DOMINGO DE RAMOS

Hoje Domingo de Ramos é comemorada a entrada de Jesus Cristo em Jerusalém. É o início da Semana Santa, o domingo antes da Páscoa.
O Novo Testamento registra que Jesus entrou em Jerusalém naquele dia montado em um jumento (Jo 12:13-15, Mt 21:1-11, Mc 11:1-11).
O motivo do rei montado em um burro representa o governante não violento. O burro era a montaria dos pobres e contrasta com os carros de outros reis. Assim, Jesus é retratado como um rei pobre cujo poder não é estabelecido por meio de política, militar ou violência, mas por meio de paz e humildade.
Isto no sentido do que o evangelista Lucas narra: “O Senhor enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres, a sarar os corações feridos, a libertar os oprimidos” (Lc 4, 18).
O Domingo de Ramos não é sempre celebrado na mesma data porque esta é baseada nas fases da lua.
Esperemos que nesta semana do silêncio se silenciem as armas e possivelmente para sempre!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo

DIÁLOGO ENTRE A MENTIRA E A VERDADE

Diz uma parábola judaica que certo dia a mentira e a verdade se encontraram.
A mentira disse para a verdade:
– Bom dia, dona Verdade.
E a verdade foi conferir se realmente era um bom dia. Olhou para o alto, não viu nuvens de chuva, vários pássaros cantavam e vendo que realmente era um bom dia, respondeu para a mentira:
– Bom dia, dona mentira.
– Está muito calor hoje, disse a mentira.
E a verdade vendo que a mentira falava a verdade, relaxou.
A mentira então convidou a verdade para se banhar no rio. Despiu-se de suas vestes, pulou na água e disse:
-Venha dona Verdade, a água está uma delícia.
E assim que a verdade sem duvidar da mentira tirou suas vestes e mergulhou, a mentira saiu da água e vestiu-se com as roupas da verdade e foi embora.
A verdade por sua vez recusou-se a vestir-se com as vestes da mentira e por não ter do que se envergonhar, saiu nua a caminhar na rua.
E aos olhos de outras pessoas era mais fácil aceitar a mentira vestida de verdade, do que a verdade nua e crua.
in Forum Elos

A RÚSSIA E A CHINA APROXIMAM-SE E REJEITAM UM MUNDO UNIPOLAR!

A Rússia e a China concordam em ampliar a cooperação, após reuniões entre os ministros dos negócios estrangeiros Lavrov e Wang Yi.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês Wang YI deu apoio político à Rússia, dizendo que a questão ucraniana é o resultado não só de um antigo conflito de segurança mas também “a mentalidade da guerra fria e do confronto”. A China retratou os EUA e a OTAN como os principais culpados da crise.
“A cooperação entre a Rússia e a China não tem limites”, disse o porta-voz dos negócios estrangeiros da China, Wang Wenbin: “Trabalhamos pela paz sem fronteiras, mantemos a segurança sem fronteiras, rejeitamos a hegemonia”.
Como era de prever ( https://www.triplov.com/…/Antonio-Justo/2014/ucrania.htm) nos inícios do conflito armado em 2014, os blocos juntam-se e deste modo a globalização é fundamentalmente questionada.
Uma Europa, nas últimas dezenas de anos, só interessada na sua economia ao não assumir responsablidade global neu pela Europa, vai fazer pagar caro aos cidadãos a sua falta de visão!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo

PATRIARCADO DE MOSCOVO RESPONDE

“As relações entre o Ocidente e a Rússia encontram-se num impasse”

