A GRÉCIA LIVRE DOS CREDORES DA TROIKA E SUBMETIDA À DIVIDA A PAGAR

Grécia e Portugal eternos Irmãos na Cauda da Europa

António Justo

O grande poeta Luís de Camões, com a frase “Um fraco rei faz fraca a forte gente” descreveu já no seculo XVI aquilo que se poderá revelar como fadário de Portugal e da Grécia.

A Grécia deixou o resgate da zona euro, da submissão à “troika” dos credores. Desde 2010 recebeu de empréstimos, do FMI e dos países da zona euro, no valor de 240 mil milhões de euros. Muitos festejam tal facto como grande libertação. Uma libertação de facto, mas predeterminada a continuar na pobreza.

Na Grécia acontecerá o que aconteceu em Portugal depois da libertação da Troika. Depois de um duro programa de reestruturação, Portugal pôde deixar o resgate em maio de 2014 – mas atualmente, um em cada quatro habitantes vive no limiar da pobreza. O país precisaria de maior produtividade e de maior concorrência, mas o que realmente acontece é que a distância entre os países fortes e os países da margem é cada vez maior.

Em relação ao BIP em euro per capita , Portugal (17.328,11 €) continua ao lado da Grécia (16.211,31€), tal como no tempo de Salazar (BIP média da Zona Euro: 30.714,65€).

No princípio da crise a dívida grega era de 129 % do produto interno bruto. Hoje, apesar da Troika, a dívida grega é de 180 % do PIB. Como se vê, a intervenção da Troika foi um programa para salvar os credores da Grécia, e não os gregos. Para o ser os juros pagos pela Grécia teriam de ser investidos na Grécia para que trabalho dos gregos não se limite propriamente a servir o capital financeiro internacional.

Entretanto a China comprou portos marítimos gregos, a Alemanha comprou um aeroporto e os serviços públicos são disponibilizado aos investidores dos empresários de países europeus fortes.

O governo Tsipras derrubou um governo de direita que vendia o país aos banqueiros internacionais para como governo de esquerda completar a traição a um povo e a uma nação que mereciam melhores governantes.  A política da austeridade imposta pela Troika impediu o país de investir e consequentemente condicionou-o a produzir para pagar as dívidas. A juventude (mais de metade desempregada, sem perspectivas no país, vê-se obrigada a abandonar o país para ir enriquecer países economicamente fortes.

A política das nações europeias e da EU serve apenas os interesses de corporações mundiais.

Agora, a Grécia, sem a Troica, continuará a ser vítima de interesses económicos mundiais que não têm escrúpulos nenhuns. Os foguetes que muitos deitam aplaudindo a nova situação da Grécia são para uma festa que não é do povo. A Grécia, Portugal, a Itália, a Espanha e muitos outros países europeus encontram-se, sem governos responsáveis e como tal agrilhoados num caminho para a perdição.

Estes são os tempos dos interesses corporativistas financeiros em que os Média fazem de bombos da festa!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

Junto um vídeo do jornal “Público”:

O vídeo onde Mário Centeno aparece todo nu | PÚBLICO

https://www.publico.pt/2018/08/23/politica/opiniao/o-video-onde-mario-centeno-aparece-todo-nu-1841526

In Pegadas do Tempo

ABONO DE FAMÍLIA PARA IMIGRANTES DA EU NA ALEMANHA – UM DIREITO A NÃO SER FLEXIBILIZDO

O Presidente da Câmara de Duisburg queixa-se de abusos criminosos

António Justo

Na União Europeia (EU) o abono de família é um direito para alemães e estrangeiros residentes. O primeiro e o segundo filho recebem 194 € cada um, o terceiro 200€ e a partir do quarto 225€, por mês.

A Alemanha paga abono de família a 268.336 crianças da EU que vivem fora da Alemanha, entre estes, 31.500 alemães que vivem fora.

Na Alemanha discute-se sobre a “desenfreada transferência de abono de família para o estrangeiro”. Trabalhadores estrangeiros recebem o abono de família pelos filhos que têm na sua terra.

A Alemanha e a Áustria querem indexar o abono de família ao custo de vida dos respectivos países dos trabalhadores. A Áustria pensa fazê-lo já em 2019. Assim, um trabalhador da Bulgária passaria a receber 20€ em vez de 194€ pelo filho que tem na terra.

Quem trabalha tem direito a abono de família (ou ao subsídio de imposto da criança, kinderfreibetrag) porque este é um serviço de direito ligado aos impostos que se pagam. O trabalhador tem direito ao abono de família pago pelo país onde se trabalha independentemente do lugar onde o filho se encontre.

As propostas de os filhos a viverem fora da Alemanha receberem o abono correspondente ao que o país de emigração paga é abstrusa; mas cuidado, que “pela aragem se vê o que vai na carruagem”.

Câmaras Municipais queixam-se de abusos no abono de família pago a muitas famílias estrangeiras.

O Presidente da Câmara de Duisburg (SPD) queixa-se que em 2012 tinham nos jardins à margem da cidade, 6.000 ciganos (Sinti e Roma) e atualmente são já 19.000 (romenos e búlgaros: na Bulgária o abono de família é 20€ e na Roménia entre 18 e 43 euros). O Presidente, Sören Link (SPD) diz que muitos deles são imigrantes para os sistemas sociais. Na Roménia o salário médio é 715€.

A chefe do SPD, Andrea Nahles anunciou um encontro em Berlim com as cidades afectadas, no dia 27 de setembro.

Para requerer abono de família basta apresentar um atestado de residência da família na Alemanha. O problema é que são apresentados registos de nascimento e certificados escolares falsos.

Naturalmente muitos deles vivem integrados não se podendo criar estereótipos.

A Alemanha paga a factura de ser rica e do seu negócio com a EU. A EU não quer que haja discriminação, mas, de facto, já em 2016 uma Cimeira da EU em Bruxelas decidiu limitações devido à pressão do Reino Unido. Esta decisão só não foi aplicada!…

Numa época em que a Alemanha está interessada em que os refugiados sejam distribuídos por todas a Europa, vem mesmo a propósito uma tal discussão. Esta ameaça pode levar, alguns países renitentes ao acolhimento de refugiados, a mudar de opinião. O que a “razão” não alcança, consegue o dinheiro!

António da Cunha Duarte Justo

In “Pegadas do Tempo”,

RCORDANDO O DIA DOS EMIGRANTES

POVO EMIGRANTE

 

Em busca de uma terra de todos

Já que a sua é só para alguns

Sem trabalho, nem terra

À procura do que não tem

Emigra o povo que faz falta

 

Emigra a vontade de reagir 

Emigra a pobreza envergonhada

Emigra a capacidade de resistir

Emigra o sonho de vencer

 

 O emigrante é um navegante

Que escolheu um caminho que é o seu

Na rota da pátria que se chama saudade.

 

Um país vazio de um povo assim,

É terra baldia sem meta nem vocação

 

António da Cunha Duarte Justo

In Pegadas do Tempo

AGÊNCIA CONSULAR/ESCRITÓRIO CONSULAR PORTUGUÊS CRIADO EM HATTERSHEIM (FRANKFURT)

Estado reassume Responsabilidade na Área de Frankfurt

António Justo

No dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, o senhor Embaixador João Mira Gomes, anunciou a abertura de um Escritório Consular na área de Frankfurt. Agora, a Embaixada acaba de informar que o Escritório Consular de Portugal em Hattersheim am Main, abrirá ao público no próximo dia 6 de Agosto de 2018. As instalações alugadas em Hattersheim (junto a Frankfurt) têm acesso fácil de Sbahn e ligação rápida a várias autoestradas.

Para os portugueses da antiga área consular de Frankfurt, a criação de uma estrutura do Estado – Escritório consular (sob a dependência do Consulado-Geral em Estugarda) – corresponde a um reassumir de responsabilidade, por parte do Estado, conscientes que este será o primeiro passo para a reinstalação do consulado de Frankfurt. O encerramento do vice-consulado em 2011 (contra o qual tanto lutamos e manifestamos) tinha constituído uma grande desilusão relativamente ao Estado português que contra toda a razão não reconhecia o significado estratégico de Frankfurt a nível europeu e de cruzamento de tráfego mundial, apesar de tanto esclarecimento e luta (1).

Agradecimento necessário

Os portugueses da antiga Área Consular de Frankfurt estão também muito agradecidos à senhora Cônsul-Geral de Portugal em Estugarda, Carla Saragoça pela dedicação manifestada pela respectiva área.

Estão de parabéns as Missões Católicas que souberam identificar e dar resposta às necessidades dos portugueses, colocando, gratuitamente, à disposição do Consulado (Antenas Consulares) a instalações na Missão Católica Portuguesa de Offenbach e na Missão Católica Portuguesa de Mainz. De reconhecer também as funcionárias do Consulado de Estugarda que prestavam um serviço de alta competência e rentabilidade e excepcional dedicação que se reflectia no completo agrado dos utentes.

Foram as funcionárias, que, com o seu sentido de dever perante a instituição, no serviço abnegado pelos inúmeros portugueses da Diáspora, com o apoio activo da Cônsul-Geral, aguentaram, durante três anos, a subestrutura consular em Offenbach e Mainz. O serviço prestado convenceu  o Estado que valia a pena dignificar o trabalho efectuado nas “Presenças consulares” que sobem de categoria para Agência/Escritório Consular, correspondendo já à reforma consular.

Os escritórios consulares são extensões dos consulados-gerais, com competências próprias de assinatura de documentos (sem a competência de realizar casamentos). Temos na ordem decrescente dos postos consulares:  consulado-geral, consulado, vice-consulado, agência consular e consulado honorário.

Seria cínico entrar-se numa  concorrência pela aquisição de louros de qualquer pessoa ou grupo político ou vir vangloriar-se pela criação da nova estrutura consular, quando todo o mérito se deve à administração, à necessidade imperativa dos portugueses da “área consular de Frankfurt” e ao empenho dos funcionários administrativos que na resposta às solicitações da comunidade portuguesa, e com o apoio logístico das Missões Católicas, conseguiram convencer a Embaixada e o Governo a assumir mais responsabilidade  e dar um primeiro passo na reparação do erro politicamente cometido em 2011.

Resta ao governo galardoar personalidades das Missões Católicas e as empregadas que durante três anos eram como que caixeiras viajantes do Consulado-geral de Estugarda, entre Estugarda-Frankfurt-Mogúncia, carregando com aparelhos eletrónicos e resolviam grande parte dos problemas dos utentes para que outrora eram precisos 14 funcionários no Vice-consulado.

A Embaixada informou que o Escritório Consular de Portugal em Hattersheim am Main, abrirá ao público no próximo dia 6 de Agosto. Morada: Schulstr. 43, 65795 Hattersheim am Main,Tel.: 00 49 61 909 753 490, Fax: 00 49 61 909 753 499, E-mail: frankfurt@mne.pt Horário de atendimento ao público: 2ª, 3ª, 5ª e 6ª das 08:00 às 13.30 4ª das 08:00 às 15:30.

Apenas um aviso: na emigração precisam-se chefes que trabalhem e não se limitem a dar trabalho e a dar passeio ao prestígio fácil e à vaidade (como, por vezes, acontecia em certos meios institucionais!).

O próximo passo que se espera do Governo será a reposição do Consulado em Frankfurt.

Força, adiante Portugal!

António da Cunha Duarte Justo

(Ex-conselheiro consultivo do Vice-consulado de Frankfurt)

Pegadas do Tempo

  • (1) Crónica do encerramento do Vice-consulado de Frankfurt e dos argumentos para seu restabelecimento:

RTP Notícias: https://www.rtp.pt/noticias/pais/encerramento-do-vice-consulado-de-frankfurt-deixa-grande-amargura-na-comunidade_n500065

Observatório da Emigração: http://observatorioemigracao.pt/np4/2702.html

Descrição da Manifestação contra o encerramento em  Portugal em Linha: http://www.portugal-linha.pt/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=2586 Também JN: https://www.jn.pt/sociedade/interior/manif-portuguesa-em-frankfurt-contra-fecho-de-consulado-2103314.html  Recanto da Letras: https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-politica/3320778

DN: Anúncio de encerramento: https://www.dn.pt/globo/europa/interior/anuncio-de-encerramento-de-vice-consulados-gera-contestacao-2127238.html

Correio do Minho: https://www.correiodominho.pt/noticias/comunidades-portugueses-de-frankfurt-esperam-grande-adesao-a-protesto-contra-encerramento-de-vice-consulado/55925

