REVOLUÇÃO DO 25 DE ABRIL: UMA HISTÓRIA MAL CONTADA


O Povo Português não gera Revoluções

António Justo

As revoluções portuguesas são comoa ponte de Lisboa. Antes do golpe de estado chamava-se “Ponte Salazar” depois passou a chamar-se“Ponte 25 de Abril”. Apenas mudam a fachada e a lata. O povo, tal como o rio Tejo, cansado de inúmeras voltas e de tantos despejos, sempre pacífico e adaptado, tem permanecido igual a si mesmo, ao longo da História: vagaroso mas internacional(1).


De época para época, alguns insatisfeitos do sistema, os filhos dos senhores do regime, provocam um golpe de estado, apoderam-se dele e mudam-lhe o nome. Povo e golpistas conhecem-se de ginjeira: aquilo a que dão o nome de revoluções, pouco mais se trata do que da troca de nomes, dum acerto de contas e de acomodação à história dos vizinhos; o mérito do acontecimento está em dar ocasião à necessidade do povo festejar e aplaudir ou, quando muito, resolver alguns deveres de casa esquecidos. Os actores sabem que a injustiça não é boa mas a justiça seria incómoda. Optam então pela vida dos dos “brandos costumes” sem a preocupação de fazer justiça.


Arranjam um nome monstro para justificarem as suas acções e branquearem as suas intenções. No caso do 25 de Abril, um grupo de cretinos (2) aplicou ao regime autoritário de Salazar o nome explosivo de fascismo, metendo-o (internacionalizando-o) assim no mesmo rol de Franco, Mussolini, Hitler e Pinochet. Então, a nação inteira passou a dar-se conta do monstro e resolveu dar caça ao fantasma. Este vai recebendo cada vez mais atributos até que passa de lobo a Minotauro. A partir deste momento o povo perde a ideia passando a viver do medo do labirinto. Entretanto vão surgindo alguns lobitos e o povo vai distraindo o medo no “Jogo ao Lobo”!


O país da Europa com as maiores desigualdades sociais entretém-se em argumentações opiniosas deixando as coisas importantes para os nomes engordados em nome das classes desfavorecidas. Já habituado à humilhação e à atitude governativa arrogante e distante, o povo servil, filho da “revolução da liberdade” até aceita a censura em nome da democracia. O estado português já há séculos não tem povo, chega-lhe a população. A população já há séculos que abdicou de o pretender ser, contentando-se em viver na sombra da Face Oculta do Estado. Deixou o palco da nação aos dançarinos do poder!


O 25 de Abril passou – A Revolução está por fazer

Golpistas abusam do Nome Revolução

Com o golpe de estado de Abril, o regime autoritário é acabado no meio da guerra colonial. O povo português, o que quer é esquecer a guerra e os políticos o que querem é a confusão para se poderem organizar e não terem de assumir responsabilidade pela traição dos interesses da nação, dos retornados e do povo nativo. Segundo o reconhecido historiador José Saraiva, o abandono das províncias ultramarinas constituiu “a página mais negra da História de Portugal”. Disto não se fala; reduz-se a história a folclore e a governação ao jogo do rato e do gato…


O 25 de Abril assenta em pés de barro. Fez um golpe de Estado e deu-lhe o nome de revolução. Os seus actores não pensavam em revolução. Foram surpreendidos pelos acontecimentos que eles próprios provocaram e alguns, entre eles, (especialmente Otelo S. de Carvalho) serviram-se do comunismo/socialismo para legitimarem e darem uma projecção histórica ao movimento dos oficiais descontentes. O 25 de Abril foi um golpe de Estado que surgiu de motivos pessoais e antipatrióticos de alguns, mas nunca uma revolução. O novo regime começou mal e com actos inglórios tal como acontecera na implantação da república. Mas disto não deve rezar a História, o povo precisa de festa e os governantes de distarcção. Não importa viver, interessa é ir-se vivendo!


O programa MFA (Movimento das Forças Armadas) pretendia Democracia, Descolonização e Desenvolvimento. Os primeiros dois anos foram uma confusão maluca. Tudo era facho e qualquer jovem adolescente se armava em guarda de comícios, por vezes até de metralhadora na mão. Recordo que quem tinha um emprego bom, ou uma casa digna, logo era apelidado de “facho”, pelo povo gozador, num misto de atmosfera de inveja e admiração. Depois com a nova constituição tudo ficou camarada e irmão: camarada de facho na mão!


Os partidos, sem mérito, passam a viver do prazer de terem organizado as suas fileiras. Desfavorecem a politização do povo para fomentarem o partidarismo e um discurso público dirigido à conservação do poder.


Entretanto, o povo sente-se humilhado e deprimido; o seu sentimento de identidade definha, sendo compensado apenas no sentimento duma grandeza promissora dos irmãos da lusofonia e da madrasta União Europeia. O sentimento de identidade nacional baseado no cristianismo, na cultura nacional e na ideia das grandezas dos descobrimentos não agradam às novas elites internacionalistas. A má experiência do povo com a própria elite, sem sentimento de nação nem de povo, leva-o a sentir-se apenas como inquilino anónimo de alguns senhores da praça pública, dos canonizados da democracia. Sente-se filho de pai incógnito!


Portugal continua preso numa mentalidade de arrendatário de ideologias e senhorios mercenários que o povo tem de acatar para ir vivendo! Portugal, apesar de golpes de estado e de pseudo-revoluções, continua a sofrer na pele a experiência de outrora: a experiência dos ingleses senhores das quintas do vinho do porto que viviam na Inglaterra e tinham em Portugal os seus feitores portugueses a cuidar dos seus interesses. O Estado português tornou-se numa feitoria de alguns mercenários. Daqui vem a sabedoria portuguesa que, muitas vezes, diz: “ isto é para inglês ver”.


As nossas elites intelectuais não são em nada inferiores às europeias. O problema está no seu individualismo e na sua falta de consciência de povo, e de espírito colectivo! As elites políticas vivem do nome, interessando-se, a nível de país, apenas por terem Lisboa, como sala de visitas de Portugal onde elas podem receber vaidosamente os amigos. Colaboram com um internacionalismo interessado em destruir as nações para depois poderem surgir como salvadores e implantar um governo mundial de burocratas e tecnocratas contra os biótopos nacionais.

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O povo, antigamente, sofria sob a bandeira do trono e do altar; hoje sofre sob a lama das massas a toque de caixa partidária que segue o ritmo das multinacionais.


A grande diferença: Hoje o povo não se pode queixar, porque os seus opressores vêm do seu meio e parte deles são eleitos democraticamente.



Já Ovídeo escrevia nas Metamorfoses: “O destino conduz os de boa vontade e arrasta os de má vontade”. Com a celebração do 35° aniversário do golpe, já seria tempo de Portugal ir à cata dos de boa vontade!…


O aniversário do golpe de estado poderá deixar de ser um pretexto para se tornar numa oportunidade. Urge descobrir a nação e ter a vontade de se assumir como povo. O grande povo e a nação valente que “deu novos mundos ao mundo” tem-se manifestado incapaz de se descobrir a si.


Um Estado é como uma planta. Se adoece, os parasitas cobrem-na facilmente. O país tem-se modernizado; não tem inimigos nem ódios mas encontra-se apático e doente. Depois do golpe de Estado, o fanatismo republicano e o oportunismo continua a tradição da “apagada e vil tristeza” dum conservadorismo míope e dum progressismo cego! Os cães de guarda do Estado contentam-se em morder e em ladrar alto e o rebanho atemorizado lá se vai movendo no respeito à própria lã que vê nos dentes deles!


