FRAQUEZA SISTÉMICA DA POLÍTICA INTERNA PORTUGUESA

A REPÚBLICA PRODUZIU PARTIDOS OU AGREMIAÇÕES?

Quando observo partidos na Alemanha e os comparo com partidos portugueses fico triste com a amarga impressão que Portugal não tem partidos do povo, quando muito tem corporações de interesses rivais ou cooperantes, dentro da população.

Por vezes fica-se com a sensação que os políticos portugueses fazem política para o seu Estado e não para o povo (país). A eleição de Trump é um acto desesperado e um apelo do povo ocidental aos políticos para que mudem de atitude e de política. O povo no mundo ocidental já não se encontra numa idade escura, ele já vai pensando também, não se contentando com o devaneio do sentir-se honrado com a companhia de algum político ou doutor ou simplesmente ambientado com o embalar de alguma cassete.

A democracia portuguesa não está forte nem fraca, apenas vegeta cronicamente porque é dirigida por interesses de alguns grupos que não precisam de prestar contas sérias a ninguém (quando muito a Bruxelas e aos bancos internacionais!) e estão-se marimbando para o bem-comum e para o bem nacional; na formação da opinião pública domina ainda o proselitismo jacobino: o que conta são os sentimentos, estratagemas e não os factos.

Que país é este tão endividado mas tão engravatado?

Já Luís de Camões desabafava acerca dos líderes da nação dizendo: “O fraco rei faz fraca a forte gente”. Fracos são os que têm o privilégio da informação e o monopólio da interpretação; fracos são os deputados que se permitem aumentos salariais nos cargos políticos quando a maioria dos reformados e da população tem ordenados de fome! (Imagine-se só a diferença que vai de um reformado em Portugal com 290 euros por mês e a de um senhor com uma reforma de 50.000 euros por mês? E Isto num país em que a esquerda influente não come menos que os adversários que oficialmente combate!). E alguns ainda se queixam do povo para justificarem o mal da governação ou do próprio partido.

A população é como as crianças: dá a mão a quem a leva e come o pão que lhe dão! Portugal não tem povo, tem população e a razão disso está no facto dos partidos serem grupos corporativistas com interesses próprios satisfeitos à custa do Estado e das suas instituições. A vida pública nacional parece surgir da ilusão de uma vida nacional gerada sobretudo pela dinâmica de lutas das diferentes corporativas entre si. É sintomático aqui o facto de a população encontrar sempre uma desculpa para não se preocupar com as causas de um Estado quase bancarrota e não questionar a capacidade dos próprios governantes, sejam eles de que cor sejam. Os grupos corporativistas conseguiram legitimar os seus interesses apenas com sentimentos à margem dos factos porque se apoderaram do Estado e suas instituições. Para ascender ao poder e bem governar não deveria ser suficiente ter a administração pública, os funcionários do Estado e algumas agremiações mais ou menos satisfeitos!

As nossas elites nunca gostaram do cheiro a povo

A República nunca se deu bem com o povo e o povo também não a compreendeu! E isto porque em Portugal não há a tradição de partidos populares, o que há são corporações, sem organizações de base fortes que tenham capacidade para imporem aos órgãos superiores dos partidos os seus representantes; então quando muito há organizações de base fracas que resignam e por isso aceitam os paraquedistas que a elite do partido ou do sindicato nomeia. Isto provoca uma relação mafiosa e vaidosa de representantes apresentados ao povo mas que foram gerados no espírito antipopular. Temos assim um Estado enredado em interesses corporativos sem a consciência de que nele há país e povo porque as elites podem viver do Estado e do fraco copianço do que acontece politica e socialmente no estrangeiro, sem precisarem de povo. A população que o país tem vai chegando para manter as necessidades dos que se governam. De uma maneira geral, estes, nas suas campanhas eleitorais, dão umas corridas no meio dos arraiais e uma vez eleitos fazem o que lhes interessa sem que alguém lhes Peça contas; no máximo os eleitores castigam-nos com uma legislatura de tipo sabático até às sequentes eleições. A população não foi habituada a orientar-se pelos factos, foi educada a seguir apenas os sentimentos num país em que os beneficiados do Estado não se interessam pelos factos porque sempre fomentaram uma política de decisões orientadas para oscilações sentimentais.

