O BATALHÃO AZOV EM MARIUPOL RENDEU-SE

BIOLABORATÓRIOS PATOGÉNICOS NA UCRÂNIA

A partir de 16 de maio já se renderam às forças da Rússia e de Donetsk (república independente desde 2014) 2.361 membros do batalhão Azov (nazis e ultranacionalistas) entrincheirados no Azovstal, último bastião das tropas ucranianas em Mariupol, relata o general Ígor Konashénkov (Ministério de Defesa russo). Entre eles havia 80 feridos. Mais de 340 nacionalistas ucranianos morreram lá.

Desde o começo da guerra, foram destruídos, quase 950 drones ucranianos, 172 aviões de guerra e 125 helicópteros, bem como 3.158 tanques e outros veículos blindados, 395 lançadores de foguetes múltiplos, 1.562 canhões e obuses e 3.026 veículos militares (1).

De notar que a partir da invasão russa de 24. de fevereiro, tudo tem sido unilateralmente informado, mas dos bombardeamentos das “repúblicas do povo” durante oito anos não interessou nem interessa ninguém saber, tendo havido 17.000 mortos, entre eles 4.000 soldados!

Azovstal já se encontra sob o controlo da Rússia e de Donestk.

Uma questão que desde 2014 os beligerantes não se colocaram: O que aconteceria, após a hora zero, a uma população pró-russa em algumas áreas da Ucrânia? Formar uma República Federal da Ucrânia não interessava às potências em conflito!

BIOLABORATÓRIOS PATOGÉNICOS NA UCRÂNIA

Duas semanas e meia (22 de março) depois do início da guerra entre Rússia e Ucrânia, TONLINE publicou a notícia: “OMS aconselha Ucrânia a destruir agentes patogénicos em laboratórios”.

A investigação altamente patogénica deveria ser altamente controlada para que não aconteçam catástrofes que colocam em perigo a humanidade.

A notícia pode ser lida no OBSERVADOR (2)

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do tempo

(1) https://www.grupormultimedio.com/se-siguen-rindiendo-ucranianos-que-estaban-atrincherados-en-la-aceria-azovstal-id1022819/ 

(2) https://observador.pt/2022/03/11/oms-aconselha-ucrania-a-destruir-agentes-patogenicos-em-laboratorios-para-evitar-propagacao-de-doencas/?fbclid=IwAR344aDo1SmaSVmsbdZkBDf2lJnZ4PDVMBPuWnbsRAlv6kPHMGgfG4EnoGg

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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

41 comentários em “O BATALHÃO AZOV EM MARIUPOL RENDEU-SE”

  1. Será!? Então o que foi Toneca lá fazer? Incrível, levar mais uns tostões ao palhaço que se tanto reclamar fica rico com a ajuda do Bidé, embora um país desfeito e populações dizimadas,

  2. Luiza Mascarenhas, António Costa foi lá ajudar a vergar a cabeça da Europa aos interesses dos USA; deles sempre caem algumas migalhas da mesa!!! Antes do 24 de Fevereiro já muitas empresas internacionais e nacionais se preparavam para tomar conta das riquezas da Ucrânia a entregar a latifundiários e plutocratas mundiais. Infelizmente tenho de dizer que também não alinho com o imperialismo russo, tal como nao alinho com o imperialismo americano, porque na consciência pública popular criada pelos Media quem questiona os males que o Ocidente faz na Ucrânia é logo colocado no rol dos que apoiam crimes de responsabilidade russa! O país tem sido destruído! Já em 2014 via no que isto ia dar, por isso defendia a iniciativa de se criar uma Reública Federal da Ucrânia que possibilitaria uma convivência amigável de todos ucranianos, independentemente das regiões que queriam autonomia! Todos queriam impor-se pela força e a luta politico-económica geoestratégica conseguiu dividir a Ucrânia antes de se ter tentado uni-la!

  3. Fake, fake , fake!!!! O que é a kl.tv??? Nenhuma televisão oficial alemã, claro está! Isto são fantasias!!!! Mas ainda existem pessoas no planeta que acreditam nos russos?? Ah , claro! O tal “Nicho “ de pessoas que crê em tudo o que os comuns dos mortais não acreditam. Enfim… com todo o respeito, há coisas, que pelos inocentes em sofrimento deviam ser repensadas. Bom, sou eu a pensar alto
    FB

  4. Carla Moita, estas notícias não são apresentadas na TV porque iriam contra a campanha de propaganda em voga em grande parte dos nossos Media!! Sabes: todos os regimes políticos gostam de ver a população alinhada e por isso evitam mostrar-lhe pormenores que lhe podiam fazer abrir os olhos!
    Atendendo à guerra informativaa que temos sido expostos, é realmente necessário estar-se atento para não se cair na esparrela de nenhum dos adversários em guerra! No Observador podes ler a notícia em Português sob o título:
    OMS aconselha Ucrânia a destruir agentes patogénicos em laboratórios para evitar propagação de doenças
    A Organização Mundial de Saúde “recomendou fortemente” ao Ministério da Saúde ucraniano que destruísse os agentes patogénicos de alto risco para evitar potenciais fugas em caso de ataque russo.https://observador.pt/2022/03/11/oms-aconselha-ucrania-a-destruir-agentes-patogenicos-em-laboratorios-para-evitar-propagacao-de-doencas/?fbclid=IwAR2Jkn57O4fGLhlsOPp_UgmS0zjNELmQW9IT7d0ajZ42FTzPWOHO3YkOh6I

  5. Iremos vendo, pouco a pouco, a incongruência de alguns discursos e que o que se está a passar nunca se pode dividir entre preto e branco. No entanto, há pessoas que têm uma cabeça só para. cuidarem do penteado.Gostei dos factos que apresentaste.

  6. Morte, devastação, submissão, entrega da nacionalidade ucraniana, ditadura, tortura e morte. Claro! Está à vista para os quê querem ver e ser solidários com os ocupados violentamente pela Rússia.

  7. Carla Moita, em 2014 escrevi um artigo em que apontava para a situação que estava a explodir na Ucrânia e que nos próximos anos custaria a vida a 17.000 pessoas; nesse artigo descrevia as razões que iriam provocar imenso sofrimento a todo o povo devido aos interesses que lá estavam a ser jogados entre a Rússia e os EUA/NATO (falava já então dos imperialismos em luta). Se desejares coloco aqui o artigo onde descrevia então o que estava a acontecer e iria acontecer. (Isto numa altura em que o Ocidente calava porque era parceiro interessado no saque económico e estratégico (aquisição por empresas internacionais interessadas em apoderarem-se dos latifúndios da Ucrânia (verdadeiros celeiros de parte da humanidade e como tal grande interesse para os grandes negócios só dos grandes!) Quando se pergunta por que razão a Alemanha não se entusiasmou com os bombardeamentos das “repúblicas do povo” durante oito anos, como se entusiasma agora dos bombardeamentos russos depois do dia 24.02 deveria dar a muita gente razões para pensar e seguir com espírito crítico o que está a acontecer! A mim só me motiva a procura da verdade e justiça no sentido de se perceber o que se passa e não se deixar tornar soldado de nenhum dos beligerantes.
    Dessa maneira, a Carla não entra sequer no sentido da pergunta e evitou considerar o que apresentei no comentário!

  8. Carla Moita, visão simplista e telenovesca.Solidartedade só direta e não prpagandística.Só há vencidos, derrotados inglórios, no pior dos casos heróis mortos a cantarem hinos gloriosos .
    Saber um pouco de História Universal ajuda a refletir e a optar por um discurso objetivo, tal como António Justo analisa.

  9. Cara Maria Castro Barros, não ouse opinar sobre a minha pessoa, pois não me conhece. A novelas nunca assisti. Já a senhora o deve ter feito, tendo em conta que sabe opinar sobre elas. Quanto a história universal, estou MUITÍSSIMO BEM informada!!! Agora, informo-me nos canais oficiais e não tendenciosos. E tenho direito à minha opinião, ou já chegamos à Rússia? É preciso ter tento no que se escreve quando não conhecemos as pessoas e aprender, já agora, os valores democráticos! Não repita esta habilidade, pelo menos comigo!

  10. Carla Moita, cara senhora
    Fiquei tão amedrontada que me escondi no meu refúgio atómico.
    Aprenda a ler e a argumentar.Acabou a conversa fiada.

  11. Maria Castro Barros, mas eu lá tenciono assustar alguém. Ai acabou acabou! Não estou habituada a discutir a este nível! Claramente! Aliás, eu não discuto, como boa democrata que sou, troco ideias, mas isto, é só para alguns.

  12. O que aconteceria após a hora zero, a uma população pró israelita em algumas áreas da Palestina? Coreia do Sul na Coreia do Norte? Pró Curdistão no Iraque/Siría/Turquia? Mas mais interessante e responda-me se conseguir… uma população pró-Ucrânia na Rússia…como seria? Beijinhos e abracos?

  13. Compreendo perfeitamente este contraponto e advogado do “diabo” com que nos alerta da dualidade destes imperialismos. Mas recordo que na Rússia o Facebook não existe (deixou de) e publicações de Pessoas como o Sr António Cunha Duarte Justo tem muita pouca hipótese de serem sequer escritos e ainda mais lidos… pelo que carneirada por carneirada… a Rússia é bem pior do que a América e estou do lado certo ou menos errado destas barricadas virtuais e bipolares. Um grande abraço e aguardo curioso os referendos isentos, imparciais e supervisionados.
    Sr Manuel Andre Lima, não lhe percebi, pode reformular?

  14. Sérgio Martins Oliveira, tal e qual. Por vezes, parece-me que falo aos peixinhos. Enfim, também já desisti, pois sei bem qual a verdade. Algumas coisas parece-me quase novelas, como com a pandemia. Com o devido respeito

  15. Carla Moita exactamente. É bom o contraditório mas temos que comparar maçãs com maçãs e num país que só tem um carneiro como o Putin que marra a seu belo prazer e dirige ditatorialmente um país com a grandeza, responsabilidade e história da Rússia… é de ter os dois pés atrás… daí o quebrar da neutralidade da Finlândia e Suécia… simplesmente não se pode confiar num vizinho assim.

  16. António Cunha Duarte Justo assumi o lado certo como o menos errado, essa sua pergunta tem uma resposta que conhecemos bem pela nossa experiência e inteligência. Ninguém aqui (falando por mim) pensa que os Ucranianos são uns santos ainda por mais estando sob ataque. Não sendo a pergunta ingênua não poderia obter da minha parte uma resposta simples. Se ajudar e para consciencializar as pessoas que nos leem um testemunho importante dos perigos das tropas Ucranianas… https://poligrafo.sapo.pt/…/sim-ex-militar-frances…. Abraço!

  17. António Cunha Duarte Justo adianta responder a uma pergunta que ambos sabemos a resposta?

  18. António Cunha Duarte Justo não insisto nada Sr António. Um bom resto de tarde. Cumprimentos.

  19. Só mais uma ou outra coisa. Já dizia a minha avó e a sabedoria popular que “Quem pergunta o que quer, ouve o que não quer”. Assim sendo se não gostar da minha resposta em que tentei ser assertivo e educado nas várias iterações passe à frente, bloqueie-me ou ignore-me, o que não acho de todo elegante é “varrer-me” para o “meu espaço facebook”. Segunda coisa, no mundo actual precisamos de perguntas inteligentes e esta sua não o foi, não ajuda ninguém nem alcança a redenção ou libertação que almeja no seu absoluto sentido filosófico. Para fechar, não use estas discussões estéreis para publicar novos artigos que nada trazem ao mundo, menos é mais e já temos muito ruído entre nós.
    Sérgio Oliveira. Engenheiro de Produção Industrial e Pedagogo que nada aprende consigo ultimamente e que por isso vai “facebokiamente desamiga-lo” de modo a que possa continuar mais confortável na busca da sua verdade. Abraço.

  20. Sérgio Martins Oliveira, da minha parte lamento, pois partilhava das suas ideias. Estranhas formas de pensar e exaltar pensamentos por aqui… mas bom, a pluralidade e “cor” deveriam ser sinônimo de mais ideias e transparência, mas…

  21. Sérgio Martins Oliveira , a sua contra-pergunta em relação à minha questão “O que aconteceria, após a hora zero, a uma população pró-russa em algumas áreas da Ucrânia?” achei-a importante e oportuna porque se situava numa linha de argumentação embora a finalidade da minha pergunta fosse apenas levar a reflectir e a pensar no aspecto complexo em que se encontra uma população de 45 milhões de cidadãos ucranianos sendo deles 10 milhões de “etnia” russa, quando os nossos meios de comunicação levam a crer que a guerra é só entre a Rússia e a Ucrânia . O que me levou a tomar posição menos agradável para as duas partes, em relação ao senhor, foi a discussão de caracter emocional seguida ter descambado, o que não tinha nada a ver com a pergunta colocada mas mais com opiniões de antemão fixas e como tais imprórias para um diálogo ou disputa aberta e podem incorrer até no perigo de fomentar preconceitos! Desculpe se fui apressado nas minhas conclusões mas, sabe, como vejo tantos estragos numa sociedade devido a uma política de informação destinada a fazer só prosélitos e não pessoas independentes e críticas, acho importantíssimo que se levantem pessoas que relativizem o que o politicamente correcto aliado ao mainstream provocam na sociedade! Abraço

  22. A Ucrânia estava bem e unida! A Ucrânia foi invadida sempre pelo mesmo! Mas porquê se mexe no que está quieto? Eu não percebo a necessidade de tantas considerações sobre um povo que se tinha decidido ser democrático e livre e vivia na paz. Foi invadido e permitiu, toda a gente permitiu! Foi invadido agora e são necessárias considerações em relação aos EUA. Para quê? Por quê? Eles estavam quietos a viver pacificamente. A Ucrânia não invadiu, não violentou, não ameaçou, não faz parte da NATO, entre outros. Paz! Vivia em paz! Porque raio se foram meter com um país a viver em paz?! Esta é que deveria ser a questão principal.

  23. Carla Moita, não te rendas à guerra da informação, não notas que a guerra está está a ser globalizada ao ser transportada para o pensamento da generalidade das pessoas? Não vês que estão a fazer de todos nós soldados?
    Essa da Ucrânia estar bem e unida e a viver pacificamente é mentira e é fruto da propaganda da guerra que as nossas elites, através dos Media, nos fizeram acreditar! Encontramo-nos numa guerra híbrida antes conquistavam-se terras agora conquistam-se mentes, alargou-se o campo de guerra geográfico para o ideológico e o pior é que é feito de tal modo que a maior parte não pode notar o que está a acontecer!! Isto já está a ser exercitado há muito tempo! Essa guerra já a tinham ganho na estratégia de informação levada a cabo pelo presidente americano George W. Bush, e pelo primeiro ministro inglês Tony Blair que conseguiram, através do Media transmitir a ideia que o Iraque (Sadam) era o mau da fita!
    Desculpa se não me alongo com fundamentos (procuro, em geral, abrir pistas de pensamento) porque o tempo que uso a responder impede-me de escrever artigos que costumo enviar para a os media! Daí, o meu interesse em que se estabeleça um diálogo aberto e argumentativo em que todos possamos aprender alguma coisa! Atitudes de proselitismo não interessam tanto para mim.

  24. António Cunha Duarte Justo, não precisa de alongar, percebi bem o seu ponto de vista, como aliás, tenho percebido até aqui. Sadam Hussin era mau, como todos os furadores o são, oprimia o seu povo, torturava e matava. O Tony Blair e George W. Bush fizeram, foi quererem justificar uma guerra com uma mentira: armas de destruição maciça. Está mal! Toda aquela guerra foi má do início ao fim. Mas que Saddam era um homem bom”

  25. Carla Moita interpretou o que disse para colocá-lo num ponto de vista restrito numa mentalidade a preto e branco que não é a minha! Também não tenho “acções” nem em Putin nem Biden, não defendo posiões por um lado ou pelo outro. Apenas procuro contribuir com aspectos que passam desapercebidos na guerra da informação. Junto um texto que agora acabei de receber e que para mim só tem interesse para me ajudar a pensar tanto como muitos outros, tal como autores que sigo de um lado e do outro!! O NAZISMO E A UCRÂNIA
    por Raquel Varela, historiadora
    Uma nota rápida inicial: sobre a cruz de ferro ser ou não um símbolo nazi, que alguns jornalistas, em vários media, concluíram que não é. Em história trabalhamos com factos, indispensáveis, mas não trabalhamos só com factos, trabalhamos com contextos, estruturas, dinâmicas, processos, teorias, a história é um filme, não é uma fotografia; e em jornalismo também não deveria ser assim. Caso contrário bastaria alguém – até um computador hoje – colecionar factos, colocá-los numa linha do tempo, e podíamos dispensar o trabalho dos historiadores. Toda a automação e pressão algorítmica vai aliás nesse sentido para o jornalismo…Muitos jornalistas, infelizmente, acreditam que a sua profissão está resumida a elencar factos.
    Aquilo que é a Ucrânia é um país nascido no século XX do colapso dos impérios na I Guerra, passou por várias disputas entre elas movimentos anarquistas contra os exércitos anti bolcheviques brancos, que depois se rebelaram contra os bolcheviques também; mais tarde a Ucrânia – essencial às tropas nazis pela sua capacidade produtiva de trigo e milho, a base de qualquer alimentação – , foi o palco de recrutamento de aliados pró-nazis (descritos magistralmente em As Benevolentes), porque Estaline tinha feito aí a brutal coletivização forçada. Hitler foi recebido bem na Ucrânia, por isso. Até começar a pilhar os camponeses locais e estes terem feito um aliança para derrotar os nazis, mas sempre assente num nacionalismo radical. Um dos líderes pró nazi, que se tornou herói nacional, é Bandera, que é o inspirador do Batalhão Azov, um dos batalhões que até há pouco tempo toda a imprensa internacional classificava de “milícia neonazi” ( e as ONGs ainda classificam) e agora são “resistentes nacionalistas”. Este símbolo passou a ser usado, com outros, pelos neonazis ucranianos, e pelos nacionalistas ucranianos. O Chega foi ouvir Zellensky à AR no dia 25 de Abril ostentando, como sempre, a bandeira de Portugal na lapela, e o braço ao peito. Neste contexto a bandeira de Portugal é evidentemente um símbolo de extrema-direita como o é a cruz de ferro.
    O mais importante é isto. Toda a história desta guerra, supostamente para “desnazificar a Ucrânia” tem tido o efeito contrário. Essa é uma das grandes consequências desta guerra. A Ucrânia é hoje o palco de uma nazificação acelerada, que a invasão russa (e a resposta bélica da NATO) só veio acentuar.
    A normalização na UE e no mundo ocidental da extrema direita, sob a capa de resistência do povo ucraniano tem permitido a incorporação destas milícias no exército, o seu treinamento pela NATO, a abolição de partidos políticos, jornalistas, perseguições a gente de esquerda e imposição da censura nos media ucranianos – um clima explosivo feito sob a lei marcial em nome de salvar “o povo ucraniano”.
    A guerra da Ucrânia criou mais nazis do que toda a extrema-direita junta nos últimos anos em qualquer país, armou-os, preparou-os militarmente, e sobretudo, o mais perigoso, naturalizou-os. Hoje, estes nazis, ontem banidos e proibidos, são legais, foram reintegrados pelo Facebook e por outras redes sociais, e nos jornais aparecem como “nacionalistas”.
    Não tenho dúvidas que a maioria do povo ucraniano não é nazi, como não tenho dúvidas do peso que hoje têm os nazis na direcção do Estado ucraniano, na direcção militar, política do país. Zellensky ostenta a cruz de ferro porque tem uma alienação objectiva, em guerra, com neonazis e nacionalistas. Isso não torna a invasão russa legítima, mas tão pouco torna Zellensky o líder que povo ucraniano mereceria para resistir.
    A outra grande questão interessante é tentar perceber que tipo de país é a Ucrânia para ter sido tão facilmente transformado num Estado que permite milícias nazis (portanto o Estado, pelo menos desde 2012/14, tinha perdido o monopólio da violência), e como foi transformado, também com relativa facilidade, num palco de uma guerra entre os EUA e a China, e seus aliados, UE e Rússia. A hipótese da Ucrânia como um Estado falhado é uma hipótese real. Um Estado corrupto, que perde o monopólio da violência, e mais de 15% da população activa a fugir dos baixos salários, é um Estado inviável – como a UE vai descalçar a bota da adesão é o que vamos ver nos próximos anos.
    Entretanto o país está destruído, conquistado a leste pela Rússia, e a ocidente, onde os camponeses nacionalistas têm força (a Ucrânia tem uma das maioires populações europeias na agricultura porque até Zellensky era proibido vender as terras herdadas das leis pós queda do Muro, e agora estas terras vão passar a estar concentradas e sob a égide de multinacionais da UE). Portanto, uma nova vaga de migrantes do Oeste, fugidos à expropriação de terras (“venda” de terras em economês liberal), outros à guerra no Leste, espera-se nos próximos anos. Ou seja, um Estado a desaparecer, a Oeste e a Leste. Que deu entretanto à UE mão de obra barata, à Rússia domínio geopolítico, à NATO/UE venda de armas, e à China/Rússia e aos EUA um campo de disputa onde se medem forças pelo domínio do mundo, e não só da Ucrânia.
    Um protetorado russo de um lado, uma semi colónia da NATO do outro, e claro, um ninho de neonazis, que voltarão aos nossos países, com treinamento e armas, para fazer o que sabem – perseguir gente de esquerda, sindicalistas, intelectuais de esquerda e democratas. Tudo apoiado pela UE para “salvar a Ucrânia”. Uma cruz, de ferro.OS ANTES E OS DEPOIS DA GUERRA NA UCRÂNIA
    Guy Mettan*
    Embora as conversações pareçam estar a progredir e os primeiros contornos de uma possível solução na Ucrânia estejam a ser esboçados (neutralização e desmilitarização parcial do país, abandono de Donbass e Crimeia), os ins e os outs do conflito começam a ser melhor compreendidos. Dito isto, não devemos esperar um cessar-fogo rápido: os americanos e os ucranianos ainda não perderam o suficiente, e os russos ainda não ganharam o suficiente para que as hostilidades parem.
    Mas antes de ir mais longe, gostaria de convidar aqueles que não partilham da minha visão realista das relações internacionais a não seguirem em frente na leitura. O que se seguirá não lhes agradará e evitarão o azedume estomacal e o tempo desperdiçado a denegrir-me. Com efeito, penso que a moralidade é um péssimo conselheiro em geopolítica, mas que se impõe em matéria humana: o realismo mais intransigente não nos impede de ativar, incluindo no tempo e no dinheiro como eu, para aliviar o destino das populações testadas pelos combates.
    As análises dos peritos mais qualificados (estou a pensar em particular nos americanos John Mearsheimer e Noam Chmsky), nas investigações de jornalistas de investigação como Glenn Greenwald e Max Blumenthal, e nos documentos apreendidos pelos russos – a interceção de comunicações do exército ucraniano a 22 de janeiro e um plano de ataque apreendido a um computador abandonado por um oficial britânico – mostram que esta guerra foi inevitável e muito improvisada.
    Uma guerra inevitável e improvisada
    Inevitável porque desde a declaração de Zelensky sobre a recaptura da Crimeia à força em abril de 2021, ucranianos e americanos decidiram desencadeá-la o mais tardar no início deste ano. A concentração das tropas ucranianas no Donbass desde o verão, as entregas maciças de armas pela NATO nos últimos meses, o treino acelerado de combate dos regimentos azov e o exército, o bombardeamento intensivo de Donetsk e Luhansk pelos ucranianos já em 16 de fevereiro (tudo isto permaneceu ignorado pelos meios de comunicação ocidentais, claro), provam que uma grande operação militar foi planeada por Kiev no final deste inverno. O objetivo era responder à Operação Tempestade lançada pela Croácia contra a Krajina sérvia em agosto de 1995 e apreender donbass num blitzkrieg sem dar tempo aos russos para reagirem, de modo a tomar o controlo de todo o território ucraniano e tornar possível a rápida adesão do país à NATO e à UE. Isto explica porque é que os Estados Unidos têm vindo a anunciar um ataque russo desde este outono: sabia que uma guerra iria ocorrer, de uma forma ou de outra.
