UM EXEMPLO DE MANIPULAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA

Ao referir-se ao conflito que decorre na Ucrânia a imprensa marca posição manipuladora na deturpação e interpretação dos factos como também ao relatar uns acontecimentos e omitir outros! Com o título “Papa marca um sinal com um encontro ” os periódicos ao colocar esta informação e ocultar outras deformam a realidade! De facto, é noticiado que na audiência geral de 11 de Maio, o Papa falou brevemente com duas mulheres ucranianas cujos maridos estão encurralados como combatentes na siderurgia de Mariupol; trata-se de Kateryna Prokopenko, a esposa do comandante da Azov Denys Prokopenko, e Julia Fedosjuk. Segundo elas afirmaram, o Papa prometeu rezar pelas lutas e tentar ajudá-las.

A crítica que o Papa fez à NATO a 3.05, foi omitida pela generalidade dos periódicos: o Papa Francisco disse que estava pronto para ir a Moscovo e que quem começou propriamente a guerra foi a NATO: “Penso que antes de ir a Kiev, tenho de ir a Moscovo”. Disse que o encontro não serviria exactamente para condenar Putin, porque o verdadeiro “escândalo” da guerra de Putin era “o ladrar da NATO às portas da Rússia”, fazendo com que o Kremlin “reagisse erradamente e desencadeasse o conflito”(1).

A primeira informação foi noticiada porque vem a favor da NATO interessada em branquear a parte escura e nazista da do batalhão de Azov e da sua acção no exército ucraniano!

A segunda, embora mais importante, não foi publicada porque contrariaria a propaganda até agora feita em favor da NATO. Estas são duas verdades que se complementam, mas a segunda não iria em favor de muita da desinformação em via!

Estamos perante uma maneira indireta de manipulação por omissão ou por filtro das informações que consiste na opção de só se apresentarem assuntos interpretados a favor da afirmação do próprio poder!

Refiro-me aqui ao ocidente porque da informação aqui prestada é que depende a formação das nossas opiniões e assistimos a uma campanha de informação mediática que tem sido unilateral e manipuladora, no sentido de justificar o envio de armas para a Ucrânia e uma intervenção da NATO.

É indigno de uma democracia submeter o povo a uma desinformação tão massiva! As nossas elites políticas têm-se comportado de tal maneira que denegrecem a democracia e desiludem espíritos democráticos honestos.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) https://antonio-justo.eu/?p=7410

 

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Publicado por

António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

10 comentários em “UM EXEMPLO DE MANIPULAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA”

  1. Caro Justo, este teu comentário no final não corresponde à verdade. O comentário crítico do Papa sobre a Nato foi publicado em pelo menos 9 meios de comunicação na Alemanha no dia 5.5.22. Entre eles: domradio, nrz, katholisch.de, focus, die Welt, servus.tv, merkur, neuesruhrwort, handelsblatt.
    Portanto nada foi ocultado, como dizes. A verdade, acima de tudo!

  2. Manuel Campos, o texto tenta chamar a atenção para a formação da opinião pública em geral e que é muitas vezes entendida como objectiva; na guerra de informação que hoje se pode observar, há que estar-se muito atento porque as opiniões também podem ser baseadas em falsas suposições! O meu interesse não é defender a posição da Rússia ou dos EUA, mas contribuir para que tudo possa ser apresentado de diferentes perspectivas para que seja o receptor das mensagens o soberano a decidir e não o humilde cordeiro seguidor do mainstream. Há sempre razões para se optar por apenas uma ou outra perspectiva, o que torna a busca da chamada verdade mais difícil; daí o ter-se em conta vários pontos de vista, sem que uns extingam os outros; a decisão por uma parte ou pela outra, ou pelas duas partes fica então dependente do receptor .
    Estou interessado na multi-perspectividade de análise porque esta nos liberta de olhar pelo monóculo!.
    Na imprensa de cunho católico foi publicado. Também a imprensa mais liberal e não tão empenhada em proselitismos publicou; podia acrescentar ainda mais algum jornal aos que nomeaste onde a notícia foi publicada! Refi-me à generalidade da imprenda especialmente aquela onde publicaram a última notícia referida “Papa marca um sinal com um encontro ” e ausentaram a de 3.05.!

