SUÉCIA COM A MAIS BAIXA TAXA DE MORTALIDADE EXCESSIVA NOS ANOS CORONA!

 

O centro de estatística sueco SCB, com base em dados estatísticos da UE, Eurostat, chegou à conclusão que nos anos Corona de 2020 a 2022, a Suécia teve estatisticamente a menor taxa de excesso de mortalidade em toda da Europa.
Em comparação com os três anos anteriores ao Corona, de 2017 a 2019, a taxa de mortalidade na Suécia aumentou 4,4%. A maioria dos que morreram tinha mais de 70 anos, muitos haviam sido infectados em lares de idosos.
Na Alemanha os mortos atingiram um valor acrescentado bastante mais alto de 8,6 por cento. A taxa foi mais elevada na Eslováquia com 18,7% e na Bulgária com 19,8%.
O governo da Suécia foi muito liberal quando se tratou de decretar medidas contra a pandemia.

Há que atender que de país para país se observam grandes diferenças na maneira como definem e registram as mortes por corona. A Suécia superou a pandemia com uma taxa de mortalidade excessiva relativamente baixa. Mas ainda é muito cedo para se tomarem conclusões de que as medidas corona não têm efeito ou que fazem mais mal do que bem.
Por outro lado há malefícios que que só mais tarde poderão vir a ser avaliados!
António CD Justo
Pegadas do Tempo

PAPA FRANCISCO INICIOU A CHEGADA DO SUL GLOBAL AO OCIDENTE

Décimo Aniversário da Eleição do Papa Francisco

Jorge Mario Bergoglio, vindo do Sul (Argentina) e eleito a 13 de Março de 2013, (o primeiro pontífice não europeu em 1 200 anos), iniciou o seu pontificado com actos simbólicos (1) querendo, desde o princípio desabituar os bispos de certa pompa e luxo de maneira a serem substituídos por uma atitude de humildade, compaixão (2) e um coração virado para os pobres e fracos.

Na sua qualidade de líder mundial insurge-se contra a “globalização da indiferença” produtora de refugiados, pobres e contra o carreirismo na Cúria. Com a sua atitude de desmitificar os chefes e de acentuar a perspectiva de baixo para cima, provocou em certos dirigentes um olhar enviesado. Ao contrário do grande teólogo Bento XVI, Francisco concentra-se sobretudo no âmbito da pastoral misturando-se com o povo de Deus numa igreja sempre peregrina (Na cerimónia de um Lava-pés de quinta feira santa o Pontífice estabelece um exemplo beijando os pés a prisioneiros).

Com a maneira de ser de Francisco o ministério Petrino começou a ser mais apreciado no mundo secular; por outro lado, ao sacudir o pó do imobiliário da Igreja constipou, alguns ocupantes de lugares altos que em surdina começaram a espirrar! Por outro lado, levantou esperanças nalguns caminheiros mais apressados que iniciaram uma pedalada europeia tal que se distanciavam demasiado da caminhada rítmica do povo de Deus a nível global. Foi o caso do caminho sinodal da igreja na Alemanha que dava a impressão de querer protestantizar o Catolicismo. A controversa caminhada alemã com o reconhecimento da diversidade do género, as celebrações de bênção para casais homossexuais e recasados (3), a permissão para leigos pregarem em missas e o voto para diaconisas são pontos que, no meu entender, não levarão a igreja alemã a marginalizar-se (4) dado ter sido o próprio papa Francisco que de início entusiasmou os movimentos de reforma da Igreja a nível global (5) . A decisão será tomada em Roma depois das caminhadas sinodais a decorrer em todo o mundo.

Na escolha de cardeais e visitas apostólicas privilegiou as margens do mundo e da sociedade. Escolheu cardeais dos cantos mais distanciados do mundo

É explícito e decisivo ao defender a “tolerância zero para a pedofilia”: “O abuso de homens e mulheres da Igreja – abuso de autoridade, abuso de poder e abuso sexual – é uma monstruosidade” Na Carta Apostólica de 2019 “Vos estis lux mundi” (Vós sois a luz do mundo) decretou disposições gerais para toda a Igreja de modo a não serem possibilitadas “omissões tendentes a interferir ou contornar as investigações civis ou as investigações canónicas” (ver cotações e Carta 6)

O Santo Padre tem sido um exemplo para todas as religiões no diálogo inter-religioso revelando-se em crítico profundo de um clericalismo mais identificado com “capatazes” do que com “pastores”!

Pronunciou-se com mestria universal em questões da ecologia da “nossa Casa comum” com a encíclica ecológica Laudato Sí (7).

Como representante da Igreja vinda do Sul tem provocado o capitalismo liberal, o que tem incomodado representantes do monopolismo/hegemonia ocidental. Francisco, porém, esclarece: “Não condeno o capitalismo e também não estou contra o mercado”: o que defendo é a “economia social de mercado”. “A mesa económica não funciona só com duas pernas. Mas sim com três: o capital, o trabalho e o Estado como regulador.” (8)

Com a morte do emérito papa Bento XVI, o Papa Francisco terá mais facilidade em fortalecer o processo renovador pastoral na Igreja. Uma Igreja com 1,378 bilhão de fiéis espalhados nas diferentes cultuas do mundo não é fácil de gerir!  Uma coisa é certa: O Sul global está a chegar; vais ser grande o “preço” a pagar (9)!

 

António CD Justo

Teólogo

Pegadas do Tempo

(1)  A um Papa Doutor segue-se um Papa Reformador: https://www.triplov.com/letras/Antonio-Justo/2013/papa_doutor.htm

(2)  Completou a reforma da cúria em 2022”;  “Constituição Apostólica Praedicate Evangelium”: https://antonio-justo.eu/?p=7236

(3).    Recasados: http://religionline.blogspot.com/2018/02/jornalismo-e-religiao-proposito-da-capa.html. A consciência é o primeiro vigário de Cristo – Polémica dos recasados: https://etcetaljornal.pt/j/2018/03/a-consciencia-e-o-primeiro-vigario-de-cristo-polemica-dos-recasados/

(4) Haverá uma continuação do Sínodo sobre Casamento, Família e Sexualidade: https://www.pressreader.com/

(5) A EXORTAÇÃO PÓS-SINODAL “QUERIDA AMAZÓNIA” QUER UMA IGREJA MAIS FEMININA E MENOS CLERICAL: https://blog.lusofonias.net/nem-sacerdotes-casados-nem-diaconisas-por-antonio-justo/

(6) https://www.vatican.va/content/francesco/pt/motu_proprio/documents/papa-francesco-motu-proprio-20190507_vos-estis-lux-mundi.html . Entre outras coisas o Papa Francisco tem vindo a dizer: “Nenhum abuso deve jamais ser encoberto e subestimado, pois a cobertura dos abusos favorece a propagação do mal e eleva o nível do escândalo”! “Nos últimos tempos pudemos ouvir com mais clareza o clamor, tantas vezes silencioso e silenciado, de nossos irmãos, vítimas de abuso de poder, consciência e sexualidade por ministros ordenados”! “Não nego os abusos – mesmo que fosse um só é monstruoso, porque o padre e a freira têm de conduzir o menino, a menina a Deus, e ao fazerem o abuso destroem-lhes a vida. É monstruoso, é destruir vidas”! “É um momento de vergonha” e a Igreja “não se cansará de fazer tudo o que for necessário” para levar à justiça quem quer que tenha cometido algum tipo de abuso sexual”. “Não se pode dar prioridade a qualquer tipo de considerações, sejam de que natureza forem, como por exemplo a vontade de evitar o escândalo, porque não há qualquer lugar, no ministério da Igreja, para quem abusa de menores. “A Igreja não pode tentar esconder a tragédia dos abusos, quaisquer que sejam. Nem quando os abusos ocorrem nas famílias, em clubes, ou noutro tipo de instituições. A Igreja deve ser um exemplo para ajudar a resolvê-los, tornando-os conhecidos na sociedade e nas famílias”

(7)  A encíclica ecológica: https://antonio-justo.eu/?p=3191

(8)  “Papa qualificou rearmamento de insensatez”: http://miraonline.pt/opiniao-que-conta-papa-qualificou-rearmamento-de-insensatez/

A ONU já não corresponde às novas realidades: https://antonio-justo.eu/?p=7890

Cristãos e Política: https://www.diariodigitalcastelobranco.pt/noticia/58955/cristaos-e-politica-

Re-ligare 2013: https://religare.blogs.sapo.pt/tag/francisco

PAPA FRANCISCO EXCOMUNGA A MÁFIA: https://abemdanacao.blogs.sapo.pt/papa-francisco-excomunga-a-mafia-1221597

