ESQUERDA INTOLERANTE INVADE AS INSTITUIÇÕES

UMA ESQUERDA INTOLERANTE INSTALOU-SE EM UNIVERSIDADES, ADMNISTRAÇÕES E NOS MEDIA NA SEQUÊNCIA DA ESTRATÉGIA DA GERÇÃO 68

Encontramo-nos numa sociedade cada vez mais incapaz de organizar e estruturar o seu pensamento. Os radicais instalados em todos os lugares relevantes da sociedade aplainam o caminho a uma plêiade de ativistas que criam factos que piloteiam o pensamento público e o pensar individual.
Assiste-se a um atentado contra a razão humana que já não resiste à enxurrada do factual emocional. Por isso é de louvar a tomada de posição de 150 intelectuais progressistas que não aguentam o reinado de uma “esquerda intolerante”. Eles advertem:
«A maneira de derrotar as más ideias é a exposição, o argumento e a persuasão, não tentar silenciá-las ou querer expulsá-las. Como escritores, precisamos de uma cultura que nos deixe espaço para a experimentação, a tomada de riscos e inclusive os erros. Devemos preservar a possibilidade de discordar de boa fé sem consequências profissionais funestas».
Coloco aqui um Extracto da primeira página de “El País” 8.07.2010. El Pais, não é certamente um Jornal de direita!

António Justo

Pegadas do tempo

ATAQUES ÀS IGREJAS

DO QUE OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL NÃO FALAM!

Em 2018, o Ministério do Interior francês contabilizou mais de 1.000 “actos anticristãos”, 541 actos antissemitas e 100 actos islamofóbicos.

Em França todos os dias, são, em média, duas igrejas católicas besuntadas, destruídas ou profanadas. Cálices de missa são roubados, mas também quadros, e até cadeiras, como relata “Welt am Sonntag”.

Curiosamente a imprensa não costuma falar de actos criminosos contra cristãos?

Já pensaram porquê?

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

O TRIBUNAL EUROPEU DE JUSTIÇA (ECJ) REFORÇA OS DIREITOS DOS CIDADÃOS

Não é permitido armazenar os dados telefónicos e de ligação à Internet dos cidadãos sem que haja uma suspeita concreta de terrorismo ou de um crime grave.

O tribunal de Justiça Europeu proibiu uma recolha abrangente de dados de precaução por parte das autoridades públicas da UE.

O Tribunal declarou, a 6 de outubro de 2020, que não era permitido o armazenamento de coberturas pelas empresas de telecomunicações, mas apenas no caso de uma ameaça aguda à segurança nacional ou para combater a criminalidade grave.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Temo

REUNIFICAÇÃO ALEMÃ – A OPORTUNIDADE PERDIDA

Afirmação dos Polos contra a Transversalidade do Meio (Centro)

Por António Justo

Recordo com nostalgia a revolução iniciada na noite de 3.10.1990 pelo povo da Alemanha socialista. Nesse dia (a sessenta Km da Alemanha socialista) senti a Europa e a Rússia a pulsar num só coração. Nas ruas de Kassel, a abarrotarem de gente, sentia-se a euforia de desejos e esperanças de povos a encontrar-se em abraços; era a festa das fronteiras abertas, um mundo todo que se reunia num só abraço! No ar misturava-se também um cheiro da gasolina dos Trabant (Trabis) com um borburinho de alegria e fraternidade que ressoava a humanidade.

 Foi uma revolução pacífica, verdadeiramente socialista no sentido democrático (os de baixo a libertarem-se dos de cima).  Socialistas corajosos acabaram com o socialismo de Estado.

A intrepidez de alguns, num sistema político fechado (com uma Igreja aberta), apoiados pela luz de velas e orações, possibilitaram a queda de um sistema armado até aos dentes. Michael Gorbatchov tornou possível o raiar de sol nesse dia. A RDA com o socialismo real passou à História.  O socialismo perdeu e o capitalismo ganhou; e isto apesar de um e outro se encontrarem nas mãos dos alemães!

As duas Alemanhas reúnem-se, mas a fenda continua na sociedade: enquanto a Alemanha ocidental buscava a reunificação, a Alemanha oriental procurava liberdade e autodeterminação. O alemão de leste sente-se privatizado e responsabilizado, experimentando a falta da solidariedade e da coesão que a necessidade criara nele numa RDA onde faltava quase tudo. O povo que lutou pela liberdade sente-se levado na corrente do Marco.

A revolução feita por um povo à procura de liberdade foi rapidamente interrompida pelas cúpulas socialistas e capitalistas que optaram sobretudo pela liberdade material renunciando em parte à liberdade interior. O povo sente-se assim na banalidade do mal da luta normal do dia a dia. É de admirar, porém o êxito conseguido a nível económico pelo Estado alemão, tendo conseguido, com as contínuas transferências de grandes verbas de solidariedade para a Alemanha de Leste, um nível de vida social equiparado nas duas zonas.

A Alemanha, entre Oeste e Leste, no meio do Oriente e do Ocidente não optou por ser o meio dos polos (a intermediária interpolar), preferiu continuar polar, adaptando o seu leste ao oeste (assimilando o polo socialista no capitalista). A Alemanha inteira perdeu assim a oportunidade de ser fiel culturalmente a si mesma (medianeira, transversal) e de se afirmar e  dar resposta à sua posição geográfica entre Leste e Oeste. (A posterior transferência da capital de Bona para Berlim – em direcção ao Leste – revela-se apenas como um tranquilizar da alma alemã a nível exterior do consciente).

Em vez de conciliar os dois polos de maneira transversal, no sentido da inclusão, da complementaridade, atraiçoa a sua vocação histórica de se reunir no meio, no centro dos polos (de unir a Europa com a Rússia). Em vez disso assistiu-se, com a queda do muro de Berlim, ao acentuar-se da política real (liberalismo económico) em desfavor da política ideal (unir a Europa à Rússia); optou-se pelo globalismo liberalista e consequentemente pelo acentuar-se do novo muro (cortina de ferro) em que se está a tornar a NATO. A Alemanha abdica assim de si mesma, da sua posição geográfica intermédia para apoiar a afirmação da posição anglo-saxónica no mundo. Abstém-se da liderança política para viver na ambivalência da materialidade socialista e capitalista.

Mais explicitamente: A Alemanha que parecia ser chamada a tornar-se culturalmente a balança do Oriente e do Ocidente para equilibrar o movimento das forças entre os dois polos (blocos) contraentes, desaproveitou a grande oportunidade que teve em 1990 de criar uma terceira via (a via do meio termo – interpolar), que teria sido possível através da união do seu polo socialista (RDA- Rússia) com o polo capitalista (BRD-Europa). Em vez disso a reunificação fortaleceu a luta polar (via capitalista) num globalismo que se afirma também ele por princípios dualistas de contradição polar. Deste modo revigoram-se as forças da masculinidade sobre as da feminilidade criando-se um desequilíbrio cada vez maior entre o material e o espiritual, o afirmativo e o criativo (O ideal de uma visão trinitária da realidade cedeu, novamente à luta dualista de afirmação das polaridades!). A mentalidade polar (de caracter masculino), expressa tanto no capitalismo como no socialismo, não deu lugar a uma reflexão possibilitadora de uma mentalidade inclusiva e transversal centrada na criatividade e na transformação com um substrato de motivação espiritual. A reunificação da Alemanha oriental com a ocidental tornou-se por um lado num projecto de sucesso económico e por outro numa traição à Alemanha no seu todo, no âmbito de uma possível missão cultural histórica.

Vive na ambivalência entre ocidente e oriente numa tensão entre espírito e matéria que practicamente se expressa na continuação da politização da narrativa socialista e da narrativa capitalista.

Nos novos desafios, Covid-19, globalização, alterações climáticas, migração, o medo parece tornar-se senhor de uns e meio de domínio para outros.

Precisamos de pontes que unam e não muros que separem. Esperam-se sempre os filhos da unidade e depara-se com os irmãos da divisão: matéria/espírito, capitalismo/socialismo.

Uma lição da história fica na nossa lembrança: Nem fascismo nem comunismo! Só a liberdade e a autodeterminação tornam o futuro possível!

 

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

Pegadas do Tempo

GEOPOLÍTICA E PORTUGAL

União Europeia entre os USA e a Rússia a serem empurrados pela China

 “George Glass, embaixador dos EUA em Lisboa, em entrevista ao Expresso, publicada este sábado, admitiu consequências em matéria de segurança e Defesa para Portugal se o país escolher trabalhar com a China” (1).

O embaixador falou claro (sem diplomacia, tal como fez o seu homólogo na Alemanha) das forças e interesses económico-geopolíticos, isto é, daquilo que geralmente os políticos nacionais não gostam que se fale. Portugal encontra-se na ressaca das ondas e em conflito de interesses.

Incomoda, mas chama a atenção para as circunstâncias que nO embaixador dos USA em Portugal fala claro das forças e interesses económico-geopolíticos, isto é, daquilo que geralmente os políticos nacionais não gostam que se fale.

Incomoda, mas chama a atenção para as circunstâncias que nos movem e moverão: a realidade económica motivadora de guerras, da determinação de zonas de influência política e de agendas internacionais.

Não se trata aqui de pintar a realidade com as tintas de Belzebu ou do Diabo, porque essas discussões sentimentais só ajudam um e outro a levar o seu negócio à frente.

A guerra em Portugal tem acontecido no dia-a-dia entre a China e os USA (e em parte UE, dos países mais fortes) a nível económico.

A importância do porto de Sines é realmente “incrivelmente estratégica” para a distribuição do gás natural liquefeito americano, especialmente num momento em que Trump se insurge descaradamente contra o gasoduto North Stream 2 que liga a Rússia à Alemanha.

Um outro capítulo será a concretização e interesses geopolíticos ligados ao porto de Sines! Sines será também a entrada da rota comercial para a Europa.

Naturalmente que não é também inocente o uso da tecnologia chinesa na nossa rede 5G. Trata-se de reconhecer os poderes que têm as biscas e os trunfos mas contar também com desenvolvimentos futuros.

Enquanto os nossos fomentadores de opinião se fixam em questões de ideologias continuaremos a ser embalados entre as ilhas das sereias. Esta não é a altura de sermos uns contra os outros (uns blocos geográfico-económicos-políticos) contra os outros.Importante seria descobrir, na nossa pequenez real e de sonhos, a vantagem estratégica que viremos a ter numa ordem mundial bi ou tripolar!

Na discussão deste assunto não seria oportuno tratar-se aqui de se colocar do “lado certo” ou do “lado errado”, mas de compreender a complexidade do assunto para poder jogar com os dois! Cada potência faz a sua pressão, cada uma à sua maneira. Relevante seria termos a consciência da nossa importância estratégica e termos um conceito e um sonho para Portugal. Doutro modo poderia restar-nos tornar-nos num cavalo de troia dos interesses geopolíticos!

António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo