OCIDENTE EM RETIRADA DA REPÚBLICA DO MALI COMO ACONTECEU NO AFEGANISTÃO?

 

A República de Mali, ex-colónia francesa com uma população de 20 milhões de habitantes (2021) dos quais 80% muçulmanos sunitas e 10 % cristãos encontra-se em situação de segurança muito tensa devido a islamistas militantes realizam repetidamente ataques e fazem reféns desde 2013 principalmente no Norte, mas donde foram repelidos devido à ajuda das tropas francesas. A agricultura, a exploração mineira e a exportação de matérias-primas como ouro e o algodão são as pedras angulares da economia maliense. O Mali é um país de trânsito para os refugiados africanos a caminho da Europa. Os grupos terroristas Estado Islâmico e Al-Qaeda e diferentes ramificações estão muito activos também no Mali.

O Ocidente quer defender regiões geopoliticamente importantes para si próprio e desalojar os inimigos da democracia. No Mali, encontra-se, por um lado, o terrorismo islâmico em acção e, por outro, a Junta militar está aliada com o grupo de mercenários russos “Wagner”. Isto já faz lembrar a accão paralela dos bandeiristas ucranianos contra a Rússia.

O Ocidente já começou a retirar-se do Mali; os franceses, depois de nove anos, retiraram os soldados da sua operação antiterrorista no Mali, mas pretende permanecer envolvido na região do Sahel. Na passada sexta-feira, também as Forças Armadas alemãs suspenderam o seu destacamento no Mali até nova ordem porque o governo maliense proibiu os direitos de sobrevoo no território. O Ocidente carece de forças aliadas no país. Por outro lado, o terrorismo islâmico revela-se como uma das mais eficientes estratégias de expansão. O argumento que a estabilidade no Norte de África contribui para a segurança da Europa é a razão da participação das Forças Armadas alemãs na missão das Nações Unidas no Mali, tal como defende a doutrina da OTAN.

O Ocidente enfrenta agora o início de uma derrota no Mali, que se assemelha ao que aconteceu com os Talibãs no Afeganistão.

Com a evacuação das forças ocidentais, avista-se um cenário semelhante ao do Afeganistão, para as forças locais, tal como aconteceu com as forças afegãs colaboradoras da OTAN.

Para lá da luta islâmica, a China e a Rússia já estão prontas para exercer a sua influência. Também na África a polarização mundial se afirma até que ganhe a devida expressão também a força islâmica. A Europa está a pagar a factura do seu imperialismo e dos erros iniciados pelos EUA quando militarizaram o terrorismo islâmico para combater o comunismo no Afeganistão.  Em 1979, Jimmy Carter, com a “Operação Ciclone” enviou jihadistas árabes, membros da confraria dos Irmãos Muçulmanos para o Afeganistão(1). Entretanto militarizaram-se e encontram-se a operar em toda a África e não só!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) https://geopol.pt/2022/04/13/a-alianca-do-mi6-cia-e-os-banderistas/?amp=1&fbclid=IwAR3LOigsF93ayGrq1PjPmmcWRalXJa6i4K35UjWm0E2fnXdCFqfCUXIt-8o

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CHINA

O texto que coloco a seguir chama a atenção para um problema actual real e que hipoteca o nosso futuro. De facto, a China adquire a tecnologia das empresas estrangeiras, as matérias primas e coloca chineses no estrangeiro à frente das empresas, passando o seu estrangeiro a ser apenas consumidor.
Quando deixarão as potências de apostar na exploração? Assim justificam-se umas às outras com a desculpa que é só concorrência esquecendo que assim se eterniza a exploração dos mais fracos!
JÁ PENSOU COMO FICARÁ A CHINA DO FUTURO?
A China do Futuro e o Futuro é Hoje…
A verdade é que agora, tudo o que compramos é Made in China.
……..Eis um aviso para o futuro!
Mas quem liga para esse aviso?
Atualmente …. Ninguém!
Agora é só …aproveitar E APROVEITAR …!
E depois como será para os nossos filhos?
Luciano Pires é diretor de marketing da Dana e profissional de comunicação e avisa:
Alguns conhecidos voltaram da China impressionados.
Um determinado produto que o Brasil fabrica em um milhão de unidades, uma só fábrica chinesa produz quarenta milhões…
A qualidade já é equivalente.
E a velocidade de reação é impressionante.
Os chineses colocam qualquer produto no mercado em questão de semanas….
Com preços que são uma fração dos praticados aqui.
Uma das fábricas está de mudança para o interior, pois os salários da região onde está instalada estão altos demais: 100 dólares.
Um operário brasileiro equivalente ganha 300 dólares no mínimo que acrescidos de impostos e benefícios representam quase 600 dólares.
Quando comparados com os 100 dólares dos chineses, que recebem praticamente zero benefícios…. estamos perante uma escravatura amarela e alimentando-a.…
Horas extraordinárias? Na China…? Esqueça!!!
O pessoal por lá é tão agradecido por ter um emprego que trabalha horas extras sabendo que não vão receber nada por isso…
Atrás dessa “postura” está a grande armadilha chinesa.
Não se trata de uma estratégia comercial, mas sim de uma estratégia de “poder” para ganhar o mercado ocidental.
Os chineses estão tirando proveito da atitude dos ‘marqueteiros’ ocidentais, que preferem terceirizar a produção ficando apenas com o que ela “agrega de valor”: a marca.
Dificilmente você adquire atualmente nas grandes redes comerciais dos Estados Unidos da América um produto “made in USA”. É tudo “made in China”, com rótulo estadunidense.
As empresas ganham rios de dinheiro comprando dos chineses por centavos e vendendo por centenas de dólares…
Apenas lhes interessa o lucro imediato e a qualquer preço.
Mesmo ao custo do fechamento das suas fábricas e do brutal desemprego.
É o que se pode chamar de “estratégia preçonhenta”.
Enquanto os ocidentais terceirizam as táticas e ganham no curto prazo, a China assimila essas táticas, cria unidades produtivas de alta performance, para dominar no longo prazo.
Enquanto as grandes potências mercadológicas que ficam com as marcas, com o design…suas grifes, os chineses estão ficando com a produção, assistindo, estimulando e contribuindo para o desmantelamento dos já poucos parques industriais ocidentais.
Em breve, por exemplo, já não haverá mais fábricas de tênis ou de calçados pelo mundo ocidental. Só haverá na China.
Então, num futuro próximo veremos os produtos chineses aumentando os seus preços, produzindo um “choque da manufatura”, como aconteceu com o choque petrolífero nos anos setenta. Aí já será tarde de mais.
Então o mundo perceberá que reerguer as suas fábricas terá um custo proibitivo e irá render-se ao poderio chinês.
Perceberá que alimentou um enorme dragão e acabou refém do mesmo.
Dragão este que aumentará gradativamente seus preços, já que será ele quem ditará as novas leis de mercado, pois será quem manda, pois terá o monopólio da produção. .
Sendo ela e apenas ela quem possuirá as fábricas, inventários e empregos é quem vai regular os mercados e não os “peçonhentos”.
Iremos, nós e os nossos filhos, netos… assistir a uma inversão das regras do jogo atual que terão nas economias ocidentais o impacto de uma bomba atômica… chinesa.
Nessa altura em que o mundo ocidental acordar será muito tarde.
Nesse dia, os executivos “preçonhentos” olharão tristemente para os esqueletos das suas antigas fábricas, para os técnicos aposentados jogando baralho na praça da esquina, e chorarão sobre as sucatas dos seus parques fabris desmontados.
E então lembrarão, com muita saudade, do tempo em que ganharam dinheiro comprando “balatinho dos esclavos” chineses, vendendo caro suas “marcas- grifes” aos seus conterrâneos.
E então, entristecidos, abrirão suas “marmitas” e almoçarão as suas marcas que já deixaram de ser moda e, por isso, deixaram de ser poderosas pois foram todas copiadas….
REFLITAM E COMECEM A COMPRAR – JÁ – OS PRODUTOS DE FABRICAÇÃO NACIONAL, FOMENTANDO O EMPREGO EM SEU PAÍS, PELA SOBREVIVENCIA DO SEU AMIGO, DO SEU VIZINHO E ATÉ MESMO DA SUA PRÓPRIA… E DE SEUS DESCENDENTES.
Não valorize apenas preço e qualidade!
Valorizem o produto nacional!
Influencie outros a mudarem seus conceitos como consumidor!
Pense num futuro próximo (2 a 5 anos)!
“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons…”
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PASTAGENS SÓ PARA OLHARES MASCULINOS?

