VINTE MIL REQUERENTES DE ASILO DEPORTADOS EM 2018

Na Alemanha, em 2017 houve 20.019 deportações de requerentes de asilo. Em 2018, de janeiro a outubro, foram deportados  19.781 requerentes, a quem foi negado o estatuto de refugiado.

Em 2017  a Alemanha tinha acolhido 198.317 refugiados. Em 2018 recebeu 166.000 requerimentos de asilo tendo sido 30.000 deles, com menos de um ano, já nascidos na Alemanha.

Os estados federais tencionam reduzir os benefícios sociais para os requerentes de asilo que já tenham feito o requerimento num outro país da União Europeia (casos do acordo de Dublin).

Segundo o Departamento Federal de Migrações e Refugiados, no primeiro semestre de 2018, trinta mil dos requerentes seriam da competência de um outro Estado em que entraram primeiro.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

ORDENADOS AO SREVIÇO DA COMPETIÇÃO

Na China o salário horário médio é de 3,3 US-Dollar e em Portugal é de 5,1 Dollar! Segundo os dados do Euromonitor  nos últimos anos os salários têm estagnado em Portugal e na Grécia, enquanto na China têm galopado. Assim, os salários médios por hora em US-Dollar, por países é:

Suiça 43,1 US$

Áustria 20,8 US$

Portugal 5,1 US$

Grécia 4,5 US$

China 3,3 US$

Indonésia 90 US-Cent

Ìndia 80 US-Cent

Devido à crise grega e portuguesa, os salários  estagnaram relativamente aos parceiros europeus e assim, os salários chineses estão a aproximar-se dos salários gregos! A China está a tornar-se num colosso.

Os dados do Euromonitor referem-se a 2017 e dizem respeito à média dos ganhos dos trabalhadores num país. É natural que, dentro do mesmo país, haja empresas que paguem mais que outras.

Estatísticas são apenas pontos de referência .Acho muito pequena a média relativa a Portugal.

Um empregado na China ganha em média 67.569 yuans por ano, o que equivale a cerca de 10.358 US $  por ano.

Ainda, segundo a Euromonitor, os salários na China são mais elevados do que em todos os países da América do Sul, com excepção do Chile.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

CAMPANHA DO “BANCO” ALIMENTAR CONTRA A FOME EM PORTUGAL

O Presidente Rebelo de Sousa não tem Medo do Cheiro a Povo

António Justo

Em Portugal há 21 bancos alimentares contra a fome que correspondem a 21 associações de solidariedade independentes e se encontram distribuídas por todo o país.

Decorreu a 54ª campanha de recolha de bens alimentares até 9 de Dezembro conseguindo-se, com o apoio de 40.000 voluntários, recolher 2.146 toneladas de alimentos que serão  distribuídos, antes do Natal, a 2.600 Instituições de Solidariedade Social, que os entregam a cerca de 400.000 pessoas comprovadamente carenciadas.

Quase 20% dos portugueses são pobres e existe um milhão de idosos com rendimentos abaixo dos 250 euros. O Presidente Marcelo defendeu que o projeto Banco alimentar  “é cada vez mais necessário“.

Numa sociedade onde muitos governantes e banqueiros têm arruinado o país, tornam-se indispensáveis acções como estas.

O presidente da República tem participado nesta campanha, como voluntário, em acções simbólicas. Parece seguir as pegadas do Papa Francisco.

Ontem o Presidente da República juntou-se aos voluntários que estavam a servir almoço a 300 pessoas sem abrigo.

Os sem abrigo em Portugal, segundo os dados da segurança social, eram em 2017: no Porto 1.620, em Lisboa 889, em Faro 355, em Setúbal 256, em Coimbra 182.

No último fim de semana o Presidente da República de Cabo Verde, de visita a Portugal foi convidado por Marcelo Rebelo de Sousa a ir com ele juntar-se a centenas de jovens que estavam a separar e empacotar géneros para serem depois distribuídos aos pobres.

