DA VIOLÊNCIA DA OPINIÃO PARA A CRUELDADE DA ACTUAÇÃO – APENAS UM PASSO

Assassínio do alemão Walter Lübcke pela Extrema Direita, “Rede de Resistência Democrática” … nas pegadas da “Fração do Exército Vermelho”?

Por António Justo

A 2/06/2019 foi assassinado, em frente de sua casa, Walter Lübcke, presidente distrital do distrito de Kassel, alegadamente, por mão traiçoeira da extrema direita, com um tiro na cabeça. Na sequência do crime, foi preso, como suspeito, o neonazi Stephan E.

Lübcke, político da CDU, que era conhecido pelo seu empenho em favor dos refugiados, incomodava de maneira especial a cena parda da sociedade, principalmente, a partir do momento (2015) da abertura de um lar para refugiados, onde foi apupado por alguns presentes. Lübcke, homem de texto claro e não habituado a engolir cobras e lagartos, dirigiu-se então aos apupantes dizendo: “Vale a pena viver no nosso país. É preciso defender os valores, e aqueles que não os defendem, se não estiverem de acordo, podem deixar este país a qualquer momento. Essa é a liberdade de cada alemão.”

Desde então não se fizeram esperar ameaças contra ele por parte dos “Cidadãos do Império” ( Reichsbürgern) e da extrema-direita “Nuremberga 2.0 Alemanha – Rede de Resistência Democrática” que colocara Lübcke numa lista de inimigos, porque tinha participado na “islamização, na desdemocratização, na repopulação da Alemanha” (1).

Desde 2011, circula na Internet uma lista negra da rede extremista de direita com pessoas consideradas desagradáveis e em que constava também Lübcke.

Este facto trágico não pode ser considerado como um caso isolado. Depois de ter sido encontrado morto no seu jardim já outros dignitários alemães têm recebido ameaças de morte. Desde 2015 cresceu “enormemente” o potencial de terror de direita na Alemanha. O medo do islão e insatisfações difusas mudaram o clima social e estão a mudar a constelação dos cenários governantes.

O assassínio de Walter Lübcke provoca imensa excitação e medos na sociedade alemã porque esta ainda tem bem presente na memória a atmosfera social que se viveu da década dos anos 70 até 1998, causado pela Fração do Exército Vermelho (RAF), uma organização terrorista extremista de esquerda (“Bando Baader-Meinhof”), responsável por 33 assassinatos de líderes políticos, empresariais, administrativos, funcionários aduaneiros e soldados americanos. A divisão na sociedade alemã e europeia é hoje semelhante à dos tempos da “guerra fria” entre os propagandistas do capitalismo e os do socialismo (hoje os militantes internacionalistas e os nacionalistas). Então a ala esquerda da sociedade encontrava-se extremamente descontente até ao ponto de se sentir vítima do sistema; atualmente é a ala direita da sociedade que se sente descontente e vítima, provocando nos seus extremos reacções de violência que poderiam, com o tempo, vir a igualar a violência da Fração do Exército Vermelho (2) de outrora.

Num país que parece ter a visão geral de tudo, o Governo encontra-se cada vez mais na necessidade de se explicar. O cidadão normal sente-se cada vez mais existencialmente inseguro e sem perspectivas de futuro. Muitos são do parecer que o direito penal se tornou insuficiente na luta contra o extremismo de direita e a julgamentos demasiado laxos na solução do crescimento da delinquência social.

De facto, com a imigração muçulmana, a Europa já não é a mesma; tornou-se numa Europa de extremos condensados; especialmente para o cidadão europeu, torna-se mais difícil viver nesta EU dividida em duas trincheiras (direita e esquerda), cada vez mais agressivas e fanáticas. A crescente politização do dia a dia envenena as relações e enegrece o horizonte e as perspectivas de vida do cidadão, tornando possível assassínios como este. A sobranceria dos dirigentes e a insatisfação dos desnorteados não possibilitam uma plataforma de interesses comuns. As agressões que antigamente eram compensadas em jogos ou em guerras extramuros são hoje vividas dentro da sociedade numa espécie de guerrilha. No discurso público falta o cultivo de uma tolerância global, uma tolerância de diferentes horizontes e perspectivas e não apenas uma tolerância do politicamente correcto, ou apenas reduzida ao que fomenta a própria ideologia e opinião. Também nos formadores da opinião pública (Media) se pode ver uma certa divisão: os Media considerados sérios como multiplicadores do politicamente correcto (discurso oficial) e os meios virtuais sociais de interesses difusos mais multiplicadores de alegados interesses do cidadão.

