HITLER PÔS A CIÊNCIA AO SERVIÇO DO PODER E DA SUA IDEOLOGIA

70.000 Pessoas “sem valor para viver” assassinadas em Instituições de Eutanásia em 2 Anos

A ciência, a religião e a arte não escapam à sua instrumentalização para fins de afirmação ilícita do poder político-económico.

O darwinismo (teorias relativas à evolução das espécies) social servia-se do determinismo biológico como mundivisão. A ideologia nazista aplicava a doutrina de Darwin sobre a evolução por selecção natural à sociedade humana. Como o lavrador levava as vacas ao touro mais forte assim queria a política social de Hitler aplicar tais leis para “expurgar” da sociedade pessoas que considerava “inferiores”.

De 18 de agosto de 1939 até agosto de 1941, foram assassinadas cerca de 70.000 pessoas em instituições de eutanásia, principalmente por gaseamento ou injeção, porque consideradas “sem valor para viver”. Para essas instituições da morte eram levadas pessoas com deficiências físicas ou mentais bem como pessoas consideradas de vida “inferior” ou “anti-sociais” (estas pelos encargos económicos que poderiam causar). Os assassinatos em massa eram organizados pela “chanceleria” do Führer e médicos. O número de vítimas da “eutanásia infantil” é estimado em cerca de 5.000 crianças até 1945.

Durante o regime nazista cerca de 350.000 a 400.000 pessoas foram esterilizadas à força com base na “Lei sobre a Prevenção de Filhos de Doenças Hereditárias” (1).

O darwinismo social advogava a política do fim do século XIX e início do séc. XX como argumento moral justificativo do colonialismo e imperialismo em África e noutras zonas do globo. Hitler aplicou à sociedade humana as leis da biologia da evolução por selecção natural. Os nacional-socialistas consideravam a “raça germano-ariana” como superior e justificavam a sua mundivisão com o darwinismo social. O darwinismo social baseava-se na superioridade racial, social e cultural e dividia a sociedade em grupos superiores e inferiores, e os inferiores deveriam ser aperfeiçoados pelos superiores.

Uma das críticas ao darwinismo social é a transferência acrítica e errónea das leis biológicas para as sociedades humanas. Além disso, vários dos seus pressupostos básicos não são abrangidos pela teoria de Darwin e são considerados pela ciência moderna como desatualizados.

A ideologia nazi também fundamentava os seus planos de expansão para leste com a ideia do seu “espaço vital no Leste”. Estes planos de alargamento eram justificados com a ideia da “raça germano-ariana” como a “raça mestra”. De acordo com isto, há muitos indivíduos com características diferentes numa geração. Os espécimes mais adaptados ao ambiente transmitem os seus genes à geração seguinte.

Esta visão materialista considerava a comunidade do povo alemão hereditariamente valiosa e “racialmente pura”; daí o considerarem os estrangeiros como estranhos à comunidade e começarem por excluir os judeus e os ciganos e por praticar a eutanásia.

Na sequência desta experiência, as novas gerações alemãs praticam uma política de imigração bastante indiscriminada!

Como se vê, até a ciência traja as modas do tempo ou deixa-se vestir e na sociedade arranjam-se sempre “valores” justificadores de medidas contra a vida e de pretextos para uma expansão agressiva: se ontem valia a superioridade da raça e a raça pura hoje tende a valer a superioridade da democracia e a qualidade de vida! Na falta de um investimento numa cultura humana e sistémica da paz continuarão a cultura da guerra e a mera funcionalidade da pessoa a valer como padrão social.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) https://www.bpb.de/kurz-knapp/hintergrund-aktuell/295244/vor-80-jahren-beginn-der-ns-euthanasie-programme/

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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

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