EUROPA EM ELEIÇÕES EM TEMPOS DE CRISE E DE VIRAGEM

Tentativa falhada de construir uma Sociedade aberta sem contar com o próprio Povo?

A única instituição da União Europeia (EU) legitimada democraticamente é o Parlamento Europeu e daí a importância de fortalecê-lo participando nas eleições.

Pela observação das constelações partidárias na concorrência pelo poder, tudo leva a indicar que os novos assentos no parlamento irão desestabilizar a ala esquerda que até agora influenciava mais os destinos da Europa.

Von der Leyen, atual Presidente da Comissão Europeia desde 2019, já reagiu às sondagens e para assegurar a sua reeleição de Presidente viu-se obrigada a cortejar Georgia Meloni (chefe do governo italiano, que é contra o aborto), porque conta que o poder no parlamento se deslocará para a direita.

A causa da direita estar a afirmar-se em relação à esquerda não se deve ao extremismo mas à necessidade de correção de políticas que há dezenas de anos têm determinado as atitudes dos governos na Europa. O mais estranho é o facto de as chamadas extremas direitas se encontrarem mais activas nas potências europeias. Marine Le Pen na França,  Georgia Meloni na Itália  a AfD na Alemanha encontram-se de vento em popa; de notar porém que na Alemanha a AfD recebeu concorrência do partido BSW de Sahra Wagenknecht (1) de origem esquerda mas que assumiu alguns pontos críticos da chamada extrema-direita, o que poderá evitar que a AfD se afirme como segundo partido para se situar  ao nível do SPD, depois do previsível vencedor CDU/CSU.

Governantes europeus ao deixarem-se orientar por agendas globalistas e ao deixarem-se envolver acriticamente na guerra da Ucrânia confirmaram a ideia do povo de que a União Europeia não passa de executor do programa militar da NATO e dos interesses económicos dos EUA descurando, para isso, os interesses europeus.

Um projeto europeu, de conotação militarista, surgido tardiamente e à sombra dos Estados Unidos contra a Rússia, encontra-se na mesma linha que criou as condições para os actuais movimentos de contestação. Isto prolongará a crise económico-socio-politica dado o que vai surgir na arena política europeia se orientar em termos de lutas dos partidos pelo poder e não na luta política por uma política partidária de caracter complementar.

Na atual fase da campanha para as europeias observa-se maior irritação e preocupação dos partidos do arco do poder por assegurar o próprio poder, recorrendo até à difamação dos concorrentes, do que verdadeiro empenho responsável em dar resposta às necessidades dos cidadãos. Os temas de discussão não contemplam conteúdos importantes para darem oportunidade à apologética de interesse partidário.

Um certo nacionalismo que se observa na acção política da direita é explicável como reacção ao demasiado internacionalismo que conduz os interesses governantes que sacrificam valores culturais tradicionais em favor de uma política de esquerda unilateral.

Os conservadores pretendem que a União Europeia restitua competências e poderes soberanos aos estados membros e que a Europa se governe por interesses próprios no sentido de se ganhar peso geopolítico num mundo que se encontra na fase de passar da unipolaridade mundial regida pelos EUA para a fase da multipolaridade de blocos globais.

A nível cultural os conservadores manifestam-se contra a introdução do aborto (IVG) no código dos direitos humanos (políticas pró-abortivas que fortalecem o enfraquecimento demográfico do próprio país e fomentam ainda mais a necessidade de fortalecer a imigração); um outro ponto crucial é o envolvimento europeu na guerra da Ucrânia, contra o poder que instituições não legitimadas democraticamente  terem o poder de impor aos Estados  agendas tanto a nível militar (NATO), a nível de saúde (OMS) como de educação (degradação da qualidade de ensino em benefício de ideologização).

A polarização do discurso público em termos de opções únicas Ocidente ou a Rússia obrigam a ignorar interesses de compromisso que favoreceriam a perspetiva europeia (Uma Europa desde Lisboa aos Urais). Isto vem-se juntar à observação de uma política globalista de organizações não eleitas que determinam as políticas nacionais que se desejariam mais democráticas e de orientação mais regional. Uma política económica de caracter mais humano implica colaboração com todos e não afirmação à custa de alguém!

A Europa balanceia insegura num momento em que precisaria de um correctivo em defesa dos interesses da Europa e não apenas de um bloco ocidental querido hegemónico, mas que se encontra em grande crise. Numa era de caracter multipolar urge a colaboração a nível de todos os parceiros e não uma atmosfera de adversários criada.

A União Europeia merecerá ser restaurada e afirmada no sentido de seguir em frente sem se perderem as pegadas do Cristianismo que possibilitou a formação da Europa começada propriamente com Carlos Magno no ano 800.

A Europa encontra-se num momento de autorreflexão e de nova orientação que não deve ser difamado pelas forças da família socialista da EU pois a Europa tem lugar para todos e precisa de todos. Para isso a Europa não pode ser medida apenas pela afirmação dos interesses do capitalismo liberalista (muito embora o poder económico seja o factor determinante do desenvolvimento e do comportamento dos povos) nem do poder socialista; é necessário salvaguardar a cultura que pressupõe respeito pela tradição e integração do novo nela para que se possa tornar numa tradição que garanta sustentabilidade..

Desde os anos 60 o progressismo tem-se afirmado demasiadamente sem ter em conta que para tal ele precisaria do tapete conservador (tradição) que o suporte (Torna-se ilusório querer transformar uma cultura num constructo sem povo!). Só uma consciência humanista, solidária e de consciência complementar poderão dar resposta a um futuro estável e aberto.

Estamos todos no mesmo barco onde o lógico seria entender-se e aceitar-se uns aos outros, quando pelo contrário com tanto barulho que fazemos, nem chegamos a perceber para onde o barco vai.

A impressão que se chega a ter da sociedade é que as pessoas estão sempre a ser mantidas sob rédea curta, com questões como o coronavírus, a guerra na Ucrânia e agora a guerra em Gaza. Perante isto é importante adotar-se uma atitude distanciada em relação àquilo que se ouve ou vê e que não se pode controlar, seria prejudicial e trágico se nos identificássemos com essas coisas de maneira a perdermos a calma interior e a perdermos  o sono. Geralmente o que é apresentado são interesses de grupos e não o interesse das pessoas.

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1)  Sahra Wagenknecht inaugurou um novo estilo político onde o shargon da esquerda ou da direita não será mais tomado a sério por gente de pensar diferenciado. O que se passará mais a aplicar é a razão transversal de esquerda e de direita. Os tempos de pura ideologia estão lentamente a tornar-se uma coisa do passado!

COMO PROTEGER-SE DA PRESENÇA TÓXICA NA SOCIEDADE

Somos feitos de Informação e ter-se a Consciência dela é o Pré-requisito para se ser livre

Nas sociedades avançadas assiste-se a um sentimento crescente de desconforto e a um aumento de doenças nas populações. No contacto com amigos e conhecidos verifica-se que muitos sofrem de solidão, de falta de sentido, de medo do futuro e com depressões, devido à presença exagerada dos Média e da política no espaço público; em geral, o cidadão já não se sente em casa na sociedade nem no mundo em que vive. Também a sensação de se ser ameaçado em espaços públicos pela violência importada está a crescer cada vez mais sem que os políticos sejam realistas e politicamente sensatos e pensem as coisas até ao fim; em vez de tomarem medidas adequadas escondem-se em ilusões ou “discursos dominicais”. Pequenas e grandes coisas são aproveitadas pelo discurso político-partidário e criam reacções histéricas na política, nos meios de comunicação social e na população. No meio disto tudo a estrutura social perdeu a sua estabilidade anterior.

E surgem até relações ácidas dentro de famílias e grupos de amigos devido às aragens vindas de centros ciclónicos geopolíticos, centros que, embora de fora, nos dominam até ao nosso espaço privado e íntimo pelo facto dos tentáculos geopolíticos se prolongarem até ao mais interior de todas as estruturas da nossa sociedade; tal sofrimento é confirmado por investigações científicas. Como somos feitos de informação genética e cultural (e informação propagada depois de selecionada por quem tem a informação restrita que é elaborada   de modo a motivar divisões sociais legitimadoras do Poder estabelecido que democraticamente se fundamenta na opinião “Individual” do cidadão) e sobretudo conduzidos por informações transacionais de caracter executivo, domina uma opinião pública autoritária (publicitada) que reprime a formação de uma opinião individual própria e responsável; esta  é morta à nascença porque a pressão pública impede a formação e valorização da consciência individual: mas só esta seria capaz de garantir o âmbito livre. Esta é também reprimida pela informação difundida que se serve da activação de memória nociva para perturbar a pessoa de maneira a desestabilizá-la e assim torna-la objecto.

Também deveria ser chegada a hora de tocar todas as campainhas de alarme na sociedade, quando a colectividade em geral se torna cada vez mais doente e quando em universidades alemãs, como na Uni Kassel, se verifica que mais de um quarto dos estudantes são cronicamente doentes, com 22% dos estudantes a sofrer de doenças mentais (psicológicas), como revela uma investigação da Universidade (Junho 2024).

Por vezes a situação é tão grave que até dentro do nosso círculo de conhecidos chegamos a saber de casos de jovens que sem dizerem nada se suicidam. O estado de saúde subjetivo aumentou especialmente devido ao impacto das Medidas contra a Pandemia e com a implementação da guerra na Ucrânia e nos nossos meios de comunicação. Uma emoção social implementada com fins menos claros chega a provocar em muitos de nós a mutação do próprio eu levando-o a identificar-se com a vontade da opinião publicitada. Esta alienação de nós mesmos torna-se destrutiva a nível individual e de sociedade. (Demolidora da pessoa porque a instrumentaliza e arrasadora da sociedade porque entregue a quadrilheiros sem respeito nem noção do que é uma sociedade de Irmãos a criar).

A vida moderna, caracterizada pela presença omnipresente dos meios de comunicação social e por intensas discussões políticas de caracter unilateral e doentio bloqueiam os nossos próprios filtros de proteção; tal facto pode levar-nos à alienação de nós mesmos a ponto de aumentar a nossa ansiedade e até criar depressão. Então deixamos de viver nós mesmos e a sociedade passa a viver em nós sem que tenhamos a possibilidade de controlo sobre ela; nesse caso a parte mais humana em nós sofre desatinadamente possibilitando então diversas doenças corporais e psíquicas. Chegados a este sofrimento há que tomar medidas bastante radicais no sentido de se proteger e defender a própria alma de influências tóxicas externas. Para tal torna-se necessário desenvolver estratégias de autodefesa porque se encontra em via a destruição da própria identidade em benefício de uma identidade social destrutiva que vive de interesses e de clivagem contra a moral humana oriunda do fundo do nosso interior cada vez mais difícil de resguardar.

Nesse sentido é de começar a fazer-se abstinência no consumo de Telejornal ou de outros programas que criem ansiedade e preocupação e isto até por uma questão de higiene mental. Como alternativa há a hipótese de se recorrer à Mediateca onde se encontram em memória referências bibliográficas de monografias, publicações periódicas, documentos audiovisuais como suporte eletrónico. Eu, por exemplo costume ver reportagens sobre animais, sobre a naturezas, reportagens de comboio pelas várias regiões dos diferentes continentes e temas que me dão consolação; deste modo evito a constante cobertura mediática que ameaça assenhorear-se da conduta das nossas vidas. O tempo que se dedica à família e aos amigos torna-se mais agradável e proveitoso.

Geralmente escolhemos os melhores produtos culinários para termos o prazer de alimentar bem o nosso corpo. O mesmo cuidado há que ter na escolha do que se consome para formarmos a mente e a alma; geralmente seguimos a rotina consumindo o que o Telejornal e o jornalismo nos apresenta. O jornalismo segue, porém, o status quo e os interesses das elites que geralmente procuram colocar-nos na condição de alinhados na sua fila e o que têm em demasia se deve ao que de nós tiram e que, por cima, ainda é usado para nos formatarem segundo a sua medida. Naturalmente a vida que nos é dado ter ocupa-nos demasiado não nos deixando tempo para reflectirmos  e notarmos o que se passa bem como o que fazemos e seus porquês.

Neste caso, só pode ser útil arranjar-se tempo para reflexão; de facto todos nós precisamos de ter um tempo só nosso. Tal como o nosso estómago precisa de cerca de três horas para digerir os alimentos corporais também o nosso espírito precisa de momentos e espaços próprios para reflectir tudo o que entra na nossa mente. Doutro modo seremos dirigidos e manipulados por ela sem notarmos que ela foi alimentada por forças interesseiras que misturam na informação (alimento mental) muitas drogas e produtos que nos amarram a eles como o cão à sua trela. Daí ser necessária atenção plena e para isso não esquecer a meditação, a oração e o desporto. A reflexão ajuda-nos a tornar-nos conscientes de nós próprios e das nossas necessidades, também de gozos corporais e espirituais que para serem eficientes terão de acontecer sob a direção da própria consciência desperta. Se dedicarmos todos os dias pelo menos dez a vinte minutos de pausa – o momento diário da digestão do espírito – então, com o tempo conseguimos adquirir uma atenção plena e usufruir do momento presente – o Kairós (para isso não precisamos de nenhum curso embora este possa ajudar, se não pretender fixar-nos no método ou em qualquer pessoa ou guru: neste caso isto também não passaria de uma alienação).  A reflexão ajuda também a manter a mente clara. Além do mais, todos nós, cada pessoa e cada célula se encontram interligados e em ressonância com o todo, que para uns se expressa em Deus e para outros no universo/natureza. Momentos de pausa nas tarefas do dia-a-dia e também tempos de retiro ajudam a concentrar-nos no momento presente e a fomentar a capacidade de discernimento. A reflexão regular sobre os próprios valores, objetivos e prioridades ajuda-nos a ter mais clareza sobre as próprias/autênticas necessidades. Doutro modo somos levados a correr atrás das necessidades da moda, mas não das nossas.

Para nos ajudar a desligar dos estressores externos e a libertar-nos de energias agressoras que sentimos em pessoas com quem contactamos, a mim ajuda-me fazer um exercício de respiração abdominal e por vezes sacudir do próprio corpo, com as mãos, a negatividade sentida. Deste modo adquire-se mais facilmente a paz interior. Mas o que me dá mais equilíbrio e confiança é a oração, sendo através dela envolvido num processo de vivência que tudo une e leva a entender.

Em tempos de seminário usava como estratégia de autoconhecimento e para identificar melhor os meus processos internos (incómodos da vida cotidiana) recorria à escrita de um diário onde anotava pensamentos e sentimentos e esta actividade criava tranquilidade. Hoje, para tal, dedico-me à escrita que é o resultado de um mundo que embate em mim e que procuro compreender e exprimir; na expressão dos pensamentos e sentimentos surge uma sensação de equilíbrio e de integração numa comunidade em desenvolvimento. (Neste sentido imagine-se que cada pessoa escrevia um diário e a história da sua vida!)

Devido à pancada que tenho da necessidade de escrever continuamente sei que negligencio o corpo, o que me dá um pouco de má consciência,  porque sei que o corpo para se sentir melhor precisaria de actividades desportivas; a modos  de compensação todos os dias passeio um pouco na natureza e esta entra no meu caminhar através da inspiração  no interior do meu ser passando então a sentir no corpo uma vibração de gozo e agradecimento por me encontrar no fluxo da vida. Processa-se uma união de alma e corpo com a natureza e o espírito onde o divino inspira e expira comigo; então tudo aliado ao alegre sorriso do pôr-de-sol origina uma aragem de paz e sossego.

Não é fácil integrarmos no nosso dia-a-dia estratégias importantes que nos protejam contra influências externas e efeitos tóxicos pois já desde pequeninos fomos condicionados a seguir o que outros queriam e até a obedecer sem saber porquê. Por isso temos uma certa dificuldade em dizer “não” quando nos sentimos sobrecarregados e sem tempo para nós mesmos, aquele tempo que precisaríamos para nos sentir bem.

Torna-se importante interessar-se de forma mais consciente por familiares, amigos e pessoas boas pois essas é que nos podem apoiar e ajudar a levar uma vida estabilizada. Esse tempo não é gasto nem sequer empregue para o passar porque passa a ser o próprio tempo o tempo criativo reservado para cuidar da saúde emocional e mental.

Vivemos sob a pressão criada de termos que nos ordenar do lado do “bom” ou do “mau” e por isso as opiniões pessoais são destituídas e com elas a própria criatividade  porque à opinião pessoal real não é possibilitada também a alternativa de se poder posicionar entre o bom e o mau e para tal não há espaço  por causa dos padrões maniqueístas que dominam a sociedade e o indivíduo. Relevantes actores a agir no palco da sociedade, por razões de poder, não deixam espaço para a dúvida criativa porque esta, assumida pessoalmente, se tornaria na certeza individual que os destronaria. Sem alternativas ao dirigismo centralista anónimo permanece como consequência a tribalização da sociedade.

Por isso qualquer pessoa que advirta e se expresse criticamente em relação ao governo ou às elites dominantes globais será rotulada como negacionista da elite do sistema e da democracia! O mais trágico da situação é que a população em geral aceita como verdadeiro tal rótulo porque a consciência da sociedade é processada e formatada neste sentido por aqueles que estão no poder e vivem melhor nos patamares de cima do sistema. Por isso o sistema procura difamar todo aquele que pretende prestar um contributo para que o sistema melhore substancialmente e isso é lógico porque os beneficiados do sistema teriam de restituir algo do seu supérfluo ao povo mas sentem-se protegidos porque contam com a humildade do povo, que, por natureza de grupo se sente inclinada para aceitar a condição de ser rebanho a ponto de não poder reconhecer os seus genuínos interesses nem quem os defende. Saudável seria uma atitude humilde e de serviço comum ao povo e às elites que o orientam.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

A CAMINHO DA DESCONSTRUCÇÃO DA IDENTIDADE PORTUGUESA?

Camões desfigurado a Pretexto do Grelo da Batata global

 

Comemorar a batata grelada em moeda como símbolo da globalização num rosto desfigurado de Camões e a pretexto da comemoração dos 500 anos em que a batata foi trazida pelos navegadores portugueses para a Europa, é juntar-se demasiados conteúdos numa figura simbólica degradada contra o belo para promoção da doutrina do modernismo actualmente continuado no marxismo/maoismo antieuropeu e no capitalismo liberalista, apadrinhados pelo globalismo!

Se iniciativas descontructivas tais como a moeda da comemoração saíssem da cabeça dos portugueses ainda vá lá. O pior é que vêm de fora e não são bem-intencionadas como se pode observar em ONGs com activistas nos diversos ramos sublevadores culturais por todos os lados e subvencionadas pelo capital global.

Quanto ao Camões, os modernistas já lhe tiraram o tapete a nível do currículo de Ensino escolar.

Isto é apenas um pequeno sinal do que está a ser efectuado a grande escala através da implementação de agendas globalistas também através da burocracia administrativa da ONU. Vamo-nos habituando a ser fritos na sertã do modernismo marxista que usa como óleo o que é tradicional.

Enfim não haveria nada a dizer contra um globalismo humano, se o globalismo em via não fosse colonialista e nem pretendesse tornar-nos javardos sem mãe. (Para se ter uma pequena ideia de como a geringonça  funciona bastaria fazer-se um estudo sobre a conexão dos bancos nacionais a nível mundial e quem se encontra por trás deles e o porquê de os países terem de recorrer à divida soberana à custa de máquinas nas mãos de bancos centrais que imprimem notas sem valor real).

Forças globalistas pretendem desfazer a boa imagem de personalidades históricas que expressem a identidade cultural dos países (aproveitam-se de toda a ocasião para desfigurarem a imagem delas: o que fica a trabalhar no inconsciente são as imagens) no sentido de degradar a tradição europeia.

O globalismo quer estabelecer um novo pavimento cultural que arrase todas as culturas e a tradição para assim poder erguer o seu prédio cultural artificial onde uma pequeníssima elite mundial (capital + ideólogos) possa dirigir o mundo com facilidade reduzindo-o, para isso, a um teatro de fantoches em suas mãos.

A elite global directamente presente em todos os bancos nacionais e a nível de governos, cada vez mais transformados em administradores, faz uso do seu poder determinante através da economia, da arte e das mais diversificadas instituições.

Este tema não mereceria atenção se não fosse mais um sinal do que está a acontecer nos Bastidores da sociedade.

Figura da moeda em nota (1); pelos vistos a casa da moeda já retirou do seu site a imagem!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

(1) https://scontent-fra5-1.xx.fbcdn.net/v/t39.30808-6/447523390_26469063536026464_1876210741255305494_n.jpg?_nc_cat=100&ccb=1-7&_nc_sid=5f2048&_nc_eui2=AeFngWoZwc5jtCTb9mQ_oMjg_M0EFX3VkIT8zQQVfdWQhDL_0lzXFf1mOQz3YG1ExDg&_nc_ohc=zB-JA765AIEQ7kNvgG8PGXi&_nc_ht=scontent-fra5-1.xx&oh=00_AYADBcrgMJGIC3fPL-h_YSVolR8-0fQx2Sk3TRpMHqqVzQ&oe=66650128

A PALAVRA

 

PALAVRA

“No princípio era o verbo 

e o verbo se fez carne”

 

O espírito revela-se na palavra,

Ora masculina, ora feminina                

Dela a essência do ser se lavra,

O sulco da vida, na lavoura divina 

 

Cada sílaba canta a verdade,

E no verso, a alma se faz notar.

Verbo divino em comunidade,

És a eterna chama a iluminar.

 

Da voz emerge o som profundo,

Eco do cosmos, divino mar.

Palavra que abraça o mundo,

É a essência de Cristo a pulsar.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

http://poesiajusto.blogspot.com/

 A modo de ajuda para se entender algum dos aspectos de interpretação da poesia:

Já quando era estudante do secundário me interessava muito pela fenomenologia das religiões e por tudo o que a vida nos brinda. Creio que o interesse me surgiu quando na aula de História se tratou da mitologia grega e foi referido o mito de Prometeu. Encontrava-me a estudar no seminário dos salesianos em Mogofores.  Foi então que tive como que um momento eureca em que passeia a ter uma compreensão e um interesse especial pelas narrativas míticas dentro do cristianismo e fora dele. Verifiquei que o mito transmite uma verdade mais abrangente do que as verdades históricas. Desde aí passei a intuir que não existia só o aspecto narrativo a nível histórico, mas também paralelamente a narrativa mítica de significado mais profundo, além de outros métodos de procurar saber sobre a realidade.  Então impressionou-me sobretudo o mito de Adão e Eva que intui como um alargamento do mito de Prometeu que roubou o fogo aos deuses do Olimpo para o dar à humanidade. Mais tarde mexeu especialmente comigo a revelação de Deus a Moisés no monte Sinai quando este perguntou a Deus na sarça ardente como o deveria apresentar ao povo e Deus lhe respondeu “Eu sou o que sou, eu sou o tornar-me.…”. Uma outra Palavra que me acompanha em tudo é a expressão do evangelista João quando diz “No princípio era a Palavra/a Informação e esta tornou-se carne e ainda o mistério da Trindade do 1=3 e 3=1 (que entendo como a fórmula de toda a realidade)  e também a incarnação em que Jesus Cristo se torna o protótipo de toda a pessoa, de toda a humanidade e de toda a realidade. Isto entusiasma-me porque vejo aqui todas as filosofias incluídas e o Cristianismo como espaço aberto a toda a discussão séria. Isto entusiasma-me e leva-me a ver no Cristianismo um modelo exemplar de filosofia e ética para toda a humanidade. Da meditação destas revelações para toda a humanidade deduzo todo o meu pensamento e transmito-o indirectamente no que escrevo, havendo em tudo m fio condutor.

No mistério da encarnação constata-se o pulsar divino ligado ao pulsar humano e ao pulsar de toda a criação. De facto, estamos todos ligados uns aos outros e com a natureza fazendo parte de um só corpo e de um só espírito; em Cristo temos a divindade que nos une e sustenta e no Jesus temos a união de espírito e matéria; portanto em Jesus se revela também o Cristo cósmico.

Nas experiências do nosso dia-a-dia verificamos que tudo se encontra ligado e por vezes sentimo-lo através de intuições e até de se pressentir o que o outro sente ou pensa sem que o diga. Geralmente andamos muito distraídos com as narrativas que nos são apresentadas no nosso dia-a-dia e resta-nos pouco tempo para nos dedicarmos a entendermo-nos a nós mesmos e o que se passa em torno de nós. Cada pessoa é como que um microcosmo em que se encontra tudo reunido em ponto pequeno: o macrocosmo no microcosmo e o microcosmo no macrocosmo!

António CD Justo

 

FESTA DO CORPO DE DEUS E SUA SIMBOLOGIA

Um Rito Simbólico para Toda a Humanidade da União de Matéria e Espírito

 

A festa do Corpo e Sangue de Cristo celebra a instituição do sacramento da Eucaristia. Esta celebração tem suas raízes na tradição da Páscoa judaica, quando Jesus reuniu seus discípulos na véspera da sua morte na cruz e designou o pão e o vinho como sinais duradouros da presença divina na comunidade humana. A hóstia divina é símbolo da união de céu e terra.

A “Ceia do Senhor”, instituída por Jesus (1 Cor 10:16-17) e continuada na celebração da Eucaristia, realiza de forma real e simbólica a interação divino-humana. Para os cristãos, essa interação cotidiana simboliza e testemunha uma humanidade que caminha para o desenvolvimento e realização do Cristo cósmico. Mesmo para os não crentes, a festa do Corpo de Cristo pode ser vista como uma metáfora do corpo de Cristo numa compreensão cósmica e mitológica, onde a paz escatológica pode ser experimentada antecipadamente. “Pois onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles” (Mt 18:20). “Mas vocês são o corpo de Cristo e seus membros” (1 Cor 12:27).

No rito da consagração e da transubstanciação, manifesta-se de maneira visível e para todos o que outros ritos de iniciação operam de forma oculta e apenas para alguns. Assim, anuncia-se à humanidade que o dentro e o fora fazem parte da mesma realidade. “Seja o que você vê e receba o que você é!” (cf. Carta de Paulo aos Gálatas 6:15 e Lumen Gentium). O Filho de Deus e do Homem redimiu o ser humano e a própria criação, transformando a natureza humana numa nova criatura, uma criatura humano-divina a que todos estão chamados a ser de maneira consciente.

Neste sentido, não há medos que nos impeçam e desqualifiquem. Todos fazemos parte de uma realidade transcendente que engloba as quedas de Jesus no seu caminho do Calvário, culminando na ressurreição onde a vida e tudo é transfigurado. O rito da transubstanciação faz parte da fórmula trinitária, onde a realidade trinitária é pura relação amorosa e, como tal, protótipo de toda a humanidade e de toda a realidade.

Os cristãos procuram seguir o projeto de Deus para a humanidade, tornando-se um signo visível do que celebram na Eucaristia. Ao celebrar e concelebrar a Eucaristia, manifestam de forma ainda não consumada o sinal de Deus na humanidade. Assim, concretiza-se de forma ritual a vida de Deus em nós e na terra. O Corpo de Deus na Eucaristia gera amor que tudo eleva.

A presença de Deus também se manifesta na sociedade civil através das tradições das procissões grandiosas. Estas procissões tornam visível a realidade de toda a humanidade peregrinando: a Igreja, a humanidade e o mundo a caminho de Deus (1).

Na celebração litúrgica, realiza-se de maneira mística a participação intuitiva e emocional de toda a humanidade num só corpo místico. As numerosas procissões do Corpus Christi expressam publicamente a fé dos fiéis na presença duradoura de Jesus nos dons eucarísticos, que resumem nele criação e divindade. O pão (humanidade) convertido no corpo de Cristo é levado pelas ruas com cantos e orações.

A incorporação ritual expressa a ideia da igreja como corpo de Cristo, significando a pessoa inteira – corpo e espírito sem separação (Jesus+Cristo como protótipo da realidade do humano e do divino).

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

(1) Igreja como mistério e sinal de Deus e da realidade: https://www-vatican-va.translate.goog/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_ge.html?_x_tr_sl=de&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt-PT&_x_tr_pto=sc