  3. Mas a verdade do Justo já a conhecemos. Ele tem a sorte de estar num país da UE (e da OTAN) e pode fazer a propaganda que quiser. Olha se ele estivesse na Rússia!

  4. António Cunha Duarte Justo
    Joaquim Pinto da Silva, não sou divisionista nem limito a possibilidade de pensar e de analisar a quem se encontra numa terra/cultura ou noutra! Não sei se ainda não notou mas no meu discurso não se trata de fomentar proselitismos mas de apresentar outros pontos de vista e reflexões que para uns poucos são tomadas como ataques à sua convicção, coisa ue está longe de mim! Não é minha intenção feri-lo com as minhas reflexões. Gostaria de sua parte argumentação porque só assim se avvança e se pode construir um melhor futuro mais longe de proselitismos!

  5. António Cunha Duarte Justo Acredito na sua boa vontade, sem ironia nenhuma. A seguir a isto – e que é muito importante- a sua argumentação foge à questão principal. E foge porque insiste na guerra Rússia-OTAN e não é. Faz-me lembrar o Salazar a dizer que os nacionalistas africanos nas nossas colónias estavam ao serviço da URSS e da China só porque estes lhes forneciam armas e formação.

  6. Joaquim Pinto da Silva, no artigo não se trata de verdade do Justo nem do Silva e menos ainda de crenças! Admira-me é já ter chegado ao ponto de usar o plural magestático para tentar qualificar alguém quando aqui o assunto é manipulação! Aconselho-o a ler o comentário aqui feito por Manuel Campos porque esse sim, argumentou! Quanto ao conflito Rússia/NATO interessante seria ouvir do senhor a razão que o leva a afirmar que não é. O conflito na Ucrânia é uma luta geoestratégica a acontecer na Ucrânia desde há muitos anos e essa é a perspectiva que pretendo trazer com os meus textos, perspectiva que viria mostrar o que se esconde na Ucrânia e na sua guerra civil e de que a imprensa não quer falar por razões óbvias!. (Quanto à guerra nas colónias de África também houve nelas interferência da União Soviética/Cuba e dos Estados Unidos mas em nada que se compare com o que aconteceu na Ucrânia; este porém não é tema chamado aqui, porque o assunto é manipulação.).

  7. Quem cita o Papa, deveria referir-se também aos seus „desencontros“ e respectivos comentários com o chefe da igreja ortodoxa russa, Kyrill. Sabe-se agora que este foi membro da KGB e colega de Putin, o que faz entender muita coisa.

  8. Manuel Campos, o assunto aqui era manipulação e não tenho capacidade visionárias para poder escrever num artigo o que pessoas poderiam esperar dele! É verdade que até já tinha nos meus rascunhos o assunto das discidências ainda quentes entre o Vaticano e o Patriarcado de Moscovo pelo facto de o Papa Francisco ter indiplomaticamente advertido o Pariarca Cirilo de que ele não era do “ministério” de Putin! Sabes Manuel Campos, eu já ponho grandíssima parte do meu tempo a escrever textos para a imprensa e não posso tratar de tudo o que seria interessante tratar! Penso escerver o artigo sobre as razões da Ortodoxia se comportar como se comporta (não para a justificar como tentarão certas pessoas interpretar, mas para se poder compreender melhor a contextualização do que se passa); isto, no sentido de cada um de nós ir procurando através da compreensão e do entendimento entrar numa estratégia e numa cultura de paz e não de guerra!

  9. António Cunha Duarte Justo não era minha intenção exigir de ti um texto sobre a matéria. Foi simplesmente uma lembrança sobre um tema onde a igreja(as igrejas -melhor seria dizer Religiões ) também misturam alhos com bugalhos e onde nenhuma delas tem as mãos limpas. Mas se escreveres, lerei.

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