incluindo o apoio ao Euromaidan em 2014 e a subsequente deposição de um presidente eleito, contribuiu para a polarização do país e o agravamento das tensões regionais. Isso não justifica a invasão russa, mas ajuda a entender por que o conflito escalou da maneira que escalou.
    Além disso, a expansão da OTAN para o leste, apesar de promessas contrárias feitas no final da Guerra Fria, foi vista pela Rússia como uma ameaça direta à sua segurança. Novamente, isso não justifica ações militares, mas é um fator que não pode ser ignorado ao analisar as motivações por trás do conflito.
    A guerra civil no Donbass, que começou em 2014 e provocou 13.000 mortos civis e 4.000 militares (não é referidas por estarem envolvidos os interesses da NATO/EU), e o tratamento dado às populações de língua russa na Ucrânia também foram fatores que contribuíram para a escalada do conflito. Ignorar esses elementos é simplificar demais uma situação extremamente complexa.
    Em resumo, condenar a invasão russa é justo e necessário, mas é igualmente importante entender as causas profundas do conflito para evitar que erros semelhantes sejam cometidos no futuro. Reduzir tudo a “Putin é o criminoso e ponto” pode ser satisfatório emocionalmente, mas não contribui para uma compreensão mais profunda da situação nem para a busca de soluções duradouras.

  5. “A LUTA FUTURA É ENTRE A MENTIRA E A VERDADE”, a isto parece querer reduzir-se o discurso de uma velha Europa antigamente alimentada pelo imperialismo económico e agora a querer continuar numa nova fase de imperialismo mental e como normal em posse da verdade e na tática de querer impor os critérios de verdade! Quanto a Trump, em vez de nos deixarmos levar pelas emoções do momento devidas a uma sociedade habituada a viver de uma estratégia de hipocrisia, demos-lhe cem dias para podermos analisar os aspectos positivos e negativos que ele implementa. Do slogan inicial tem vivido muito boa gente à custa do menosprezo da verdade.

  6. António Cunha Duarte Justo, começo a duvidar muito das tuas dúvidas, sobretudo em relação à verdade e à mentira. Embora não tenha afirmado que a Europa nunca mentiu. Mas também fico com a impressão que não te bastou o primeiro “Reinado” do Trump! O que aprendeste, para ter que lhe dar ainda mais cem dias? Ainda duvídas?

  7. Manuel Campos ,caro amigo, agradeço o teu comentário, embora note que ele está mais focado em questionar as minhas intenções e opiniões do que em debater ideias. Parece que, para ti, a dúvida e a reflexão são sinais de fraqueza, enquanto eu as vejo como ferramentas essenciais para uma análise crítica e equilibrada. A verdade raramente é absoluta, e é saudável questionar narrativas dominantes, sejam elas de que lado forem.
    Quanto ao Trump, não sou nem nunca fui apologista dele, mas acredito que é importante analisar qualquer líder político com isenção, separando o que são factos do que são emoções ou preconceitos. O meu ponto sobre “dar-lhe cem dias” era precisamente esse: em vez de nos deixarmos levar por reações emocionais imediatas, devemos avaliar as ações concretas de um líder, sejam elas positivas ou negativas. Isso não significa apoiá-lo cegamente, mas sim evitar julgamentos precipitados.
    Quanto à Europa, não nego os seus valores e conquistas, mas também não ignoro o seu histórico de imperialismo económico e cultural, que continua a influenciar as suas políticas atuais, embora de maneira mais refinada. A ideia de que a Europa detém o monopólio da verdade é, no mínimo, ingénua. A história mostra-nos que todas as potências, sem exceção, cometem erros e têm os seus momentos de hipocrisia. Reconhecer isso não é ser anti-europeu, mas sim realista.
    Em relação ao PS, respeito a tua militância, mas a política não deve ser um campo de batalha entre “nós” e “eles”. A verdade e a mentira não são propriedade de nenhum partido ou ideologia. A luta futura, como referi, não deve ser entre bandos opostos, mas sim entre o pensamento crítico e o dogmatismo, entre a reflexão e o fanatismo.
    Se a minha dúvida te incomoda, talvez seja porque ela desafia certezas absolutas que, no fundo, todos devemos questionar. A verdade não é um slogan, mas sim um processo contínuo de busca e análise. E é nesse espírito que continuarei a refletir e a debater, sempre com respeito pelas opiniões alheias, mesmo quando divergentes.
    Com um cordial abraço, António Cunha Duarte Justo

  8. Após os cem dias de governo do Tea Party,os politicos medíocres europeus actuais vão beijar a mão, como é tradição aos amigos americanos,sejam eles Democratas ou Republicanos.Pela parte da Alemanha a comitiva será comandada pelo novo Kanzler eleito no próximo domingo de Merz.O resto é para enganar os menos atentos.

  9. Manuel Adaes , exactamente! Sem sentido da própria dignidade nem da dignidade de uma Europa consciente de si. O oportunismo e a hipocrisia mandam muito! Bruxelas é o melhor exemplo! Sem qualquer projecto respeitador da tradição europeia e da Europa vivem do encosto e de relações comprometidas e comprometedoras que apenas veem o próprio interesse económico e ideológico imediatos e sem uma ideia da realidade de um mundo que se encontra a passar da hegemonia monopolar americana para um mundo multipolar que também Trump defende, apesar do seu nacionalismo devido a um globalismo liberal que atafegava culturas e regiões. Felizmente os Boys americanos vieram puxar as orelhas aos europeus, mas devido à sua tradição jacobina fecharam-se em si em vez de se aproveitarem do que os americanos também possam trazer de bem.

  10. A oligarquia de Bruxelas seguindo e impondo agendas com a sua guerra económica e cultural à Rússia revela-se agora como verdadeiramente míope prosseguindo o preconceito primitivo anti russo e aos interesses próprios das riquezas de solo ucraniano. Trump revela-se mais europeu do que a União Europeia ao reconhecer que a Rússia também faz parte da Europas e da velha cultura europeia que tornou grande a Europa. A EU está corrompida da cabeça até aos pés e nesta guerra em vez de se interessar por conversações de paz quis afirmar-se como guerreira e deste modo vir a ter o fim que os países aliados tiveram no Afeganistão

  11. António Cunha Duarte Justo mas só analisar, analisar, tirar conclusões e continuar a analisar, também não leva a lado nenhum, além de nos sentirmos sempre actualizados. É como aquela máxima, + ou – assim: “os filósofos até agora só se preocuparam em analisar o mundo, nós queremos transformá-lo”

  12. Arménio Fortunato , compreendo bem o seu ponto de vista. No entanto, creio que a ação verdadeira tem a sua raiz no pensamento. Vivemos numa sociedade onde o discurso dominante – tanto político como mediático – é fortemente emocional e pós-factual, levando muitos a pensar em termos binários, sem espaço para a reflexão crítica.
    A minha intenção ao escrever não é que os outros sigam o meu pensamento, mas que encontrem nele um estímulo para pensar por si próprios. O mundo não se transforma apenas pela ação impensada, mas pelo pensamento que fundamenta e orienta essa ação. Como bem sabem as elites, quem domina o pensamento tem o verdadeiro poder sobre a sociedade, e a isto têm os cidadãos de estarem muito atentos.
    Por isso, não vejo a reflexão como um entrave à mudança, mas sim como o seu alicerce mais sólido, e para tal é importante reconhecer a verdade que se encontra nos diferentes polos e ter a humildade de reconhecê-la, para melhor poder servir toda a sociedade.

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