António da Cunha Duarte Justo

RETIRADA A TUTELA AMERICANA SOBRE A EUROPA

A eleição de Trump marca o fim da época pós-guerra

António Justo

O antigo embaixador dos USA na Alemanha, john Kornblum, confessou na imprensa alemã: “A tutela americana sobre a Europa foi retirada para sempre … A eleição de Trump marca o fim do mundo pós-guerra”. “Agora os europeus talvez encontrem uma vontade reforçada para assumir responsabilidade”. Nesta perspectiva, o compromisso social europeu com a sua população correrá grande risco e o radicalismo aumentará.

As responsabilidades das potências estratégias mundiais em relação ao globo serão redistribuídas. A Europa terá de assumir a sua defesa e de se preocupar mais com a África enquanto os USA se preocuparão mais com eles e com a Ásia. Talvez a Europa central, na perspectiva económica e estratégica, tenha de olhar mais para a Rússia e menos para a Turquia. Naturalmente não agradaria nada aos americanos se a tecnologia alemã e as matérias-primas russas cooperassem, porque deste modo se fortaleceriam mutuamente. A Alemanha tem de ter países para onde exportar, doutro modo, uma Alemanha instável tornaria a Europa ainda mais insegura.

Na sequência da eleição de Trump, Estados e empresas multinacionais vêem-se obrigados a reunir-se. A 14.11, os ministros da defesa e dos negócios estrangeiro da EU reuniram-se e declararam terem de assumir novas responsabilidades. Determinaram para já a criação de um Centro para a Liderança das operações civis e militares na EU a efectuar em 2017. Doutro modo os USA continuarão a ter como parceiros os diferentes países europeus não se sentindo motivados a sobrecarregar o próprio orçamento militar para defender a Europa. A Nato foi abusada e instrumentalizada pelo parceiro Turquia na sua guerra contra os curdos, dando apoio clandestino a grupos sunitas terroristas e afirma-se cada vez mais como um estado fascista mas a Europa é demasiado fraca para poder reagir adequadamente.

As consequências da nova política americana já se fazem sentir numa Europa tradicionalmente instável (com excepção do período que foi do fim da segunda guerra mundial até à queda da União Soviética). Na sequência da nova onda, os países membros da EU passarão a não permitir tanta intromissão de Bruxelas nos assuntos nacionais mas também não podem permitir que um só governo, o de Ângela Merkel queira impor a todos os membros da EU a sua política de boas-vindas aos refugiados. A EU, que deveria ser unida, encontra-se em contradição ao ser condicionada pela Alemanha e por outro lado, também os políticos dos países membros terem de fazer vista grossa ao que se passa em Bruxelas, para poderem sobreviver. Os políticos portugueses poderão permitir-se ainda por algum tempo manter a sua intensa solidariedade com Bruxelas porque nas elites governantes portuguesas há uma forte convicção europeia e em Portugal o povo não ter tanto a dizer em política como noutros países. Um outro factor de desestabilização de Bruxelas será também as relações especiais dos USA com o Reino Unido, Polónia, Roménia, Grécia e em parte com Portugal.

A crise dos refugiados na EU levou ao Reino Unido a enveredar caminhos mais nacionalistas. A União Europeia cada vez se torna mais fraca como se vê na sua dependência em relação à Turquia. Sintoma da fraqueza da EU está no facto de se atrever a chamar a atenção dos USA para o respeito dos direitos humanos e deixar o fascismo crescer na Turquia. Tal como aconteceu com o Brexit torna-se difícil para muitos aceitar a realidade dos factos. A pseudo-religião do politicamente correto da nossa era tem dificuldade em aceitar o contratempo que a faz sofrer e, por isso, não deixa ser objectiva.

