SOB TEUS PÉS DESENHA-SE O MISTÉRIO

Não há trilho traçado,

sou eu que sou o trilho,

na vereda daquele que disse:

“Sou o caminho e a vida.”

 

Sou criatura, sou figura

do cosmos e da gente,

o verbo que se move

num tempo sem guarida.

 

Não pares, segue firme,

o chão espera o teu passo.

O mundo nasce em ti

quando caminhas nele.

 

Debaixo dos teus pés

desenha-se o mistério:

o chão que parecia

vazio, agora és tu.

 

Olha o monte nevado,

sem rasto nem direção,

à espera do teu vestígio,

da tua história impregnada.

 

A neve, que antes era intacta,

agora já tem memória.

És tu quem lhe dá rumo,

és tu quem faz a história.

 

No fim, não há coroa,

mas um cântico manso,

um Deo gratias bendito

sussurrado no cansaço.

 

Pois foste conduzido

por força sem medida,

por mão que não se vê

a chamar-te à subida.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

 

O PERFECIONISMO CRIADOR DE ANGÚSTIA E INSATISFAÇÃO

Um Exame de Consciência para Elites-Governantes e Povo

A sociedade ocidental, doente do progresso, trocou a alma pela máquina, a virtude pelo algoritmo, e a transcendência pelo like. O resultado à vista é uma epidemia de vazios e cada vez mais doenças na sociedade ocidental de maneira a poder-se falar de um sistema que adoece o corpo e a mente dos cidadãos.

A Morte da Perfeição Virtuosa e o Nascimento do Perfeccionismo Funcional

A tradição clássica e cristã entendia a perfeição como uma harmonia entre corpo e alma, uma busca ética que elevava o indivíduo e a comunidade. O ser humano era visto como um microcosmo, a ponte entre o finito e o infinito, não como peça substituível num sistema mecanicista e tecnocrático.

Hoje, o perfeccionismo não é virtude, é exigência de funcionalidade. O psicólogo Thomas Curran revela que as tendências perfeccionistas aumentaram 60% desde 1990, não por aspiração interior, mas por pressão social. A sociedade não quer seres humanos completos, quer operários optimizados.

Abandonamos os sábios para fabricar técnicos. Renunciamos à felicidade em troca do gozo, o breve prazer do atrito entre engrenagens.

A Doença da Alma numa Sociedade Superficial

A Alemanha, símbolo da eficiência europeia, enfrenta uma crise de saúde mental: os custos com terapia psicológica disparam, enquanto outros tratamentos médicos são negligenciados. O Ocidente trata sintomas, não causas, porque não ousa questionar o estilo de vida que os produz.

Factos brutais: 1 em cada 4 europeus sofre de perturbações mentais (OMS) e a depressão será a principal causa de incapacidade até 2030.

Os jovens são os mais afetados: 40% da Geração Z relata ansiedade crónica como constata a American Psychological Association.

A espiritualidade e a religião, outrora pilares da resiliência psicológica, são ridicularizadas como “ópio do povo”. Mas o que oferecemos em troca? Redes sociais que vendem conexão falsa, likes que substituem amor próprio, e uma economia que consome almas.

A Ditadura do Ego Auto-Optimizado

O neoliberalismo e o socialismo materialista uniram-se para esvaziar o transcendente. Como resultado surgiu uma cultura do egoísmo consagrado: tínhamos antes a devoção a valores superiores (Deus, virtude, comunidade); temos agora a auto-obsessão de cada um se torna na melhor versão de si mesmo, ao serviço do sistema.

Mas o eu sozinho torna-se numa prisão. O ser humano não é uma mónada autossuficiente; ele precisa de raízes, sentido, e algo maior que si. Sem isso, a ansiedade e a depressão são inevitáveis e mais ainda quando o próprio Estado perde e desmotiva sentido de missão.

A felicidade vem de dentro, mas vendem-na apregoando que está nos bens, nos likes, no sucesso vazio. O gozo é passageiro; a angústia, crónica. Trata-se de procurar gozo e felicidade sem que uma exclua a outra.

A Elite que nos desumaniza

O saber e o poder concentram-se nas mãos de poucos: bancos, tecnocratas, gigantes digitais. Esta elite não quer cidadãos, quer consumidores obedientes.

A religião era um freio ético ao poder. Agora o poder encontra-se sem quem o controle e o mercado é quem mais ordena e dita a moral. A alta finança encontra-se em luta contra a baixa finança e contra as empresas locais que sistematicamente destroem. As cúpulas ideológicas e económicas querem ditar sozinhas a vontade das pessoas e o futuro dos povos. Disto não se fala porque são os factores que se encontram por trás dos diferentes regimes como a história nos tem ensinado!

Temos assim uma sociedade sem misericórdia, onde quem falha é descartado. Os fracos não são ajudados porque são ineficientes.

Reencantar a Vida: Um Apelo à Revolução Interior

Se queremos sobreviver como civilização, precisamos de: rejeitar o perfeccionismo tóxico (que exige perfeição, mas nega a profundidade); de restaurar o diálogo entre corpo e alma (a ciência sem espiritualidade é mutilada e mutila sem dor pelas populações); de desafiar a tirania do mercado sobre a consciência pois o humano não é um recurso.

A Europa está em falência cultural porque trocaram Deus pelo PIB, a alma por algoritmos, e a comunidade por solidão digital. Se não reagirmos, seremos escravos de um sistema que nos odeia.

Temos a alternativa: ou reencontramos o sagrado na vida, ou afundamo-nos na angústia de um mundo sem sentido.

Por amor também às próximas gerações temos que nos tornar críticos ao ouvir o clamor mudo dos povos, na consciência que a verdade dói, mas liberta. A alternativa é continuarmos doentes, sozinhos, e cada vez mais vazios.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

EM NÓS AS CICATRIZES DO UNIVERSO

(Feminilidade e Masculinidade sob as Circunstâncias

entre o Suspiro e o Canto )

 

Tu, noite minha, manto de silêncio e estrelas,

o céu se curva sobre meu corpo em ruína.

Sou o deserto que clama por rios,

a sede infinita, na gramática do universo.

 

Meu coração é um vaso de argila rachada:

o infinito a escorrer em gotas de desejo.

Busco-te na sombra que me habita (1),

na carne que arde e não se ateia.

 

Somos véus do mesmo mistério rasgado,

tu, o rio que afoga, eu, o fogo que invade.

Mas vivemos como sóis apartados,

órbitas cegas, danças do acaso.

 

Ah, se fôssemos mapa e bússola,

o masculino e o feminino entrelaçados

como tinta e pergaminho, brasa e lenha!

Mas somos dois cântaros vazios,

ecoando a mesma canção quebrada.

 

O amor não é só véu, não é só prece:

é o dedo que traça o sulco das costas,

o sopro que desata o nó do tempo.

É o corpo que se faz altar,

a encarnação em cada movimento.

 

(Quem nos ensinou a temer a chama?

Quem secou os rios, quem apagou a fogueira,

deixando-nos sombras de um nome antigo?)

 

Em ti, mulher, não busco só o ventre,

sonho a união que Maria anunciou,

espírito e matéria fundidos,

vinho e água no cálix da aurora.

 

Somos o cosmos em miniatura,

dois pavios na mesma labareda,

dois rios no mesmo leito.

Deixa-me ser a lança que fende o abismo

e nele se perde,

para que enfim sejamos inteiros.

 

No fim, restará apenas o Silêncio,

aquele em que Deus diz o nome

que tu e eu não ousámos chamar.

Até lá, seguimos escrevendo

com lábios de sal e mãos trémulas

o poema que só juntos poderemos assinar.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

(1) Somos a sombra de Deus.

Em nós, as circunstâncias são o cadinho onde alma, corpo e espírito, feminilidade e masculinidade se podem fundir.

HUMANISMO INTEGRAL GEOPOLÍTICO

Complementaridade contra Imperialismos de Esquerda e Direita

A civilização ocidental assemelha-se hoje a um Filho Pródigo obstinado, que, seduzido por quimeras de liberdade, trocou a segurança do lar paterno pela errância dos caminhos perdendo-se a olhar para as estrelas (1). Como ele, vivemos uma crise de identidade coletiva, perdidos numa fuga sem rumo que nos esgota e nos impede de reconhecer não só o caminho de regresso, mas até a própria casa que abandonámos.

A questão mais gritante que se põe hoje a toda a humanidade reduz-se a como superar o conflito esquerda-direita (tradicionalistas-progressistas), ocidente-oriente e OCDE-BRICS de maneira a servir-se a humanidade e não agrupamentos de interesses. Povo, governantes e intelectuais têm de desenvolver um projecto comum de paz.

A crise ocidental, marcada pelo vazio espiritual do turbo-capitalismo e pelo radicalismo do socialismo ideológico, exige uma reintegração da tradição humanista cristã, mas sem nostalgia tradicionalista nem progressismos desintegrados.