    Improvisada porque a reação russa foi feita à pressa. Notando que as manobras diplomáticas da NATO – não resposta dos EUA às suas propostas, blinken-Lavrov reunidos em Genebra em janeiro, os apelos de Zelensky para a calma e a mediação de Macron-Scholz em fevereiro – não estavam dispostos, ou incapazes de ter sucesso, e talvez servissem para as pôr a dormir, os russos retaliaram de uma forma magistral e muito arriscada. Decidiram tomar a iniciativa de atacar primeiro em cerca de dez dias (reconhecimento das repúblicas, acordo de cooperação e operação militar), a fim de apanhar os ucranianos de surpresa.
    E em vez de atacarem um exército bem equipado e solidamente fortificado, decidiram contorná-lo com uma vasta manobra de cerco/desvio, implantando-se em três frentes ao mesmo tempo, norte, centro e sul, de modo a destruir a aviação e o máximo de equipamento desde as primeiras horas e perturbar a resposta ucraniana. Se tivessem deixado a Ucrânia atacar primeiro, a sua situação tornar-se-ia crítica e teriam sido derrotadas ou condenadas a uma guerra interminável de desgaste no Donbass. Recorde-se que os números russos são ridículos: 150.000 homens contra 300.000 ucranianos com a Guarda Nacional.
    Dadas as circunstâncias, e apesar dos soluços e perdas do início, a operação russa terá sido um êxito e será um marco na história militar, se não um modelo a nível humano, é claro. Com esta fase concluída, os russos podem agora concentrar-se no seu principal objetivo, nomeadamente a liquidação dos bolsos Kharkiv e Mariupol detidos pelos regimentos neonazis azov e a redução do caldeirão de Kramatorsk, onde a maior parte do exército ucraniano está entrincheirado. Depois disso, podem decidir se querem lançar os seus tanques através da planície ucraniana para Lviv ou parar por aí.
    Heis aqui o aspeto militar.
    Vencedores e vencidos
    Analisemos agora o aspeto político. Quem são os verdadeiros vencedores e vencidos desta guerra? Vejo um verdadeiro vencedor, vencedores menores e muitos perdedores. O maior vencedor são, sem dúvida, os Estados Unidos. Há que reconhecer que a equipa Biden, apesar da senilidade do seu presidente, tem manobrado magistralmente. Ao sair do Afeganistão em agosto passado, abriu-se aos olhos da opinião pública e impediu-o de ser responsabilizado pela invasão e ocupação desastrosas daquele pobre país. Ao montar um guião que o brilhante comediante Zelensky interpretou admiravelmente, eles parecem à opinião ocidental como piedosos cavaleiros brancos enquanto eles criaram tudo. Fecharam as fileiras da NATO e transformaram os europeus em úteis ansiosos por defender as democracias ameaçadas pelo odioso ditador-ditador-Putin. Obrigaram-nos a comprar o gás de xisto, enquanto a esquerda alemã e os Verdes se apressaram a mobilizar 100 mil milhões de euros em créditos militares para comprar os seus F-35. Bingo, bingo! A única sombra no quadro: o plano não correu como planeado. Os russos não caíram na armadilha. A Ucrânia será desmembrada, neutralizada e não entrará na NATO como se esperava.
    Os outros vencedores são a China, a Índia e os países do Sul, que estão a observar gananciosamente os ocidentais, especialmente os europeus, entre si e enfraquecem-se durante muito tempo. Inesperadamente, encontram a posição conveniente de neutralidade ou não alinhamento. Os chineses teriam preferido um acordo amigável, mas não tinham escolha: sabem que, se deixarem a Rússia, serão os próximos da lista, como evidenciado pelo dilúvio da Sinofobia derramado pelo Ocidente sob o pretexto de defender os direitos dos uigures (enquanto os direitos dos iemenitas bombardearam impiedosamente durante seis anos completamente indiferentes aos ocidentais).
    O grande perdedor será, naturalmente, a Ucrânia, desmembrada, mutilada, desmembrada, devastada, massacrada por nada, uma vez que, no final, perderá muito mais do que os acordos de Minsk o teriam forçado a fazer se os tivesse aplicado em vez de os desprezar. O Presidente Zelensky assumirá uma grande responsabilidade a este respeito, à luz da história, uma vez que preferia a ruína do seu país em vez de um compromisso quando ainda havia tempo.
    Os outros grandes perdedores são os europeus. Num futuro imediato, é claro, podem gabar-se da sua nova unidade, do seu rearmamento acelerado, da sua feroz vontade de defender a democracia e a liberdade para o último ucraniano, a sua generosidade para com os refugiados, a sua futura independência energética da Rússia, etc. Tudo isto é certo e verdadeiro, de facto. Mas amanhã, o preço a pagar será extremamente pesado. O seu comportamento mostra que não pesam absolutamente nada contra os americanos, uma vez que se tornaram puros vassalos. A decisão de Ursula von der Leyen, na semana passada, de transferir os dados pessoais dos cidadãos europeus para os americanos mostra a extensão da submissão europeia.
    Idem para a economia: que sentido faz ao libertar-se da dependência energética russa para cair na dos americanos com preços de gás quatro ou cinco vezes mais altos? O que dirá a indústria alemã quando se trata de pagar a conta? Especialmente porque não existem transportadoras de GNL,po
    rtos, instalações de deliquefação de gás, nem gasodutos suficientes na Europa. Como é que o gás de xisto americano será entregue aos eslovacos, romenos e húngaros? Na parte de trás de um burro?
    O que dirão os Verdes alemães quando tiverem de aceitar a construção de novas centrais nucleares para satisfazer a procura de eletricidade? Os jovens e os ambientalistas europeus quando descobrem que foram enganados e que a luta contra o aquecimento global foi sacrificada em nome de interesses geopolíticos sórdidos? Os franceses, quando verão o seu país desvalorizado não só a nível mundial, mas também a nível europeu, depois de terem testemunhado o rearmamento da Alemanha e a compra maciça de armas americanas pelos polacos, balts, escandinavos, italianos, alemães? A opinião pública europeia quando será necessário manter milhões de refugiados ucranianos depois de lhes oferecer passes de comboio gratuitos?
    E o que ganhará a Europa quando se encontrar cortada em dois por ódios profundos e por uma nova Cortina de Ferro que, pura e simplesmente, terá movido um pouco mais para Leste do que a da Guerra Fria? E o que fará quando descobrir que, longe de ter isolado a Rússia, é por si só que se verá isolado do resto do mundo? Quando olhamos atentamente para a votação das resoluções das Nações Unidas, vemos que os quarenta países que se abstiveram ou não participaram na votação representam a maioria da população mundial e 40% da sua economia. Longe de derreter, o apoio à Rússia melhorou mesmo entre os votos de 2 de março e 25 de março. Quanto aos países que se recusaram a aplicar sanções contra a Rússia, constatamos que uma imensa maioria se absteve e que só os países ocidentais as adotaram…
    A imagem arruinada da Suíça
    Primeiro encontro entre o ministro dos Negócios Estrangeiros suíço Ignazio Cassis e o seu homólogo russo Sergei Lavrov em 2018. © Pedra-chave
    Outro grande perdedor é a Suíça. A oficialidade suíça orgulha-se de ter seguido com uma rapidez histórica as sanções exigidas pelos Estados Unidos e pela União Europeia. Os que estão com pressa já pedem a rápida adesão à UE e à NATO. Muito bem. Mas depois de sucumbir aos assuntos dos fundos judaicos e do sigilo bancário, foi a terceira vez em vinte anos que o Conselho Federal submeteu aos ditames americanos: o que resta da nossa lei e soberania? Mais a sério, capitulámo-nos no campo aberto, abandonando a nossa neutralidade quando ninguém nos pediu. Depois de nos aguentarmos durante dois séculos, aqui estamos a submeter-nos sem lutar em menos de cinco dias!
    Este abandono é grave não só para a identidade do país, mas também para a sua credibilidade. Que os conselheiros federais prostram-se em frente a Zelensky na Praça Federal e usam lenços em cores ucranianas, ainda passa. Isto é folclore político. Mas o sacrifício da neutralidade é um ataque sério ao país porque, ao modelarmo-nos nos ocidentais, perdemos a nossa credibilidade com o resto do mundo. E a fiabilidade dos nossos bancos quando bloqueiam contas com uma simples injunção americana? O que acontecerá a Genebra internacional e a nossa política externa, agora boicotada pela Rússia e, provavelmente, por muitos outros países, se já não a conseguirmos articular sozinhos sem nos referirmos a Bruxelas e Washington? Como pode Genebra afirmar continuar a ser a capital do multilateralismo quando o CERN e a OIT suspendem a participação da Rússia e a Suíça, na sequência da Europa, boicota os discursos de Lavrov no Conselho dos Direitos Humanos?
    Este abandono assinala o afundamento do multilateralismo inclusivo que a Suíça e Genebra afirmaram defender e é extremamente grave para a nossa política humanitária e para as Convenções de Genebra, como evidenciado pelo alarmante comunicado do CICV de terça-feira, 29 de março. Ao alinharmo-nos incondicionalmente por trás da Ucrânia e da Europa, é a neutralidade e a imparcialidade do CICRC que colocamos em perigo. Ambos são inseparáveis aos olhos do mundo. E é por isso que o CICV teve de reagir vigorosamente às tentativas ucranianas de sabotar a sua ação acusando-a de lidar com os russos, quando a neutralidade está no cerne da sua missão. Como podemos confiar numa instituição cujo país anfitrião traiu o espírito, e até a carta, de uma neutralidade consagrada na sua constituição, para agradar aos líderes políticos ocidentais e a uma opinião pública aquecida pela propaganda anti-russa? O silêncio das autoridades e dos partidos políticos de Genebra será dispendioso, tanto mais que a Suíça se está a cobrir com ridículo, deixando a iniciativa de bons cargos a países como Israel, Turquia ou Bielorrússia!
    Finalmente, há a Rússia. Vencedor ou perdedor? Ambos, na verdade. Por um lado, é provável que a Rússia vença militar e estrategicamente. No final dos combates, a Rússia poderia muito bem obter a neutralização da Ucrânia, a sua desmilitarização parcial (ausência de bases militares estrangeiras e armas nucleares), bem como uma possível divisão do país. Terá derrubado os fanáticos da hegemonia americana que assombram os escritórios de Washington e Bruxelas. Terá provado que não se compromete com a sua segurança e com a dos seus aliados. E terá mostrado ao mundo que estava a fazer o que estava a dizer e a dizer o que estava a fazer, uma vez que tinha indicado claramente as suas linhas vermelhas três meses antes do conflito. E isto sem a sua economia e moeda a vacilar, como os ocidentais esperavam.
    Ao contrário do que pensam, as sanções económicas, por mais severas que sejam, só vão reforçar Putin, como mostram as últimas sondagens do instituto neutro levada, que confirmam o apoio de uma grande maioria da população à “operação especial”. Nunca nenhuma sanção conseguiu derrubar um governo, seja em Cuba, no Irão ou na Coreia do Norte.
    Mas Moscovo terá de suportar o estigma do aquecedor, o agressor, mesmo que em termos legais a sua causa não seja menos má do que a invasão do Iraque em 2003 e a agressão da NATO contra a Sérvia em 1999, com a divisão do Kosovo que se seguiu alguns anos depois. O preço humano, cultural, económico e político a pagar será elevado. As tensões geradas pelo conflito não desaparecerão por magia e os russos terão de suportar as consequências desta guerra durante muito tempo.
    Cyberwar e stratcom
    Concluiremos esta visão geral com uma palavra sobre o incrível sucesso da campanha de propaganda ucraniana no Ocidente. Esta guerra foi uma oportunidade para viver a primeira operação total de ciberguerra. Se a liberdade de imprensa sofre na Rússia, não é muito melhor para nós, que banimos os meios de comunicação russos quando afirmamos defender a liberdade de imprensa e que proscrevem pontos de vista divergentes! Em poucos dias, houve um zelo de mentes, cada um competindo em servilidade para ouvir o Grande Herói e cumprir os seus votos, o Presidente Macron até usando uma barba de três dias e uma t-shirt de azeitona para enfatizar a sua adesão à causa, enquanto os media renunciavam à ética jornalística para abraçar a causa da Ucrânia. Tal colapso da razão em tão pouco tempo é inédito.
    Inédito, mas não inexplicável. Dan Cohen, por trás do correspondente noticioso, desmantelou os mecanismos sofisticados da propaganda ucraniana e as razões do seu colossal sucesso nos nossos países. Um comandante da NATO descreveu a campanha no Washington Post como “uma formidável operação de stratcom (comunicação estratégica) envolvendo meios de comunicação, Info Ops e Psy Ops”. Basicamente, tratava-se de mobilizar os meios de comunicação e hipnotizar o público com um fluxo contínuo de notícias reais, fake news, imagens e narrativas que surpreenderiam as pessoas de forma a manter um alto nível emocional e obliterar a capacidade de julgar o público. Foi assim que fomos tratados com
    uma inundação de imagens espetaculares e informações muitas vezes falsas: a alegada morte dos soldados da Ilha das Serpentes, o fantasma de Kiev que teria abatido seis aviões russos sozinhos, as ameaças à central de Chernobyl, o falso bombardeamento da central de Zaporoje, ou os casos da maternidade e do teatro de Mariupol cujas vítimas nunca foram vistas, exceto para duas mulheres, pelo menos uma das quais foi reconhecida como viva. Da mesma forma, assistimos ao branqueamento acelerado dos batalhões azov, convertidos em soldados patrióticos depois de apagarem as suas cristas neonazis, e a negação da existência de laboratórios bacteriológicos americanos na Ucrânia, que foi explicitamente reconhecido por Victoria Nuland durante uma audiência no Senado em 8 de março. É verdade que foi imediatamente posta em prática uma formulação para as negar. No dia seguinte, começou a ser utilizada a conversa sobre “estruturas de investigação biológica” e a opinião pública foi alertada para alegados ataques químicos russos para sufocar o problema dos laboratórios bacteriológicos secretos (cf. BFM TV).
    Parece que a comunicação ucraniana emprega, sob a égide do grupo pr network, nada menos que 150 empresas de relações públicas, milhares de especialistas, dezenas de agências noticiosas, meios de comunicação de prestígio, canais Telegram e meios de comunicação russos da oposição para entregar as suas mensagens e formatar a opinião ocidental. Os russos são ridicularizados por proibirem o uso da palavra guerra para “operação especial”. Mas os meios de comunicação ocidentais não fazem melhor, pois são constantemente alimentados com mensagens-chave e elementos da linguagem, proibindo, por exemplo, o uso de expressões como “referendo da Crimeia” ou “Guerra Civil donbass”. Detalhes completos sobre Dan Cohen, a Guerra da Propaganda da Ucrânia: empresas internacionais de RP, lobistas de DC e recortes da CIA, MintPressNews.com.
    Este brilhante sucesso no Ocidente esconde um claro fracasso na América Latina, áfrica e Ásia, ou seja, em 75% do mundo habitado. Os países do Sul já não se enganam pelas nossas mentiras e interesses. E a estrela de Zelensky começa a desaparecer. O seu lamentável desempenho no Knesset, onde cometeu o erro de comparar a ofensiva russa com a “solução final” quando foram os russos que libertaram Auschwitz e empurraram Hitler para trás e foram os antepassados dos seus aliados nacionalistas ucranianos de extrema-direita que participaram no Holocausto por balas, terão sido a última gota.
    Correndo o risco de me repetir, concluirei este longo artigo dizendo: podemos, até devemos condenar esta guerra. Mas, por favor, deixe-nos parar de nos cegar. Vamos redescobrir a nossa mente crítica e o nosso sentido de realidade. É assim que poderemos reconstruir uma paz duradoura no campo das ruínas em que a Ucrânia se tornou. O autor é um suiço especialista na matéria.

  26. Coloco um testemunho:
    Adrien Bocquet, antigo militar e desportista, autor de uma autobiografia que comoveu a França (Lève-toi et marche !), ofereceu-se nos primeiros dias da guerra para prestar apoio médico aos civis e militares ucranianos em zonas de combate. Após semanas na frente, regressou chocado a França e concedeu ontem o seu testemunho sobre as exações cometidas pelo exército de Kiev, sobretudo pela milícia Azov.
    Adrien Bocquet: «Assumo plenamente o que digo. Fui testemunha de crimes de guerra e os únicos crimes de guerra com os quais fui confrontado foram perpetrados por militares ucranianos e não por militares russos. (…) Ao regressar a França, fiquei extremamente chocado ao confrontar aquilo que me foi dado ver com a versão que por cá domina a comunicação social. É abominável. (…) Quanto aos militares Azov, estão por todo o lado, até em Lviv, fardados e com aquele símbolo neo-nazi no camuflado. O que me choca é que a Europa oferece armamento a militares neo-nazis, com um símbolo nazi inspirado nas antigas SS. Estão por todo o lado e não levantam qualquer problema para os europeus. Quando lhes prestei apoio médico, e como falo ucraniano e russo, ouvi as conversas sobre como matar e esmagar judeus e negros. Depois, num hangar, assisti à chegada de prisioneiros russos manietados por cordas que chegavam em grupos de três ou quatro em pequenas furgonetas. Cada prisioneiro que saía da carrinha era de imediato alvejado no joelho com um tiro de Kalashnikov. Tenho filmes e poderei disponibilizá-los. Se os prisioneiros se identificassem como oficiais ou sargentos, eram de imediato abatidos com um tiro na cabeça. (…) Até lhe posso dizer algo de muito mais grave: parte dos bombardeamentos sobre zonas civis, sobretudo em Bucha, foram executados pelos morteiros ucranianos. Mas não só, pois em Lviv, onde estava por ocasião dos bombardeamentos russos aos depósitos de armamento acabado de chegar da Europa, verifiquei que todo esse armamento havia sido colocado em edifícios civis habitados, em zonas residenciais e sem que os moradores de tal tivessem conhecimento. A isso chamo servir-se das populações como escudos humanos. (…) Quanto a Bucha, o que posso dizer é que foi um espectáculo. Os cadáveres foram ali colocados para que as imagens fossem feitas.»
    “J’ai vu des crimes abominables commis par Azov.” De retour d’Ukraine, Adrien Bocquet raconte