Acabe-se com o louvor do golpe e dos golpistas. Não notaram ainda que a revolução se encontra, desde há séculos, por fazer! Para nos levarmos a sério teremos de descobrir primeiro o povo e a nação. Então seremos capazes de enfrentar as desgraças históricas, sejam elas progressistas ou conservadoras. Há que aceitá-las, para nos podermos mudar e assim mudar o rumo português para o bem-estar de todos, nacionais e estrangeiros. Para isso precisam-se mulheres e homens adultos! “O povo unido jamais será vencido”, cantam as sereias, na certeza de que ele se embala na música e não se descubre como povo! Não vale a pena o queixume. Quem se queixa é pobre ou não pode! Trata-se de mudar mudando-se! A nação precisa de todos.


António da Cunha Duarte Justo


(1) Salvaguardem-se as diferenças regionais da população. Esta é muito diferenciada e rica, tal como os seus rios e a sua paisagem!

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Ulisses o Modelo do Homem Ocidental


Ulisses ou a Mediania

António Justo

Conta a lenda que Ulisses, numa viagem à península ibérica, fundou no Tejo a cidade Olissipo, hoje Lisboa.


Ulisses foi um rei lendário de Ítaca e grande herói do cerco de Tróia onde se distinguiu por excepcional coragem, prudência e sagacidade.


Ele é a figura central da Odisseia (parte da Ilíada) onde Homero ( 700 a.C.) conta a viagem de Ulisses, no seu regresso de Tróia para a pátria. Até chegar à sua terra Ítaca, na Grécia, teve muitas aventuras e dificuldades. A odisseia dura dez anos.


Aportado à ilha da deusa Circe, esta advertiu-o dos perigos que o esperavam ao longo da sua viagem. Falou-lhe do perigo das Sereias que “com suas vozes enfeitiçantes criavam o desejo ansioso de escutá-las sempre” e alertou-o para os monstros Sila e Caribdes. Apesar de avisado, Ulisses conta, com tristeza, que Sila, o monstro das seis cabeças, atacou o barco “e em cada uma das suas bocarras ávidas sumiu-se um dos meus companheiros”.


A viagem é o símbolo da vida de cada um de nós e Ulisses é o símbolo do homem que acorda para a vida, desperta para si mesmo. Circe (a inteligência) ajuda a prever os perigos.


Ulisses, depois de ter vencido os outros, acorda para si e para a vida adulta, começa a viagem de regresso; põe-se a caminho, na procura da sua terra. A sua terra (Ítaca) significa o seu eu (a descoberta da sua pessoa). A viagem significa o seu caminho (currículo), a sua vida. Ulisses procura, na vida, o seu eu mais profundo (a ipseidade).


Geralmente as pessoas passam a vida sem se descobrirem a si mesmas, são levadas a distrair-se com o que aparece e acontece no seu caminhar; confundem o ter com o ser, conseguem apenas o caminho do combate até Troia. Fazem o que os outros mandam ou esperam delas. Subjugam-se às necessidades imediatas ou superficiais, procurando compensar desilusões com ilusões. Mesmo na escola não aprendem a aprender, nem a conhecerem-se a si mesmas. Aprendem coisas sobre as coisas para melhor poderem servir os interesses daqueles que guiam a sociedade e aprendem competências para se poderem safar na vida com um emprego.


Ulisses, para se conhecer bem a si mesmo, quer investigar a realidade até ao fundo e as ilusões que a acompanham. No seu caminhar descobre que o sentido não vem das coisas (de fora) mas que ele é que dá sentido às coisas (o sentido vem de dentro). A autoridade é ele.


Ao aproximar-se da ilha das sereias que, com o seu canto, o queriam desviar do seu caminho, Ulisses deu ordem aos marinheiros para o amarrarem ao mastro do navio e tapou os ouvidos dos companheiros com cera. As Sereias gritavam bem alto: “Não fujas, Ulisses, generoso Ulisses, Ulisses famoso, honra da Grécia! Pára defronte da praia, para ouvir a nossa voz.” O barco de Ulisses, porém continuava a sua rota. De facto todo o mortal que até aí passara pela ilha das sereias não tinha conseguido libertara-se delas, não chegando mais a casa, à sua terra. Ulisses, com a sua táctica, conseguiu gozar da melodia das sereias e ao mesmo tempo não se arredar do caminho da sua vontade. A sensualidade e o espírito, o exterior e o interior são integrados no Homem com inteligência e vontade. Sem uma meta acompanhada da razão e da vontade não se vai longe.


Para não ser dominado pelas influências exteriores (ilusões) e para se poder tornar ele mesmo compromete-se com algo superior. Não chega seguir só a linha horizontal da vida (o instinto, a opinião ocasional); Ulisses amarra-se, com a ajuda do próximo, ao mastro do navio que significa a linha vertical, a esfera superior que lhe dá força para ser livre muito embora reconhecendo-se como parte do todo. Assim pôde saborear o prazer da música e a beleza das sereias. Manteve, ao mesmo tempo, a sua liberdade sem se perder nelas. O seu eu profundo conseguiu dominar o seu ego superficial, impedindo que o barco, seu corpo, se perdesse nas bocarras ávidas de Sila.


Ulisses dignifica o corpo e o espírito! O seu eu adulto, orientado pelo espírito da liberdade, consegue viver na harmonia dum corpo são em alma sã.


Os cristãos chamam a esse espírito da liberdade e da união de tudo em todos, a aquisição da natureza de Cristo. Nela a corporeidade (Jesus) complementa-se na espiritualidade (Cristo); nela se acaba com a polaridade dos contrários, com a polaridade de espírito e matéria.


A Odisseia prepara-nos o caminho para a realidade da complementaridade de instinto e vontade, sentimento e razão, de corpo e espírito. Nós somos ao mesmo tempo actores e espectadores da vida. Para descobrirmos o nosso verdadeiro eu temos que descobrir o mundo em nós, não nos limitando ao ser de espectadores.


A sociedade Oriental está mais virada para o destino, subjuga-se mais à natureza, deixando-se viver mais no nós, na família, no grupo. A sociedade Ocidental fixa-se mais na afirmação do eu e da vontade; não aceita o destino, quer a emancipação do Homem, quer transformar o mundo. Por isso o Ocidental criou toda uma tecnologia que o ajuda no alcance da meta que se propõe.


A vida é esforço e compromisso! Com Ulisses não há crise!


António da Cunha Duarte Justo

Jornalista Livre

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NOS MEANDROS DO SEXO


SOCIEDADE SEXISTA MELINDRADA

António Justo

Segundo a revista Psychologie Heute, de Março 2010, “na Alemanha anualmente há, aproximadamente, pelo menos 300 a 600 casos de contactos sexuais entre psicoterapeutas e pacientes”. Por muito que isto seja lamentável devido à relação de dependência do paciente para com o terapeuta, não é legítimo estigmatizar os psiquiatras e psicólogos, como a imprensa tenta fazer com os padres. A Universidade de Colónia investigou 77 vítimas de terapeutas verificando que 86% das vítimas eram femininas. Das 77 vítimas 30% já tinham sido vítimas de abusos sexuais na infância. 71% dos terapeutas eram homens com uma idade média de 47 anos. Na Alemanha, segundo a lei, terapeutas que tenham relações sexuais com pacientes tornam-se puníveis. O abuso sexual está na ordem do dia na nossa sociedade.

O abuso sexual de menores nas famílias, independentemente da Pedagogia Reformista, alcança percentagens impensáveis. O sofrimento das vítimas prolonga-se, geralmente, por toda a vida. A libertação sexual e a luta contra os tabus sexuais não deve criar e alimentar o tabu do sofrimento e a escravidão sexual que graça como praga social. Os crimes de alguns padres poderá ter a vantagem de alertar a sociedade a não desviar o olhar e não se tornar cúmplice com o que acontece nas famílias, nas escolas, nas prisões e na justiça. A maioria do abuso de menores dá-se no seio familiar.

É verdade que também na Igreja as vítimas foram ignoradas. A Igreja perdeu de vista as pessoas, ao calar-se e ao desviar o olhar dos abusos. O amor e a confissão não podem levar ao esquecimento das vítimas. Não se justifica porém a campanha intensiva dos Media durante semanas contra a Igreja.


Também nas escolas públicas estatais cada vez mais se tornam públicos casos de abuso de crianças por parte de professores. Associações de Pais e de Educadores na Alemanha exigem a criação de Hotline para o caso de abuso sexual nas escolas, para que crianças vítimas se possam manifestar sob anonimato. Continua discutível se a Hotline será domiciliada no Ministério da Educação ou numa repartição de aconselhamento independente.


Uma disputa séria chama a atenção para a necessidade de se centrar a discussão na situação pessoal da criança. Segundo a Comissão europeia, pelo menos 10 a 20% das crianças menores de 14 anos sofreram de abusos sexuais. Bruxelas quer agravar sanções contra a pedofilia nos estados membros.


Para se ter uma ideia da campanha tendenciosa contra a Igreja e a instrumentalização ideológica dos casos de pedofilia na Igreja, basta referir as estatísticas da USA onde em 42 anos 958 padres católicos e pastores protestantes foram acusados de abuso sexual de menores, tendo sido 54 condenados.


O que é de admirar é o facto de serem referidos mais casos de pedofilia entre pastores do que entre padres. Também, contrariamente ao resultado de investigações científicas, se procura estabelecer uma conexão causal entre celibato e abuso de crianças.


No mesmo espaço de tempo foram condenados 6.000 professores de ginástica e treinadores desportivos na USA. Disto ninguém fez notícia. A campanha secularista contra o cristianismo tenta deslegitimar a moral da Igreja católica na sua diaconia em hospitais e escolas… Estão-se marimbando para os réus ou para as vítimas. Um laicismo agressivo e militante propaga a ideia de que as crianças se encontram em perigo nas escolas da Igreja. Esquecem que, pelo facto de haver pedófilos na escola do Estado, ninguém diria que a escola é um perigo.



Do Fanatismo Religioso para o Fanatismo Ideológico

Também o ressentimento dos adversários da Igreja conduz ao esquecimento das vítimas. A rede de propaganda é de tal ordem e tão cerrada que, qualquer pessoa com formação média poderá constatar, sem mais, a lavagem ao cérebro do cidadão, em via. A acção coordenada de campanhas cíclicas anticristãs a nível de toda a União Europeia são o melhor testemunho da boa organização e das redes de uniões secretas, grupos marxistas materialistas e ateus. Para isso bastaria fazer-se um estudo comparativo dos títulos de todos os meios de comunicação social, em todos os jornais da Europa; quase se repetem. Quer-se, a todo o custo uma União laicista baseada num republicanismo jacobino. O capitalismo e o progressismo não admitem rivais!


O fanatismo que na Europa já parecia ter superado renasce com a União Europeia no fanatismo secularista e partidário contra a Igreja; desvia assim a atenção do cidadão, da criação duma sociedade base cada vez mais pobre e da bancarrota dos Estados. A pretexto de alguns padres pedófilos, a opinião publicada na TV, Internet, rádio e jornais fomenta o preconceito de que a igreja é o vale dos hipócritas e dos pedófilos. A má consciência e a má intenção são capazes de tudo!



Os militantes do fanatismo em vez de coordenarem forças, com todas as pessoas de boa vontade, em defesa das vítimas e dos oprimidos aproveitam-se dos crimes de alguns para incriminar toda uma instituição. A eles só lhes importa assunto para fomentar o seu poder seja à custa de quem for. A igreja já ultrapassou o seu fanatismo religioso militante, agora encontramo-nos, a nível europeu, na era do fanatismo militante secularista e ateu. Sabem que o povo mais desacautelado, é inocente, se deixa levar! Muitos aproveitam-se do carrossel dos média e outros aproveitam a boleia. Por isso falam da responsabilidade da Igreja e calam a responsabilidade dos criminosos, como se estes fossem menores. O cardeal alemão Karl Lehmann diz num artigo do DIE ZEIT: “já há muito que se procura a culpa primeiramente no colectivo e quase sempre no Sistema”.


Apoio a Igreja mesmo que ela não me apoie a mim. Antes combatia a instituição eclesial como era moda nos anos 70. Tenho experiência a nível de Igreja e de alguns partidos. A Igreja, nalguns pontos, a nível superficial, é retrógrada; porém, a nível da visão do Homem e da sociedade (cf. Encíclicas da doutrina social da Igreja) é, de longe, mais progressista e avançada que qualquer partido. A sociedade só conhece dela o folclore e aquilo que lhes importa para se afirmarem à sua custa. A Igreja é, ao mesmo tempo, pecadora e santa como toda a pessoa de boa vontade. Já os Padres da Igreja falavam da Igreja “casta prostituta “. A Igreja, como instituição, é tão pecadora e tão santa como a sua comunidade, os seus membros. Estes são homens e mulheres com tudo o que lhes pertence: o bem e o mal.


Os fariseus secularistas cospem no farisaísmo da Igreja; o mal está presente em toda a parte mas na Igreja brilha mais. Por todo o lado cheira a próximo. Ela é prostituta mas só ela é mãe e pode proteger e guardar o tesouro da fé cristã; sem a mae, com a morte do indivíduo, morria a tradição. A fé mantém-me na Igreja. Eu manteria a fé na Igreja de Jesus Cristo, mesmo sem a instituição. Admiro na Igreja a adoração dum Deus que é todo Homem e dum Homem que é todo Deus.


Precisamos de crentes e ateus, precisamos de todas as vozes que clamam à terra, vozes que clamam ao céu, para juntos tornarmos o mundo melhor!


A doença da pedofilia, no dizer dos peritos, é muito difícil de diagnosticar e corresponde a uma inclinação profunda e incurável. Pedófilos exploram a necessidade de dedicação das crianças.


António da Cunha Duarte Justo

Alemanha, Jornalista Free


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WOHIN DEUTSCHLAND?


Der Verrat am deutschen Idealismus

António Justo

Die Geschehnisse vom 9. November 89, die eine Chance für eine geistige Erneuerung darstellen, werden einseitig umgeleitet in Chancen für Wirtschaftlichen Profit. Deutschland verleugnet seine eigene geistige, idealistische Tradition, die auf dem Gedankengut Lessings, Goethe, usw. beruht. Die Krise des Kommunismus und Kapitalismus könnte neue Wege offnen. Ziel wäre eine Synthese. Eine Gesellschaft ohne Utopien und eine Politik ohne Moral entwickeln sich nicht mehr.


Die Verbindung des männlichen und weiblichen Elements

Am 9. November die Mauer fällt. Die Ereignisse in Berlin ähneln einer Hochzeitsfeier, bei der sich Mann und Frau in ihrer Verschiedenheit verbinden. Die Feier hatte kaum begonnen, da hörte man schon laute Stimmen von Berauschten, die im alten Stil die Szene beherrschten: „Sieg des Kapitalismus über den Sozialismus“, „Jesus lebt, Marx ist tot“, „Deutschland Deutschland“, „Westmark ist Freiheit“.


Das Geschehen ist nicht mehr die Sache der Brautleute, jetzt ist die Stunde der Hochzeitshändler, und diese sind interessiert an einer Bindung im alten Stil, wo der Man (Westen) der Herr ist und die Frau (Osten) eben das „Weib“ sein soll, Gegensätze anstatt Komplementarität.


Schlechter noch: sie wird entkleidet und zu Prostituierten gemacht, was sie akzeptiert ohne ihren Wert zu erkennen. Der gemeinsame Tempel wir entweiht und ähnelt einer Markthalle, in der die Profis des Marktes die Gunst der Stunde nutzen.


Materialistische Ausnutzung


Das Vakuum in der DDR wird eilig zugunsten parteipolitischer Interessen gebraucht, wobei der Verfassungsnationalismus als Fahrzeug benutzt wird, such wenn dies die Deutsche Einheit beeinträchtigt. Die notwendige konzentrierte Aktion aller Kräfte in der BRD wird von den Parteien abgelehnt, die ausschließlich materielle Probleme thematisieren. Sie zeigen einen Widerspruch zwischen Einigungsstreben und Handlungsstrategien. Parteipolitische Interessen überwiegen, so dass eine Maklerpolitik, die sich nur um das Geschäft und nicht um das Ganze kümmert, eingetreten ist und Ängste schürt.


Die gelähmte „Mittelschicht“ der DDR fühlt sich in einem ungleichen Wettbewerb mit dem Westen und spricht von Ausverkauf der DDR. Die EG hat Angst, einen ungezügelten Riesen an ihren Tisch zu bekommen; die USA möchte nicht ihre Vormachtstellung in der Welt zugunsten Europas abgeben und spricht mit den Siegermächten von der Destabilisierung Europas. Die Sowjetunion sieht im Hause Europas ihre Chance; die BRD stellt sich die Frage, wer die Karre Europas ziehen wird (Deutschland oder die Sowjetunion) und vertraut auf die Stärke und Anziehungskraft de D-Mark.


Dregger geht weiter: „Wie sind das Volk und das Land in der Mitte Europas“ und knüpft  an die Bismarck’sche und Wilhelminische Tradition an, womit er die Treue zur Verfassung, was die Grenzen Deutschlands vor 1937 betrifft, nicht nur den Republikanern und Co. Überlassen will.


Viele Ausländer, die hier wie dort gemeinsam mit Deutschen auf die Strasse gingen mit der Forderung nach Freiheit und um mitzufeiern, bekommen langsam kalte Füße, weil da Zusammenwachsen beider Staaten zu einer Nation ohne die Ausländer geschehen soll. Sie spüren schon mehr Ungeduld ihnen gegenüber (trotz der traditionellen Gleichgültigkeit) in der deutschen Bevölkerung und auf Staatsebene beim Entwurf für das Ausländergesetz, das in nationalistischer Abwehr konzipiert wird.  Die Verdrängung der Ausländer/innen ist schön spürbar. Was dann, wenn die Lohnabhängigen den Preis für die Vereinigung bezahlen müssen! Besorgniserregend ist das ausländerfeindliche Potential der DDR und der Gettobildung von Ausländern.


Viele Ausländer/innen und viele andere Kräfte haben mit der Überwindung der Trennung Deutschlands die Überwindung de inneren Mauern zwischen Deutschen und nicht Deutsche, und zwischen Ausländer und Ausländer erhofft, ebenso wie die Überwindung der Teilung Europas und der Welt. Die Politik aber setzt auf „Teile um zu herrschen“.


Geistige Tradition Deutschlands


Mit den deutschen Geschehnissen gäbe es die Chance, neue Impulse und alternativen für die Weltpolitik zu schaffen, die in einem positiven Sinn den Deutschen Stempel (Anknüpfung an die alte deutsche Kultur, deutsche Idealismus) tragen könnte.


Immer mehr zeigt sich die Hervorhebung des Materialismus und die Unterdrückung des Idealismus – letzterer ein wesentlicher Bestandteil der deutschen Kultur – weil versucht wird, das Recht aus der äußerlichen Stärke und den Besitz abzuleiten, und damit wird die Kraft des Geistes verdrängt. Die Chance für eine neue Gesellschaft wird nicht wahrgenommen, weil nur die männlichen Werte zur Geltung kommen; ich würde sagen, gerade die Werte, die nicht eindeutig deutsch waren. Was wir vorfinden, ist die Zuspitzung des römischen Dogmatismus und Formalismus, des franzosischen Rationalismus und Sekularismus (Skeptizismus) und des englischen Pragmatismus. Vergessen wird gerade, was die deutsche Aufklärung vom Leibnitz, Lessing, Goethe, Schiller, Hegel, Heidegger, und Nietzsche für die Welt bedeutet hat, nämlich einen Versuch, ein höhere Synthese von Griechentum und Christentum zu schaffen, der eine Art Weltbürgertum als Ziel hat. (Vgl. mystisches Christentum, Trinität, Trialog statt Dialog…). Verrat an Deutschland!


Die Einheit Deutschlands soll nicht auf kosten ihres freien Menschentums geschehen, warnt uns Goethe, wen er sagt: „Zur Nation euch zu bilden, ihr hofft es, Deutsche vergebens; bildet, ihr könntet es, dafür freier zu Menschen euch aus“.


Synthese von Sozialismus und Kapitalismus



Die Novemberrevolution wird das nächste Jahrhundert bestimmen, das das Jahrhundert Europas sein wird. Das neue Zeitalter, in dem die Welt zusammenrückt, kann keine Ära des Nationalismus und der reinen Ideologien werden.


Der  Osten kapituliert, der Westen krankt an Ideologien und Ethik und bietet wenig Zukunftsperspektiven (Armut, Ökologie, kein Recht auf arbeit, Sinnlosigkeit), es fehlt an geistige Anziehungskraft: unsere Philosophie versinkt zu Agnostizismus und Materialismus, Religiosität kehrt sich um in Götzendienerei; die persönliche Moral wird von Egoismus bestimmt und die soziale Moral von Interessen Gruppen diktiert.


Was bleibt? Die Praxis als Orientierung?!…  hier wie dort mangelt es an der Realisierung hoher Ideen. Es mangelt an ein geistiges Dach. Der Sozialismus zeigte sich als Kind des Christentums in ihren Ursprung und Schicksal. Wie das Christentum scheint der Sozialismus nur als Idee existiere zu können, nicht als Praxis. Man konnte zusammenfassend sagen: die „SED“ verhält sich zum Kommunismus wie die CDU/CSU zum Christentum. Sie nutzen sie aus, und dadurch schaffen sie Enttäuschung und Verneinung des eigenen Selbstverständnisses.


Im Moment bewegt sich viel an der Oberfläche, das Rad einer echten Entwicklung steht aber still. Werte wie Freiheit werden als Glaube (abstrakte Gedanke) dargestellt und somit als reine wirtschaftliche und Marktfreiheit begriffen. Es wird vergessen, dass sich die Freiheit aus einem Leben der Erkenntnis ergibt. Eine neue Weltpolitik soll von Freiheit des Glaubens zur Freiheit der Gesinnung und Verantwortung in der Tat kommen.


In der Krise von Ost und West liegt viel Hoffnung und viele Chancen für die Entwicklung der Menschheit.


Dafür brauchen wir eine höhere Synthese von Kapitalismus und Sozialismus, besser gesagt, von „Östlichem“ und „Westlichem“. Dafür benötigen wir einen universellen Geist, eine ganzheitliche (übernationale) Gesinnung, die ihre Ansätze im Geist des deutschen Idealismus finden könnte.


Zwar hatte Deutschland bis Mitte des 19. Jahrhunderts einen geistig hohen Rang in der Welt, als die Identität und das Selbstverständnis dieser Kultur noch nicht von der Triebkraft des Blutes und des Bodens abgeleitet wurde.


In der heutigen Diskussion scheint man die Kraft vom Mythos des Goldenen Westens herzuleiten. Vergessen  wird dabei die eigene Tradition. Deutschland scheint weiterhin gefesselt bleiben zu wollen…


António da Cunha Duarte Justo

Ehemalige Chefredakteur von Gemeinsam

In GEMEINSAM, Zeitschrift des Ausländerbeirats der Stadt Kassel, Nr. 6, März 1990

https://antonio-justo.eu/

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Páscoa em mim, Páscoa na Natureza

PÁSCOA, BOM-DIA!

A manhã já brilha
É dia na criação
A luz sai da gruta
É ressurreição

O brilho rasga a noite
Da janela do meu ser
A angústia se esvai
Acaba o escurecer

O dia dança agora
Na voz do passarinho
O silêncio acorda em mim
É Primavera a caminho

Bom-dia Manhã eterna
Eterno amanhecer
Bom-dia consciência eterna
Eterno acontecer

António da Cunha Duarte Justo

Páscoa de 2010-04-04

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