As elites políticas, falhadas em conceitos e vontade, insistem em modelos anacrónicos, alimentados por uma cultura belicista que manifesta cada vez mais os desvios geopolíticos da Europa e do Ocidente (2). A democracia, sabotada por dentro, clama por uma reorientação urgente: um modelo sustentável, humanista e pacífico, que harmonize os valores cristãos ocidentais com eficiência económica adaptativa e uma diplomacia de poder suave, inspirada, mas não copiada, da estratégia chinesa, e enraizada na nossa tradição cultural (modelo católico aberto). A solução, ético-humanista, passaria por resgatar a Doutrina Social da Igreja (Leão XIII, Rerum Novarum; João Paulo II, Centesimus Annus), mas articulada com contribuições laicas como propõe Amartya Sen (Desenvolvimento como Liberdade, 1999): economia social de mercado com foco em capacitação humana e Roger Scruton (Como Ser um Conservador, 2014): conservadorismo não reacionário, baseado em instituições orgânicas. Para que isto se concretizasse, no que toca à EU, teria a Alemanha e Bruxelas de deixar de usar, para defesa do seu imperialismo,  a sua força económica como meio aguerrido e instrumento de boicote a países  que não se deixem subjugar aos interesses do seu bloco e sistema (ex. EU pune a China por esta não se alinhar na sua política contra a Rússia: quem suporta os custos do castigo são os povos europeus e chineses).

 

Para além dos Imperialismos: Um novo Paradigma de Poder suave

A alternativa aos imperialismos de direita (neoliberalismo globalizante) e de esquerda (hegemonia progressista transnacional) pressupõe  um Humanismo Integral Geopolítico não imperialista. Nesta fase da história tratar-se-ia de elaborar um projecto que implicasse:

– Recuperar a Ética Política: Reintegrar no debate público princípios como dignidade humana, subsidiariedade e bem comum, articulando-os com as exigências da pós-modernidade, sem dogmatismos. Um exemplo inspirador é o Projeto Ética Global de Hans Küng (3), que, adaptado à geopolítica, poderia fomentar um novo diálogo entre nações.

– Criar-se uma Economia Social de Mercado com alma; contra o turbo-capitalismo e o coletivismo autoritário, urge uma economia enraizada em valores transcendentais, próxima da Doutrina Social da Igreja, integradora de contribuições laicas.

– Poder complementar de Co-Criação pacífica: O Ocidente deve aprender com a China que exerce uma projeção cultural não impositiva (Confúcio, infraestruturas globais), mas substituir o pragmatismo chinês por um soft power de complementaridade e humanismo: universidades (Modelo Erasmus), ONG e media que promovam diálogo intercultural e não monocultura ideológica; a nível de Media seria de, para isso, substituir CNN por plataformas como Arte (canal franco-alemão de cultura profunda que mantem uma certa neutralidade).

Diplomacia das Ideias e Multilateralismo Civilizacional

Um multilateralismo Civilizacional nas pegadas da tática cultural de Carlos Magno, pressuporia uma reactivação das redes académicas com colaborações entre culturas e blocos geopolíticos e a nível regional colaboracoes de lusofonia (4), luso-hispânicas, anglo-americanas e europeias, destacando a herança greco-romana, judaico-cristã e moderna, sem eurocentrismos ou hegemonismos. A solução não está na competição de blocos, mas num multilateralismo civilizacional, onde EUA, Europa, Rússia e China actuem como polos cooperativos, não antagonistas.

Tecnologia com alma: A Quarta Via

Tanto a dependência do capitalismo de vigilância como o controlo estatal chinês exige uma Quarta Via Tecnológica: descentralizada, com ética e centrada no humano. Adoptar o pragmatismo chinês em IA e infraestruturas, mas vinculando-o a uma regulamentação que proteja a autonomia individual contra os Estados e algoritmos desalmados.

O Ocidente e a China como Espelhos

O Ocidente não precisa de se tornar China, mas a China pode lembrá-lo de suas raízes humanistas cristãs. Purificando os excessos materialistas (capitalistas e socialistas), ambas as civilizações podem construir um Poder suave de cooperação. O Humanismo Integral Geopolítico é o antídoto contra a fragmentação identitária e a guerra ideológica, propondo uma ordem baseada em valores perenes, adaptados ao século XXI.

Resumindo: humanismo integral geopolítico não significa um retorno ao passado (5), mas uma reconstrução seletiva contra o imperialismo liberal e o imperialismo progressista.

As diferentes economias e os valores de uma cultura não devem ser usados como escudos contra a outra, como, lamentavelmente, a NATO tem feito. Vai sendo tempo de regressar a casa!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) Referência à parábola bíblica do Filho Pródigo (Lc 15,11-32), metaforizando o afastamento do Ocidente das suas raízes.

(2) A degradação do capitalismo financeiro (Wolfgang Streeck, How Will Capitalism End?, 2016) e o colapso do socialismo real (Leszek Kołakowski, Main Currents of Marxism, 1976) deixaram um vazio preenchido pelo niilismo consumista e ideologias identitárias que mais não são que a a luta entre socialismo e cultura tradicional e a reaccao a um globalismo neoliberal desenfreado que ameaça levar de enxurrada tudo que era essencial à pessoa e à sociedade.