Nas piscinas da cidade de Götingen, Alemanha, as mulheres podem andar com a parte superior do corpo livre (topless).

Os responsáveis políticos decidiram que já era tempo de tratamento igual para homens e mulheres em banhos e natação. Desde Maio, é permitido às mulheres andar nas piscinas públicas com o corpo ao léu da cinta para cima, tal como os homens!

A regulamentação parece revelar-se apropriada atendendo às medidas de distanciamento Corona e a uma certa vontade política de compensação dos cortes de liberdades que tinham tirado ao cidadão!!!

Esta medida poderá trazer consigo um certo descontentamento e tratamento desigual; dá motivo a mulheres para criticarem, não só homens que fiquem de olhar dependurado nos seios delas mas até para aqueles que olham inocentemente!…

As autoridades revelam ter pensado tudo só com a cabeça! Caíram na asneira de quererem criar igualdade e justiça onde tudo é desigual e complementar! A injustiça permanece na natureza pois ao criarem um alívio para mulheres e um estímulo para homens esqueceram-se de criar um incentivo para mulheres! Mas aqui o movimento Gender não intervirá, certamente!

Pelos vistos, estas questões Gender só fazem perder a cabeça (1)!

Nisto de modas é melhor manter a cabeça fria! Basta lembrar que quando começou o uso do Bikini, este provocou efeitos radioativos semelhantes aos de uma bomba atómica!!!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

(1) A cidade é considerada crítica, de espírito aberto e tolerante.

As administrações das piscinas públicas pensavam que com doces de olhos para homens aumentassem bastante a clientela; mas as contas não saíram certas até porque apenas poucas fazem uso desta liberdade.

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PORTUGAL SIGNO DO DESENVOLVIMENTO E DA DECADÊNCIA DA EUROPA

Só um Portugal-Espanha unidos e empenhados com as antigas colónias conseguirão afirmar-se

A Europa global começou em Portugal e acabou em Portugal. O globalismo atual já não se baseia em identidades nacionais, mas em grupos de interesses económicos e ideológicos com estratégias globais.

As potências mundiais do futuro, atendendo às novas tecnologias, afirmar-se-ão através do ar e do mar! Os EUA, a China e a Rússia já estão muito activos também no domínio dos oceanos sem que os Países Lusófonos estejam atentos ao que isso significa para o seu futuro. Uma das surpresas com que se poderão ver confrontados seria a das grandes  potências virem a usar a mesma estratégia que as potências europeias usaram no século XIX na Conferência de Berlim onde transformaram o direito colonial histórico às regiões de África em direito de ocupação efectiva (militar), o que prejudicou Portugal e favoreceu as potências bélicas surgentes e continuou a manter a África no servilismo. O mesmo poderia acontecer em relação aos direitos dos países marítimos no que toca ao seu direito às correspondentes zonas marítimas! A consequência seria que estes países, uma vez estabilizadas as suas fronteiras naturais se empenhassem sobretudo na defesa dos seus mares e numa estratégia de agrupamento baseada em afinidades culturais e históricas.

Portugal foi o país que transformou a história europeia em história mundial, passando, a partir de então, a Europa a determinar o destino de outros povos, ao deixar de estar ocupada com ela mesma e em torno do Mediterrâneo; com os “Descobrimentos” passou a abrir-se aos grandes oceanos e continentes; Portugal foi também o primeiro país que alargou as suas fronteiras fora da Europa (Ceuta 1415) numa reacção oposta à muçulmana.