Numa época em que o extremismo político se expande, põe-se a questão até que ponto a democracia é capaz de integrar extremistas da direita e da esquerda. O clima político encontra-se em mudança numa sociedade que se sente cada vez mais insegura e em que a política não consegue refelectir nem explicar o próprio agir. Num clima de intolerância recíproca, cada parte considera a outra ilegítima, não concedendo margem para compromissos; passa-se à lei da selva, do “quem pode, pode” e do quem não pode abaixa-se… A politização da linguagem tem concorrido para a rudeza da expressão; a violência normaliza-se, seja de forma velada em palavras polidas ou de forma manifesta em palavras grosseiras que conduzem a actos violentos. Tudo é usado para colocar o adversário na lista negra. Neste ambiente confuso e perturbado, o Estado desleixa o seu dever de proteger o cidadão.

Ser a favor ou contra é um direito democrático, mas existem redes extremistas de direita e redes extremistas de esquerda que não abdicam da violência para impor os seus fins; como não se trata de perpetradores individuais, tanto a ala esquerda como a ala direita da sociedade deveriam analisar as cenas extremistas criticamente numa perspectiva já não de perpetrador único mas de redes organizadas e de ONGs. Há 13.000 extremistas da direita que estariam prontos a usar da violência, na Alemanha de hoje (3).

Na Alemanha é agora bastante criticada a existência do órgão de proteção da Constituição (BfV). Nos Estados torna-se por vezes difícil desmantelar certas redes maléficas porque por razões de Estado, os órgãos de protecção da constituição (Ministério do Interior) bloqueiam o acesso a ficheiros e actas, por espaços de 30, 50, 90 e até 120 anos.

Geralmente são 30 anos de bloqueio a jornalistas e historiadores e de uma maneira geral os documentos secretos das autoridades podem ser vistos depois de 60 anos. A lei alemã permite tais prazos de tempo (casos de espionagem, etc. dizendo para tal tratar-se da protecção dos informantes que correriam perigo, no caso de se tornarem públicos).

A protecção da Constituição em sentido lato refere-se a todas as medidas de consolidação e defesa da Constituição contra insurreições e revoluções, bem como contra outros ataques anticonstitucionais e perturbações constitucionais. Na Alemanha há uma discussão aberta sobre a oportunidade dos órgãos de protecção da constituição, sendo estes, por vezes, vistos, mais como impedimento do que prevenção contra a extrema direita.

Uma coisa é certa: a violência, provenha ela de conservadores ou de progressistas, é sempre um ataque condenável a toda a sociedade pacífica. O problema começa, geralmente, com suposições e generalizações acompanhadas do sentimento de um direito curvo a querer possuir toda a razão.

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

A EUROPA VOTOU E ACORDOU MAIS VERDE E VARIADA

No Carrossel das Nações e das Culturas a Europa revela já tonturas

António Justo

As eleições europeias revelaram que está em curso a fragmentação e polarização das paisagens políticas europeias e a necessidade de implementação de políticas do ambiente. Com as eleições, os Verdes e os partidos pequenos começam a ter maior representatividade nos parlamentos, apesar do sistema favorecer os partidos grandes.

Em parte, a Alemanha está para os países europeus como a América para a Europa. Na Alemanha já se verifica o tempo de viragem dos partidos estabelecidos: a CDU também perdeu eleitorado embora continue à frente (28,9%), os Verdes (20,5%) conseguiram atrair a esquerda liberal do SPD, que viu reduzidos os seus eleitores de 27,31 para 15,8%.  A História não para, ela é de quem a acompanha e a muda. De momento tudo procura e ninguém encontra! Na Alemanha, a juventude marcou presença nas urnas e a afluência geral do eleitorado foi de 61,5%.

Um outro fenómeno a manifestar-se é o facto de artistas conhecidos começarem a candidatar-se como pessoas individuais e conseguirem assento no parlamento. Ver em nota os resultados dos partidos na Alemanha (1) e noutros países (2). Verdes e pequenos partidos registam as maiores subidas (3).

Constata-se que, na consciência popular, avança o proteccionismo de Trump, não só na praça pública, mas também através de um populismo domesticado dentro dos próprios partidos, o que denota uma certa adaptação aos novos ventos. De facto, mesmo os chamados populistas AfD lutam por domar o seu populismo (expressão emocional popular) para que, com o tempo, possam afirmar-se como populismo civilizado à imagem do que acontece nos partidos já estabelecidos no sistema. Com o desmoronar dos grandes partidos populares, como a CDU e o SPD, os populismos de esquerda e de direita ganhará mais expressão.

De notar que embora esteja a dar-se um tornado a nível dos chamdos partidos populares, permanece um equilíbrio nacional da cidadania de esquerda e de direita, na forma de estar política dos diferentes países, apesar de aqueles se encontram em navio a afundar-se; só na península ibérica, onde o discurso ideológico tem mais peso nas actividades governamentais, é que não. Na Alemanha, o partido os Verdes encontra-se a caminho de se tornar num partido popular e prestes a substituir o SPD nas rédeas do poder; outros partidos minúsculos também marcam presença.

O facto da fragmentação e polarização das paisagens políticas europeias obrigará os partidos a mudar a estratégia de conversações   em formações de governo mais complexas e, por outro lado, a um acentuar de identidades partidárias com a consequência de, em vez de dialogarem, rivalizarem; também isto significará uma mudança de atitude   na relação entre os tradicionais partidos formadores de governos na Europa central e norte e terá consequências a nível da EU na procura de consensos menos fáceis.

A acompanhar a greve do clima na paisagem juntou-se a greve das escolas a apoiá-lo, tentando assim irromper contra um cepticismo governamental ainda distanciado. O motor de arranque para a mudança sistémica da classe governante nos países europeus é movido pelas mudanças climáticas e pela imigração descontrolada e um certo desrespeito pela própria cultura.

A juventude, desta vez mais participativa, quer que o futuro lhe pertença, tendo emprestado, para isso, a sua voz aos partidos e movimentos verdes e não aos negociantes do hoje! A Europa encontra-se agora mais dividida entre os que puxam a corda em direcção ao futuro e os que a puxam em direcção ao passado. Um encontro de pausa para voltar ao meio seria o mais adequado.

A situação da EU não é boa e sofre de vários desalinhamentos e  exigorá paciência para a construção de coligações multipartidárias com novas plataformas de conversações na gestão da coisa pública; na consequência  teremos regimes políticos mais instáveis como tem acontecido com a Itália.  Isso tornar-se-á já visível nas discussões para a substituição de Jean-Claude Juncker na escolha do novo presidente da Comissão.

Numa sociedade cada vez mais diferenciada também se torna compreensível um certo desconsolo nos monopólios dos Media e o descontentamento na classe política estabelecida.  A velhice não perdoa e a juventude, se não é burra, aproveita-se.

Conclusão: uma loucura comum do globalismo económico avassalador, sem respeito pela natureza, movimenta o eleitorado de modo a substituir o partido social democrata pelo dos Verdes e a loucura de uma política de portas abertas irresponsável fomenta o chamado populismo de direita que instabiliza os centristas, como mostra o exemplo do AfD alemão.

Para cá dos Pireneus os eleitores hesitam ainda na vontade de mudar o sistema de partidos clássicos, mas os partidos defensores de programas verdes e ecológicos já se encontrem a iniciar os primeiros passos para pisar a arena pública; são ainda demasiado fracos mas o exemplo da Europa central encoraja-os. A variedade de partidos eleitos em Portugal já aponta para uma sociedade pronta a deixar de sonhar com maiorias absolutas.