António da Cunha Duarte Justo

UMA BOA ACÇÃO PARA DESENFASTIAR ALGUMAS NOTÍCIAS: TRUMP RENUNCIA AO ORDENADO DE PRESIDENTE

Donald Trump declarou querer renunciar ao ordenado a que teria direito na qualidade de Presidente dos USA. Trum noticiou na CBS só querer aceitar um dólar por ano. A remuneração do presidente americano é de 370.000 € por ano.

Este propósito só terá consistência se a sua relação como grande empresário e como presidente dos USA não se misturarem.

António da Cunha Duarte Justo

320 JUÍZES PREPARAM REFUGIADOS PARA O ESTADO DE DIREITO

No Estado de Hessen, na Alemanha, há um projecto “estar apto para o Estado de Direito” que organiza cursos de ajuda para refugiados. O objectivo é a melhor integração dos refugiados num Estado de Direito.

Entre Maio e Outubo (HNA) já participara 5708 refugiados nos cursos tendo tido como professores profissionais do direito, entre eles 320 juízes e procuradores da justiça. Os cursos realizam-se em 38 localidades.

É fantástico, o trabalho voluntário na Alemanha em benefício dos refugiados. A Alemanha, ao constatar os problemas da não integração de estrangeiros, procura agora empenhar-se mais no assunto.

António Justo

MULTA POR INSULTO NO FACE BOOK

 

Um turco, na Alemanha, foi condenado a pagar 600 € por ter designado de “Puta” à deputada Dagdelen. Um outro foi condenado a pagar 700 € por ter chamado “Filho da Puta” ao chefe dos Verdes, Özdemir.

 

Um tribunal de Berlim impôs multas a pessoas que insultaram no Face Book dois deputados alemães de origem turca que tinham aprovado no Parlamento uma resolução que qualifica a liquidação dos arménios pelos turcos como holocausto.

A Internet não é um espaço isento de Direito! Por vezes causa tristeza lerem-se tantos insultos contra pessoas que pensam de forma diferente. Em vez de argumentos assiste-se muitas vezes a sentenças proclamadas do alto tribunal da opinião armada em tribunal de última instância!

Este e um assunto que mereceria uma profunda discussão. Há que conciliar os direitos da Liberdade de expressão com o da Dignidade humana! Um outro ponto de discussão a ter-se em conta seria o problema de um Estado que se intromete cada vez mais na esfera que pertenceria ao foro privado.

O RESPEITO pela dignidade humana e o RESPEITO pela liberdade de expressão! Dois valores que actualmente se usam um contra o outro!

António da Cunha Duarte Justo

 

MULTA PARA IMAMES QUE EFECTUEM CASAMENTOS COM CRIANÇAS

O jornal ZEIT informou que, uma iniciativa do Ministério do Interior dirigida ao governo federal alemão e ao Grupo de Trabalho dos estados federados, prevê uma multa a pregadores islâmicos (imames) que realizem casamentos de menores de idade.

Imames não poderão efectuar rituais de casamento de menores de idade, nas mesquitas. A proposta de lei a discutir prevê multas até mil euros.

Na sociedade ainda se encontram muitos costumes de povos e culturas que são colocados acima dos direitos humanos consignados na Constituição. O casamento com menores é um abuso da personalidade humana e dos seus direitos. É estranho que uma sociedade se preocupe tanto com a não discriminação e menosprezo através de palavras, insurgindo-se contra expressões como Zigeunerschnitzel (costeleta cigana) e por outro lado não elabore leis que proíbam em princípio a exploração sexual de crianças tolerando o casamento antes dos 18 anos.

 

O problema agudiza-se pelo facto de nas mesquitas se realizarem casamentos à margem da lei. Muitos realizam o casamento religioso islâmico mas não efectuam o casamento civil alemão para deste modo poderem usufruir de apoios aos estudos ou sociais que veriam reduzidos se vivessem num agregado familiar e não tivessem domicílio independente.

 

António da Cunha Duarte Justo