A EUROPA ESTÁ A SER REFÉM DE MENTIRAS

O chanceler alemão foi enganado pelo Presidente dos EUA no caso do bombardeamento dos gasodutos Nord Stream 1 e 2.

A Europa ao saber a verdade do acontecido calou o assunto para não sujar o rosto dos EUA e não se envergonhar definitivamente na situação embaraçosa da guerra em que se meteu e sobre a qual os nossos media nos têm manipulado como se fossem partido propagandista de guerra.

O jornalista investigativo Seymour Hersh (1), revelou que no caso do bombardeamento dos Oleodutos Nord Stream 1 e 2 foi a Marinha dos EUA que realizou a sabotagem (2), com a ajuda da Noruega.

Eis o que Hersh desvendou: “Em junho de 2022, sob o pretexto de um exercício militar, a marinha americana colocou dispositivos explosivos nos gasodutos Nord Stream 1 e 2, que transportam gás natural da Rússia para a Alemanha. A 26 de Setembro, estes engenhos explosivos foram detonados por controlo remoto. A operação foi ordenada pelo Presidente dos EUA Joe Biden e planeada pelo Secretário de Estado Antony Blinken, pela Subsecretária de Estado para os Assuntos Políticos Victoria Nuland e pelo Conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan. O planeamento do ataque teve início em dezembro de 2021, meses antes da invasão russa da Ucrânia”.

Segundo ele a decisão da Casa Branca de bombardear os oleodutos visava prender os aliados no apoio à Ucrânia em um momento em que alguns hesitavam”. “O medo era que a Europa saísse da guerra” que já tinha começado em 2014!

O Procurador-Geral alemão Peter Frank disse ao “Welt am Sonntag”: “Estamos actualmente a avaliar tudo isto forensicamente”. Normalmente, tais investigações vão dando tempo para que os governantes vão aferindo as suas decisões sem terem de se envergonhar.

Os meios de comunicação social não estão interessados em fazer publicidade destes e doutros factos para evitarem reconhecer a vergonha em que se envolveram de induzir em erro espectadores e leitores. Infelizmente só alguns canais alternativos aos que alinham nas políticas dos regimes ajudam a poder-se compreender o que se diz ou escreve entre linhas!

A tese de que a NATO e as nações europeias se deveriam envolver na guerra para dar resposta à agressão russa de fevereiro 2022 é assim desmentida! Isto irá provocar uma cadeia de reacções políticas de grande alcance. Não será fácil porque os nossos governantes já se encontram empenhados na guerra desde 2014. Supostamente, os EUA e a OTAN seguem como orientação para suas atividades políticas o princípio islâmico: a mentira, quando serve o sistema, é virtude!

A maior victória dos e para os Estados Unidos foi criar a separação entre a Alemanha /Europa e a Rússia (3).

Quando os actores principais dos povos usam do estratagema da mentira crassa para imporem os seus interesses poem em perigo também o sistema democrático. A Casa Branca, a NATO e a EU têm agora de procurar rapidamente outros embustices para saírem de cara menos suja desta tragédia que causa perdas irreparáveis não só para o povo ucraniano, mas em especial para toda a Europa que é impedida pelo seu aliado de dar forma ao próprio desenvolvimento com projecto próprio!

António CD Justo

Pegadas do Temo, https://antonio-justo.eu/?p=8313

(1) Seymour Hersh ganhou o Prêmio Pulitzer em 1970 por sua reportagem sobre o massacre de My Lai. Em 2004, expôs o escândalo de abuso de prisioneiros de Abu Ghraib no Iraque.

(2) https://www.youtube.com/watch?v=d4BuMaGlKp0

(3) A maior victória dos EUA foi criar a separação entre a Alemanha /Europa e a Rússia: em https://triplov.com/sobre-a-guerra/  e em https://jornalpovodeportugal.eu/2022/04/03/com-a-escusa-da-ucrania-os-eua-ganharam-a-guerra-do-gas-e-conseguiram-desnortear-a-europa/

(4) A obra, que custou 9,5 bilhões de euros, pertence à estatal russa Gazprom e foi construída com o apoio de cinco empresas europeias de energia: OMV da Áustria, a anglo-holandesa Shell, Engie, da França, e as alemãs Uniper e Winterhall — esta última uma filial da multinacional Basf. Nord Stream é uma série de gasodutos para transporte de gás natural através do Mar Báltico. Da Alemanha, grande parte do gás é redistribuído para outros países da Europa. A DW reportou em fevereiro de 2022 que “as duas instalações enviariam 110 bilhões de metros cúbicos de gás natural anualmente à Alemanha”.