© António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

  • (1) Resultados: CDU 28,9% (29 deputados), Verdes 20,5% (21), SPD 15,8% (16), AfD 11% (11), Die Linke 5,5% (5), FDP 5,4% (5), Die partei: 2,4% (2), Freie Wähler: 2,2% (2), Tierschutpartei:1,4% (1),ÖDP 1% (1), Piraten 0,7% (1), Familie 0,7% (1), Volt 0,7% (1). https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&q=wahlen+ergebnisse
  • (2) Na França Le Pen consegue com 24,2% do eleitorado, mais votantes do que La République en Marche, do presidente da República (22,4%). Na Polónia os conservadores conseguem 42,2% enquanto a oposição conseguiu 39,1%. Na Grécia os conservadores ganham com 33,5% enquanto o chefe do governo Tsipras só consegue 25%. Na Úngria o partido de Viktor Orbán consegue 56%. Na Dinamarca vencem os sociais democratas com 22,2% e os populistas de direita descem para 11,8%.
  • (3) https://observador.pt/especiais/eleicoes-europeias-os-resultados-pais-a-pais/

POLÓNIA CONTRA IMIGRANTES? NÃO!

Muitas vezes, muitos dos seguidores do “politicamente correcto” acusam a Polónia de não aceitar imigrantes. A Polónia foi o país que mais imigrantes acolheu. Desde 2014 recebeu entre um milhão e milhão e meio de imigrantes da Ucrânia (cf. HNA). Isto num país com uma população de 37 milhões de habitantes. Os imigrantes ucranianos são refugiados da pobreza e de situações catastróficas no país. A Polónia é contra a imigração de muçulmanos e contra a imposição da EU nesse sentido.

A Polónia tem uma experiência histórica bastante negativa seja em relação a vizinhos europeus, seja a russos.

Na Polónia 30% dos alunos aprendem alemão, em 2017 eram 2,2 milhões; 1,5 milhões aprendiam russo e 1,4 milhões inglês.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

DAS CONQUISTAS GEOGRÁFICAS PARA AS CONQUISTAS IDEOLÓGICAS

Líder muçulmano exige ao Rei de Espanha que peça Perdão pela Reconquista

 

Por António Justo

O pior inimigo da Verdade é a ignorância, mas esta é, por outro lado, o melhor meio para fortalecer o poder e os poderosos.

Jihad, presidente da comunidade islâmica Mesquita Ishbilia, em Sevilha, escreveu a Filipe VI (26.03.2019) pedindo que peça perdão pela Reconquista iniciada há cerca de 1300 anos (em 718 e terminada em 1492 pelos Monarcas Católicos com a conquista de Granada ( a subordinação ou expulsão dos muçulmanos de Espanha depois de estes terem invadido e ocupado a Península Ibérica no sec. VIII).

O líder islâmico pedia, além disso, a concessão da nacionalidade espanhola para os muçulmanos descendentes dos expulsos, que hoje deveriam ser alguns milhões, com direito a voto (1). Muitos dirão que isto é impróprio de hóspedes atrevidos, outros que é fraqueza de hospedeiros acomodados e ainda outros dirão que a atitude é própria de uma cultura que ainda sabe o que quer! (A noticia não seria relevante se não manifestasse, de uma maneira geral, a atitude muçulmana em relação aos “infiéis”!)

Revisionismo revanchista nacional e internacional ao Serviço da Domesticação do Povo ocidental

Isto aconteceu alguns dias depois do presidente do México, López Obrador, ter enviado uma carta ao Rei de Espanha e ao Papa Francisco, pedindo-lhes que pedissem desculpa pelo que infringiram aos nativos no momento da conquista (2).

Tudo isto é certamente mais um ponto das agendas ideológicas a atuar através de várias ONGs ideológicas mundiais e que também fazem parte da implementação do pensamento politicamente correcto de uma Agenda internacional ideologicamente ultraprogressista.

Quanto à concessão de naturalização, em termos de oferta de nacionalidade, não se pode comparar os muçulmanos com os judeus, porque estes onde imigraram entraram pacificamente e integram-se nos países, não havendo, passadas gerações, a exigência de se formarem enclaves judaicos, ao contrário do que acontece com os muçulmanos que, quando atingem uma determinada percentagem na população de um país, exigem independência, como aconteceu p. ex. : Kosovo, Albânia, Índia-Paquistão, etc., e como acontece hoje em várias regiões do mundo.

Encontramo-nos numa época desorientada e, por isso, favorecedora do revisionismo revanchista nacional e internacional; quem mais alto levanta a voz mais direito tem, segundo a sabedoria popular, “quem não berra não mama”! A guerrilha da palavra, a desinformação e a criação do sentimento de culpa, são meios muito comuns para se moverem sentimentos reivindicativos de forma gratuita.

O grande benefício árabe em relação ao Ocidente, é o petrodólar e uma Agenda materialista internacional como aliada, na sua luta contra a cultura ocidental clássica, seguindo eles uma estratégia comum de, pouco a pouco, instalarem um ideário da demagogia e da ignorância até poderem implantar uma monocultura latifundiária (islão e comunismo) universal: indirectamente parece uma preparação para o predomínio de uma certa mundivisão ou maneira de estar asiática no mundo. Tudo isto é naturalmente legítimo porque o poder e a política não é dos que dormem e a História está sujeita a contínua mudança não podendo ser abarcada por uma vida humana mesmo longa de 100 anos. Muita gente, mais sensível na Europa sente-se preocupada com uma política só orientada pela economia na preocupação de tapar os buracos causados na população pela menor fecundidade europeia. Uma política de imigração desregulada provoca reações populares preocupantes e revela irresponsabilidade política.

Isto acontece porque uma elite fraca aceita dos reivindicadores imigrados direitos especiais. “O fraco rei faz fraca a forte gente” constatava Camões ao repassar a História de Portuga (2)! Devido à fraqueza das nossas elites, acomodadas e acobardadas em relação ao marxismo modernista que tomou, em grande parte, posse de grande parte do espaço social público, na era pós-guerra, a nossa história passa a não ter suporte e a decadência avança em Estados sem consciência nem defesa cultural.

Os árabes, ao contrário dos ocidentais, são unidos no bem e no mal pois consideram-se primeiramente como comunidade, como povo, a afirmar-se perante um Ocidente feito de comunidades rivais; fazem uso, para isso, da dupla estratégia do falar positivo sobre si e do calar sobre as próprias negatividades, enquanto os europeus, dentro da mesma sociedade, constroem a sua dominância na base do desdizer uns dos outros e do transformar a excepção em regra: é-se mais pelo partido, pela tribo, pelo grupo do que pelo todo; assim passa a não haver povo!  Os muçulmanos e os agentes da agenda marxista, atendendo aos seus objectivos de luta contra a tradição ocidental, não podem ser criticados pelo seu agir arguto; não se identificam com a civilização europeia e fazem por eles, apoiando-se uns aos outros, independentemente das pequenas diferenças que têm entre eles! Como seguem a matriz natural do poder, mais tarde virão a ter a razão que a história lhes dará: de facto, “dos vencidos não reza a História”.

Como os países da União Europeia se encontram divididos e agrupados em famílias de partidos já não é de tanto interesse, para eles, a acção partidária aferida aos interesses do país, mas sim às agendas das famílias partidárias europeias e universais (A ideologia passa a assumir o papel que, politicamente, antes tinham as confissões religiosas!). A ideologia também é subvencionada pelos correspondentes governos que criam certas cadeiras universitárias para assegurarem a propagação da “ciência” e da verdade sociológica (a verdade das estatísticas) como substracto e legitimação da própria ideologia. A ideologia subvencionada actua também nas universidades a nível global, através de agendas e iniciativas a realizarem-se ao mesmo tempo em todos os países de cunho ocidental. O poder de ONGs, por um lado necessário, chegará, com suas iniciativas e acções populares, a ameaçar os próprios Estados.

Antigamente faziam-se as conquistas através da Espada, agora na Europa os povos e as regiões já se encontram estabilizadas, pelo que a conquista a fazer-se passa a ser entre subculturas e com a palavra; os ideólogos actuam dentro da sociedade na luta contra costumes e instituições (em vez de inclusivamente ajudarem a renovar as existentes, seguem a tática marxista da luta) ; por outro lado, os países dos blocos (USA, Rússia, China e Europa) vão fazendo a guerra económica que se usa de guerrilhas e sublevações civis (uns a pretexto de valores democráticos e outros a pretexto de zonas de influência económica ou dos dois). A guerra que antigamente era militar e orientada pela conquista de terreno (conquistas geográficas) hoje é feita através da conquista do pensamento (conquistas ideológicas); daí, quem mais conquista os pensadores e os Média, mais determina o pensar e a vontade popular (a soberania controlada e dirigida)!

Pedir perdão

Quanto à exigência do pedir perdão torna-se uma questão complicada, pois: quem terá de pedir perdão a quem? Por outro lado, na História comandam os factos; a conversa sobre eles já pertenceria a um romantismo histórico ao serviço de grupos em despique que pretendem assumir o poder.

O   imã da mesquita, certamente, não pedirá desculpas ao povo espanhol pelas barbaridades que os maometanos fizeram na Espanha de 711 a 1492 (3)   nem pela pirataria que fizeram e amedrontou a Europa de tal modo, durante séculos, mesmo depois da sua expulsão e que criou nos europeus um sentimento de culpa que permite ao islão o sentimento de superioridade e a ideologias ascendentes aplainar os caminhos da decadência de uma grande civilização.

Se não fosse a desinformação e o não saber, todo o poder teria problemas de legitimação. Cada vez se encontram mais ventríloquos ideológicos desfazedores da história europeia porque notam que têm sucesso com as suas teses e exigências e encontram acólitos intelectuais que abusam de um moralismo egoísta como único meio de interpretar e fazer história (ocupam as mentes de oportunistas e de incautos, num ocidente fraco que perdeu o sentido da vida de um povo e o sentido da História). Têm, porém, razão porque esta é-lhes dada por um povo “inocente” e impreparado e quem está à frente encontra-se mais iluminado!

Como a asneira é contagiosa e agendas aliadas dos Soros e do petrodólar têm grande força nos governantes do ocidente, torna-se fácil o uso de armas ideológicas para a conquista do terreno real. “Os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz!” (Bíblia). Partem do princípio que a vida é resolução de problemas, por isso há que criá-los no sentido das suas oportunidades.

Como se sentem sistematicamente superiores (5) e acham natural a construção de mesquitas e a pregação do Islão àqueles a quem é proibida a construção de igrejas e a pregação do Cristianismo, não têm pejo em fazer exigências descabidas. Invadiram a Península Ibérica e agora já se sentem fortes a ponto de exigirem que o Ocidente lhes peça perdão (6)! Dado nas mesquitas não se diferenciar entre política e religião, estão conscientes da vantagem de sustentabilidade que estrategicamente têm. Esquecem, porém, que toda a ideia e toda a instituição que não sirva a pessoa estará com o tempo destinada a desaparecer.

Como João Paulo II, no ano 2000, numa atitude religiosa, pediu perdão geral pelos pecados históricos da Igreja, pensam que o pedir perdão iliba os outros da culpa e não implica um acto recíproco. Esquecem que teriam de pedir perdão por terem demolido a Basílica de San Vicente para construírem a Mesquita de Córdoba. Teriam de pedir perdão por terem destruído o reino visigótico e cultura romana ao invadirem a Hispânia no século VIII d.C. e sujeitarem todos os cristãos a vassalagem vergonhosa e a terem de pagar impostos especiais aos “ocupantes” durante quase oito séculos. Porque não pedem perdão por terem arrasado o que restava do cristianismo do Norte de Africa depois da passagem dos vândalos? Porque não pedem perdão pelas conquistas muçulmanas na terra Santa, Constantinopla e outros territórios outrora cristãos. Tudo isto não passa de areia levantada ao ar para melhor levarem o seu projecto adiante.

Os extremismos políticos e religiosos têm assento num espírito perturbado que liga o Homem ao tempo da pedra. Nas ruínas da humanidade é de encontrar as sombras da parte má do Homem que encontra guarida nas cavernas de toda a pessoa!

A história é dura e dá sempre razão aos vencedores; num ocidente decadente, a sua história de outrora é unilateralmente condenada pelos que querem ser os vencedores de hoje (Só falam dos podres da Igreja, de cruzadas e outras barbaridades descontextuadas como se as maldades do passado pudessem encobrir as do presente. Num tempo em que não querem que se saiba quem é quem, os aliados na luta sabem que esta é a sua hora num tempo em que a democracia não tem fundamentos de identidade capazes de unir os partidos na defesa do povo e da sua cultura para melhor procederem a uma inclusão respeitadora de uns e de outros; parece corremos o perigo de nos encontramos num momento histórico de regresso ao tribalismo. Um espírito crítico, mas acolhedor e sabedor de que o outro ou o adversário também é irmão, pode ajudar-nos ao encontro, no sentido de juntos se elevar a esperança de uma convivência fraterna.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

O MELHOR PROFESSOR DO MUNDO EM 2019

Exemplo de Inclusão pedagógica

António Justo

Global Teacher Award (1) premiou o pedagogo Peter Tabichi, do Quénia, com um milhão de dólares. Ele foi considerado o melhor entre os 10.000 professores nomeados de 179 países.

O monge pedagogo ensinava 58 alunos numa escola de uma aldeia Queniana e dá 80% do seu ordenado para os alunos mais pobres; deles, um terço são órfãos ou só têm pai ou mãe. A vida de seus alunos era muitas vezes caracterizada pelo abuso de drogas, gravidez na adolescência, desistências escolares e suicídios.

Naquela escola só havia um computador e uma ligação de internet, que nem sempre funcionava. Apesar disso o padre fundou um clube de computador. Criou também um clube de talentos tendo com eles ganhado um prémio da Academia Real para Química; além disso dirige um grupo pela paz onde se encontram representadas as 7 tribos da região.

Peter Tabichi (1) “e quatro colegas também dão aulas particulares de Matemática e Ciências a alunos com fraco aproveitamento, fora da sala de aula e nos fins-de-semana, onde Peter visita as casas dos alunos e encontra as suas famílias para identificar os desafios que enfrentam.  Ao fazer seus alunos acreditarem em si mesmos, Peter melhorou dramaticamente o desempenho e a autoestima de seus alunos. As matrículas dobraram para 400 em três anos, e os casos de indisciplina caíram de 30 por semana para apenas três. Em 2017, apenas 16 dos 59 alunos foram para a faculdade, enquanto em 2018, 26 alunos foram para a universidade e para a faculdade. O desempenho das meninas, em particular, foi impulsionado, com as meninas liderando agora os meninos em todos os quatro testes estabelecidos no ano passado”.

O melhor caminho para sair da pobreza é a formação. Esta foi a missão que muitos padres e missionários levaram a terras por onde passavam e passam: um bem à humanidade de que ninguém fala (Tenho colegas que admiro porque trabalham em países da lusofonia (3), oferecendo a sua vida e seu usufruto às populações com o mesmo espírito deste monge). Peter Tabichi considera o sucesso de seus alunos como seu estímulo pessoal; confessa: “ver como meus alunos adquirem conhecimento, habilidades e confiança é minha maior alegria. Quando eles se tornam criativos e produtivos na sociedade, isso também me leva a uma grande satisfação”. Faz lembrar a pedagogia salesiana de Dom Bosco.

O Presidente da República de Quénia, Uhuru Kkenyatta, elogiou o empenho do monge franciscano e disse: “Peter, sua história é a história da África, um jovem continente cheio de talento”.

O sacerdote, no seu discurso de agradecimento, prognosticou: “A África produzirá cientistas, engenheiros e empresários cujos nomes serão um dia famosos em todas as partes do mundo. E as raparigas serão uma grande parte da história.”

O padre acrescentou humildemente que só estava ali devido aos seus alunos.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo,