Portugal ausente à Reunião
Portugal não participa na cimeira de urgência sobre a Ucrânia, realizada em Paris. Este encontro, longe de ser uma reunião da União Europeia (UE), parece mais um esforço de relações públicas dos países que desempenharam um papel decisivo no desenvolvimento do conflito ucraniano e que agora buscam lidar com as consequências de suas ações.
A reunião (17.02), que inclui principalmente Alemanha, França, Reino Unido e Polónia, não representa os interesses de todos os países europeus. Pelo contrário, reflete uma divisão dentro da UE, onde as nações centrais impõem suas agendas, muitas vezes em detrimento dos interesses das nações periféricas que conseguem comprar com algumas esmolas. A chamada “segurança europeia” parece ser, na realidade, uma discussão sobre o poder e a influência desses países, e não sobre o bem-estar coletivo da Europa.
É crucial que a Europa deixe de lado as disputas internas e se concentre em fortalecer sua economia, defesa militar e cultura. A atual elite política, demasiadamente focada em seus próprios interesses, tem negligenciado esses aspectos fundamentais. Em vez de gastar energia em reuniões que pouco contribuem para a paz e a estabilidade, (e mais para enrolar a opinião pública) os países europeus deveriam trabalhar juntos para construir uma Europa mais resiliente e unida, capaz de enfrentar os desafios do futuro sem depender de agendas particulares de poucos. Porém perante a fortaleza inabalável de algumas potências europeias é importante que os mais marginais ou marginalizados se unam ou pelo menos manifestem o seu protesto como tem feito a Itália e alguns outros menos afectos à ideologia anglo-saxónica.
A verdadeira segurança europeia só será alcançada quando todos os países, independentemente de seu tamanho ou influência, tiverem voz ativa e seus interesses forem equitativamente considerados (e não como querem os grandes embora só o digam pela calada: tirar o direito a veto às nações da periferia). Até lá, reuniões como a de Paris continuarão a ser vistas como meras manobras políticas, distantes das reais necessidades do povo europeu e ucraniano.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo.