IDEIAS FORTES PARA TEMPOS FORTES

Deixo aqui algumas ideias de um dos meus filósofos preferidos, Henri Bergson:

“A coesão social deve-se, em grande parte, à necessidade de uma sociedade se defender de outras.”

“O olho vê somente o que a mente está preparada para compreender.”

“A vida é um caminho de sombras e luzes. O importante é que se saiba vitalizar as sombras e aproveitar a luz.”

“A inteligência é caracterizada por uma incompreensão natural da vida.”

“Pense como um homem de ação, atue como um homem de pensamento.”

“Um ser inteligente traz consigo os meios necessários para superar-se a si mesmo.”

“O que me impressiona em Jesus é este apelo a ir sempre adiante. Pode-se dizer que o elemento estável do cristianismo seja precisamente essa ordem de nunca parar.”

“Há coisas que só a inteligência é capaz de procurar, mas que por si mesma nunca achará. E essas coisas só o instinto as acharia, mas nunca as procura”. Henri Bergson

Para encontrar as coisas que a inteligência nunca achará resta o caminho da intuição que ultrapassa os limites das coisas e conduz ao espírito que tudo embebe.

Continuação de Boas festas

António Justo

 

 

O QUE POR AÍ CORRE A RESPEITO DA HISTÓRIA DE CUBA

De 1492 a 1902, Cuba foi uma colónia espanhola.
Em 1902 tornou-se independente. Como de costume, com uma mãozinha dos EUA a ajudar, para lá cuidarem dos seus interesses.
A ditadura de Fulgêncio Baptista durou de 1934 a 1959.
‎Agora leia-se o que se passou em Cuba enquanto foi possessão espanhola e até mesmo durante a ditadura de Baptista.

Desconhecia totalmente que Cuba tivesse tido tamanho desenvolvimento em tempos idos!

Afinal, o que foi que aconteceu em CUBA ?

Pois…, teve o que os outros não tiveram, Fidel de Castro.

1º) Enquanto foi espanhola:

  • * A primeira nação da América latina que utilizou máquinas e
    barcos a vapor foi Cuba, em 1829.
    * A primeira nação da América Latina, e a terceira no mundo (atrás da Inglaterra e dos EUA), a ter uma ferrovia foi Cuba, em 1837.
    * Foi um cubano quem primeiro aplicou anestesia com éter na
    América Latina em 1847.
    * A primeira demonstração, a nível mundial, de uma indústria
    movida a electricidade foi em Havana, em 1877.
    * Em 1881, foi um médico cubano, Carlos J. Finlay, que descobriu o agente transmissor da febre-amarela e definiu a sua prevenção e tratamento.
    * O primeiro sistema eléctrico de iluminação em toda a América
    Latina e Espanha foi instalado em Cuba, em 1889.
    * Entre 1825 e 1897, 60 a 75% de toda a renda bruta que a Espanha recebeu do exterior veio de Cuba.
    * Antes do final do Século XVIII Cuba aboliu as touradas por
    considerá-las “impopulares, sanguinárias e abusivas com os animais”.
    * O primeiro “carro eléctrico” que circulou na América Latina foi
    em Havana, em 1900.
    * Também em 1900, antes de em qualquer outro país na América Latina, foi a Havana que chegou o primeiro automóvel.

2º) Aqui já era independente… com os americanos a investir lá

* A primeira cidade do mundo a ter telefones com ligação directa (sem necessidade de telefonista) foi Havana, em 1906.
* Em 1907, foi estreado em Havana o primeiro aparelho de Raios-X de toda a América Latina.
* Em 19 Maio de 1913 quem primeiro realizou um vôo em toda a
América Latina foram os cubanos Agustin Parla e Rosillo Domingo, entre Cuba e Key West, que durou uma hora e quarenta minutos.
* O primeiro país da América Latina a conceder o divórcio foi Cuba, em 1918.
* O primeiro latino-americano a ganhar um campeonato mundial de xadrez foi o cubano José Raúl Capablanca. Ele venceu todos os campeonatos mundiais de 1921-1927.
* Em 1922, Cuba foi o segundo país no mundo a abrir uma estação de rádio e o primeiro país do mundo a transmitir um concerto de música e a fazer notíciários radiofónicos.
* A primeira locutora de rádio do mundo foi uma cubana: Esther
Perea de la Torre. Em 1928, Cuba tinha 61 estações de rádio, 43
delas em Havana, ocupando o quarto lugar no mundo, perdendo apenas para os EUA, Canadá e União Soviética. Cuba foi o primeiro no mundo em número de estações por população e área territorial.

3º) Sob o ditador Fulgêncio Baptista, mesmo assim:

* Em 1937, Cuba foi o primeiro país de toda a América Latina a
decretar a jornada de trabalho de 8 horas, o salário mínimo e a
autonomia universitária. Não, isto não foi obra do Fidel!
* Em 1940, Cuba foi o primeiro país da América Latina a ter um
presidente da raça negra, eleito por sufrágio universal, por maioria absoluta, quando a maioria da população era branca. Adiantou-se pois em 68 anos aos Estados Unidos.
* Em 1940, Cuba aprovou uma das mais avançadas Constituições do mundo. Na América Latina foi o primeiro país a conceder o direito de voto às mulheres, igualdade de direitos entre os sexos e raças, bem como o direito das mulheres ao trabalho. E isto também não foi obra do Fidel.
* O movimento feminista na América Latina apareceu pela primeira vez no final dos anos trinta em Cuba. Ela se antecipou à Espanha em 36 anos, que só veio a conceder às mulheres espanholas o direito de voto, a posse de seus filhos, bem como poder tirar passaporte ou ter o direito de abrir uma conta bancária sem autorização do marido, depois de 1976.
* Em 1942, um cubano tornou-se o primeiro director musical
latino-americano duma produção cinematográfica mundial e também o primeiro a receber indicação para o Oscar. Seu nome: Ernesto Lecuona.
* O segundo país do mundo a emitir uma transmissão pela TV foi Cuba em 1950. As maiores estrelas de toda a América foram para Havana para actuarem nos seus canais de televisão.
* O primeiro hotel a ter ar condicionado em todo o mundo foi
construído em Havana: o Hotel Riviera em 1951.
* O primeiro prédio construído em betão armado em todo o mundo ficava em Havana: O Focsa, em 1952.
* Em 1954, Cuba tinha uma cabeça de gado por habitante. O país ocupava a terceira posição na América Latina (depois de Argentina e Uruguai) no consumo de carne per capita.
* Em 1955, Cuba é o segundo país na América Latina com a menor taxa de mortalidade infantil (33,4 por mil nascimentos).
* Em 1956, a ONU reconheceu Cuba como o segundo país na América Latina com as menores taxas de analfabetismo (apenas 23,6%). As taxas do Haiti eram de 90% e as da Espanha, El Salvador, Bolívia, Venezuela, Brasil, Peru, Guatemala e República Dominicana eram de 50%.
* Em 1957, a ONU reconheceu Cuba como o melhor país da América Latina em número de médicos por habitantes (1 por 957 habitantes), com a maior percentagem de casas com energia eléctrica, depois do Uruguai, e com o maior número de calorias (2870) ingeridas per capita. E isto não foi obra do Fidel tampouco!
* Em 1958, Cuba é o segundo país do mundo a emitir a cores uma transmissão de televisão.
* Em 1958, Cuba era o país da América Latina com maior número de automóveis (160.000, um para cada 38 habitantes). Era o país com mais eletrodomésticos por 1000 habitantes e o país com o maior número de quilómetros de ferrovias por km2 e o segundo no número total de aparelhos de rádio.
* Ao longo dos anos cinquenta, Cuba detinha o segundo e terceiro lugar em internamentos hospitalares per capita na América Latina, à frente da Itália e com mais que o dobro que a Espanha.
* Em 1958, apesar da sua pequena extensão e possuindo apenas 6,5 milhões de habitantes, Cuba era a 29ª economia do mundo.
* Em 1959, Havana era a cidade do mundo com o maior número de salas de cinema (358) batendo Nova Iorque e Paris, segundo e terceiro lugares, respectivamente.

E o que foi que aconteceu depois de 1959?

Veio a Revolução… e nunca mais por lá se “pregou um prego”!

 

NO NEVOEIRO OS “SATÉLITES” BRILHAM MAIS

 Por António Justo

NO NEVOEIRO OS SATÉLITES BRILHAM MAIS

 

Meu Portugal, sem rei nem roque

De alma à chuva e corpo ao vento

Num abrigo descansa a mente 

Sempre à espera do sol-nascente 

 

Alheio anda, sempre adiado

Cão rafeiro bem-educado 

Passa a vida enfileirado

Já nem nota o cadeado.

 

Minha gente no nevoeiro

Já nem sabe pra onde vai

No escuro tudo é brilho

E os satélites brilham mais

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Espírito no Tempo

POR UM PORTUGAL LIVRE E COM MENOS NEVOEIRO

É um prazer ler e meditar o poema “Nevoeiro” de Fernando Pessoa que coloco a seguir e que retrata o estado da alma de Portugal, já há muito tempo enevoada e triste. Não será o barulho do arraial nem o orgulho balofo de uma população em fila a seguir o andor de um Estado confundido com a nação, que ajudam Portugal. Portugal terá de ser mais que uma nuvem ou um sentimento que passa.

“NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,

Define com perfil e ser

Este fulgor baço da terra

Que é Portugal a entristecer —

Brilho sem luz e sem arder

Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.

Ninguém conhece que alma tem,

Nem o que é mal nem o que é bem.

(Que ânsia distante perto chora?)

Tudo é incerto e derradeiro.

Tudo é disperso, nada é inteiro.

Ó Portugal, hoje és nevoeiro…

É a hora!

Valete, Fratres.”
Fernando Pessoa

Fernando Pessoa bem avisa “É a hora!” Mas a hora de despertar não chega e no escuro até os satélites brilham e como estes brilham demais, o povo não vê mais. Irei ainda hoje elaborar esta ideia em poesia e coloca-la amanhã aqui.
Obrigado pela vossa atenção.

António da Cunha Duarte Justo

ADVENTO É O TEMPO DA CAMINHADA PARA A GRUTA DO CORAÇÃO

O Presépio é o Protótipo da Ipseidade (Eu) e de toda a Vida


Por António Justo

Advento quer dizer chegada, é o tempo de espera e de esperança. Liturgicamente, o tempo de espera é o tempo grávido que vai até ao dar à luz: o natal acontece hoje e sempre na gruta do coração, onde se dá a revelação d’Aquele que é, que era e que vem (Ap 1, 4-8). Ele não foi nascer no templo nem no parlamento, nasceu e nasce numa gruta da terra ainda virgem e aberta a tudo e todos, onde se pode encontrar pobre e rico, crente e céptico, toda a pessoa de boa vontade, aberta e disposta a deixar-se surpreender para dar oportunidade à criatividade.

A caminhada de Maria e José para Belém é o símbolo da caminhada histórica e mística da vida de cada um; é a caminhada para nós mesmos, a ida ao encontro do nosso centro e ao mesmo tempo o início e a meta de nós mesmos e do universo. José e Maria sabiam para onde ir, tinham um objectivo: Belém e dar à luz Jesus nas suas vidas e para o mundo.

O Advento é uma caminhada, um percurso com altos e baixos, com ventos e acalmias. Séneca dizia: “Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir”. Todos nós andamos na barca da fragilidade e da insegurança mas, das velas da nossa vontade, depende o aproveitamento do vento para a levar ao trajecto do que fica e não passa.