(9)  O SUL GLOBAL ESTÁ A CHEGAR –VAI SER GRANDE O PREÇO A PAGAR: https://jornalpovodeportugal.eu/2022/07/28/o-sul-global-esta-a-chegar-vai-ser-grande-o-preco-a-pagar/

 

GUERRAS DA AMÉRICA E DA RÚSSIA EM COMPARAÇÃO DESDE 1940

Da Luta contínua dos Gigantes pelo Domínio dos Povos

A – Invasões e intervenções relevantes dos EUA:

1– Guerra da Coreia (1950-1953): Os EUA apoiaram as tropas sul-coreanas na luta contra as tropas norte-coreanas, que eram apoiadas pela China e pela União Soviética. A Guerra da Coreia provocou cerca de 1,2-2 milhões de mortes e uma Coreia do Norte extremamente militarizada.

2- Guerra do Vietnam (1955-1975): Os EUA apoiaram o estado sul-vietnamita contra o vietcongue comunista e o Vietnam do Norte. A Guerra do Vietnam provocou cerca de 1,3-3,8 milhões de mortes.

3- A Crise de Cuba (1961-62): a 17 de abril de 1961 deu-se a invasão financiada por Washington falhada na baía dos Porcos (Playa Girón) em Cuba (1). Quase eminente guerra nuclear entre os EUA e a União Soviética.

4- Invasão de Granada (1983): Os EUA invadiram a ilha caribenha de Granada para derrubar o governo comunista de lá.

5- Invasão do Panamá (1989): Os Estados Unidos derrubaram o governo de Manuel Noriega e ocuparam o país.

6- Guerra do Golfo (1990-1991): Os EUA lideraram uma coligação internacional para expulsar o Iraque após a invasão do Kuwait.

7- Intervenção militar na Jugoslávia (1999) (semelhante à intervenção da Rússia na Ucrânia e ao fomento americano através das revoluções coloridas). Foi a primeira guerra de agressão na Europa levada a efeito por alguns países da OTAN (USA, Alemanha + 17 estados) contra a Jugoslávia e sem mandato do Conselho de Segurança da ONU. Posteriormente também aqui a OTAN confessou que o pretexto de ataque foi devido a um equívoco (2); esse estratagema usado para legitimar intervenções também foi usado no caso da mentira orquestrada para justificar a intervenção no Iraque. A Casa Branca parte do princípio que contra a força não há resistência e sabe que depois de uma invasão só contam os factos militares e podem sempre descalçar a bota com o pretexto de actuarem em benefício da liberdade e da democracia. Este é um método constante: fomentar tumultos dentro de um estado, apoiá-los e depois impor-se pela força, levando ao poder um governo favorável.

8- Invasão do Afeganistão e guerra (2001-2021): Os EUA começaram a guerra contra o governo talibã, que hospedava a Al-Qaeda, após os ataques de 11 de setembro de 2001. A guerra do Afeganistão provocou aprox. 250.000 mortos. A Europa e os EUA diziam defender a Democracia e os valores ocidentais no Afeganistão tal como dizem fazer hoje na Ucrânia.

9- Guerra do Iraque (2003-2011): Os EUA atacaram o Iraque para derrubar o regime de Saldam Hussein e para justificarem tal mentiram dizendo que o Iraque tinha armas de destruição em massa. A guerra no Iraque provocou aprox. 1-1,5 milhões de mortos.

10- Intervenção militar na Líbia (2011): Os EUA e outros países da OTAN intervieram na guerra civil da Líbia para apoiarem os insurgentes contra o governo legítimo e derrubaram Muammar al-Gaddafi, criando assim uma zona instável propícia. Onde há petróleo, riquezas naturais ou interesses de estratégica política há sempre pretextos não declarados para se intervir.

11- Ação militar contra o Estado Islâmico (desde 2014): Os EUA e uma coligação internacional participaram da luta contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

Esta é uma amostra das intervenções militares dos EUA entre outros conflitos e engajamentos não mencionados.

Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) a Rússia e os EUA ainda eram parceiros de guerra: Os EUA entraram na guerra em 1941 e lutaram com a Rússia contra as potências do Eixo, Alemanha, Itália e Japão que dera origem ao conflito armado. A Segunda Guerra Mundial provocou cerca de 70-85 milhões de mortes. Os EUA lançaram a bomba atómica no Japão. Os Aliados eram o Reino Unido, França, União Soviética e Estados Unidos.