Segundo a carta dos direitos humanos toda a pessoa não deve passar fome sendo um dever do Estado assistir aos necessitados.

Ao longo de todo o ano, os bancos alimentares distribuem várias dezenas de milhares de toneladas de produtos e distribuem refeições confecionadas e cabazes de alimentos a pessoas pobres.

Um apêndice: Nos Media, muita gente critica o Presidente Rebelo de Sousa por se misturar tanto com o povo, isto é, com os desfavorecidos do sistema político e social que temos. De admirar é que não entusiasmem o Primeiro Ministro António Costa a imitá-lo. Bastantes andam muito mal informados porque não sabem que muitos dos “protagonistas cimeiros” nunca fariam tal, porque só não têm nojo do povo quando há campanha eleitoral! O cheiro a povo compromete!

© António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

SINCRETISMO CHINÊS ANIMA O NEGÓCIO NÃO SÓ EM PORTUGAL

A Civilização mais compatível com o Globalismo

Por António Justo

Ainda a respeito do texto sobre (“Presidente chinês faz negócio em Portugal”), um leitor questionou o facto de eu  ter aludido aos direitos humanos para a China (país dos cem nomes) porque é um povo com uma cultura totalmente diferente, e que encara a vida numa perspectiva pragmática em que o ideal cristão da dignidade da pessoa só estorvaria.

De facto, como se nota já na especificidade da língua mandarim, depreende-se dela uma outra estrutura mental que se expressa em outras maneiras de pensar e numa mundivisão totalmente diferente da europeia. Na impressão que se tem com chineses, à primeira vista, nota-se que são pessoas que têm uma maneira mais objectiva e utilitária na maneira de ver, de viver e de se relacionar.

A cultura chinesa é polivalente, e manifesta um génio sincrético que consegue colocar em funcionamento utilitário tradição, deuses, comunismo e capitalismo no sentido de tudo se mover ao serviço dos próprios desejos: daqui se pode depreenderá também uma inclinação especial para o negócio.

É uma civilização que desde o século passado se encontra em mudança total e como tal torna-se imprevisível o futuro desenvolvimento de uma civilização tão antiga e tão rica. No contexto de civilizações e sob a pressão de um globalismo nivelador, a civilização ocidental deveria estar consciente do que tem de específico a guardar para a humanidade, isto é, a dignidade da pessoa humana, mas sem transformar esta consciência adquirida para legitimar ou fomentar guerras, como tem feito sob o argumento da defesa de valores/direitos humanos. Cada povo, cada cultura, cada civilização tem uma coerência interna a ser respeitada mutuamente.

Num mundo cada vez mais ditado pelo negócio e numa competição, que não deveria perder de vista a complementaridade e a inclusão, seria um grande empobrecimento para a humanidade se as relações de futuro só fossem determinadas por um utilitarismo chinês que valorize mais o negócio e a instituição do que o indivíduo, tal como se dá na cultura árabe, no neocapitalismo e no comunismo. Daí também a necessidade da China se abrir ao humanismo cristão e do Ocidente redescobrir em alguns de seus princípios doutrinais tradicionais, uma imanência também característica dos chineses.

Dos chineses podemos aprender a sua relação familiar como base das relações sociais em harmonia com a natureza. A sua relação especial na expressão família, vida e morte, foi certamente transmitida através do culto aos antepassados em sintonia com a natureza e com o universo.  Uma mundivisão em que deuses, pessoas vivas e mortas coexistam em relação, sustem um caracter que lhe dá sustentabilidade. Esta mundivisão faz-me lembrar (embora de forma mais abstracta mas também mística) a realidade do mistério da trindade no Cristianismo que possibilita a unidade na diversidade mas que, infelizmente, é pouco comentada na sociedade ocidental.

 

A sociedade ocidental, tal como a sociedade tradicional chinesa, encontra-se em perigo, devido ao capitalismo liberal do deus Mamon (dinheiro, eficiência material e lucro) que tudo nivela para tornar a pessoa, isto é, transformar o indivíduo em mero cliente para que, deste modo, este se torne mundialmente, massa maleável e compatível e então tornar possível uma plutocracia económica e ideológica de um governo mundial que através de ONGs especiais supera países, regiões, regiões etc.

O confucionismo conseguiu guardar o legado do passado chinês e presenciá-lo de forma orgânica. Sistematizou toda a vida chinesa numa espécie de organigrama que possibilitou uma filosofia de vida social que deu forma e consistência à vida do chinês no seu dia a dia, de forma a fomentar uma corresponsabilidade natural criando sintonia entre vida humana e natureza.

O budismo assimilado pela cultura chinesa assumiu toda essa riqueza de comunhão com a natureza dando-lhe uma perspectiva transcendental também no que respeita à questão da vida depois da morte na complementação do taoismo.

A tradição do culto do imperador e uma visão funcionalista da pessoa facilitaram a assimilação da doutrina comunista ocidental. Esta provocou a questionação de todo o sistema confuciano. Agora o globalismo liberal completa a obra abusando de muitas características da tradição e da antropologia chinesa; aqui a avalanche do globalismo provoca mais facilmente a nivelação geral do que no ocidente onde o travão civilizacional oferece mais consistência. Daí a ferocidade implícita em agendas bastante combativas no ocidente. A revolução cultural em via contra a cultura ocidental é especialmente agressiva contra o catolicismo, tal como o comunismo maoista fora contra o confucionismo.

Os novos regentes em Pequim, para darem consistência ao sistema comunista procuram apresentar Mao Zedong como a nova autoridade conectora do ideal chinês, servindo-se, agora para isso de Confúcio em segundo plano; este não tinha deixado de ser em parte venerado durante a revolução cultural; agora colocado num segundo plano ao lado de Mao revela-se como boa fonte de regras bem apuradas para disciplinar a massa crítica popular e servir de instância contra a corrupção de funcionários. A arte deve substituir a religião no intuito de orientar as pessoas e lhes possibilitar mudança…

Na Europa, a tradição da dignidade humana e dos direitos humanos ainda constitui um certo empecilho ao globalismo liberal (imposição dos interesses globais aos interesses individuais, nacionais e civilizacionais, mediante desconstrução cultural, conexões e agendas), para isso seve-se do relativismo de leis e valores para favorecer a estratégia do seu domínio global através de ONGs que ganhem mais poder de influência que as nações.

Atendendo aos prossupostos do ideário cultural, a China é certamente a civilização mais apta para dar resposta e até para gerir o globalismo como intentona anticivilizacional. Daí a necessidade da Europa se tornar consciente disto e saber defender-se contra a proletarização cultural em via.

A globalização aproveita-se na China de uma mentalidade comunitária (tipo nacionalismo que prescinde do indivíduo) que é, neste sentido, semelhante à islâmica e ao comunismo proletário, em que o indivíduo é considerado apenas um meio, um instrumento a operar em função da sociedade que é superior a ele, pelo facto de este não ser acompanhado da dignidade inviolável humana (caracter divino da pessoa); isto é, para eles, o indivíduo só vale em função do grupo, o que impede uma criação da relação de valores fundamentais da pessoa como soberana, o que é próprio da mundivisão da civilização cristã ocidental (isto é, o que a Civilização cristã tem a transmitir ao mundo: a compatibilidade do humano com o divino, do grupo com a pessoa numa unidade profunda que diria quase natural e, em termos cristãos, de incarnação-ressurreição). O respeito mútuo das civilizações deve ser palavra de ordem porque cada uma corresponde a um corpo orgânico próprio que só pode ser ordenado num superorganismo na qualidade de órgão dele e não instrumentalizada ou até declarada como campo de batalha dos pseudoprogressistas da onda em voga.

Ao falar da necessidade da China se abrir aos valores da pessoa e sua dignidade queria apontar para um aspecto fundamental de um humanismo que daria mais sustentabilidade à China. Estou convencido que este é o caminho que também corresponde a uma verdadeira  visão global de Teilhard de Chardin e ao aprofundamento da fórmula trinitária que revela muito de comum (compatível) e de enriquecimento mútuo no diálogo das civilizações.

O bom senso comum reconhece que ninguém é tão rico que não tenha algo para receber e ninguém é tão pobre que não tenha nada para dar! Para isso as civilizações terão de abandonar a sua legitimação da guerra que provém do sentimento de superioridade.

© António da Cunha Duarte Justo

In Pegadas do Tempo

CONTROVERSO PACTO DA MIGRAÇÃO AO SERVIÇO DO MARXISMO CULTURAL E DO ISLÃO?

Pacto aclamado em Marraquexepor Interesses de Elites contra Povo?

Por António Justo

Dos 192 Estados envolvidos na negociação do Pacto de migração da ONU, 164 países aprovam-no por aclamação em Marraquexe; o documento será formalmente aprovado em janeiro 2019 pela Assembleia Geral da ONU.

Entre outros, negaram-se a assinar o pacto, a Suécia, os USA, China, Coreia do Sul, Austrália, Japão, Hungria, Áustria, Polónia, República Tcheca, Bulgária, Eslováquia e Israel.

Porque é que o primeiro ministro belga sacrifica a coligação de um governo estável e coloca em perigo as instituições do país, pelo simples desejo, de, contra o parceiro maioritário, decidir assinar um pacto que pelos vistos não é vinculativo?

Serão populistas e nacionalistas todos os países que não assinaram o pacto, como quer a esquerda militante?

Não será este um pacto para domesticar a cultura ocidental e, por isso, ter seguido uma estratégia rápida numa acção toda ela de nevoeiro e “pouco antes das 12 horas” (como dizem os alemães)? Não será que este Pacto de migração controverso foi conseguido às escondidas do povo por ser um pacto de certas elites contra o povo?

Embora defendesse, mais tempo, no discurso público, para se discutir à base de argumentação sobre o documento e mudar alguns pontos do Pacto de Migração, não deixo de insurgir-me contra um discurso manipulador, próprio  do pensar politicamente correcto, que, à sombra de agendas preparadas, pretende levar as águas do povo ao seu moinho, como se o mainstream fosse o mar que alimenta todas as águas!

A pressa com que o assunto se tratou na opinião pública e em parlamentos, faz-me lembrar algo déjà vu, isto é, a técnica que extremistas de esquerda usavam na discussão de assuntos em assembleias ou comícios em Portugal na fase quente do 25 de Abril. Pude observar isso em algumas reuniões que duravam até altas horas da noite e em que os presentes menos militantes saiam da reunião (devido às desoras) e depois os militantes jacobinos aproveitavam-se da circunstância para tomarem, entre eles, decisões naturalmente “democráticas”.

De resto, em democracia, querem-se decisões fruto do compromisso (embora se possa pontualmente não estar de acordo); num povo que se quer de cidadãos adultos as decisões deveriam ser tomadas depois de verdadeira e atempada controvérsia pública, doutro modo arruma-se com o povo e com ele arruma-se também com a democracia.

Sendo eu contra a política de Mao Zedong, tenho simpatia, apesar dele, por uma revolução cultural que assente no discurso da controvérsia e num humanismo em que primeiramente estejam a ser defendidos os interesses da pessoa de modo a não ser transformada em objecto nem mero instrumento. Quer-se um humanismo inclusivo e digno que não jogue humano contra humano, ou lhe roube a dignidade! Na sociedade não chega que grupos se afirmem contra grupos; é preciso cidadãos dispostos a defender, à sua maneira, o desacautelado povo, do superpoder de grupos ou corporativismos ligados a agendas elaboradas à margem do cidadão em geral.

António da Cunha Duarte Justo

In Pegadas do Tempo