JN: Manif portuguesa em Frankfurt contra fecho de consulado, https://www.jn.pt/sociedade/interior/manif-portuguesa-em-frankfurt-contra-fecho-de-consulado-2103314.html

Manifestação: http://www.triplov.com/letras/Antonio-Justo/2011/manifestacao.htm

Discurso na Manifestação: https://antonio-justo.eu/?p=1995

CM AO MINUTO: http://www.cmjornal.pt/cm-ao-minuto/detalhe/portugueses-de-frankfurt-contra-fecho-de-vice-consulado

BOM DIA Europa: Para quando a reabertura: http://bomdia.eu/para-quando-a-reabertura-do-consulado-de-portugal-em-frankfurt/

Mnemonico Massapina: http://mnemonicomassapina.blogspot.com/

Declaração à imprensa: https://antonio-justo.eu/?p=2098

Os gastos: https://antonio-justo.eu/?p=1919

https://antonio-justo.eu/?p=2031

Carta aberta: https://antonio-justo.eu/?p=2001

PARA QUANDO A REABERTURA? https://antonio-justo.eu/?p=3734

860.000 PESSOAS SEM HABITAÇÃO NA ALEMANHA

52.000 desabrigados vivem regularmente ao ar livre

António Justo

Segundo estimativas do Grupo de Trabalho Nacional dos Desabrigados (BAGW), no ano passado, 52.000 pessoas ficaram regularmente desabrigadas (ao ar livre) e cerca de metade dos desabrigados na Alemanha vêm da Europa Oriental.  A falta de habitação social é  crucial.

A estatística do BAGW distingue entre os desabrigados que vivem na rua (obdachlose: 52.000), os sem-habitação (Wohnungslose: 440.000 pessoas sem habitação que procuram soluções de emergência dormindo com amigos ou conhecidos, em outros lugares ou mesmo em dormitórios financiados pelo Estado) e se se juntarem os refugiados sem habitação o BAGW chega a um total de 860.000 pessoas afectadas (muitos refugiados reconhecidos vivem em alojamentos de emergência).

Desde 2014, houve um aumento de cerca de 150% na estatística dos desabrigados.  Em 2008 havia 20.000 desabrigados em todo o país.

Em Berlim, onde vivem 10.000 pessoas sem abrigo, alguém deitou um líquido (tipo gasolina) sobre dois homens sem abrigo e incendiou-os enquanto dormiam, na Estação Schöneweide. Os dois encontram-se agora gravemente feridos a ser tratados num hospital.

Em Berlim,“30 por cento dos sem-abrigo são mulheres. Muitos europeus de Leste encontram-se sem abrigo porque fazem parte daqueles que vieram para a Alemanha para trabalhar e falharam por várias razões. Ou são refugiados reconhecidos que não conseguem encontrar um lar, refugiados não reconhecidos que submergiram da sociedade organizada e querem evitar ser deportados, pessoas com problemas mentais, com álcool ou drogas ou berlinenses que simplesmente não têm dinheiro para pagar o seu apartamento”. Também há muitos para quem o saco de dormir é a sua casa, tendo estes o direito de viver como querem – até na rua.

Segundo investigações publicadas em Hamburgo, “pagar pela falta de moradia é sete vezes mais caro que a prevenção da falta de moradia”. Hamburgo em 2011 gastou 46 milhões de euros em pessoas sem teto e desabrigadas.

O pesquisador de pobreza Harald Ansen distingue três grupos principais entre os “sem-teto”:

– “Pessoas em situações críticas da vida, devido a uma separação, perda de trabalho ou dívida.

– Jovens saídos de instituições de apoio à juventude com grandes lacunas biográficas.

– Pessoas com biografias quebradas que viveram sempre marginalmente, muitas vezes com alta mobilidade profissional, como marinheiros”.

Há assistentes sociais que descrevem parte da génese do prolema desta maneira: primeiro perde-se a mulher, depois vem o álcool, então o trabalho vai-se embora e por fim o apartamento fica em perigo.Algo está errado na cabeça de muitas pessoas e na política social. Os desenraizados, solitários e mais fracos, num dos países mais ricos do mundo, constituem uma acusação permanente à classe política.

António da Cunha Duarte Justo

“Pegadas do Tempo”