Esta é a segunda Páscoa confinada, com limitações e com inconvenientes fundamentais.
Vive-se prolongadamente a História da Paixão, na experiência da vida ameaçada e na espera de uma luz que se atrasa ou parece não querer chegar. A Páscoa traz uma dose de confiança como o Sol no amanhecer depois de uma noite talvez de insónias.
A falta de relacionamento com as pessoas e com a natureza leva à falta da ressonância do coração e do calor humano característio desta época, que muitas vezes se expressava no adro da vida na experiência especial do “Boas Festas Aleluia”!
É verdade que, com esta e com outras epidemias, surgem novos hábitos mas a bênção divina continuará.
Páscoa é vida na Esperança, é a vitória da vida sobre a morte, sobre o transitório, é a victória da luz sobre as trevas.
A ressurreição não é a continuação da vida anterior, mas uma transformação e mudança radical.
A Bíblia expressa essa experiência em imagens.
Temos a imagem do grão de trigo, da lagarta que se transforma em borboleta, temos a imagem das estações do ano, da alta e a baixa pressão atmosférica e psicológica que circunscrevem a vida e o clima.
Isto enquadra-se nas imagens que Paulo usava quando falava aos Coríntios constatando:
“Mas alguém pode perguntar: “Como ressuscitam os mortos? Com que espécie de corpo virão? ”
“Insensato! O que você semeia não nasce a não ser que morra.
Quando você semeia, não semeia o corpo que virá a ser, mas apenas uma simples semente, como de trigo ou de alguma outra coisa.
Mas Deus lhe dá um corpo, como determinou, e a cada espécie de semente dá seu corpo apropriado.
Nem toda carne é a mesma: os homens têm uma espécie de carne, os animais têm outra, as aves outra, e os peixes outra.
Há corpos celestes e há também corpos terrestres; mas o esplendor dos corpos celestes é um, e o dos corpos terrestres é outro.
Um é o esplendor do sol, outro o da lua, e outro o das estrelas; e as estrelas diferem em esplendor umas das outras.
Assim será com a ressurreição dos mortos. O corpo que é semeado é perecível e ressuscita imperecível;
é semeado em desonra e ressuscita em glória; é semeado em fraqueza e ressuscita em poder;
é semeado um corpo natural e ressuscita um corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual.”(1 Coríntios 15:35-44)
Valerá a pena ousar a esperança na Ressurreição ou, pelo menos, no milagre da mutação na natureza, uns e outros juntos, numa caminhada comum, mesmo que esta pareça demasiado curta.
Desejo para todos nós a energia da esperança e da confiança.
Boas Festas para todos, Aleluia!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo