DEMOCRACIA SOB TENSÃO

Investigação global sobre o Estado dos Regimes políticos revela crescente Autoritarismo

No sentido de uma diferenciação de sistemas políticos temos, a Democracia Liberal (USA, Alemanha…), Democracia Eleitoral (Portugal, Polónia…), Autocracia Eleitoral (Rússia, Turquia, Ucrânia…), Autocracia Fechada (Afeganistão, Arábia Saudita, China…)

O  Relatório anual do IDEA Internacional (1)  sobre o Estado Global da Democracia 2023 examinou os sistemas políticos em 167 países e baseou  o  Índice de Democracia nos seguintes critérios gerais: processo eleitoral, pluralismo, liberdades civis, funcionamento do governo, participação política e cultura política.

Os primeiros lugares recebem as democracias liberais, seguindo-se as democracias eleitorais, as autarquias eleitorais e no fim da lista as autarquias fechadas

O mapa do Índice da Democracia classifica os regimes políticos nas seguintes categorias: democracias plenas, democracias imperfeitas, regimes híbridos e regimes autoritários

No Mapa do Índice das Democracia de 2023 dos 167 países investigados a escala regista 24 países em que a democracia é plena (Noruega 1°  lugar) , 48 com democracias imperfeitas (Portugal no lugar 28 (2) em 2022 piorou para o lugar 31, o pior resultado desde 2013; o Brasil lugar 51), 36 países como regimes híbridos, p.e. Ucrânia (87), Turquia (103) e 59 como regimes autoritários (Angola (109), Moçambique (117) , Rússia (146) Afeganistão (167).

Os motivos negativos que têm vindo a ser apontados para a qualificação de Portugal como “democracia com falhas” ou “democracia incompleta” são: baixa participação política, o mau funcionamento do governo e a reduzida cultura política!

A polarização tende a aumentar por toda a parte fomentando o autoritarismo que concorre para um declínio democrático geral e até em países considerados de democracia completa.

Na escala de 0 a 10 a média global caiu de 5,29 no ano anterior para 5,23. O ambiente político polariza-se favorecendo autoritarismos. As guerras geopolíticas e as lutas culturais e partidárias dentro das sociedades são gasolina no fogo da polarização e fomentadoras de autoritarismos. A polarização torna-se especialmente visível em relação a imigração, às guerras e posições ideológicas. Também a falta da capacidade de consenso entre os partidos fomenta a polarização. Em muitos estados o povo encontra-se já disposto a ceder liberdades civis em troca de maior segurança.

A democracia está sob pressão em todo o mundo. A promessa da democracia de oferecer prosperidade para todos permanece muito longe das suas intenções. Por outro lado, o controlo do cidadão em via torna-se uma mácula grande na democracia. A globalização com as suas agendas torna as pessoas inseguras e desmoraliza a sua tradição para poder impor outras tradições concorrentes e ideologias destrutoras…

Observa-se uma tendência dos povos do sul global para a esquerda na procura de justiça e nos povos do Norte (norte da Europa e USA) um movimento à direita por sentirem as suas ligações tradicionais ameaçadas. Em momentos carentes e de abusos, uns berram por pão e os outros por cultura.

Por outro lado, uma sociedade civil mais acordada nota que o Ocidente continua a ter uma política intervencionista o que cria descontentamento e incompreensão num povo necessitado de paz. Se aquilo que move hoje mais as preocupações das pessoas é a imigração e esta é resultado do sistema económico porque não resolvê-la com meios económicos:  em vez de colocar a própria cultura à disposição dos que procuram melhor vida seria de levar a economia e fontes de trabalho a esses povos.

Na Europa observamos uma política de dois pesos e de duas medidas e isso torna a população insatisfeita porque ainda é sensível à hipocrisia e espera mais dos sistemas políticos do Ocidente do que dos outros sistemas. O grande problema real dos nossos governos com a ordem social é o da sua credibilidade. Mesmo na promoção da justiça, os governos devem ter o sentido da realidade para, com os seus erros, não caírem à mercê de eventuais caprichos populares. Em última análise, são as pessoas que pagam pelo bom ou mau governo e pelas suas medidas. A política de imigração europeia, por muito humana que queira ser para com povos explorados pela política económica europeia, tem-se tornado desumana para com as próprias populações e irresponsável para com a própria cultura tomando em conta o fomento da agressão dos seus povos obrigados a renunciar à sua identidade para aceitar uma outra identidade intolerante.

A melhor maneira de ajudar os povos produtores de emigração seria instalar neles empresas multinacionais que criem riqueza lá e não obriguem as pessoas que queiram melhorar a vida a terem de emigrar para onde há dinheiro e empresas que vivem muitas vezes das   matérias-primas emigradas dos países de emigração!

 

António CD Justo

Pegadas do Tempo

 

(1) No índice de democracia da revista britânica The Economist,  intitulado “The Global State of Democracy 2023 Report – The New Checks and Balances” https://pt.euronews.com/my-europe/2023/11/02/estado-da-democracia-a-comparacao-entre-os-paises-europeus

(2) De notar que os estados considerados democracias plenas são estados liberais.  https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndice_de_democracia#

https://rr.sapo.pt/noticia/mundo/2024/02/15/portugal-cai-tres-posicoes-em-indice-de-democracia/366960/

https://www.v-dem.net/documents/35/V-dem_democracyreport2023_espanol_med.pdf

 

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Publicado por

António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

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