COMO PROTEGER-SE DA PRESENÇA TÓXICA NA SOCIEDADE

Somos feitos de Informação e ter-se a Consciência dela é o Pré-requisito para se ser livre

Nas sociedades avançadas assiste-se a um sentimento crescente de desconforto e a um aumento de doenças nas populações. No contacto com amigos e conhecidos verifica-se que muitos sofrem de solidão, de falta de sentido, de medo do futuro e com depressões, devido à presença exagerada dos Média e da política no espaço público; em geral, o cidadão já não se sente em casa na sociedade nem no mundo em que vive. Também a sensação de se ser ameaçado em espaços públicos pela violência importada está a crescer cada vez mais sem que os políticos sejam realistas e politicamente sensatos e pensem as coisas até ao fim; em vez de tomarem medidas adequadas escondem-se em ilusões ou “discursos dominicais”. Pequenas e grandes coisas são aproveitadas pelo discurso político-partidário e criam reacções histéricas na política, nos meios de comunicação social e na população. No meio disto tudo a estrutura social perdeu a sua estabilidade anterior.

E surgem até relações ácidas dentro de famílias e grupos de amigos devido às aragens vindas de centros ciclónicos geopolíticos, centros que, embora de fora, nos dominam até ao nosso espaço privado e íntimo pelo facto dos tentáculos geopolíticos se prolongarem até ao mais interior de todas as estruturas da nossa sociedade; tal sofrimento é confirmado por investigações científicas. Como somos feitos de informação genética e cultural (e informação propagada depois de selecionada por quem tem a informação restrita que é elaborada   de modo a motivar divisões sociais legitimadoras do Poder estabelecido que democraticamente se fundamenta na opinião “Individual” do cidadão) e sobretudo conduzidos por informações transacionais de caracter executivo, domina uma opinião pública autoritária (publicitada) que reprime a formação de uma opinião individual própria e responsável; esta  é morta à nascença porque a pressão pública impede a formação e valorização da consciência individual: mas só esta seria capaz de garantir o âmbito livre. Esta é também reprimida pela informação difundida que se serve da activação de memória nociva para perturbar a pessoa de maneira a desestabilizá-la e assim torna-la objecto.

Também deveria ser chegada a hora de tocar todas as campainhas de alarme na sociedade, quando a colectividade em geral se torna cada vez mais doente e quando em universidades alemãs, como na Uni Kassel, se verifica que mais de um quarto dos estudantes são cronicamente doentes, com 22% dos estudantes a sofrer de doenças mentais (psicológicas), como revela uma investigação da Universidade (Junho 2024).

Por vezes a situação é tão grave que até dentro do nosso círculo de conhecidos chegamos a saber de casos de jovens que sem dizerem nada se suicidam. O estado de saúde subjetivo aumentou especialmente devido ao impacto das Medidas contra a Pandemia e com a implementação da guerra na Ucrânia e nos nossos meios de comunicação. Uma emoção social implementada com fins menos claros chega a provocar em muitos de nós a mutação do próprio eu levando-o a identificar-se com a vontade da opinião publicitada. Esta alienação de nós mesmos torna-se destrutiva a nível individual e de sociedade. (Demolidora da pessoa porque a instrumentaliza e arrasadora da sociedade porque entregue a quadrilheiros sem respeito nem noção do que é uma sociedade de Irmãos a criar).

A vida moderna, caracterizada pela presença omnipresente dos meios de comunicação social e por intensas discussões políticas de caracter unilateral e doentio bloqueiam os nossos próprios filtros de proteção; tal facto pode levar-nos à alienação de nós mesmos a ponto de aumentar a nossa ansiedade e até criar depressão. Então deixamos de viver nós mesmos e a sociedade passa a viver em nós sem que tenhamos a possibilidade de controlo sobre ela; nesse caso a parte mais humana em nós sofre desatinadamente possibilitando então diversas doenças corporais e psíquicas. Chegados a este sofrimento há que tomar medidas bastante radicais no sentido de se proteger e defender a própria alma de influências tóxicas externas. Para tal torna-se necessário desenvolver estratégias de autodefesa porque se encontra em via a destruição da própria identidade em benefício de uma identidade social destrutiva que vive de interesses e de clivagem contra a moral humana oriunda do fundo do nosso interior cada vez mais difícil de resguardar.

Nesse sentido é de começar a fazer-se abstinência no consumo de Telejornal ou de outros programas que criem ansiedade e preocupação e isto até por uma questão de higiene mental. Como alternativa há a hipótese de se recorrer à Mediateca onde se encontram em memória referências bibliográficas de monografias, publicações periódicas, documentos audiovisuais como suporte eletrónico. Eu, por exemplo costume ver reportagens sobre animais, sobre a naturezas, reportagens de comboio pelas várias regiões dos diferentes continentes e temas que me dão consolação; deste modo evito a constante cobertura mediática que ameaça assenhorear-se da conduta das nossas vidas. O tempo que se dedica à família e aos amigos torna-se mais agradável e proveitoso.

Geralmente escolhemos os melhores produtos culinários para termos o prazer de alimentar bem o nosso corpo. O mesmo cuidado há que ter na escolha do que se consome para formarmos a mente e a alma; geralmente seguimos a rotina consumindo o que o Telejornal e o jornalismo nos apresenta. O jornalismo segue, porém, o status quo e os interesses das elites que geralmente procuram colocar-nos na condição de alinhados na sua fila e o que têm em demasia se deve ao que de nós tiram e que, por cima, ainda é usado para nos formatarem segundo a sua medida. Naturalmente a vida que nos é dado ter ocupa-nos demasiado não nos deixando tempo para reflectirmos  e notarmos o que se passa bem como o que fazemos e seus porquês.

Neste caso, só pode ser útil arranjar-se tempo para reflexão; de facto todos nós precisamos de ter um tempo só nosso. Tal como o nosso estómago precisa de cerca de três horas para digerir os alimentos corporais também o nosso espírito precisa de momentos e espaços próprios para reflectir tudo o que entra na nossa mente. Doutro modo seremos dirigidos e manipulados por ela sem notarmos que ela foi alimentada por forças interesseiras que misturam na informação (alimento mental) muitas drogas e produtos que nos amarram a eles como o cão à sua trela. Daí ser necessária atenção plena e para isso não esquecer a meditação, a oração e o desporto. A reflexão ajuda-nos a tornar-nos conscientes de nós próprios e das nossas necessidades, também de gozos corporais e espirituais que para serem eficientes terão de acontecer sob a direção da própria consciência desperta. Se dedicarmos todos os dias pelo menos dez a vinte minutos de pausa – o momento diário da digestão do espírito – então, com o tempo conseguimos adquirir uma atenção plena e usufruir do momento presente – o Kairós (para isso não precisamos de nenhum curso embora este possa ajudar, se não pretender fixar-nos no método ou em qualquer pessoa ou guru: neste caso isto também não passaria de uma alienação).  A reflexão ajuda também a manter a mente clara. Além do mais, todos nós, cada pessoa e cada célula se encontram interligados e em ressonância com o todo, que para uns se expressa em Deus e para outros no universo/natureza. Momentos de pausa nas tarefas do dia-a-dia e também tempos de retiro ajudam a concentrar-nos no momento presente e a fomentar a capacidade de discernimento. A reflexão regular sobre os próprios valores, objetivos e prioridades ajuda-nos a ter mais clareza sobre as próprias/autênticas necessidades. Doutro modo somos levados a correr atrás das necessidades da moda, mas não das nossas.

Para nos ajudar a desligar dos estressores externos e a libertar-nos de energias agressoras que sentimos em pessoas com quem contactamos, a mim ajuda-me fazer um exercício de respiração abdominal e por vezes sacudir do próprio corpo, com as mãos, a negatividade sentida. Deste modo adquire-se mais facilmente a paz interior. Mas o que me dá mais equilíbrio e confiança é a oração, sendo através dela envolvido num processo de vivência que tudo une e leva a entender.

Em tempos de seminário usava como estratégia de autoconhecimento e para identificar melhor os meus processos internos (incómodos da vida cotidiana) recorria à escrita de um diário onde anotava pensamentos e sentimentos e esta actividade criava tranquilidade. Hoje, para tal, dedico-me à escrita que é o resultado de um mundo que embate em mim e que procuro compreender e exprimir; na expressão dos pensamentos e sentimentos surge uma sensação de equilíbrio e de integração numa comunidade em desenvolvimento. (Neste sentido imagine-se que cada pessoa escrevia um diário e a história da sua vida!)

Devido à pancada que tenho da necessidade de escrever continuamente sei que negligencio o corpo, o que me dá um pouco de má consciência,  porque sei que o corpo para se sentir melhor precisaria de actividades desportivas; a modos  de compensação todos os dias passeio um pouco na natureza e esta entra no meu caminhar através da inspiração  no interior do meu ser passando então a sentir no corpo uma vibração de gozo e agradecimento por me encontrar no fluxo da vida. Processa-se uma união de alma e corpo com a natureza e o espírito onde o divino inspira e expira comigo; então tudo aliado ao alegre sorriso do pôr-de-sol origina uma aragem de paz e sossego.

Não é fácil integrarmos no nosso dia-a-dia estratégias importantes que nos protejam contra influências externas e efeitos tóxicos pois já desde pequeninos fomos condicionados a seguir o que outros queriam e até a obedecer sem saber porquê. Por isso temos uma certa dificuldade em dizer “não” quando nos sentimos sobrecarregados e sem tempo para nós mesmos, aquele tempo que precisaríamos para nos sentir bem.

Torna-se importante interessar-se de forma mais consciente por familiares, amigos e pessoas boas pois essas é que nos podem apoiar e ajudar a levar uma vida estabilizada. Esse tempo não é gasto nem sequer empregue para o passar porque passa a ser o próprio tempo o tempo criativo reservado para cuidar da saúde emocional e mental.

Vivemos sob a pressão criada de termos que nos ordenar do lado do “bom” ou do “mau” e por isso as opiniões pessoais são destituídas e com elas a própria criatividade  porque à opinião pessoal real não é possibilitada também a alternativa de se poder posicionar entre o bom e o mau e para tal não há espaço  por causa dos padrões maniqueístas que dominam a sociedade e o indivíduo. Relevantes actores a agir no palco da sociedade, por razões de poder, não deixam espaço para a dúvida criativa porque esta, assumida pessoalmente, se tornaria na certeza individual que os destronaria. Sem alternativas ao dirigismo centralista anónimo permanece como consequência a tribalização da sociedade.

Por isso qualquer pessoa que advirta e se expresse criticamente em relação ao governo ou às elites dominantes globais será rotulada como negacionista da elite do sistema e da democracia! O mais trágico da situação é que a população em geral aceita como verdadeiro tal rótulo porque a consciência da sociedade é processada e formatada neste sentido por aqueles que estão no poder e vivem melhor nos patamares de cima do sistema. Por isso o sistema procura difamar todo aquele que pretende prestar um contributo para que o sistema melhore substancialmente e isso é lógico porque os beneficiados do sistema teriam de restituir algo do seu supérfluo ao povo mas sentem-se protegidos porque contam com a humildade do povo, que, por natureza de grupo se sente inclinada para aceitar a condição de ser rebanho a ponto de não poder reconhecer os seus genuínos interesses nem quem os defende. Saudável seria uma atitude humilde e de serviço comum ao povo e às elites que o orientam.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

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