Quase enigmático torna-se o facto de Portugal ter sido a primeira potência colonial da Europa, e a sua última…  Portugal era demasiado pequeno para a global empresa que iniciou e enfraquecia à medida que outras potências europeias disputavam o comércio dos produtos e matérias primas que a Europa não tinha. Assim Portugal tornou-se em país semicolonial a partir de 1890 devido ao “ultimato” inglês, na sequência do qual teve de ceder a Rodésia (mapa cor-de-rosa!) à Inglaterra (efeitos da Conferência de Berlim que dava resposta ao desejo imperialista de alguns países europeus); a crise do mapa cor-de-rosa apressou em Portugal a passagem do sistema monárquico para o republicano! Salazar ao ver Portugal a perder a terra debaixo dos seus pés, numa reacção de fuga ao real (luta imperialista entre União Soviética e EUA), ainda se lembrou de considerar Portugal como o último bastião do Ocidente (na velha vertente da europa das nações): esquecera-se que o proselitismo religioso que motivara a presença da Europa no mundo tinha passado a ser  substituído pelo proselitismo socialista fomentador de uma nova ordem mundial (imperialismo bipolar) a afirmar-se a partir da primeira guerra mundial ao lado de um capitalismo a reformular-se. A ideia de Salazar revelou-se como retrógrada ou como fuga, mas se considerada sob a situação das lutas imperialistas atuais poderia ser hoje uma mais valia no sentido de uma Europa e de uma África dignas de hoje. Isto na sequência de uma lógica ainda de perspectiva europeia, que na altura já se encontrava a perder!

Preferimos então continuar as pegadas na nuvem do sonho, aquela evasão tão característica do ideário português que devido a tanto sonho de olhar fixo no longe se esquece de olhar e construir a realidade concreta que fica à frente do próprio olhar (É verdade que então as potências europeias andavam demasiadamente ocupadas consigo mesmas (também na sua reconstrução pós-guerra) impedindo-as de perceberem o que  acontecia em torno de Moscovo e de Washington em termos de geopolítica mundial e o que verdadeiramente se passava nas colónias portuguesas).  Aqui, Portugal deixou de expressar o caminho da Europa para se perder numa visão política idealista longe de qualquer realismo e contexto histórico para seguir as pegadas de Moscovo (25 de Abril e apressada descolonização); entretanto Moscovo caíra (1991) e Portugal com a Europa seguiram os deuses bárbaros a imperar no Olimpo de Bruxelas. Portugal deveria abandonar a sua política de subsistência e reflectir a sua realidade (ibérica) que não é meramente europeia (para lá dos Pireneus) mas também oceânica e com a Espanha e os antigos países de língua lusa e espanhola se prepararem para uma nova ordem mundial em processo. Há que, no meio da luta assanhada entre os novos imperialismos, não se deixar levar apenas pela enxurrada das potências em litígio para se defenderem também  objetivos regionais políticos no sentido de uma política de concepção ibérica (não nacionalista) em união com os povos acabados de se libertar do colonialismo europeu (doutro modo poderão passar todos a sofrer sob o novo imperialismo mental e militar agora a reformular-se).

Já Camões se lamentava de uma característica de um povo poético (Portugal) que se afundaria em “tristeza, ganância e tédio”! De facto, no seu modo específico de ser, Portugal construiu “um mundo português”, um Portugal onde cabia o mundo, mas onde, como parte, desaparece, também por ser tão pequenino. Ficou a tristeza, a ganância e o tédio, hoje cuidados por uma plêiade decadente de tecnocratas novos-ricos virados para o Olimpo de Bruxelas descuidando os interesses de uma península ibérica e seus empenhamentos com os seus irmão além-mar! No sentido luso em vez de nos metermos em politiquices ideológicas com o Brasil (como fez Rebelo de Sousa, na última visita ao Brasil) seria chegada a hora de o apoiar na empresa de se afirmar na América latina (independentemente de os ventos ideológicos soprarem do ocidente ou do oriente).

Com o 25 de Abril comprimiu-se Portugal e a Europa, passando estes a recolher-se para dar passagem a novas potências! Pena é o tal mundo português ter voltado – sozinho sem os lusófonos – apenas à periferia de uma União Europeia que, por miopia, lhe estreita a visão obrigando-o a não se aproveitar do mar, aquilo que tem em abundância (a tristeza, o tédio e a ganância levam-no a não se preocupar suficientemente pela construção de um mundo luso): se uma Alemanha se preocupa por fomentar os povos vizinhos a leste porque não se preocupa a Europa latina por enriquecer os povos vizinhos africanos e Portugal-Brasil-Angola por favorecer os países lusófonos?

Ao velho realismo da ínclita geração e ao proselitismo de outrora sucedeu-se o oportunismo político e a indiferença empacotada no politicamente correcto. Para sair deste marasma terá de se voltar para o mar (não contra a Europa  mas como expressão dela), falar menos de Caravelas, de gaivotas e de rosas do vento, para se virar para a realidade de afazeres terrenos que o envolve e ao mesmo tempo não perder o ideal e a missão de outrora, aquele sonho-vida que, por pouco tempo, tornou Portugal grande. Não chega continuar a perder-se no sonho dando-se ao fado rotineiro de repetir o seu “destino” de produzir “navegadores” e emigrantes!…

É de observar que no destino de Portugal se espelha o reduzir da Europa já não a descobrir, mas a ser descoberta e querida sobretudo por aquilo que tem de transitório. 

Antes da primeira guerra mundial tínhamos a Europa das nações que dominava 90% do mundo (colonialismo motivado sobretudo por razões económico-comerciais) + imperialismo (motivado por razões económico-expansionistas); com a primeira guerra mundial inicia-se a passagem do poder das potências nacionais europeias para a grande potência surgente Estados Unidos; numa perspectiva europeia as guerras deixavam de ser europeias para se tornarem mundiais. Da segunda Guerra Mundial estabiliza-se o mundo dividido em dois blocos rivais: o dos EUA com o capitalismo e o da União Soviética com o socialismo (1). Neste espaço de tempo a Europa vai-se autodestruindo politicamente internando nela social e culturalmente o materialismo da luta socialista marxista e do capitalismo, de maneira antagónica; a Europa entra assim em contradição consigo mesma, o que a leva a deixar de existir como grandeza global. Simultaneamente vai perdendo o seu caracter latino ter passado a apoiar em África a autodestruição do seu poderio colonial que então, na África ainda disponível, passou a ser disputado entre a União Soviética (socialismo) e os USA (capitalismo); entretanto o Islão vota a acordar sendo de compreender o esforço do Irão por adquirir as armas nucleares.

O modo como Portugal (símbolo da Europa) cedeu as suas colónias ao socialismo é o melhor sinal  indicativo de uma Europa então já decadente e fraca (já sem valores ancorados na tradição), com ideais e valores apenas de caracter jurídico-mental e, politicamente sem tino, dividida entre os interesses do imperialismo socialista e os interesses do imperialismo capitalista anglo-americano, não elaborou um modelo de mundivisão humanista, democrático e solidário entre seus povos e vizinhos para se deixar levar na onda do poder mundial bipolar (socialista e capitalista) em vez de criar um modelo inclusivo dos dois, como elementos complementares onde a fraternidade e o povo sejam o ponto de partida e o ponto de chegada. Um sintoma do que se passa é a guerra económica que a Europa iniciou contra a Rússia deixando-se levar pela narrativa americana nos nossos Media que conseguiu, com eficácia, apagar a imaginação do povo europeu e deste modo apagar-lhe o espaço para a esperança de um agir próprio.

 Não quer isto dizer que se tivesse de ser contra a independência das colónias, pelo contrário, mas que o seu processo de independência tivesse sido também um empenho de Portugal e de toda a Europa numa visão de estratégica libertadora comum. O destino da Europa deveria ser comum ao da Rússia, África e das Américas, mas os imperialismos dos EUA e da Rússia obstaculizaram o caminho. E agora, numa altura em que as potências mundiais se digladiam deveria ser chegada a hora de uma Europa renovada assumir a missão de construir uma ordem mundial nova baseada não na contradição mas na inclusão complementar, com uma ética que parta da pessoa, e não da instituição (constantinismo), em termos de relação pessoal como preanunciado no modelo original cristão.

Portugal pode considerar-se como ponto charneira na mudança de matrizes do poder global! Foi-o com os descobrimentos e foi-o ao abandonar as “províncias ultramarinas” (fim do colonialismo nacionalista) ao imperialismo ideológico da União Soviética que se encontrava em concorrência com o imperialismo capitalista anglo-americano! Enquanto a esfera da União Soviética e dos EUA se alargavam, a das nações europeias estreitava. Portugal e a Europa, descuidaram-se em relação a Washington e Moscovo, abandonando a África obrigando-a a manter-se num empasse, enquanto na Europa num processo de entropia se ia perdendo o cunho latino (“romano”) e afirmando o espírito anglo-americano acompanhado pelo maçónico! Também a África e suas independências nacionais teriam merecido mais dedicação pelos interesses nativos e menos abandono a ideologias estranhas que também as subjugavam.

