PORTUGAL VOLTA À CENSURA DE SALAZAR


Dançarinos do Poder desonram o Socialismo democrático e ofendem a Democracia
António Justo
Na sequência de saneamentos ideológicos de jornalistas como Manuela Moura Guedes, José Eduardo Moniz, anterior Director do “Público”, não submissos à ideologia socialista, o Governo quer arrumar também com Mário Crespo, antigo professor da Universidade Independente e jornalista. À maneira portuguesa, na sequência dum jantar do Primeiro-ministro com dois outros ministros e um membro directivo da TV em que se falou mal e desbocadamente do cronista Mário Crespo do JN, o director do JN, José Leite Pereira, comunicou-lhe telefonicamente que não publicaria a crónica habitual prevista.

A mal da Nação, o PM José Sócrates persegue jornalistas, que não se submetam à sua ideologia. O governo sabe que o que preocupa o estrangeiro, em relação a Portugal, é a sua situação económica portuguesa, a caminho da bancarrota, não estando, por isso, a opinião pública estrangeira, atenta ao que acontece a nível democrático e social interno. Além disso, o governo conta com uma oposição parlamentar que, por razões de Estado, colabora com ele a nível de orçamento e, por falta de consciência cultural portuguesa, não está atenta ao que acontece ideologicamente no país. Por tudo isto, o governo tem liberdade de malucos. Em tempos de crise, sob vários pretextos, o povo é que vai à fava e são-lhe impostas pílulas amargas e as liberdades individuais passam a ser de menor valia, como vai acontecendo por esta Europa fora: Putin, Berlusconi, Sócrates, etc.

Assim, torna-se quase natural que os nossos mercenários do poder, em jantares de amigos da onça, decidam, entre vinho e palavras depredatórias, impedir a voz incómoda de Mário Crespo. A nação cala, como sempre faz perante os líderes do oportuno. Segue-se a tradição: “em casa sem pão todos ralham e ninguém tem razão” e quem “parte e reparte se não fica com a melhor parte ou é tolo ou não tem arte”! A nossa elite é, duma maneira geral, uma elite encostada que não se consegue afirmar pelo trabalho nem pela competência, mas geralmente pela esperteza. Trabalhar “faz calos”, e que “trabalhe o preto”, porque para “os barões” é melhor sujar a consciência do que as mãos! Os “mouros de trabalho” já há muito que abandonam Portugal!

A CENSURA DE HOJE É MAIS GRAVE DO QUE A DE SALAZAR

Assim, duma maneira geral, particularmente na classe política portuguesa domina a mentalidade de mercenário. Esta mentalidade é ampliada por uma tecnocracia a construir-se na EU. Não admira que os nossos dançarinos do poder façam tudo por tudo para também meterem os seus mercenários nos Media, nas grandes empresas e na administração estatal. É uma questão de mentalidade quase genética! Estado e Povo são-lhe alheios! O Estado português, se antes era administrado pela apagada e vil tristeza, passou, a partir das invasões francesas, a viver nas mãos da vileza dos mercenários da ideologia. Por isso embora Portugal tenha uma cultura que não se envergonha ao lado das dos grandes países, não temos uma cultura portuguesa cuidada nem uma cultura fundada de esquerda ou de direita de raízes profundas e próprias. As nossas elites são mestras em importar e transportar sem transformar nem se deixar transformar. Vivemos da boca para a mão atraiçoando a originalidade portuguesa do início da portugalidade.

Pregam a tolerância para o povo e são intolerantes e invejosos nos seus motivos e nas relações com os outros quue querem subservientes às falácias do poder. Empertigados, só eles é que sabem, é que são “modernos” e se encontram em poder da verdade. Querem esconder a sua pequenez em projectos megalómanos, como o TGV, que mais tarde falariam deles! Quanto ao povo não importa o que come, o que importa são os arrotes dos grandes! A segurança vem-lhes dos quadros ocupados da administração e da retórica! Por isso são tão sensíveis a quem mostre o seu jogo, só aceitando jornalistas branqueadores da sua mentalidade, ou comprometidos do sistema, os tais “jornalistas competentes” que ao fazerem as perguntas aos seus interlocutores, em público, já as fazem com a tesoura na cabeça.

Esta atitude está em contradição com o apregoado espírito do 25 de Abril e com a tolerância democrática; a ignorância e os interesses não dão para entender isto.