(3) Hans Küng, Projeto Ética Global (1990), proposta de ética universal baseada em valores partilhados por religiões e filosofias. No seu livro Global Ethics Project (1990), Hans Küng descreveu o propósito da ética global da seguinte forma: “Sem um consenso básico mínimo sobre certos valores, normas e atitudes, a coexistência humana não é possível nem numa comunidade pequena nem numa comunidade maior. “Hans Küng iniciou o projeto Ética Global (1990) e fundou a Fundação Ética Global em 1995. O objetivo é incentivar as pessoas de todo o mundo a refletirem sobre as suas tradições de responsabilidade mútua e pelo planeta Terra, de forma a garantir a sobrevivência da humanidade e a paz no século XXI. O requisito fundamental resumir-se-ia na Regra de Ouro comum: “Faz aos outros o que gostarias que te fizessem a ti”.

(4) Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Portugal, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Fomentar-se o diálogo inter-civilizacional, inspirado em Samuel Huntington (O Choque de Civilizações, 1996), mas com enfoque na cooperação (ex.: alianças luso-afro-brasileiras).

(5) Os grandes males a superar são o imperialismo liberal e o imperialismo progressista. A nível de literatura contra o imperialismo neoliberal temos a Doutrina Social da Igreja e autores como Karl Polanyi (A Grande Transformação, 1944) onde alertou para a modificação da vida pelo mercado e como solução teríamosuma economia enraizada na ética (como propõe Luigino Bruni em Civilização do Mercado, 2019); contra o imperialismo progressista temos Doutrina Social da Igreja e autores como Christopher Lasch (A Revolta das Elites, 1994) que criticou a classe meritocrática globalista e como antídoto teríamos o comunitarismo (Amitai Etzioni) e distributismo (G.K. Chesterton). A superação dos imperialismos pressupõe uma tática de acção contra o imperialismo de direita (neoliberalismo globalista homogeneizante), defendendo pluralidade de modelos económicos dentro de uma ordem multilateral com o consequente fomento das relações comerciais entre países e blocos, ao contrário do que faz o ocidente através dos seus bloqueios e sanções comerciais e contra o imperialismo de esquerda (hegemonia progressista transnacional), resgatando as autênticas tradições locais (ex.: solidariedade comunitária cristã, guildas medievais) como antídoto ao centralismo burocrático.

NAS SOMBRAS DO CARMELO DE COIMBRA

(A sorver a mística do génio cristão)

 

Miniatura sou do Universo criado,

espelho quebrado onde Deus se contempla,

gota que transporta o mar sem o conter,

pó da terra a arder com sede do Infinito.

 

Na carne frágil que me delimita,

arde-me o eco do Verbo Encarnado,

e o limite que me cerra é o mesmo

que me abre ao abismo do Seu Mistério.

Pois sei, na vivência sentida,

que o corpo é cárcere e sacrário,

e que a Palavra, feita carne em mim,

não repousa até ser chama consumida,

até ser rio dissolvido no regaço de Deus.

 

 

O masculino e o feminino,

não são vestes da terra, mas sopros do Céu,

duas faces do Mesmo que não tem rosto,

duas labaredas que se buscam

na noite escura dos sentidos,

no silêncio onde o Espírito fala.

O fogo que delimita, que penetra, que protege,

é o selo do Cristo sobre o meu ser.

O rio que acolhe, que dissolve, que nutre,

é o seio materno do Mistério,

onde me perco e me encontro,

onde me anulo e renasço.

 

E eu, pequeno, finito na sombra,

sou parte dessa dança,

sou barro que geme sob o peso da Luz,

sou sede insaciável do que me ultrapassa,

sou carne em combate com a promessa,

sou verbo em gestação,

sou lágrima e riso no parto da Eternidade.

 

 

Ah, se o mundo atendesse

E os ventos gritassem

que no seio ferido da mulher esquecida,

Deus planta a sua tenda,

e que o feminino não é sombra, mas sagrado,

não o calariam, nem o negariam,

antes cairiam de joelhos,

porque onde o ventre acolhe,

o Espírito sopra,

e onde a carne se curva,

o Verbo habita.

 

 

Que se calem os juízos do mundo,

eu encontrei o meu Cristo:

Ele faz-Se limite para habitar-me,

eu faço-me nada para O possuir.

E no abraço que excede o corpo e o tempo,

sou ferido pela lança do Fogo,

sou diluído no rio da Misericórdia,

sou, na minha territude,

a miniatura do Universo reconciliado,

a centelha perdida que o Amor recolhe,

a carne que já não teme ser barro,

pois é no limite que Deus Se revela,

é no limite que Deus me consome.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

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