 

B – Invasões e intervenções relevantes da União Soviética/Rússia:

 

1- Guerra Fino-soviética (1939-1940): A União Soviética atacou a Finlândia por questões de disputas de fronteira.

2- Guerra Afegã (1979-1989): A União Soviética atacou o Afeganistão para apoiar o governo comunista.

3- Guerra na Chechênia (1994-1996 e 1999-2009): A Federação Russa lutou contra os separatistas chechenos.

4- Guerra na Geórgia (2008): A Federação Russa interveio na Geórgia para apoiar a independência da Ossétia do Sul e da Abkhazia.

5- Intervenção militar na Ucrânia (desde 2014): A Federação Russa apoiou os separatistas no leste da Ucrânia e anexou a Crimeia. Neste conflito encontra-se também a Casa Branca e a OTAN também já antes envolvidos através da revolução laranja. Os EUA investiram 5 bilhões de dólares para deporem o legítimo presidente da Ucrânia e motivarem a Ucrânia a passar do estatuto de Estado neutro para pretendente a membro da OTAN.

Como é de observar entre as duas potências mundiais que rivalizam no domínio da economia e do poder político no mundo, os representantes dos Estados Unidos revelam-se como mais profissionais na criação de intrigas e são os que mais apostam no poderio militar e económico sob o pretexto de (anteriormente) defenderem os valores anticomunistas e agora de defenderam a liberdade e a independência (os Estados Unidos são mais motivados pelo domínio económico e a Rússia mais pela ideologia). A Federação Russa ainda tentou vir a fazer parte da OTAN, mas as elites dos Estados Unidos apostavam na decomposição da Europa e na redução da Rússia a uma potência secundária. Por isso a intenção da Federação Russa se aproximar à Europa e à OTAN foi sistematicamente contraminado pela Oligarquia americana. “O Acto Fundador OTAN-Rússia (oficialmente o Acto Fundador sobre Relações Mútuas, Cooperação e Segurança entre a OTAN e a Federação Russa) é uma declaração de intenções ao abrigo do direito internacional assinada em Paris a 27 de maio de 1997 entre a OTAN e a Rússia”.

Desde 1940, a Rússia ou a União Soviética, e mais tarde a Federação Russa, interveio em numerosos conflitos militares e guerras em todo o mundo. Geralmente nos conflitos regionais lá se encontram os EUA e a Rússia e um pouco ainda mais discretamente a China.

Os impérios Estados Unidos, Rússia e China procuram influenciar os cidadãos em países que pretendem sob sua dependência com apoios económicos a opositores dos governos ou a grupos armados. Nos últimos tempos os EUA têm usado como meio de infiltração as chamadas revoluções coloridas especialmente nos povos que antigamente pertenciam à esfera de influência soviética.  O antigo Portugal das colónias é um exemplo da intervenção soviética e dos EUA no surgir dos  combates entre os diferentes grupos rivais. 

 

António CD Justo

Pegadas do Tempo

 

(1) “No começo da manhã de 17 de abril de 1961, teve início a invasão da Baía dos Porcos (Playa Girón) quando um grupo de mercenários, refugiados cubanos treinados em bases da CIA e financiados por Washington, desembarcou em Cuba para tentar derrubar o governo de Fidel Castro. O ataque fracassou”.

Os rebeldes comandados por Fidel Castro e Ernesto “Che” Guevara assumiram o comando de Cuba em janeiro de 1959 e queriam quebrar a dependência dos EUA, o que motivou a Casa Branca a tomar iniciativas para derrubar o governo. O governo de Fidel Castro estabeleceu os primeiros acordos comerciais e relações diplomáticas com a União Soviética.

Em 1962 os Estados Unidos através de espionagem verificaram que a União Soviética havia estacionado mísseis nucleares em Cuba, a apenas 125 milhas da costa da Flórida, coisa que os EUA não aceitavam porque as raquetes podiam atingir o próprio território (Caso semelhante ao que poderá acontecer na Ucrânia, podendo facilmente a Nato vir a atingir Moscovo a partir da Ucrânia).

Em abril de 1961, os invasores deveriam garantir um aeródromo temporário até que um governo no exílio formado nos EUA pudesse voar e pedir ajuda aos EUA. Mas este empreendimento falhou contra os combatentes cubanos altamente motivados e a invasão ficou para a história como o “desastre da Baía dos Porcos”. Então, em 14 de outubro de 1962, um avião de reconhecimento dos EUA avistou mísseis soviéticos estacionados em Cuba. Na eminência de uma guerra nuclear entre os EUA e a União Soviética, Khrushchev disse na Rádio de Moscovo que só se absteria de estacionar quaisquer armas em Cuba se os Estados Unidos em troca retirassem seus mísseis de médio alcance da Turquia. Os EUA anuíram.  “Os resultados imediatos da Crise dos Mísseis de Cuba foram um sucesso tático para a União Soviética, já que a retirada dos mísseis nucleares americanos da Turquia e da Itália colocou a União Soviética em uma posição mais favorável do que no status quo anterior”. Além disso, a União Soviética obteve garantias de segurança para Cuba. A crise levou às primeiras negociações sobre controle de armas.

A Guerra da Iugoslávia: junho de 1999, a guerra terminou após meses de operações de combate da OTAN. A OTAN disse que foi um erro.

(2) De acordo com uma reportagem do jornal britânico The Observer, o bombardeio foi deliberado porque militares iugoslavos ou sérvios estavam supostamente usando a embaixada como uma estação de rádio. À posteriori a OTAN confessou tratar-se de um erro. O Kosovo fazia parte do estado sérvio e era considerado o centro cultural e religioso da Sérvia à semelhança de Kiev para a Rússia. Tratava-se num caso como no outro de conquistar terreno para a OTAN em direcção à Rússia. Depois que os sérvios fugiram das represálias otomanas no final do século 17, esses territórios foram posteriormente colonizados pelos albaneses (muçulmanos) passando com o tempo os muçulmanos a constituir maiorias nas regiões sérvias do Kosovo e Albânia. Também aqui como na Ucrânia se trata de impor o mesmo estratagema da Casa Branca.

Em 24 de março de 1999, membros da OTAN começaram a usar 200 aeronaves para atingir militares e civis alvos (Kosovo) na República Federal da Iugoslávia. Foi a primeira missão de combate da aliança – e a primeira missão de combate das tropas alemãs desde 1945. Para acabar com os ataques sérvios à população local e as expulsões, a OTAN decidiu em 1999 lançar ataques aéreos, nos quais a Alemanha participou. Conquista A OTAN travou sua primeira guerra de agressão contra a Iugoslávia em 1999 – sem um mandato do Conselho de Segurança da ONU. (Dados tirados da Wikipédia)

 

A OTAN, contando as unidades de reserva e somadas as unidades paramilitares, tem um total de cerca de 5,41 milhões de pessoa. Ao mesmo tempo, a Rússia tem mais de 850.000 soldados ativos e o número total de militares é de 1,35 milhão.

 

 

A INTOLERÂNCIA DO “DE QUE LADO ESTÁS?”

Entre intolerância política e intelectual

Ao observarmos a expressão pública verificamos nos diferentes meios de comunicação social e em diversas atitudes e comportamentos pessoais e grupais que nelas sobressai a falta de respeito e de aceitação em relação a diferenças, sejam elas de natureza cultural, religiosa, política, racial, sexual, género, etc… observa-se uma certa psicopatia  em meandros obscuros da sociedade que se refugiam, mesmo à luz do dia, na culpabilização do adversário. Se é verdade que também a vida real não escapa a uma certa “dialética” também é certo que a História nos ensina que terá de ser acompanhada pela dúvida metódica que se revela à posteriori como factor de desenvolvimento (A dúvida metódica mantém a tensão entre os opostos sem os eliminar e assim possibilita desenvolvimento).

observa-se uma certa psicopatia  em meandros obscuros da sociedade que se refugiam, mesmo à luz do dia, na culpabilização do adversário. Se é verdade que também a vida real não escapa a uma certa “dialética” também é certo que a História nos ensina que terá de ser acompanhada pela dúvida metódica que se revela à posteriori como factor de desenvolvimento (A dúvida metódica mantém a tensão entre os opostos sem os eliminar e assim possibilita desenvolvimento).

Generalizam-se problemas humanos próprios de um ou outro membro para os atribuir à instituição a que o indivíduo pertence. Por vezes assiste-se a um certo tribalismo no agrupamento de opiniões diferentes resultante da polarização: do lado bom os que pensam como eu e do outro os rejeitados por terem opiniões diferentes. Este pensar maniqueísta conduz à discriminação de pessoas ou grupos com base em características religiosas (teísta ou ateu), orientação política ou sexual, etc… Na consequência é assumido um sentimento perturbado expresso em desdém, raiva ou hostilidade contra outros grupos.

Dá-se a falta de diálogo ao recusar-se ouvir outros pontos de vista e quando abundam os preconceitos arraigados a estereótipos ou ideias fixas sobre crenças.  Tudo isto conduz a uma atmosfera de violência.

A falta de aceitação e respeito em relação a outras pessoas e grupos conduz a uma série de comportamentos e atitudes negativas. Uma sociedade altamente em crise cria nos seus membros a necessidade de se definirem vincadamente para terem a impressão de possuírem uma identidade firme (A sociedade compensa assim nos seus membros a própria identidade decadente). Neste momento histórico em que as potências se esforçam por criar uma nova ordem mundial baseada na guerra fria, também as instituições se encontram em crise mas também elas reagem no sentido do que constatava  Gil Vicente: as instituições são intocáveis, o problema está sempre nos seus membros… Ai dos não alinhados que não embarquem nos facilitismos e não aceitem deixar-se levar na onda!

A intolerância política manifesta-se individual, grupal ou colectivamente quando uma pessoa ou grupo expressa desprezo, ódio ou discriminação em relação a outra pessoa ou grupo baseando-se em opiniões políticas, ideológicas ou partidárias. A intolerância política pode manifestar-se em ataques verbais, difamação, agressão física, ameaças, boicotes. A sociedade actual demasiadamente politizada fomenta especialmente a discriminação política através de polarização, desinformação e medos que levam ao fanatismo. O fanatismo político prejudica o diálogo democrático e o processo político, gerando divisões e conflitos entre diferentes grupos, desestabilizando a sociedade que passa a ser pervertida ao serviço de grupos de interesses político-económicos. A convivência pacífica e democrática só pode ser garantida mediante uma atitude de respeito e tolerância mútua em relação às diferenças de mundivisão político-social. Uma matriz política em que os partidos do centro defendam os seus interesses difamando sistematicamente os extremos (tanto os Comunistas como o Chega) carece da atitude de diálogo pressuposto de toda a democracia; o mesmo se diga destes em relação aos partidos do poder!

Também a intolerância intelectual se encontra muito divulgada e expressa-se na falta de respeito e tolerância em relação às opiniões, ideias e conhecimentos de outras pessoas em áreas, como política, religião, ciência, arte, cultura, etc. Geralmente a intolerância intelectual deve-se à falta de saber, preconceitos, medo, desinformação, arrogância, etc. A intolerância intelectual usa como meios a ridicularização, a desqualificação, o ataque pessoal e a difamação e cria como seu lugar de refúgio “bolhas ideológicas “alérgicas a ideias ou opiniões diferentes. Ao impedir-se o diálogo e o debate saudável entre as pessoas fortalecem-se as forças do poder vigente em detrimento da possibilitação de melhor futuro.

Actualmente observa-se que a intolerância política se fortalece com a intolerância intelectual e deste modo limitam a liberdade de expressão, a diversidade de ideias e a criatividade. Quem não pensa como o politicamente correcto quer, ou como os intelectuais ao serviço do sistema, é colocado fora dos muros da cidade, tal como acontecia em sociedades antigas, nos casos de lepra!

. Além disso, ela pode prejudicar o processo de aprendizado e a busca pelo conhecimento, já que É fundamental que haja respeito mútuo e tolerância em relação às opiniões e ideias divergentes, de modo a poder garantir-se uma convivência pacífica e democrática.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

A ETERNA BATALHA DOS GÉNEROS DEVE-SE À MATRIZ SOCIAL MASCULINA

Dia internacional da Mulher só um apelo à igualdade a nível de verniz e esmalte?

Enquanto não se começar a encarar o problema dos papéis sociais a nível de matriz integral (masculinidade-feminilidade) não se leva a questão suficientemente a sério porque é tratada como uma questão de verniz e esmalte da sociedade. Apesar de tudo, os projetos de ajuda e as medidas legais dirigidas em favor das mulheres são actualmente muito importantes se concebidos a partir do ponto de vista das mulheres.

As pessoas continuam dizendo que as mulheres devem ter as mesmas chances e oportunidades que os homens. Mas quem são as pessoas, quem é a “cara”?

Na sociedade e na política diz-se que se devem repensar os modelos dos papéis sociais. A intenção é boa e alguns resultados também. Mas, o que há para pensar quando nosso pensamento estrutural e a ordem social assentam em princípios masculinos?

Numa sociedade masculinizada em que a competição, a luta e a subjugação são glorificadas, vale a pena a luta feminina  até que se chegue à consciência de se fomentar uma matriz social e humana integradora dos princípios (e aptidões) da feminilidade e da masculinidade em equilíbrio e osmose, no âmbito homem-mulher-sociedade.  Doutro modo toda a justa luta se concentra na disputa da feminilidade por ver reconhecida na matriz masculina a sua identidade bastante reduzida a termos de papéis masculinos. A matriz vigente vai sendo obrigada a ceder nas bordas, mas não no núcleo.

É verdade que, quando as crianças atingem a idade de brincar, passam a assumir os papéis que a sociedade lhes proporciona e a escola mais prega. A base do problema está no modelo social da masculinidade e começa aqui tendo por base um ensino orientado preponderantemente pela aquisição de aptidões de conotação masculina.

Muitos contribuem para que se esconda o problema pondo-o na armadilha política do estilo de vida tradicional ou nos pais (um sistema de culpabilização só para alijar a carga!). Outros falam da proibição de comprar sexo como se uma sociedade machista resolvesse o problema com a ajuda de verniz e esmalte.

Os papéis sociais estão baseados na matriz unilateral masculina (na continuação da ordem patriarcal a ser mais ou menos suavizada com o tempo) que permeia todas as sociedades e ordens sociais no mundo.

Onde todos teríamos que trabalhar seria no surgir de uma nova matriz antropológico-social preparadora de uma nova ordem mundial (consciência) que tivesse como base as forças da masculinidade e da feminilidade, numa perspectiva de complementaridade e inclusão já não só a nível de funções na sociedade padrão, mas sobretudo a nível do ser e do modo de estar (integrador dos dois princípios ou energias) num modelo de sociedade equilibrada.

mas não apenas promove o mesmo tratamento, mas isso teve que surgir da igualdade de consciência e respeito pelos outros. As características masculinas foram enfatizadas sobre as características femininas e à custa delas. Claro, não é preciso padronizar as características específicas, mas vale o esforço  feito ou a fazer para que cada indivíduo e sociedade integrem as características femininas e masculinas de modo a (para que externamente na estrutura social) o princípio da masculinidade e da feminilidade não lutarem um contra o outro (segundo o modelo das forças masculinas), mas se equilibrem um ao outro fora da plataforma de um poder esgotado em brigas e concorrência de interesses ou de posição oposta. Uma sociedade que tem sido puxada, direccionada e movida pelo reino masculino exterior (carapaça exterior da sociedade), carece de mudança fundamental e para isso deixar de negligenciar o reino interior (feminilidade, espiritualidade) que aguarda aceitação e implementação. Esta missão torna-se difícil principalmente numa época de crise como a nossa em que se espera uma mudança radical de mentalidade e que se vê estrebuchar nos figurinos machos do espectro político.

A nível de luta exterior e de papeis sociais a mulher continua a ser a grande vítima dos nossos padrões de sociedade, como apresento agora em relação à Alemanha:

Na Alemanha, um país desenvolvido, há uma diferença de 18% no salário por hora entre homens e mulheres. As mulheres geralmente recebem menos do que seus colegas homens pelo mesmo trabalho. Conforme relatado pelo Departamento Federal de Estatística, as mulheres a partir dos 65 anos receberam um rendimento bruto médio de 17.814 euros por ano em 2021 e os homens 25.407 euros.

O risco de pobreza em 2021 é de 20,9% para as mulheres e 17,5% para os homens. O limite para uma pessoa solteira era de 14.969 euros por ano (dados estatísticos do HNA 8.3).

De acordo com a ONU, a cada hora no mundo, 5 meninas e mulheres são mortas por seus parceiros ou outro membro da família. Na Alemanha, esse crime ocorre a cada três dias (138 casos em 2020). As pessoas costumam falar em “tragédia familiar”, “assassinato por honra” ou “drama de ciúmes”, mas basicamente são casos de feminicídio.

As barreiras estruturais são cimentadas por uma matriz masculina que se perpetua como legado da sociedade patriarcal.

Ao fazermos parte de um sistema temos que contar com os paradoxos a ele inerentes (contradições dos sistemas e dos neles instalados) e ir fazendo por nos aperfeiçoar individual e socialmente de maneira a poder influenciar activamente o sistema que de si é prepotente. Enquanto o poder se orientar sobretudo pela materialidade (crença na masculinidade) e não integrar nele a espiritualidade (feminilidade) viverá na e da exterioridade como se pode ver bem documentado na máscula e estúpida  guerra entre o bloco ocidental e a Rússia a decorrer na Ucrânia.

Quanto à luta pela emancipação da mulher, penso ser adequada a palavra emancipação porque se trata da libertação de um modelo masculino baseado na subjugação que atraiçoou sobretudo a feminilidade. Na sua luta, a mulher está a seguir os critérios próprios do modelo social masculino. Ao sujeitar-se ao modelo masculino próprio de uma sociedade patriarcal embora moderada, a mulher pode estar a  reagir (adoptando tal modelo) a modos de um complexo de inferioridade não auto-consciente  da riqueza da identidade feminina;  ao assumir as técnicas de afirmação próprias da sociedade de matriz masculina apenas reagem, em relação ao modelo agressor, adoptando os métodos deles e assim assumem indiretamente modelo tradicional e ao não apresentar um modelo alternativo que inclua cem por cento a feminilidade  estão a contribuir para a perda da própria identidade feminina. Da interação da masculinidade e da feminilidade, da essência do ser feminino e do ser masculino poderá surgir um modelo mais criativo e menos potente. Nas formas de emancipação e manifestações públicas deveriam ser apresentadas acções femininas e projectos de sociedade inclusivos que deem relevância à feminilidade a incluir numa nova matriz social a criar. Doutro modo destruída a identidade feminina, a especificidade do ser mulher, toda a sociedade será destruída para preparar mundo meramente técnico e artificial. A feminilidade não pode ser reduzida a um manufacturado de uma sociedade de matriz masculina para não se tornar num mero elemento na linha de montagem da produção económica. Precisamos de uma nova sociedade mais feminina, mais amante da paz e dos dons e valores genuínos de cada um. Urge o surgir de uma avalanche feminina, um movimento de solidariedade da feminilidade em todo o mundo que use meios e invente um método feminino alternativo à maneira de ser e estar actualmente em vigor.

É natural que a luta pela emancipação se tenha inicialmente expressado sobretudo com mulheres possuidoras de uma identidade em que a masculinidade nelas sobressaia em relação à feminilidade (Esta estratégia masculina de autoafirmação será ainda muito oportuna na sociedade islâmica em que um verdadeiro revolvimento cultural humano só poderá ter efeito através da acção unida das mulheres). Encontramo-nos num momento em que os movimentos emancipatórios deverão estar muito atentos para não serem açambarcados por movimentos políticos de masculinidade exacerbada. Movimentos políticos e económicos do poder são por natureza masculinos e como tal deveriam ser confrontados com movimentos de base feminina não apenas feminista (feminista seria o papel masculino assumido por mulheres em que a feminilidade poderá estar em segundo plano).

O feminismo exacerbado corre o perigo de perverter os próprios dons e expressões característicos e por fim ver a própria identidade destruída (perda de feminilidade e desprezo da maternidade em benefício da masculinidade quando esta já é política e socialmente exacerbada).  O seu verdadeiro sentido e superioridade basear-se-ia no Ser e não só no ter (posse masculinidade) com um formato mental feminino que na sua maneira de estar partiria do nós e não do ego (característica maternal da sociedade). No modelo actual sobressaem os valores de caracter masculino: o dinheiro, o poder subordinador e o sucesso, colocando-se o homem no lugar de Deus e acima da moral e até como o criador dos valores numa sociedade que quer de combate porque deste modo a oportunidade é dos mais fortes.  

Tendo em conta a rudeza do modelo da nossa sociedade, é natural  que o movimento feminino se afirme pela luta, mas também é certo que no dia internacional da mulher ativistas representantes da masculinidade se aproveitam para envolver as mulheres em actividades de luta afirmadoras de estratégias masculinas (querem-nas feministas e não femininas!). Trata-se de reconhecer a mulher toda e não reduzir a sua emancipação a papéis político-económicos de formato masculino.

A mulher terá de usar várias estratégias numa luta da integração da feminilidade num modelo de masculinidade agreste. Para isso, no meu entender, necessita-se de um combate próprio com firmeza e perseverança, mas à maneira feminina sem perder o elo do amor sustentável que tudo une, como expressão da feminilidade criadora e mãe, porque dela tal como da terra tudo sai.

António CD Justo

Pegadas do Tempo