Antigamente ainda poderia haver explicações que levassem a certas censuras: analfabetismo, a educação autoritária própria da época, defesa do sistema e razões de defesa da unidade do Estado. O biótopo social e histórico ainda era autoritário. Se hoje, apesar de todo o progresso, e de toda a educação democrática, o autoritarismo está tão presente e é tão agressivo, quer-se dizer que responsáveis de Estado de hoje se encontram menos desenvolvidos que Salazar que denominam de fascista. De facto o sistema democrático pressupõe a defesa sistemática de minorias, da pluralidade, e o espírito cívico cultivado. Como pode justificar o partido que se encontra no governo o uso de métodos antidemocráticos, métodos de sistemas fascistas?! Atitudes como as de Sócrates desonram o socialismo democrático! Uma contradição, uma incoerência disfarçada. Se os do antigo regime tinham a desculpa da mentalidade e do tempo, hoje os censuradores e manipuladores da opinião pública tornam-se mais fascistas do que aqueles que designam como tais! Quem persegue tão sistematicamente jornalistas como tem feito o governo de Sócrates não tem autoridade para defender a democracia, nem tão-pouco a partidocracia, nem sequer autoridade tem para criticar o regime do Estado Novo. Pelo que mostram, se estivessem no lugar dos governantes do Estado Novo, ainda seriam mais autoritários que eles. Ou será que querem fazer retroceder a roda da História?! Esta gente encontra-se na mó de cima a pretexto da liberdade, da igualdade e da solidariedade. A legalização do voto não os pode legitimar pelas barbaridades que fazem. Isto parece uma democracia caricata, em que um governo de minoria tem a ousadia de perseguir quem o critica. Antes tínhamos um povo pobre mas honrado; pelo que se vê, ganha-se a impressão de que estamos a caminho não só dum povo pobre mas também dum pobre povo!

Quem não segue a política de Sócrates e seus camaradas leva! Na Rússia matam os jornalistas não conformes, em Portugal, país de brandos costumes”, “cortam-lhes as pernas”! Só há respeito pelos da “seita”!

Numa sociedade doente, a má consciência e o mau governo socorrem-se do silenciamento. Necessitamos dum país não rico mas honrado. Precisamos de bons exemplos, de pessoas de estado e não de jacobinos! Um Estado que teima em viver do oportunismo, da hipocrisia e da inveja não sairá da cepa torta! Progresso é mais eu ideologia!

A tolerância dos portugueses deixa de os honrar, quando toleram a intolerância. É pena que um governo que tendo, muito embora, tomado algumas iniciativas corajosas, se rebaixe tanto e revele tanta aversão à liberdade de opinião e tanto desprezo pelos que não são da própria cor!

Nos momentos difíceis é que surgem os heróis. Levantem-se as pessoas honestas e honradas de todos os partidos e insurjam-se contra as arbitrariedades dalguns que além de desacreditarem um socialismo democrático se revelam antidemocráticos, nas suas atitudes dentro do Estado. Um Estado democrático tem direito a ter cidadãos e não só súbditos! Para isso precisa mais de cidadão eleitos e não tanto de indivíduos escolhidos! Dos Media portugueses não podemos esperar muito porque estão dependentes das esmolas e dos pareceres dos seus “superiores”!

Boa noite Portugal! Bom dia Doutor Crespo! Portugal precisa de muitos homens e mulheres assim, que se debatam por um Portugal digno e honrado em que a honra não continue açambarcada por alguns mas passe a ser democratizada! Importa ter compreensão pelos que trabalham para matar a fome do estômago e a quem não é permitida ainda a fome cultural e também por uma geração demasiado preocupada em defender os postos que tem e que para serem mantidos ou promovidos não têm outro meio que não seja a hipocrisia! Surjam porém mais cidadãos para que haja menos súbditos! Difícil em tempos de crise! E Portugal tem-se encontrado sempre em crise!… Ou será que Portugal é mesmo ingovernável por carência de governados e de governadores? Então só como até agora ou anarquia!