Na gruta de Belém, longe do bulício da cidade, o divino infante nasceu na companhia dos animais e da família, onde razão e coração se encontram unidos, onde não há oligarquia nem tirania.

Hoje o presépio de Belém simboliza também a gruta do nosso coração. Se descermos os degraus da caverna do nosso interior, chegaremos ao íntimo do coração onde borbulha a água viva, tudo o que é divino e ultrapassa o tempo; nessa gruta, no limiar do nosso espírito, brota a vida e brilha a luz, o Deus menino. Vale a pena tentar; a vida é uma tentação contínua, toda ela tricotada de bem e mal numa espiral ascendente! O que fica e mais nos caracteriza é o caminho feito e o aroma do amor que o cobre.

Para se nascer e acordar para a vida não é suficiente ficar-se pela superfície seguindo caminhos já feitos; é preciso arrotear o próprio para vivermos e não sermos vividos. Para isso é preciso entrar-se numa gruta, lá onde se encontra o tesouro enterrado. Esse tesouro é o nosso eu no nós, a nossa ipseidade que participa da natureza divina, um mistério que envolve matéria e espírito, que une a “realidade” ao sonho, o todo e o particular numa relação de complementaridade. Aí poderemos ressurgir na criança que ao ser acariciada provoca em nós uma nova consciência e uma mudança na vida. O presépio é o protótipo da vida e da Ipseidade (eu integral), é a fonte do eu a brotar do nós.

Natal é a matriz (padrão) da vida individual, comunitária e cósmica e Advento é o tempo histórico e místico da sua realização. Jesus Cristo é o protótipo da realização pessoal, comunitária e cósmica equacionada na fórmula trinitária.

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo

Pegadas do Espírito no Tempo

A BONDADE DA SENHORA LÍLIA – UMA HISTÓRIA ACTUAL

Por António Justo

Era uma vez uma senhora que eu conhecia e se chamava Lília. Ela era tão simpática e boa que toda a gente quando a via sorria de alegria.

Na empresa onde trabalhava, era querida, como nenhuma outra, por companheiros e superiores. Era tão altruísta que compartilhava o sofrimento alheio e chegava a engolir cobras e lagartos no trato com os outros. Distinguia-se entre todos pela competência e simpatia e até bolos trazia de casa para adoçar o espírito da firma e os ânimos dos colegas nas pausas do café. Até que um dia foi necessário escolher na sua secção uma senhora para um lugar vago da direcção.

Lília que era boa mas não ingénua pensava que seria chamada a ocupar aquele posto. Com estranheza verificou que foi escolhida, para o lugar da direcção, uma outra colega menos simpática, menos talentosa e mais dura que ela.

Lília foi ter com o chefe da repartição para saber da razão de tal discriminação.

O dirigente respondeu que ela não era boa para o cargo da direcção porque era demasiado boa para com as pessoas e, como tal, teria dificuldade em impor os interesses da firma.

Moral desta história verdadeira: quem não se trata bem a si e faz tudo pelos outros prejudica-se a si mesmo e possivelmente também a outros.

Lília era uma pessoa adulta que não se preocupava consigo e estava convicta de que fora do amor não há salvação. A dor, também a tinha, mas lavava-a em casa na própria solidão, todos os dias iluminada pelo fluido da compaixão.

Amar o próximo não está em moda nem faz parte dos interesses das organizações. Lília que se sentia companheira dos injustiçados não levou a mal tal discriminação, porque ama o próximo e sente que nos encontramos num processo de mudança de mentalidades para uma nova era onde o sentido será fazer o bem.

Cada um tem uma medida para o seu viver! Para melhor ajudar os outros é conveniente não se esquecer a si mesmo porque a própria pessoa e a própria felicidade faz parte da dos outros.

António da Cunha Duarte Justo