Portugal e a Europa deixam de existir como grandeza global ao autodestruir-se interna e culturalmente através de um socialismo materialista irreflectido e abdicando de si mesma para dar lugar à apropriação americana que exprime o cúmulo da sua alienação nos seus mercenários em Bruxelas julgados grandes por copiarem o que os USA ditam. A guerra económica contra a Rússia encherá compêndios (1).

Desde os anos 60 os EUA e a União Soviética esforçavam-se (através do fomento de instabilidades e aquisição de influência em zonas africanas) por ocupar o lugar deixado ou a deixar pelo colonialismo europeu. Os líderes africanos encontravam-se numa de orientação para o socialismo ou para o capitalismo. Entretanto, fizeram a experiência de que tanto o modelo americano como o modelo soviético não os ajudam. Entrementes, a China veio como mais um concorrente na tentativa de ganhar a África e já tem mais de 10.000 empresas em 46 estados africanos.

Não se trata agora de construir um mundo português, mas de reconhecer que na sua pequenez se poderia encontrar o mundo todo a descobrir-se em cada parte, podendo esta tornar-se a missão europeia. Primeiramente, porém, Portugal e Espanha teriam que se descobrir, politicamente, como unidade ibérica para redescobrirem a sua alma atlântica, de maneira a conciliarem o caracter doutrinal ocidental com o caracter pragmático oriental e assim iniciarem uma nova maneira de ser e estar mais baseada em compromissos do que em supremacias.

Cada época ou geração elabora a sua narrativa sem se dar conta que esta faz apenas parte de um género em que o passado é continuado de maneira mais ou menos latente no presente. O mal e o bem do passado encontram continuidade no mal e no bem do presente e nós ficamo-nos por contemplar as narrativas atacando o mal no passado para não ver o mal do presente. A colonização continua, sob outros pretextos, mas com as mesmas fundamentações. Da colonização dos territórios passou-se a investir mais na colonização das mentes: a discriminação permanece, só que mais refinada e escondida de maneira a não ser notada à primeira vista, mas a ser identificada em próximas gerações.

Só um Portugal-Espanha unidos e comprometidos irmãmente com as antigas colónias conseguirão afirmar-se na nova contextualização global a delinear-se. Doutro modo a Península Ibérica fica entalada entre o Atlântico e os Pireneus!

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

Pegadas do Tempo

 

(1) A implosão da União Soviética (1991) a que se sucedeu o globalismo (marca economia liberal) apressou depois o surgir económico da China no palco mundial.

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SIMBOLOGIA DO CAVALO DE TROIA

Na mitologia grega, o Cavalo de Troia é um símbolo da Guerra travada entre gregos e troianos. Os gregos para dominar os Troianos – na guerra que durava já 10 anos – tiveram uma ideia ardilosa, sugerida por Ulisses.

Construíram um cavalo grande em madeira para ser dado em oferta ao rei dos troianos, mas onde se encontravam 30 soldados gregos escondidos. Colocaram o cavalo às portas da cidade muralhada de Troia e os troianos, interpretando a oferta como sinal de rendição dos gregos, permitiram a sua entrada no interior da cidade.

Pela calada da noite, os soldados saíram do Cavalo e abriram os portões da cidade, o que permitiu que o exército grego entrasse. Estes destruíram Troia e puseram fim à guerra.

Com o estratagema do cavalo os gregos conseguiram aquilo que desejavam: vencer a guerra de Troia a partir de dentro. As guerras perpetram-se pela calada da noite e dentro do campo inimigo!

A história mitológica foi descrita por Homero na Ilíada e expressa a possibilitação da penetração dissimulada em território a adquirir.

O vírus cibernético “cavalo de Troia” também vence as defesas do computador e provoca os danos a partir de dentro!

Os Estados também usam os seus espiões e serviços secretos que servem de “cavalo troiano” para espionagem.

No caso da Ucrânia, depois de ter observado a situação criada na sociedade ucraniana a partir de 1991, sou levado a ter de afirmar que a Rússia e USA/OTAN desempenham o papel dos gregos como Cavalo Troiano. O mesmo se prepara em Taiwan onde os gregos são os EUA e a China!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

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