Segundo a InfoCatólica, a Comissão das Conferências Episcopais da Comunidade Europeia (COMECE) escreveu uma carta pedindo ao Patriarca de Moscovo que apelasse a Putin para pôr fim à guerra! O Metropolita Hilarion, chefe do Departamento de Relações Externas do Patriarcado de Moscovo respondeu apelando a que sejam feitos todos os esforços para manter o diálogo entre a Rússia e o Ocidente e convida o COMECE a “desempenhar um papel importante” na construção desse diálogo. “Nesta situação é essencial abandonar a retórica dos ultimatos, estabelecer canais de diálogo e realizar negociações formais e informais que possam ajudar a alcançar uma paz justa. Há oito anos que a Igreja Ortodoxa Russa oferece em cada liturgia uma oração pela cessação do conflito em solo ucraniano”, disse o Metropolita. O Patriarcado Ortodoxo sublinha que “nestes dias trágicos, os corações dos fiéis da nossa Igreja, cujos rebanhos estão de ambos os lados do conflito, estão cheios de tristeza”. “O mais importante nesta situação é fazer todo o possível para assegurar que as negociações directas prossigam, produzindo um resultado o mais rapidamente possível, e que as relações entre o Ocidente e a Rússia continuem a ter uma oportunidade de diálogo”, Hilarion acredita que o COMECE “poderia desempenhar um papel importante na construção desse diálogo, trabalhando com os representantes da União Europeia para evitar uma nova escalada da situação actual”. Deste modo o patriarcado de Moscovo, diplomaticamente, devolve a bola à Comissão Episcopal Europeia!

Quanto à exigência, de muitos, de que o Ocidente não dê ajuda militar à Ucrânia é assunto tabu porque o Ocidente já tinha anteriormente fomentado o conflito na guerra-civil ucraniana. Por respeito aos cidadãos, os Media não deveriam ser “selectivos”; deveriam deixar de apresentar apenas aquilo que lhes interessa que o público do sistema veja; deste modo reduz-se a nossa amplitude mental ao âmbito das informações dadas. No Ocidente ninguém se importou com as complicações nos Donbas e com a repressão após a revolta das Maidan; ninguém abriu a boca apesar dos 17.000 mortos!

Perguntas que um participante colocou na InfoCatólica em reacção à intervenção das autoridades religiosas: “Porque é que os nossos bispos não se pronunciaram antes contra a repressão dos ucranianos de etnia russa no leste da Ucrânia? Porque se mantiveram em silêncio sobre as mortes de cidadãos em Odessa e Donbas às mãos do exército ucraniano? Esta guerra poderia ter sido evitada se tivesse sido dada prioridade ao cumprimento dos tratados de Minsk e à negociação dos pontos em que não existiam acordos”.

Também a Igreja na Europa reage demasiado tarde e torna-se difícil porque agora os políticos e os Media só estão concentrados na invasão de Putin!

O exagero e unilateralidade que se nota agora na informação sobre o conflito na Ucrânia está em proporção directa com a quase ausência de informação durante os últimos oito anos de guerra civil na Ucrânia onde morreram 13.000 civis e 4.000 soldados ucranianos. Disto não interessava ao ocidente falar porque, na guerra civil, se esperava que o Ocidente ficasse a ganhar com o conflito.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

RÚSSIA E CHINA – O EIXO DA POLÍTICA DO SÉC. XXI?

ARTIGO ESCRITO EM 2014 ONDE DESCREVO A EXPLICAÇÃO E PREPARAÇÃO DO CONFLITO ARMADO DE HOJE ERRONEAMENTE DESCRITO COMO GUERRA ENTRE A RÚSSIA E A UCRÂNIA

Ucrânia entre Imperialismo russo e ocidental

 

A Ucrânia, tal comos a região das Balcãs, na primeira grande guerra mundial, dá ocasião ao surgir de uma nova configuração política das potências determinadoras do futuro no séc. XXI.

A Rússia, ao ser contrariada pelos interesses da EU/NATO na Ucrânia, demostra ostensivamente a sua reivindicação ao direito de ser reconhecida como potência mundial; para tal vira-se para a China e para a América Latina em oposição à política dos países da NATO. Utiliza uma estratégia própria na combinação oportuna de “vendas de armas, instalações militares e grandes projetos econômicos, de infraestrutura e de energia”. A nova estratégia de parceria com a China pode mudar o eixo axial da política no séc. XXI. O negócio entre a Rússia e a China da construção da conduta para fornecimento de gás à China e a construção de um canal transoceânico da Nicarágua como alternativa ao canal do Panamá, são passos que indicam determinação no sentido de as duas potências se unirem num projecto comum.

Ao avanço da presença do Ocidente ao longo das fronteiras da Rússia e na Ucrânia, a Rússia contrapõe a sua presença, como potência mundial, na América Latina.

