CULTURA DA GUERRA CONTRA A CULTURA DA PAZ

Da Campanha em Defesa do Serviço militar obrigatório

Em termos de política governamental europeia, assistimos à passagem do reinado do Corona-19 para o reinado da guerra geopolítica. O militarismo não só se tornou victorioso na indústria de armamento como até está a envolver a sociedade europeia de maneira subtil sob o pretexto de se ter de criar um ano social obrigatório para a juventude. Esta discussão nos meios de comunicação social alemães pretende criar na consciência social um clima favorável à criação do serviço militar obrigatório! (Já agora, se há necessidade de serviço social porque não envolver também os mais velhos?!) Os governantes tratam a sociedade como crianças inocentes que se deixam mover com novos assuntos que se lhes apresente.

Os governantes e os Media conseguiram implantar, com sucesso, antenas de guerra na cabeça de grande parte da população europeia. A ingenuidade popular parece não se ter dado conta que segue apenas a informação destinada a servir o Poder, informação que os meios de comunicação social, depois de bem mastigada transmitem para ser engolida por grande parte dos cidadãos. Estrategicamente, está-se a preparar os cidadãos para que haja uma guerra declarada entre a NATO e a Rússia e assim se aceitar uma guerra mundial.

Com o pretexto de empenho pela justiça servem-se os lobos que se nutrirão dos cordeiros. Nesta estratégia deixam-se envolver também os intelectuais que nesta situação perderam a voz! Deixam-se enganar com a discussão de extrema direita e extrema esquerda envolvendo a sua mente em perspectivas de guerra; a sua ausência na opinião pública fortalece a cultura da guerra quando urgente seria o empenho por uma cultura de paz!

A democracia, depauperada já de si, encontra-se actualmente num processo acelerado de esvaziamento devida ao abuso dela pelos governantes que acentuam o militarismo como visão englobante do sistema político-social. Tudo passa a girar unilateralmente em torno da defesa tal como se viu no reinado do Corona Vírus em que a política reduzia os valores humanos a medidas que tinham como critério único a defesa da saúde. A política tinha um inimigo a combater agora tem outro que também ajuda a uma encenação que encobre os verdeiros problemas que a política não quer ou não consegue resolver. O problema maior é a estratégia de polarização justificadora do próprio polo que conduz necessariamente ao cultivo da cultura da guerra embora se saiba que uma cultura da paz atravessa todas as polaridades, partidos e mundivisões.

O Poder que nos controla está consciente que, na ausência de uma cultura da paz, a guerra é sempre justificável. Imagine-se que os bilhões de Euros que os governantes dedicam à indústria da guerra eram investidos numa indústria da paz; valeria o investimento nas boas intuições (bom caracter) de cada pessoa e de cada grupo para que estes não fossem entregues indefesos aos interesses desregrados do Poder!

Numa altura em que as águias estão a dar cabo das próprias penas, deveria ser chegado o momento em que o compromisso pela paz ultrapassasse as barreiras partidárias e dos blocos.

A paz na Ucrânia só pode certamente ser alcançada restabelecendo a linha da frente de 24 de fevereiro do ano passado. Querer conquistar a Crimeia significa querer guerra mundial. Na constante colisão dos interesses sociais com os interesses económicos cada vez mais se sente o impacto e a brecha entre Governo/administração e cidadania. É de observar que se faz a guerra para impor mudanças radicais a nível mundial e tudo contra a vontade do povo e do qual os nossos governos democratas se distanciam cada vez mais.

Querer defender a democracia em termos de extremismos de direita ou de esquerda é desconhecer a essência da própria democracia e coloca-la ao serviço do poder que é por essência polarizante. Concretamente o que se debate na Ucrânia é o direito de a Ucrânia se tornar um protectorado norte-americano ou russo e à custa disto destroem-se povos, culturas e imola-se a Europa!

António CD Justo

Pegadas do Tempo

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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

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