 

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Publicado por

António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

8 comentários em “A EUROPA ESTÁ A SER REFÉM DE MENTIRAS”

  1. António Cunha Duarte Justo, tanto quanto sei, Biden não invadiu um país vizinho. Pelo contrário, sem o apoio da Europa e dos USA, o criminoso já teria reduzido a Ucrânia ao silêncio e à morte dos escravos. Os aliados do criminoso vão continuar a tentar convencer quem pensa pela própria cabeça de que são todos igualmente culpados. Tenham juízo, por favor.

  2. Manuel António Pereira , estou de acordo que cada pessoa é o produto de informação, genética e cultural e naturalmente necessitado de definição sendo muito humano que pense pela própria cabeça. O pensar pela própria cabeça não implica necessariamente que um interlocutor tenha de assenhorear-se do pensamento para poder ignorar ou até negar o juízo de outras cabeças. É verdade que a questão é muito complexa e não pode ser reduzida a um mero pintar o diabo na parede de um lado ou do outro, menos ainda demonizar seja quem for. Em toda a discussão pública noto os interesses defendidos formulados em relação aos EUA, à Rússia e à Ucrânia mas noto a ausência da formulação de um conceito europeu e da defesa de interesses da Europa. O que observo é que a Europa foi metida no saco militar americano da NATO como se a Europa não existisse em conceitos geo-estratégicos.

  3. Oh meu caro Justo,

    Li, com atenção , as questões importantes que nos trazes sobre “como vai a EUROPA” e …vou ser frontal contigo, com respeito e sem ofensa, como é meu timbre!

    A questão dos velhos (Nós, Nós…Tu e EU ) está já há muito equacionada …E achas que a Igreja se tem importado muito com isso ?! Tu és o Teólogo assumido do grupo e…no meu caso nem te chego aos teus calcanhares quanto às questões da tua especialidade e…, por isso, só me meto pelas questões da RAZÃO, da Política e da geo-estrtégia.

    Quanto à Europa,” refém das mentiras” dir-te hei que a primeira dirigente política da Europa, vítima das mentiras que correm, foi a tua bem conhecida Chanceler Merkel que, por ser Russófona e Filoputinisca, acreditou na antiga mãe Rússia…e bem enganou os restantes Estados da UE sobre as intenções do Autocrata e Neo-nazi e estalinista PUTIN!

    Quanto a quem mente sobre as intenções de PAZ não são os Americanos (Também não são santos…) mas os imperialistas da Federação Rússia que querem voltar a ser um império, não olhando a meios, violando as convenções da ONU e dos outros organismos internacionais. O Putin sabe, e a Merkel também, que a guerra não é para matar os políticos, nem os plutocratas, mas sim os pobres da Rússia e os da Ucrânia e os presos das cadeias que são carne para canhão.

    Parece-me que confundes o militarismo, da invasão de um Estado Soberano, com quem quer e busca armas e compra armas, para defender o seu povo. Encontras alguma tese filosófica ou teológica para essa tua tese da CULTURA DA PAZ só para o Ocidente e não para o INVASOR ! Conheces, também como eu, os exemplos do passado, das invasões do NAPOLEÃO e das guerras mundiais, para não te falar da Batalha de Lepanto. Os inocentes e distraídos e incompetentes dirigentes europeus esqueceram o brocardo latino do “si vis pacem para bellum” …por acreditarem na Merkel e ,agora , ai ai ai que vêm aí os russos! Pensaram que os russos eram pacifistas pois o Putin até continuou a subsidiar o PCP de Portugal e de outros Países, com Comissões para a Paz e “País livre de armas nucleares” !
    Tomemos nota que, mesmo que a tua tese, fosse apenas uma pós-verdade, POR MIM prefiro um protectorado americano, livre e democrático, do que uma ditadura sanguinária e “venenos micro-choque de plutónio “! Finalmente, não tens visto O Patriarca Ortodoxo Cirilo (?!) a abençoar e a perdoar os pecados aos desgraçados soldados, como nas Cruzadas da Idade Média fizeram os nossos Papas ?! Pensa nisso, fala-nos disso !

    Não leves a mal Justo, mas, “In hoc non laudo” !

    Um abraço do sempre amigo

  4. Caríssimo amigo,
    Falando e arrazoando é que ajuda uma pessoa a entender-se ou pelo menos a deixar imaginar as peças com que estamos mais ou menos formatados. Como já disse aqui, a minha fôrma pende mais para o sentido da locução conjuncional correlativa aditiva do “não só… como também…” num nexo semântico aberto, embora me reconheça muito limitado pelo facto de a Razão emperrar no discurso de lógica própria mas que me não desanima por viver na satisfação da procura da verdade com a sensação de notar apenas a sombra dela. É uma maneira de ser que implica uma certa formatação mais expressa na complementaridade das coisas (que pode ser confundida com relativismo!).
    Caro amigo, também por isso me enriquece a tua clara e inteligente posição e também pelo facto de me não reduzires a um texto sem contexto, tendo tu mais experiência no assunto..
    Noto, porém, que no que se refere ao chanceler alemão ter sido enganado pelo Presidente dos EUA no caso do bombardeamento dos gasodutos Nord Stream 1 e 2, viraste bem o bico ao prego! Das maldades do endiabrado Putin não falo porque falar contra ele corresponderia a urinar no rio e eu gosto de falar mais daquilo que a nossa imprensa cala embora bem sabendo que por todo o lado domina o cheiro a enxofre e também nestas coisas o diabo deixa o rabo de fora, também nos meus textos!
    Amigo, em questões de geoestratégia como definirias tu uma política da Europa com projecto próprio?
    Quanto à Chanceler Merkel penso, penso, pelo que me foi dado ver, que ela era europeísta (apesar da sua atitude disciplinadora do Sul e da política de refugiados) e que actualmente, devido à identificação da Europa com a NATO é embrulhada em enredos que pretendem justificar o belicismo e subserviência da Europa aos EUA; imagino que ela seguia a tradição alemã de aproximação com cuidado ao bloco rival para através do diálogo comercial se criarem interesses que criam cumplicidades e proporcionam também mudança de mentalidades e de políticas. Esta atitude não agradava aos Estados Unidos que não gostavam de ver as europas a aproximarem-se porque seria insuportável para eles verem a Europa a virar-se mais para a Ásia e diminuírem o seu negócio com a Europa: no jogo geoestratégico a Europa deveria continuar súbdita ou condicionada e não tornar-se em parceiro de jogo (Neste sentido há muitas declarações da Inteligência Americana, reforçada por dizeres de políticos e analistas americanos!) Percebo que uma política europeia empenhada mais na guerra do que em conversações procure fazer tudo por tudo por culpar quem não fez o jogo da OTAN extremamente empenhado na guerra ucraniana especialmente a partir de 2014.
    Voltando ainda à Merkel: a Alemanha é um monstro económico, com grande capacidade de produzir armas mas com tantas bases americanas, considera-se militarmente um anão ao lado da França e do Reino Unido; penso que embora Merkel tenha descurado a parte greco-latina da Europa, teria in pectore a ideia de uma Europa soberana, coisa que alguns estados europeus não compreendiam; certamente cometeu alguns erros e não contou com a influência americana nos países antigamente subjugados ao comunismo e também noutros países europeus, especialmente no Reino Unido. Creio que com o Brexit se desmantelou o projecto da União Europeia e actualmente a EU, incapaz de se afirmar por ela própria, não vê outra alternativa senão subjugar-se aos EUA.
    Quanto ao que dizes relativamente ao militarismo e ao INVASOR seguir-te-ia cem por cento se a guerra não tivesse começado já em 2014!
    Também para mim se torna mais agradável o protectorado americano e a liberdade que temos, mas como humano que sou custa-me a ver que o meu protector seja tão injusto como o adversário e se faça hipocritamente passar como sendo o bom.
    Em toda a discussão pública noto os interesses defendidos e formulados em relação aos EUA, à Rússia e à Ucrânia mas é notória a ausência da formulação de um conceito europeu e da defesa de interesses da Europa. A discussão acontece apenas no âmbito militar e nunca teve em conta os esforços de Gorbatchev nem os iniciais esforços de Putin que no discurso da Conferência de Munique (2007) pôs os pontos nos is (https://www.youtube.com/watch?v=5d5U3XATuXc); nessa altura 2007 comecei a seguir com mais atenção o que acontecia na Ucrânia e depois vi mais tarde o seu empenho pelo diálogo e colaboração (veja-se também o discurso de Putin no parlamento alemão), a que os alemães não puderam dar resposta devido ao grande irmão americano! O que observo é que a Europa foi metida no saco militar americano da NATO como se a Europa não existisse em conceitos geoestratégicos.
    Quanto à vida católica, muitos ouvem o chamamento, mas poucos são escolhidos, e não apenas no sentido religioso. Muitos não chegam sequer a sentir o chamamento.

    Passo ao aspecto que mais me move:
    Sinto uma repulsa pelo status quo e uma atração pela paz não reduzida apenas a uma utopia ou comunidade de valores, mas insuflada da atitude de vida cristã, ou pelo protótipo Jesus Cristo.
    Nestes tempos de eclipse solar de sistemas de pensamento fechados, como o pensamento em bloco, ignora-se a humanidade e a individualidade. Naturalmente, é confortável estar ligado a um sistema porque traz um caloroso sentido de comunidade. Por outro lado, sabemos que Jesus morreu sozinho sem o afago do grupo que normalmente o acompanhava. O que conta é o pessoal; ideologia, política e militares são os jardins do intelecto, do poder abstraidor.
    Desejo uma Europa que reúna os contrastes e assim se torne uma comunidade de sucesso; e hoje uma Europa seria eurasiana, uma síntese de leste e oeste que expressasse também o anglo-saxónico, mas que não pode ser unilateralmente subordinada ao anglo-americano.
    Também não me entrego à indignação crónica do povo, que costuma estar do lado dos Barrabás, ou seja, do lado do poder e dos mais poderosos. Penso porém que não chega uma atração romântica ou utilitária. Eu preferiria um conceito/projecto de Europa que também incluísse Moscou, onde seria preciso investir, mesmo que parecesse difícil e doloroso no início, porque os EUA não estão dispostos a permiti-lo considerando a Rússia como rival a abater.
    Sim, não podemos ficar encerrados em um sistema fechado de crenças. Na consequência não podemos comprometer-nos com um sistema político fechado, mesmo quando este afirma que é um sistema de valores valiosos (EU). Esses valores valiosos pertencem ao âmbito abstrato mas o que lhes daria valor concreto seria a virtude cristã, que não existe nas ideologias e é combatida por elas; essa atitude virtuosa, especialmente praticada em conventos e no povo é que deram continuidade e sustentabilidade à civilização de raízes judaico-cristãs. Acrobacias do pensamento passam à margem do povo e só ajudam a classe dominante, a burocracia do Estado e quejandas.
    Embora, por vezes, eu possa parecer comunista para leitores ocasionais, porque dou a impressão de estar defendendo Putin, isso deve-se porém a mal-entendidos mas também a algumas alegações flagrantes que faço e a quem pensa em estruturas de sistema fechados dão a impressão de eu ser de esquerda; para outros, devido ao meu caracter católico consideram-me de direita. Como bem sabemos e eu comungo da ideia, a utopia comunista é chamada de doença infantil ou autoengano. Quanto a mim, politicamente não procuro passar de uma margem do rio para a outra porque estou tentando fluir com o rio! Sei que em cada margem por muito boa ou má que pareça há luz e verdade, porque lá se encontram pessoas vivas justas e santas que são aquelas que ajudam a sustentar as sociedades (estas são comuns aos dois lados e que desautorizam as palavras vãs da ministra dos negócios estrangeiros da Alemanha, ao dizer que “estamos a fazer guerra à Rússia”. Naturalmente de um e do outro lado da trincheira há diferentes nuances da verdade até porque a verdade aparece primeiro nos olhos do visualizador.
    Caro amigo, a noite já vai longa e desculpa o alongamento e o aspecto directo.
    Um grande abraço

  5. “Cultura da Guerra contra a Cultura da Paz”, gostei do título e do comentário “imola-se a Europa.”

    Incrível que Biden tenha ousado enganar o chnaceler alemão no caso dos gasodutos e que os tenha mandado bombardear!
    Devia ser punido por isso. Os russos são muito maus, mas os americanos tb são bastante maus!
    O bombardeamento dos gasodutos com o auxílio da Noruega (quem diria!…) deve ter causado impacto ecológico, fora o financeiro pago pelos alemães.
    Não entendi: “A vitória para os EUA foi criar a separação entre a Alemanha/Europa e a Rússia.”

  6. Obrigado Maria Manuela, pelo teu feedback.
    Sempre foi objectivo da Inteligência dos EUA e concreta política impedirem que a Europa se estendesse também à Rússia. A Alemanha teve um projecto que era fortalecer a Europa para que esta não fosse tão dependente dos EUA através de uma aproximação cautelosa (Willibrand) à Rússia. A Alemanha como quarta potência económica mundial também não era dos interesses dos Estados Unidos que se tornasse muito forte (boicote americano do projecto Nord Stream 1 e 2 e espionagem americana de Merkel). Nesta guerra estão meramente interesses económicos e de poder estratégico e foi vergonhoso o que se passou durante muitos anos na Ucrânia sem que a imprensa europeia se interessasse pelo assunto porque lá actuavam capitalistas ocidentais com os EUA e os russos a pretexto da comunidade russa na Ucrânia.

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