A presença política arrasta consigo o negócio. Então, países como a Alemanha aceitarão o desenrolar natural dos acontecimentos e orientar-se-ão pelo brilho do negócio. Esta ofensiva económico-estratégica revela-se tão desesperada que pode determinar a divisão da Ucrânia.

Piora o clima entre as potências mundiais logo surgem centros ciclónicos devastadores das mais belas paisagens e dos mais belos biótopos culturais. Por trás das ventanias que arrasam florestas e destroem a bonomia do clima entre amigos e familiares, encontram-se interesses políticos, económicos e estratégicos. Quem aspira a mais, organiza-se em grupos de interesse porque sabe que no governo ou na oposição sempre se recebe mais do que no seio do povo.

Os grupos da Ucrânia, agora divididos e guiados pelas forças de ventos invisíveis, a modo das árvores no vendaval, batem-se uns contra os outros à mercê dos centros ciclónicos do poder. Os que se querem orientar pela Europa e os que preferem seguir a Rússia. Em nome da soberania popular dá-se a redistribuição de poderes e influências.

A Ucrânia, o maior país da Europa, tem 44,6 milhões de habitantes sendo 77,8% de etnia ucraniana e 17%, de russos e romenos está em perigo de ser dividida. O povo ucraniano já foi vítima do genocídio provocado por Estaline que vitimou milhões de ucranianos e da ocupação nazi que matou muitos milhões de pessoas, sofre as consequências de se encontrar como fronteira de dois imperialismos: o russo e o ocidental.

Quem pensa em termos humanos e de povo é contra a intromissão estrangeira; quem pensa em termos estratégicos e de poder compreende a luta das potências: uns a favor dos russos, outros a favor do ocidente.

Um país sobrano deveria ter a possibilidade à autodeterminação.

Uma Alemanha interessada em acordos de comércio com o leste, uma EU interessada num acordo de associação, e uma federação russa amedrontada, não são indícios de bons resultados para a Ucrânia; a Rússia sente-se ameaçada economicamente pela EU, militarmente pela Nato e socialmente pelos valores ocidentais de liberdade e democracia. A UE defende os seus interesses económicos e estratégicos na Ucrânia argumentado hipocritamente de pretender a salvaguarda dos direitos humanos e de um Estado de Direito. Infelizmente não usou da diplomacia para saber antepor-se aos combates armados entre a população ucraniana nem teve em conta uma Rússia traumatizada pela queda da União Soviética.  A Rússia tem os mesmos interesses na Crimeia e nas zonas orientais da Ucrânia como os ingleses no Gibraltar e nas ilhas Malvinas…

Uma Ucrânia endividada até à garganta com a dívida do gás e quase na bancarrota. Deve à Rússia 2,6 mil milhões de Euros pelo que Putin tenciona, a partir de Junho, só fornecer gás à Ucrânia a pronto pagamento. Até à ocupação da Crimeia vendia o gás à Ucrânia 30% mais barato, devido à Ucrânia permitir lá a base russa.

A Ucrânia, depois das eleições de 25 de Maio, irá ter de compreender amargamente a frase de Bismark: “Estados não têm amigos, apenas têm interesses”.

As missões de observação eleitoral da OSZE julgarão sobre o decorrer das eleições. Depois delas surgirá a discussão sobre quem as reconhece e quem não. As eleições não conseguirão o problema da Ucrânia que nela resume o conflito entre a Rússia e o Ocidente e entre população pro-Rússia e pró-EU.

A Rússia é o maior país do mundo, mas nas suas infraestruturas, é de facto, em grande parte, um país de terceiro mundo.

O futuro irá aproximar ainda mais a Rússia e a China até por razões de afinidade na defesa da integridade territorial e devido à sua extensão e aos povos separatistas.

No séc. XIX combatiam-se os estados, no séc. XX as ideologias e no século XXI combater-se-ão as culturas. Com a queda da União Soviética (1998) acaba-se o mundo bipolar para se iniciar a multipolaridade. Das guerras passar-se-á às guerrilhas; na formação de novas constelações, a guerrilha muçulmana tem-se mostrado a única arma estratégica eficiente contra a prepotência da guerra económica. Livre-nos Deus desta perspectiva real para o futuro.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo, 23.05.2014

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