António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

PS: Segue o texto de Mário Crespo
“O Fim da Linha”, por Mário Crespo
Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.
Nota: Artigo originalmente redigido para ser publicado hoje (1/2/2010) na imprensa (Jornal de Notícias).
Nota da Direcção do SJ

Tendo tomado conhecimento do teor de um artigo do jornalista Mário Crespo, difundido hoje no sítio do Instituto Sá Carneiro na Internet e replicado por vários órgãos de informação na Rede, aludindo ao teor de uma conversa entre o primeiro-ministro, dois ministros e um executivo de um operador de televisão, durante a qual o nosso camarada terá sido objecto de referências desprimorosas e ofensivas, e tendo sido instada a pronunciar-se sobre o caso, a Direcção do Sindicato dos Jornalistas torna desde já público:

1.A ser comprovado o seu teor, a conversa referida é profundamente condenável, não apenas pelas expressões desprimorosas para a pessoa e para o profissional, mas também por alimentar a suspeita de que o Governo persegue os jornalistas, os serviços noticiosos e os órgãos de informação que não são do seu agrado.

2.Reconhecendo-se o direito de opinião sobre o desempenho dos órgãos de informação e dos jornalistas, não se pode aceitar o recurso a expressões susceptíveis de atentarem contra a honra e a dignidade dos visados ou que constituam uma ameaça – mesmo velada – ao seu futuro profissional.

3.As expressões alegadamente utilizadas não podem ser empregues por pessoas de bem e muito menos são aceitáveis na boca de titulares de altos cargos, pelo que, a confirmarem-se, se impõe uma retractação pública das pessoas que as tenham proferido.

Lisboa, 1 de Fevereiro de 2010

A Direcção

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DESPERTAR O INTERESSE DAS CRIANÇAS PELA LEITURA


Seguir o Exemplo dos Judeus
António Justo
O ensino em família é essencial para o desenvolvimento da criança. O melhor exemplo de fomento poderia encontrar-se nas famílias judaicas, onde os pais, desde muito cedo, se dedicam aos filhos promovendo as suas competências intelectuais. Também por isso, têm tanto sucesso! Por detrás dos grandes inventos e dos mais variados conceitos sociais está, muitas vezes, a cabeça dum judeu (1).

A família é o melhor meio para se criar hábitos. Um pai ou uma mãe que passa todos os seus tempos livres à frente da televisão é mau exemplo para a formação dos filhos. Naturalmente, um dia de trabalho duro na fábrica só convida o pai ou a mãe a estender-se no sofá e a comprazer-se num mundo mais variado da TV.

Pior ainda quando a televisão se torna em ama de bebé. A TV, nos primeiros anos de vida e o seu demasiado consumo durante a infância e adolescência, impede o desenvolvimento da capacidade de fantasia, dado ser uma sequência contínua de imagens em catadupa sem espaços livres para a própria imaginação. É um preservativo contra a leitura.

O pai e a mãe conscientes, usam no mínimo a TV e começam já muito cedo a possibilitar à criança o apalpar, o observar e folhear livros de imagens. A percepção do livro e da vida começa pela imagem, pelo ouvido e pelo tacto. A descoberta e desenvolvimento do prazer nasce nas imagens, no apalpar e folhear. Se observarmos o comportamento da criança nos primeiros anos de vida verificaremos que ela começa por provar o livro, por meter o brinquedo na boca; depois vem o momento de fixar-se longamente nas imagens e o exercício dos dedos finos no esfolhear das páginas… todos os sentidos são envolvidos na aprendizagem.

A mãe ou o pai, ao ver as imagens com a criança e ao trocar impressões (ou representar) sobre as cores, sobre as formas e imagens ou sobre a leitura, estimula o contacto gratificante da criança com este mundo.

A criança brinca e movimenta-se no mundo emocional da fantasia. Daí a importância que tem a leitura por parte dos pais na fase em que a criança não lê. Esta, ao ouvir, adquire hábitos de ouvir e aprende a concentrar-se e a imaginar novos mundos ainda não petrificados.

Ela gosta de figurações (imitações), aventuras, lendas, histórias. A imaginação viva, fora das sequências de imagens televisivas, torna-se na matriz da criatividade fazendo da criança autor e não apenas espectador consumidor. Se lhe dermos oportunidade, com o tempo, desenvolvem até o teatro que começa com o jogo em que uma criança faz de médico outra de paciente.

Não se trata só de desenvolver as capacidades da linguagem, da palavra, do som e do ritmo, de desenvolver unilateralmente as capacidades cognitivas. Pelo menos até aos seis anos é importantíssimo o desenvolvimento da fantasia, do jogo, do teatro, da música. Nas primeiras fases (até aos dez anos) não são oportunos livros de intenção crítica ou política.

Uma atitude motivadora da leitura dá-se naturalmente começando já muito cedo. Para isso há as mais diferentes estratégias. Uma delas seria ir à biblioteca com a criança deixando-a a ela escolher os livros que leva para casa. Não é conveniente levar muitos livros de cada vez, mesmo quando se trata de livros só de imagens, porque, em geral, a criança precisa de ver e ouvir muitas vezes as mesmas coisas. A sua fantasia é muito criativa acrescentando outras cenas às que vê.

É muito importante estar-se atento para se descobrirem os interesses e tendências da criança. Só assim pode ser fomentada com grande eficiência. Cada criança é ela mesma e tem algo específico a trazer ao mundo. O que é bom para uma ou para os adultos pode tornar-se em desmotivação para a outra.

É muito importante a atenção ao desenvolvimento motor, emocional, cognitivo e psicológico da criança. A escola reduz muitas vezes a criança a um saco aberto, em que se lançam muitas coisas menos as próprias, tudo à custa do desenvolvimento da própria personalidade; tudo na construção dum mundo só dos outros, dum mundo estandardizado, um mundo fábrica.

A competência para leitura deve ser integrada na competência para a vida, começando já no ventre materno. Uma mãe que canta, um pai que fala e acaricia o ventre da esposa já começa a fomentar as competências auditivas e emocionais da criança.

Cada idade tem as suas preferências e interesses. Estes, mais que ditados de fora terão de ser descobertos em sintonia e ressonância com a criança e com o adolescente. Importante é que a criança ganhe o prazer da leitura, sendo menos importante o assunto da leitura. Então, mais tarde, os tempos de leitura já não se revelarão como concorrentes dos tempos livres de escola.

As crianças lêem, mas precisam de livros adequados que respondem aos seus interesses pessoais e à sua escolha, como mostra a série de livros de Harry Potter que entusiasmam crianças a lê-los com ânsia já a partir dos dez anos. Constato, em casa, que o último livro de 800 páginas é lido pelo filho de 15 anos numa semana.

Uma casa sem uma estante de livros é já um testemunho de pobreza espiritual. Uma casa com livros tem muitas janelas abertas ao mundo.

António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@unitybox.de

(1) O povo judeu é, certamente, a gente que mais se integra nas sociedades onde vivem, mantendo, ao mesmo tempo na sociedade de acolhimento, uma exigência universal e humana. Vivem nos povos para os povos, sempre a caminho de libertação. Têm muito respeito pela família e pelo povo sob um tecto de valores maiores..Se observamos a nossa cultura, estão presentes em todos os factores relevantes do seu desenvolvimento não só cultural como tecnológico. A família judia revela-se no melhor viveiro de inteligência e comunicação. A criança dedica-se já muito cedo à leitura toda ela integrada num mundo de histórias e lendas que lhe possibilitam andar sempre um passo à frente em relação a muitos outros. Não chega só o treino da inteligência, é preciso também o treino da vontade e um objectivo na vida: A ortopraxia! Para isso é necessária a consciência de povo diferenciado mas não apenas de classes sociais. Cada pessoa, cada povo, cada cultura que se descubra a si mesmo mais facilmente contribuirá para o desenvolvimento harmonioso dum mundo plural mas uno.

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FAMÍLIA ALEMÃ PEDE ASILO POLÍTICO NOS ESTADOS UNIDOS

Família questiona o Monopólio do Ensino Público
António Justo
O tribunal alemão processou a família Romeike de Baden-Württemberg que ministrava o ensino em casa e se recusava a enviar os seus filhos à escola por razões religiosas. Como reacção a família refugiou-se (em 2008) com os seus cinco filhos nos Estados Unidos.

O tribunal americano reconheceu-lhes agora o direito a asilo político na USA.

O juiz do tribunal do Estado Tennessee afirmou “esta decisão é vergonhosa para a Alemanha. Esperamos que ela contribua para que na Alemanha se deixe de processar alunos de família”.

Também a associação americana “Homeschooling”, que ajudou a família alemã no processo de reconhecimento de asilo, manifesta a esperança que a partir desta decisão, a ”Alemanha deixe de processar pais que ministram o ensino em casa”. Os americanos não compreendem que sistemas de ensino obriguem os pais com ensino caseiro a enviar os filhos à escola com autoridade policial. Na USA há 1,5 milhões de alunos com ensino caseiro por razões religiosas e por outras.

A família (evangelikaler Christen) ensinava os filhos em casa. Na Alemanha, duma maneira geral, não é reconhecido o ensino familiar em casa. Na USA é um direito da família

Também em Kassel há uma família com sete crianças (entre os 2 e os 17 anos) que apesar da decisão do tribunal contrária, continua a ensinar os filhos em casa. Argumentam que seus filhos recebem uma melhor formação e educação em casa do que na escola. Facto é que em muitos casos alunos que se recusam a frequentar o ensino público conseguem melhores resultados, nos exames finais oficiais, do que frequentadores do ensino oficial. O filho da família de Kassel quando requereu o exame do 10° ano na qualidade de externo, conseguiu a melhor nota de toda a escola.

Naturalmente que o nível que algumas famílias conseguem dar aos seus filhos é superior ao da escola que por vezes deixou de se tornar instrumento de comunicação de valores religiosos para se tornarem em instrumento de comunicação ideológica e partidária.

Importante é a defesa do bem do cidadão a nível individual e social. Há casos em que a obrigatoriedade escolar pode ser examinada. A excepção confirma a regra.

Facto é que o militantismo político e religioso só complicam a normalidade. O ensino não é virgem e as ideologias políticas cada vez se encontram mais presentes nos seus programas, nos seus livros e nos professores que, consciente ou inconscientemente, também não são eunucos em questão de opinião. O militantismo religioso que ultimamente se acentua parece ser uma reacção ao militantismo dum estado secular cada vez menos isento e dum esquerdismo que sempre foi propagandista e se infiltra estrategicamente nas estrutura da administração do Estado e em especial nas estruturas do ensino, como se pode constatar no ME português. Não é de criticar o seu empenho. Só se afirma quem não dorme, ensinava-nos já a fábula da Cigarra e da Formiga! É o princípio capitalista que também para eles tem validade! É de admirar que este caso aconteça numa Alemanha com um sistema de ensino respeitador do indivíduo onde a tolerância religiosa e secular já são bastante adultas!

Um Estado democrático deveria manter o ensino oficial mas não discriminar o ensino público privado. Quanto mais diversidade mais liberdade e mais qualidade. Na Alemanha há grande contenção ideológica a nível de ensino. O mesmo não se pode dizer de muitos outros Estados, onde a sociedade e a investigação não se preocupa com a análise dos conteúdos de livros e das políticas educativas.

António da Cunha Duarte Justo

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CRISTÃOS ALEMÃES CONTRA A GUERRA NO AFEGANISTÃO

Conferência do Afeganistão procura uma “Exit-Strategie”
António justo
O católico Walter Mixa, cardeal de Munique afirma que já se não pode falar duma guerra estabilizadora do Afeganistão e os responsáveis políticos que enviam para lá os soldados têm que esclarecer o povo se a intervenção ainda se justifica.

Na mensagem de Ano Novo Margot Käßmann, bispa da Igreja evangélica, criticou publicamente a intervenção provocando uma tempestade na floresta da imprensa ao afirmar que a guerra no Afeganistão não é justificável, sob a perspectiva da Igreja Evangélica e tem que ser terminada o mais depressa possível.

O governo viu-se na necessidade de explicação tendo conversações a alto nível com representantes da Igreja e declarando oficialmente: “temos respeito por outras opiniões”. Um certo mau humor político apela para que a Igreja não deixe os soldados ao abandono.

Por vezes, há coisas que não são fáceis de discutir até ao fim. Também não seria legítimo agir segundo o princípio, para nós a moral e para os outros os problemas! Naturalmente que quem é contra deveria desenvolver um conceito ou estratégia de como resolver os problemas. Se os americanos e os aliados não tivessem feito guerra contra a Alemanha a situação ainda se teria tornado pior. É fácil atacar ou instrumentalizar uma posição ou outra.

A presença dos alemães no Afeganistão corresponde a 5% da presença internacional. Sentem-se em missão de defesa da população civil dos ataques dos muçulmanos extremistas. 70% dos Afegãos mostram-se contentes com o desenvolvimento no Afeganistão. Há mais mortes de polícias afegãos do que soldados da tropa internacional. Os talibans querem a todo o custo impedir a ordem no país a nível de polícia, ensino e justiça. No caos, sem Estado, conseguem manter o povo cativo.

O presidente da USA, Obama, ao dizer que a partir de 2011 começa com a retirada dos soldados dá um aviso aos afegãos de que têm de fazer mais pela própria segurança e assumir mais responsabilidade.

O argumento de querer impedir a internacionalização do terror mostra-se precário se temos em conta o que acontece na Somália, Iémen e no Sudão.

A tomada de posição da Igreja foi bem acolhida a nível do povo dado corresponder ao desejo de muitos cristãos e não cristãos. Segundo sondagens sérias, 71% dos alemães são pela retirada dos soldados do Afeganistão. Para a Igreja trata-se de “assegurar a paz sem armas através de mediação”.

Os culpados da guerra são os vivos e não os mortos. Numa democracia barata, a guerra é sempre a guerra dos outros e não para nós! A guerra não é um meio adequado para superar conflitos pelo que deveria ser banida da política. A mensagem cristã é de paz e respeito entre todos os homens. Os dez mandamentos têm validade não só a nível individual mas também a nível de instituições: “5°. Não matarás”! Mais que responder à violência com a violência trata-se de empregar o dinheiro que se gasta com a guerra em infraestruturais do país, escolas, hospitais, estradas para possibilitar à população o distanciamento dos Talibans. Os soldados sofrem muito o peso da guerra regressando muitos com taras. Não consta que oficiais, os que mais ganham, precisem de se questionar sobre a dimensão ética. O dinheiro governa o mundo e na a justiça!…

A Igreja, que na Alemanha se encontra bastante integrada na política e na consciência do povo é por uma paz justa em vez duma guerra justa. O Estado não pode declarar-se sobre a vida ou a morte ou banalizá-los para argumento de opinião.

Importante torna-se a elaboração duma estratégia de reconstrução do Afeganistão e uma perspectiva concreta da saída dos soldados.

António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

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Reclamação ao Ministério da Saúde

Apresento este caso para encorajar, pessoas em situações idênticas às descritas nos dois artigos anteriores, a reclamar. Todo o paciente deveria registar num calendário as suas consultas médicas. Isto para estarem preparados a ser confrontados posteriormente com situações desagradáveis.

A incúria que se atribui às classes dirigentes tem os seus fundamentos na incúria popular, na indiferença e falta de solidariedade. Um povo adulto e exigente fomentará superiores responsáveis e adultos também. Entre uma maioria que ganha honradamente o seu pão também há aqueles que se aproveitam imoralmente da necessidade do próximo. A sabedoria popular diz que “quem se deita com crianças acorda molhado” e “a culpa morreu solteira”. Por isso, se o povo não abrir os olhos, o mundo continuará a pertencer aos “bastardos”, aos “barões”! O esforço é hercúleo: por isso todos temos de nos dar as mãos e procurar compreender para melhor agir também!

Passo a reproduzir dois exemplos de correspondência até agora mantida com as entidades sob a tutela do Ministério da Saúde.

Remetente

2009-10-10
Ex.ma Senhora Ministra da Saúde,
Ex.ma Senhora Chefe do Gabinete,
Av. João Crisóstomo, 9, 6º
1049-062 Lisboa, Portugal
Email: gms@ms.gov.pt

Assunto: Pedido de intervenção
Caso de Incúria administrativa no Hospital ….
Possível falta de médicos contra o juramento hipocrático

Excelências,

Solicito a intervenção de V. Excelências no caso que passo a descrever.
Nome…, de 86 anos, foi consultado pela sua médica de família em Novembro de 2008 com a finalidade de ser submetido a uma intervenção cirúrgica à articulação coxo-femural. Em Novembro a médica tomou as diligências burocráticas necessárias para que o Hospital… fizesse as análises preparativas. Decorrido mais de mês e meio, o paciente recebeu carta do dito hospital para lá comparecer no dia 22 de Abril para lhe serem feitos exames específicos, o que o paciente fez. Voltou de novo no dia 3 de Junho, como convocado, para fazer análises e radiografias. Foi depois chamado para ser analisado pelo anestesista no dia 27 de Junho. O anestesista declarou-o como apto para a operação, dizendo-lhe que deveria aguardar chamada. Esta ser-lhe-ia feita pelo Hospital de …. No caso estão envolvidos os hospitais de …

O paciente quando, em Novembro de 2008 solicitou a operação tinha dores que eram tratadas através de medicamentos. Entretanto as dores tornaram-se insuportáveis tendo de recorrer a muletas para poder andar; de resto o paciente é robusto e tem muita saúde, nunca esteve doente!

Até hoje nada mais aconteceu por parte da burocracia! Vive martirizado de dores físicas e psíquicas e a ordem continua a ser “esperar”! Já não chega a chaga da velhice mas tem de sofrer esta contínua humilhação de ser tratado indignamente.

“Só dinheiro ou o poder de pedidos e de conhecimentos o poderão ajudar”, é a voz que corre entre o povo. O povo também nota e diz que muitos médicos não estão motivados a fazer operações através dos hospitais para poderem ganhar com os pacientes privados.

À pergunta de “quando seria chamado”para a operação, ter-lhe-á respondido uma enfermeira do hospital: “segundo a experiência só será chamado lá para Janeiro ou Fevereiro”.

Senhora Ministra, estamos perante um caso de desumanidade aguda, um caso de incúria administrativa e de incursão em falta contra os direitos humanos e contra a dignidade humana. Os médicos encontram-se em flagrante falta contra o juramento hipocrático. Neste caso pode verificar-se, indirectamente, uma recusa da ajuda devida por parte dos médicos. Solicito a Vossa intervenção directa e urgente para que se proceda com justiça e equidade e que a operação seja feita, se não em…, em… ou em lugar disponível.

Vivo na Alemanha; nesta sociedade, semelhante caso não deixaria tranquila a consciência da nação e os próprios médicos, as instituições e a imprensa não tolerariam tal comportamento para com qualquer cidadão, fosse ele mesmo o mais desprestigiado.

Isto não só fala mal das instituições e da classe médica, que tal toleram, mas ofusca a imagem do Governo e de Portugal.

Solicito a intervenção de V. Excelências. Aguardo resposta pronta.

Atenciosamente

Remetente
…. 18.01.2010

ARS NORTE
Conselho Directivo
Rua de Santa Catarina, 1288
P – 4000-447 Porto
Portugal

Assunto: Exposição…

Vossa Ref. …

O V. ofício, acima referenciado, refere que a minha alegação relativa à negligência e incúria médica e institucional no caso referido, “carece de fundamento”.

Atendendo que
1. não foram revelados os critérios que alegadamente estão na base da determinação da prioridade (prazo de espera normal e não urgente) atribuída ao paciente, apesar da sua situação grave (embora com analgésicos só se pode mover com duas muletas sob dores insuportáveis e isto na idade de 86 anos). A não existência duma lista regulamentada de critérios controláveis conduz a situações beneficiadoras de alguns profissionais interessados na mora do processo que obriga pacientes desesperados a recorrer ao tratamento particular sub-repticiamente pretendido pelo sistema. Assim se fomenta um sistema cúmplice em que lucram o Estado e os médicos, à custa de pacientes degradados para clientes e tratados apenas como factores de despesas.
2. apesar de solicitado, não foram esclarecidos os tempos de espera a partir de Outubro 2008.

Em consequência da minha intervenção o paciente foi convocado para uma consulta a 28/Out./2009 que depois se revelou, a nível interno, numa revalidação da prioridade normal antes estabelecida, facto este que também foi omitido ao paciente, que não soube a razão da convocação mesmo depois de efectuada a referida consulta.

Parece intencional o facto de, na correspondência com o ministério da Saúde e com as entidades, estas instituições terem sempre ignorado o pedido de esclarecimento relativo à mora (Novembro 2008- Março 2009) e nunca terem apresentado a lista de critérios objectivos nos quais se deverão basear as decisões médicas.

Em base ao até agora argumentado, nas diferentes tomadas de posição por parte das partes implicadas, só poderei concluir pela falta de objectividade na resposta e no tratamento do caso, o que leva a concluir haver carências institucionais e comportamentos médicos graves que testemunham a falta duma base ética contrária à dignidade humana (direitos e discriminação) e de carências institucionais que permitem um status quo grave senão arbitrário

Seria também de esclarecer, se de facto corresponde à verdade que pacientes a partir dos 80 anos são discriminados em relação a mais novos. Neste caso seria assunto da competência de instituições europeias.

Só uma lista ordenada de critérios objectivos poderá constituir uma base firme contra a arbitrariedade nas deliberações por parte de funcionários ou mesmo institucional.

Facto é que desde Outubro de 2008 o paciente se encontra à espera da operação que então solicitou.

No caso de não serem esclarecidos os tempos de espera a partir de Outubro 2008 nem postos, na mesa, os critérios em que o médico se baseou para colocar o paciente em prioridade normal ver-me-ei obrigado a solicitar uma investigação através do Provedor da Justiça.

Atenciosamente

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