PORTUGAL HERDA DA ALEMANHA A PRESIDÊNCIA DA UNIÃO EUROPEIA

Com o 1 de Janeiro de 2021 Portugal assumiu, por seis meses, a presidência do Conselho da União Europeia. O seu lema é: “Tempo de acção: para uma reconstrução justa, verde e digital”.

Prioridades são: o orçamento da UE para 2021-2027, o Fundo de Recuperação pós-pandemia e o Brexit. Os grandes temas serão o Ambiente, a Transição Digital, a Dimensão Social e a Europa Global. Assim, o foco desta presidência vai ser a Europa Social e, na vertente externa, a realização da Cimeira UE-Índia e, como tópico característico fundamental, a relação entre a UE e África. Portugal assume também a concretização dos objectivos do pacote de ajuda multi-biliões de euros da Corona na União Europeia.

A regência da Alemanha revelou-se muito positiva, dentro dos compromissos possíveis; apesar dos esforços exigidos para encarar a pandemia, a Alemanha conseguiu o Acordo com a Grã-Bretanha, o quadro orçamental para os sete anos até 2027, o fundo de reconstrução de 750 mil milhões de euros; o acordo sobre um mecanismo para proteger o Estado de direito. Conseguiu, como primeiro continente do mundo, determinar cumprir a lei de protecção do clima. O objectivo de protecção climática, de reduzir as emissões de CO2 em 55% até 2030, encontra-se já definido no papel! A vacinação já começou em todos os países da UE.

O pragmatismo alemão provou a sua eficiência tornando possíveis compromissos que pareciam impossíveis.

Em termos de direito comum de asilo, nada progrediu.

É de compreender as dificuldades de chegar a compromissos numa UE que é como um local de reconstrução com muitas diferenças de mentalidades, de interesses e de história entre os seus Estados.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo,

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA A LEMBRAR O MODELO DA VIDA

O Futuro e o Passado no Presente a acontecer

Festa da Sagrada Família é uma comemoração de caracter modelar que tem muito a dizer tanto a crentes como a não crentes..

A relação mãe-pai-filhos está sinalizada na relação Jesus-Maria-José. O ponto da Relação é fidelidade; a fidelidade do ser pai-mãe que gera o filho que se perpetualizam no amor (uma verdadeira terceira individualidade que dá sustentalidade aos dois!). Na Sagrada Família temos a dita de ver num só lugar o espelho, a dinâmica de toda a realidade, a Realidade humano-divina; isto é, de  poder ver a parte e o todo (relação trinitária), numa só imagem que expressa o abraço de toda a realidade material e espiritual.

Para lá da obediência está a correspondência equilibrada. Na sagrada família espelha-se a terra e o céu, matéria e espírito, numa realidade processo que se podia expressar na imagem de ventre que tudo gera e encerra.

A família é ao mesmo tempo a fórmula concretizada da relação expressa no mistério da santissima trindade (a verdadeira Fórmula de toda a realidade), a Relação de toda a relação. A força que tudo sustenta é o amor, a bondade, a dedicação que tudo eleva.

Em Jesus cristo, expressa-se, a nível terreno,  a concretização e perene realização da relação trinitária que supera toda a dualidade, o fenomenologicamente contraditório.

Tudo em processo, em processo há caminho há meta a atingir, há o caminhar histórico que no sentido sagrado se submete às normas próprias de cada tempo e de cada sociedade, tal como Maria e José se submeteram à ordem de recenseamento dada pelo imperador Augusto. (A nossa caminhada e de toda a criação encontra-se em processo de realização já concretizada no tempo em Jesus Cristo, o protótipo de tudo e todos).

Assim a terra e a humanidade toram-se no presépio, na gruta, onde se alberga a espiritualidade, o amor divino sempre presente como verdadeiro sustentáculo de todo o ser (recorde-se a fórmula-mistério trinitário). A matéria, aquilo que muitas vezes é superficialmente desprezada é ao mesmo tempo lugar e acontecer.

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

Pegadas do Tempo

“PORTUGUESES”!

UM TESTEMUNHO DO ESCRITOR LOURENÇO FARIA
«Os Portugueses não convivem entre si, como uma lenda tenaz o proclama, espiam-se, controlam-se uns aos outros; não dialogam, disputam-se, e a convivência é uma osmose do mesmo ao mesmo, sem enriquecimento mútuo, que nunca um português confessará que aprendeu alguma coisa de um outro, a menos que seja pai ou mãe».
Eduardo Lourenço de Faria (Erudito literário, ensaísta e filósofo português)

EDUCAÇÃO PARA UM PROLETARIADO GLOBALIZADO

Os novos Deuses castigam quem seja solidário com a Humanidade (1)

António Justo

Um povo que pensa serve o bem comum, mas torna-se numa ameaça para a classe dominante. Por isso é de todo interesse desta (especialmente da classe política) que o povo frequente muitos anos a escola, mas sem aprender a pensar nem a discutir o que se encontra por trás da chamada liberdade e livre arbítrio.

Em questões do saber Olímpico, Prometeu é castigado pelos deuses do Olimpo sempre que tente levar o saber dos deuses ao povo!

A lição do velho mito é: o saber quer-se só nas mãos de poucos oligarcas conscientes de que saber não só faria doer como também se tornaria perigoso para quem desgoverna!!!…

Esta premissa que já vem dos Gregos, em tempos de globalismo, tornou-se mais que certa! Sim, porque se nas calendas gregas ainda havia uma sociedade média pensante com muitas figuras Prometeu no seu meio, hoje assistimos a uma sociedade em que a classe média se encontra em processo de transformação no sentido dependente-proletário.

Quanto ao processo educativo e informativo a que estamos votados recomendo a leitura do texto em nota (1) que é muito atual, embora falhe um pouco no que toca às “tias de Cascais”! O texto sobre educação, de Desidério Murcho, aponta no sentido do que o povo português deveria saber: aprender a pensar para abandonar o estado da “Bela Adormecida”.

A nível político-social quer-se um saber descritivo (feito de factos alternativos que embalem o sentimento) e não analítico! A interpretação serviçal é que vale; a competência complicaria.

Antigamente o aluno aprendia, na escola, a tirar a prova dos nove para saber se os cálculos das contas que fazia estavam certos ou errados. Hoje não aprende isso porque a prova dos nove foi substituída, democraticamente, pela opinião!

Tem uma vantagem: o aluno cidadão (3), ao ficar no estado de indecisão, qualifica-se para andar de cócoras!!!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

  • (1) Prometeu foi um Titã defensor da humanidade, responsável por roubar o fogo dos Deuses e dá-lo aos mortais. O pai dos deuses, Zeus, que temia que com isso os mortais ficassem tão poderosos como os próprios deuses, puniu Prometeu por esse crime, deixando-o amarrado a uma rocha por toda a eternidade enquanto uma grande águia comia todo dia seu fígado — que se regenerava no dia seguinte. Por vezes tem-se a impressão que, hoje como ontem em sociedade,  o povo é esse Prometeu em que as águias (os grandes) se alimentam do seu fígado! 
  • (2) “A tia do eduquês”, de Desidério Murcho – Sobre a filosofia nas escolas: https://dererummundi.blogspot.com/2007/07/tia-do-eduqus.html
  • (3) Nova Cidadania: https://antonio-justo.eu/?p=6238

 

Nova Cidadania – A Cidadania Proletária

Nova Cidadania – A Cidadania Proletária
2007-09-30

Aulas de Educação Cívica – Aulas da Religião do Estado?
Esta semana, Rui Pereira, ministro da Administração Interna, discursou na Escola Superior de Educação de Leiria, sobre as aulas de Educação Cívica e seu significado para ” a mudança de mentalidades e a construção de um Portugal melhor”. O senhor ministro da Administração atribui ao Estado não só a missão de transmitir valores como também a de mudar mentalidades.

Isto corresponde à visão marxista dum estado proletário. Longe de qualquer visão democrática abre-se aqui caminho para o estado nacional-socialista, para o estado estalinista e para toda a forma de governo fascista. Que mentalidade quer ele e que Portugal? Não seria também oportuno a introdução duma disciplina onde se aprenda a ser feliz?!!! Isto traz água no bico. Até faz lembrar os velhos tempos da ditadura. Ou será isto um sinal de que já chegaram com o seu latim ao fim!

O direito de mudar mentalidades não pode ser reduzido a nenhuma forca social ou estatal; a mudança de mentalidade é resultante da competição de interesses, ideias e práticas no seio da sociedade. A intenção anunciada pelo senhor ministro pressuporia uma coarctação da liberdade de pensamento e de expressão. Um estado democrático que esteja consciente dos princípios em que assenta não está legitimado para impor qualquer ideologia nem tão-pouco os valores da maioria.

Que ideologia irá então ser beneficiada? Será que em Portugal a proveniência dos alunos é homogénea a nível social e de mundi-visões?

Um exemplo do fracasso duma tal ideologia que confia na estratégia dum Estado orientador, temo-lo no resultado do montão de cacos partidos deixados pelos sistemas do socialismo real e semelhantes fascismos.

Mesmo o reconhecimento comum de certos valores implica várias interpretações e aplicações em relação aos mesmos.

Em democracia quem mais ordena é o povo, ou deveria sê-lo, e não a ideologia da nomenclatura que não respeita ética nenhuma e muito menos a dignidade humana. Para ela não há povo, apenas conhecem proletários e massa desprezível. Por onde passam deixam sempre o rabo de fora! Naturalmente que têm direito de defender os seus interesses e credos; o problema é se o povo dorme. No fim teremos Estado e massa sem cidadãos.

Boçais, em nome do proletariado e do futuro de Portugal, lá vão iludindo o povo. Convencidos que para este chega um pouco de futebol, de sexo e de pão tornam-se em redutores da vida na sua acção de vulguizar a privacidade humana. Já não lhes chega a praça pública, apoderam-se da administração para imporem a sua ideologia e disciplina.

Uma democracia começa a sofrer gravemente quando a disciplina do povo permite a indisciplina dos governantes.
O que precisamos é dum Estado que garanta e defenda a prática dos valores fundamentais. Não queremos um estado crente apenas interessado em alguns aspectos meramente ideológicos da revolução liberal, da forma de governo republicana ou do exemplo estalinista.

Tirem as mãos dos professores. Não queremos ministros da administração dos professores mas sim ministros dos cidadãos. A preocupação do Governo deve ser gerir e não assumir a função de patrão. Deve naturalmente intervir mas sobretudo como árbitro.

Uma certa visão marxista superficial, mais visível nas periferias da civilização, quer um estado árbitro e jogador. As claques compra-as com benesses e camisolas atiradas à multidão. Esta mentalidade encontra-se ainda muito impregnada nalgus funcionários do partido socialista. Estes em vez de o servir, servem-se dele.
Portugal merece mais.

António Justo

Publicado em Comunidades:

http://web.archive.org/web/20080430103616/http://blog.comunidades.net/justo/index.php?op=arquivo&mmes=09&anon=2007

António da Cunha Duarte Justo


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Comentários:

Nova Cidadania – A Cidadania Proletária – – – 2007-11-10
Caríssimo
Professor António Justo,

Antes de mais, aceite as minhas saudações fraternas.

O tema que, hoje, nos propõe para reflexão é oportuno e actualizadíssimo.

O Partido Socialista, em Portugal, está a assumir atitudes de quem se quer, à viva força, se perpetuar no Poder. Quem sabe, influenciado pelo que está a passar, na Venezuela, com Hugo Chavez e a sua Revolução Socialista, tão aplaudida e elogiada pelo Dr. Mário Soares!

O problema educacional, em Portugal, é, quer se queira quer não, a par de outros de natureza social, um problema gravíssimo, sem solução à vista e, muito menos, a existência de agentes com competência e credibilidade para lhe dar a volta por cima…

O Partido Socialista caminha abruptamente para a assunção da sua verdadeira vocação,a vertente totalitária, depois de todo este pseudo “intermezo” de democracia ao longo de mais de 33 anos!

Só não foi mais cedo, porque, ao longo de alguns anos, encontrou pela frente um Partido Comunista Português que lhe conseguiu fazer frente nos momentos mais decisivos, no início da nossa Revolução dos Cravos.

Pois, quer se queira quer não, os últimos anos de Governo José Sócrates serviram para pôr à evidência o seu nervosismo e a sua vocação “nacional-socialista”, que, na sua origem, aí, na Alemanha, com Adolfo Hitler, até se afirmava democrático e praticava a democracia… Depois, foi o que se viu e, hoje, ainda se enxerga…

Por essas e por outras, não é de admirar o discurso do Ministro da Administração Interna, a que muito bem se refere, e de outras personalidades socialistas…

De resto, com a evolução que se está a verificar em Portugal, a qualquer momento a emissão da RTP pode ser interrompida, com o aparecimento de um funcionário político socialista a dizer:

– Senhores espectadores, pedimos desculpa por esta interrupção. A LIBERDADE e a DEMOCRACIA seguem dentro de algum tempo!… Agora, vamos dar início ao novo Programa de Governo ‘Nacional-Socialista’! A baderna instalada na sociedade civil chegou ao fim!

Com um Primeiro-Ministro, como é José Sócrates, a distribuir computadores, pelas escolas, às crianças a preços mais caros do que nomercado; com o Ministro da Administração Interna a dar aulas de “Formação Político-Partidária”; com uma Ministra da Educação a desvalorizar totalmente o ensino e o aprendizado da Língua Portuguesa e a conduzir o ensino e a educação para o “avacalhamento” total; com o Ministro da Saúde a favorecer a IVG – Intervenção Voluntária da Gravidez (vulgo liberalização do aborto)e a despromover o SNS – Seviço Nacional de Saúde a favor da estimulação da iniciativa privada, com alguns paliativos de permeio, de entre outros, urge questionar seriamente:

PARA ONDE VAIS PORTUGAL?

Mas, como se todas estas misérias humanas não bastassem, esta semana, segundo as notícias veiculadas pela Comunicação Social, o Presidente da República, Professor Aníbal Cavaco Silva, no Chile, onde se encontra a participar a Cimeira Ibero-Americana, veio a público elogiar e aplaudir as virtudes das grandes reformas em Portugal levadas a cabo pelo actual Governo!…

Mas, importa, também, referir o que se passou na Assembleia da República com a aprovação do Orçamento de Estado para 2008.

Onde estão os partidos e os deputados da oposição?

O novo líder parlamentar, Pedro Santana Lopes, andou toda a semana a fazer passar para a Comunicação Social que se iria confrontar o Primeiro-Ministro José Sócrates com algumas questões, fazendo antever que seria um ajuste de contas… Momentos depois, logo no primeiro dia de debates, após o ‘KO – knock out’ infligido por José Sócrates, veio dizer aos jornalistas que o debate lhe tinha corrido mal. E o novo líder do PSD, Luís Filipe Menezes, também não lhe ficou atrás, quando, no dia seguinte, disse que, futuramente, os debates têm que ser acompanhados…

Pelos vistos, o novo lider da bancada social-democrata, Pedro Santana Lopes, não esteve à altura dos seus tão apregoados pergaminhos, e não conseguiu levar a carta a Garcia…

Será que estamos perante “aprendizes da política”?…

Desde quando, um líder parlamentar anuncia e propagandeia publicamente e com antecedência as questões que vai suscitar num debate, mais a mais com o Primeiro-Ministro? Será isto visão de Estado? Ou é a nova forma de conduzir as “coisas” do Estado?…

E, perante esta pequena amostra da “política à portuguesa”, teremos que concluir que faz parte do novo modelo de Cidadania?

No meu conceito, Direito de Cidadania passa por um dever do Estado face a um direito do Cidadão!

Agora, isso sim, assistimos ao relegar dos Direitos de Cidadania para o privilegiar dos chorudos lucros dos Bancos (mais parecendo puros especuladores e obstinados usurários autorizados e apoiados pelo próprio Governo) e não só, em detrimento do exercício da função social do próprio Estado em prole dos Cidadãos e das Famílias portuguesas.

Estamos perante uma, pura e simples, inversão de valores!

Agora, de fuga em fuga para a frente até à “vitória final”, o Partido Socialista oferece-nos este tão deprimente quanto “deslumbrante” espectáculo…

De resto, não é de surpreender, pois é a ascenção da “geração rasca”, como um dia lhe chamou, e muito bem, a Dra. Manuela Ferreira Leite, quando Ministra da Educação!

Portanto, com esta evolução tão “qualitativa”, obviamente, os valores tendencialmente invertem-se ao nível de todos os domínios…

Assim sendo, não lhe chamaria “Cidadania Proletária”, mas, isso sim, “Nova Cidadania – A Cidadania Rasca”!

É que, pessoalmente, tenho um conceito não pejorativo di significado de “proletário”, e, como tal, respeito-o. Eu próprio considero-me um proletário. Pois tenho “prole”, tenho dois filhos, mas que, felizmente, não afinam pelo diapasão do “rasca”.

Caríssimo Professor António Justo, aqui, lhe deixo o que penso sobre o tema que nos propôs para reflexão…

Infelizmente, é a fruta do tempo!…

Melhores dias, se Deus uizer, hão-de vir!

Quando, não sei…

Grande abraço solidário!

___________________

Paulo M. A. Martins
Fortaleza (CE)
Brasil

Paulo M. A. Martins
Nova Cidadania! – – – 2007-10-03
Prezada Rosa Maria Tomás Sá!
Gostei imenso da sua frase: “termos consciência que aquilo que nos aflige não são preocupações isoladas, pois se assim fosse este caminhada não faria qualquer sentido”. É precisamente o que penso ou vivo!
Atenciosamente
António Justo

Não podia estar mais de acordo – – – 2007-10-03
Sem dúvida alguma que tem muita lucidez na sua análise e eu não poderia estar mais de acordo. Coincidência ou não sobre o tema reflectido,esta semana dou comigo a refectir sobre o assunto sem ouvir qualquer noticia ou comentário. Nesta sociedade desprovida de valores a todos os níveis é bom percebermos que há Homens(Mulheres), como o senhor e termos consciência que aquilo que nos aflige não são preocupações isoladas, pois se assim fosse este caminhada não faria qualquer sentido.

Rosa Maria Tomás Sá