MORREU O PAPA “EUROPEU” EMÉRITO BENTO XVI

Uma Era chega ao Fim

Em 2022 morreram os dois maiores símbolos de uma sociedade em vias de grandes mudanças: o Papa Bento XVI com 95 anos e a Rainha Elisabeth, monarca do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, com 96 anos.

Neste mundo em crise de mudança debatem-se dois tipos de sociedade de maneira facciosa. O ano 2023 talvez consiga tornar-se em fundamento para uma nova era de paz em que se inicie uma estratégia de vida não fundamentada em vencedores e vencidos nem na fixação de posições maniqueias.

O emérito Papa, de perfil claro, revelou-se sempre contra a arbitrariedade e o relativismo dominante do pensar politicamente correcto do espírito do tempo. Ele anunciou o evangelho em tempo oportuno e inoportuno. Como guardião da fé e do ensino da igreja nem sempre correspondeu a exigências de mudança principalmente em questões de moral sexual. Fica para o Papa Francisco a missão de mudar algumas estruturas na Igreja. Quanto ao problema de abusos sexuais dentro da Igreja pediu perdão por eles, mas não assumiu responsabilidade pessoal. No parecer das forças mais progressistas especialmente activistas na Alemanha, Bento XVI seguiu o espírito do papa João Paulo II na missão de adiar o Concílio Vaticano II. Bento XVI reabilitou em parte Lutero, mas não considerou a igreja evangélica como Igreja. Defendia a união em aspectos confessionais (para-liturgias em comum, etc.)  mas afirmava as diferenças de doutrina e por isso a não celebração em comum da eucaristia.

Na discussão atual há que estar-se atento para que uma igreja alemã mais centrada no racional não perca o outro aspecto essencial que é o caracter espiritual-místico da Igreja.

A sua iniciativa de abdicar do pontificado nos últimos dez anos ficará na História como uma cesura por, em parte, ter dessacralizado o papado, o que servirá de guia para outros papas.

Bento XVI foi um grande teólogo e um dos maiores intelectuais da Europa atual. Como grande erudito, também dominava oito línguas. Os seus livros são de recomendar pela oportunidade dos temas e pela clareza da sua linguagem que contribui para pessoas sem formação teológica poderem, mais facilmente, entrar no aspecto filosófico-místico e espiritual do catolicismo.

A liturgia da despedida será no dia 5 de janeiro onde se reunirão representantes de Estados de todo o mundo. Bento XVI é enterrado na galeria ao lado do papa João Paulo de II.

Conseguiu chamar a atenção para o núcleo da Boa Nova cristã: o amor e a fé, como mostrou a sua primeira encíclica “Deus é amor” (1).

Foi célebre o seu discurso no parlamento alemão (2) onde mostra os pilares da civilização ocidental e ao mesmo tempo se insurge contra o espírito político do tempo dizendo que o homem não é apenas uma liberdade que se cria por si própria; o homem não se cria a si mesmo; ele é espírito e vontade, mas é também natureza.

Na sua palestra científica na universidade de Ratisbona (3), Bento XVI revelou-se, na qualidade de pessoa entre as destacadas, como a personalidade mais corajosa da Europa.  Da reacção emotiva do mundo árabe à sua lição de Ratisbona em que também disse que “O sangue não agrada a Deus”, o Papa aprendeu que o seu cargo mais que científico é político. Soube, porém, manter-se firme sem desculpas, apesar da praxis hesitante dos que se orientam apenas pelo politicamente correcto, e encorajando os cientistas a não abdicarem perante o medo. Ele tem sido um exemplo de coragem e empenho também para a política.

Bento XVI manteve-se fiel ao seu conservadorismo não correspondendo ainda a muitas esperanças postas nele ao procurar defender a impermeabilidade da religião em relação ao espírito político do tempo.

Vivemos tempos muito ricos em que visões tradicionais e novas se devem complementar sem necessidade de se combaterem umas às outras. O novo não existe sem o velho.

A despedida do ano velho mostra que a visão da história permanecerá dividida!

 

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo

Pegadas do Tempo

 

(1) Encíclica em português: https://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_20051225_deus-caritas-est.html

(2) Um Dia Santo para a Natureza para os Animais e Plantas: https://antonio-justo.eu/?p=1945; Papa Bento XVI e os Sinais dos Tempos: https://antonio-justo.eu/?p=2442

(3) Em Ratisbona Bento XVI revelou-se o homem exposto mais corajoso da Europa: http://blog.comunidades.net/justo

BOM ANO 2023

Vamos todos investir no produto bruto interno da felicidade

Tantos desejos de boas festas e felicidades são o melhor indicativo da importância da felicidade de cada um. Neste sentido em 2023 vou pessoalmente fazer por ser feliz e substituir cada ideia negativa por uma ideia positiva de modo a não ficar no “ralenti” da sombra da vida (só com o motor a trabalhar) a vê-la passar de forma vertiginosa. Há coisas que não posso mudar fora mas talvez possa mudar dentro de mim procurando para isso experimentar um outro ângulo de visão.

Vou procurar sorrir mesmo quando apetece chorar; isto na esperança que o sorriso mesmo mecânico funcione como interruptor do centro emocional do cérebro activado positivamente pelos músculos faciais.

Vou tentar deixar as crises balançarem numa atitude otimista perante a vida, apesar de tudo, no sentido de um convívio de paz sem vencedores nem vencidos e sem qualquer estresse no sentido do positivo ou do negativo. Sei que caminhando com Deus vale a pena a caminhada mesmo quando ele pareça ausente.

Passo a referir o caso do “produto bruto da felicidade” como objectivo individual e nacional digno de ser atingido. No estado do Butão, no Himalaia, em vez do produto nacional interno bruto, é usada a felicidade nacional bruta como medida do sucesso do país.

No Butão o bem-estar da população, o produto bruto da felicidade é investigado e verificado por uma comissão de felicidade instituída.

A felicidade como produto interno é um objectivo pacífico que vale a pena pôr no orçamento individual e do Estado.

Desejo a todos a soberania da felicidade, aquela que nos coloca num estado de alegria comunicativa!

Um feliz 2023 à medida dos vossos sonhos e projectos com um produto bruto da felicidade muito elevado!

Um sorriso para todos!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

PORTUGAL NA CAUDA DA EUROPA A PRODUZIR MAIS RICOS E MUITOS POBRES

A República habituou-se a viver na e da Pobreza

Prodata (1) revelou que quase metade da população portuguesa é pobre! Há 4 milhões e 400 mil pobres em Portugal. No Link da nota (1) encontra-se bem diferenciada a questão. Na comparação dos 27 Estados-membros (UE27), só a Eslováquia apresenta maiores índices de pobreza ou exclusão social do que Portugal. “Portugal apresenta-se como o Estado-membro com maior aumento dos níveis de desigualdades de rendimento face ao inquérito anterior”.

1, 893 milhões de pessoas tiveram, em 2020, um rendimento disponível por adulto equivalente inferior a 554,42€/mês e cerca de 775 mil pessoas viviam com um rendimento mensal inferior a 369.67€.

Os dados relativos a 2021 referem que 2021 regista o maior aumento anual do risco de pobreza ou exclusão social verificado em Portugal desde 2005 e comparativamente foi mais elevado que os restantes países da UE.

Urge que as elites portuguesas se tornem mais solidárias e patriotas para se poder mudar o “destino português”!  A situação deve-se sobretudo  ao facto de um  vírus crónico se encontrar nas estruturas da República e contra este vírus não se procura vacina; no máximo dispõe-se de alguns remédios e placebos para um país pequeno onde os “infectados” se conhecem uns aos outros!!! Os seus louvadores para não terem de resolver o problema da pobreza atual preferem fazer postagens de uma miséria antiga, que ainda não mudou de rosto. O problema subjacente à pobreza ou exclusão social não se resolverá enquanto os beneficiados do sistema não contarem com os carenciados do lado que não usufruem da mesma sorte. Não nos tornamos melhores encobrindo as nossas misérias, mas sim sentindo-nos como povo e parceiros solidários. Empatia e solidariedade serão o melhor remédio contra o secular “destino português”. Isto corresponde a uma verdadeira pandemia política e social e um testemunho de pobreza para os nossos deputados que não estão conscientes do cancro que deveriam agarrar com as mãos e combater. Preferem mostrar-se grandes no estrangeiro empregando mais dinheiro em armas e ofertas à custa da pobreza da própria população! Esta, porque “bem-educada” não berra, tal como as estatísticas perdidas em esporádicas notícias.

Quanto à economia, Portugal é considerado um país rico por ter uma economia bem diversificada, baseada na iniciativa privada de empresas bem estruturadas, desde grandes multinacionais à pequenas empresas. Fica no ar a pergunta: Para quem produz a economia portuguesa?

Se olhamos para Portugal é notório o facto de produzir relativamente bastantes políticos para altos cargos internacionais. Certamente um motivo para distinção, mas também para nos questionarmos internamente!

Recorde-se Constâncio no Banco Central Europeu, Guterres como Chefe da ONU e Durão Barroso que preside agora à Aliança Global para as Vacinas!

Seria legítima a pergunta: Porque será que quem fracassa nos negócios de Estado em Portugal tem tanto sucesso no mundo? Será que os países ricos gostam dos Estados pobres?

De facto, a política portuguesa não consegue tirar Portugal do impasse económico em que sempre tem vivido, em relação a outras economias da Europa.

Portugueses emigram para melhorar o seu estado de vida e enriquecer outros povos e, por outro lado, políticos portugueses são chamados a ocupar cargos internacionais!

Será que o fracasso na gestão da política de Portugal é motivo de recomendação ou de prémio para os interesses internacionais?

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo:

(1) Observatório Nacional relatório 2022: https://www.eapn.pt/wp-content/uploads/2022/10/Pobreza-e-Exclusao-Social-em-Portugal-2022-REAPN05.pdf

SUBSÍDIO DE CIDADANIA PARA DESEMPREGADOS NA ALEMANA

Mensalidade das necessidades de uma família com dois filhos: 3.038€

Na Alemanha, o chamado “subsídio de cidadão” (1) é de 502 euros por mês a uma pessoa que viva só no caso de ser desempregada; a esta quantia são acrescentados os custos totais de alojamento; no caso de custos de aquecimento, no entanto, pode ser verificado se estes são razoáveis.  A legislação tem validade a partir de 01.01.2023. Este subsídio destina-se a quem tem condições de trabalhar e não consegue cobrir as suas despesas de subsistência. Mas há sanções para quem não se interesse pela procura de trabalho.

Um casal com dois filhos com menos de seis anos tem uma necessidade padrão total de 1.538 euros por mês. A família ainda tem direito a 1500 euros pelo aluguer da casa quente (1538+1500 = 3038 euros). Se o rendimento da família (com 2 filhos) for inferior a 3.038 euros, é provável que tenham direito a um subsídio de cidadão. Em alternativa, pode haver um pedido de subsídio de alojamento e o suplemento à criança.

As pessoas com baixos rendimentos e com propriedade podem ter também direito a incentivos apropriados. Se tiver uma casa e de repente se encontrar em situação carenciada, tem direito a um período de carência de um ano, durante o qual não tem de tocar na casa para receber o subsídio do cidadão.

Os proprietários são tratados com deferência mesmo no caso de terem uma casa grande; uma casa até 140 metros quadrados e um apartamento de até 130 metros quadrados são considerados adequados – ou seja, não têm de ser vendidos ou alugados. Para famílias maiores, são adicionados 20 metros quadrados por pessoa.

Além disso, os candidatos a “subsídio de cidadão” não têm de tocar nas poupanças disponíveis livremente (tais como depósitos de poupança e acções) até um valor de 40.000 euros. Este valor aplica-se a pessoas solteiras. São acrescentados 15.000 euros adicionais para cada membro da família.

Solteiros que estejam a receber o subsídio de cidadania, é-lhes considerado como adequado um apartamento com 45 ou 50 metros quadrados a partir do segundo ano. Para cada pessoa extra, são adicionados 15 metros quadrados.

Os membros de uma família que tenham possibilidade de emprego que recebam subsídio de cidadania têm direito a uma viatura idónea até 7.500 euros.

A partir de julho deste ano, os alunos e estagiários que recebam o subsídio de cidadania podem auferir mais 520€ por mês de rendimento sem verem reduzido o subsídio de cidadania.

Os centros de emprego podem dar aos beneficiários do benefício empregos sem grandes perspectivas de emprego, mas em caso de dúvida, deve ser dada prioridade a uma formação contínua.

O subsídio de cidadania é também uma opção para pessoas cujo rendimento do trabalho não é suficiente para cobrir as suas despesas de subsistência. Geralmente, o subsídio de cidadania é concedido por um período de 6 meses a um ano. Em seguida, deve ser apresentado um pedido de prolongamento.

Os pensionistas também não recebem subsídio de cidadania se estiverem comprovadamente necessitados; para eles há subsídios específicos…

É compreensível que muitos refugiados políticos e refugiados da pobreza prefiram ir para países como a Alemanha!

Para se ter uma melhor ideia da questão apresento aqui também os descontos que quer patronato quer empregados têm de fazer: Na Alemanha o seguro de saúde obrigatório ( GKV ) é financiado por contribuições e um subsídio federal anual, bem como outras receitas.
Empregadores e empregados pagam, cada um, metade das contribuições para a segurança social. A taxa de contribuição atual para cuidados de saúde, cuidados de longa duração, pensões e seguro de desemprego são actualmente:
Seguro saúde (KV) 14,60%
Seguro de cuidados de longo prazo (PV) 3,05%
Seguro Desemprego (AV) 2,60%
Seguro de pensão (RV) 18,60%
Há também uma Taxa de contribuição fixa (para trabalhadores a tempo parcial): 13,00% para o Seguro saúde e 15,00% para o Seguro de pensão

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

PORTUGAL À VENDA – EDP – O ELDORADO DA CLASSE POLÍTICA

A Câmara de Miranda meteu a Autoridade Tributária em tribunal por não cobrar IMI sobre barragens e deste modo prejudicar as populações onde se encontram as duas centrais hídricas.

O fisco parece encontrar-se em maus lençóis pelo facto de as barragens não fazerem parte do inventário público! Em 2020 a EDP vendeu duas das seis barragens a um Consórcio Francês.

Como a EDP (1) se tornou na negociata interpartidária e em lugar beneficiador dos boys de diversos partidos, Costa resolverá os problemas inerentes à EDP servindo-se dos impostos da generalidade. A EDP constitui uma grande mina (embora suja) da oligarquia portuguesa (2). Os problemas ir-se-ão amontoando até Portugal ser chamado à pedra pela EU e pelos EUA. Será então difícil à irmandade (3) defender-se do controlo de Bruxelas. E se isso, por ventura, acontecer não haverá consequências porque surgirá um novo governo que solucione o problema, como já aconteceu com o controlo da Troika; então tudo será remediado com uma conversa fiada de “culpabilização” pública trocada entre os partidos. O cidadão encontra-se então enredado num círculo vicioso que o condena a ter de ver Portugal sempre adiado. O problema do IMI será fácil de abafar desde que não estejam envolvidos nele os interesses de multinacionais rivais.

Os Estados Unidos andam insatisfeitos com as participações chinesas na EDP porque esta também se encontra activa no mercada dos Estados Unidos. A nossa elite política saberá safar-se, certamente entrando numa negociata, oferecendo uma contrapartida Sines de maneira aos quadros directivos da EDP não serem verdadeiramente afectadas. Arranjar-se-á maneira de as grandes multinacionais serem todas elas satisfeitas.

“No dia 4 de fevereiro de 2022, a China Three Gorges (Europe) comunicou à EDP que detém uma participação qualificada de 20,22% do capital social e dos direitos de voto” da elétrica, diz o documento”.  A seguir à CTG, entre os maiores acionistas da elétrica, com participações superiores a 5%, estão a BlackRock (7,38%), a Oppidum Capital (7,20%) e o fundo de pensões canadiano CPPIB (Canada Pension Plan Investment Board) com 5,1% (1).

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1)          EDP, empresa de Gás Natural, Eletricidade e Serviços Energéticos em Portugal.

(2)          https://www.publico.pt/2022/12/26/economia/noticia/fisco-enfrenta-accao-tribunal-nao-cobrar-imi-barragens-2032538?utm_content=Manhas&utm_term=Fisco+em+tribunal.+O+voo+que+salvou+do+frio+142+vidas&utm_campaign=55&utm_source=e-goi&utm_medium=email

(3)          https://www.facebook.com/antonio.justo.180/videos/515634707207940