  27. Fico à espera que fales do Grupo Wagner e dos algozes da Tchechénia. Agora não tenho dúvida. Viras o bico ao prego e tentas justificar uma invasão selvagem de um país independente que não fez nada para o justificar. Pensei que eras um bocadinho mais inteligente. Portugal tem muitos elementos que seguem a ideologia nazi. Então, a Espanha ou a França ou a Rússia ou os Marcianos vão invadir Portugal para acabar com o nazismo?.
    Os ucranianos é que estão a perpretar os crimes de guerra sobre os seus concidadãos? Todos os países ocidentais estão a mentir, só Mr. Putin é que tem razão?
    Eu defendo os pobres, as crianças, os mais vulneráveis, não aqueles que destroem os hospitais, as escolas, as casas, que semeiam a desgraça e a morte.

  28. A monstruosa guerra provocada pelo louco e paranoico Putin e seus comparsas oligarcas, czaristas, saudosistas pró-soviéticos e autocratas – eles sim extremistas neonazistas – é intolerável no séc. XXI e, a todos os títulos, mundialmente condenável, excepto um pequeno e reduzido número de putinistas fanáticos e doentes que não querem vero óbvio.
    Invadir um país independente e destruir e arrasar tudo e todos sem um mínimo de respeito pela sua terra e pelo seu povo inocente é, por si só, um abjecto e abominável crime de guerra.
    Por mais que Putin e seus submissos acólitos pretendam, falsamente, justificar a sua hedionda e assassina guerra contra a Ucrânia, não têm desculpa ou perdão algum, sendo urgente eliminar esta bando de facínoras e assaltantes que estão a pôr em risco, inclusivé, a paz Mundial.
    O nosso amigo Justo, que muito prezo, estimo e respeito, não defende, seguramente, esta cáfila de bárbaros invasores.
    Glória para a Ucrânia e seu martirizado povo.
    Abraço para todos.

  29. Muito agradecido pelos vossos comentários e peço-vos que entendam/sintam que o meu coração sangra como o vosso ao ver tanta dor, tanto sofrimento e tanta barbaridade humana!

    Não quero ser identificado com o Advocatus Diaboli, nem tão-pouco tomar deliberadamente a posição de ser um oponente nesta disputa.
    Só queria informar documentadamente sobre assuntos que a imprensa negligencia ou não refere. De facto não me sinto aqui defensor de um lado ou do outro; , o meu empenho é apenas dirigido às pessoas para que observem e analisem os diferentes aspectos em jogo até porque esta guerra, como outras, é defensora de interesses de poder que vitimam as pessoas! Como vós encontro-me do lado das vítimas até porque a visão a partir das vítimas é a visão cristã e não a partir do poder.
    Putin não deixa de ser, por isso, desresponsabilizado pelo crime que está a cometer. Ao constatar na nossa imprensa de informação generalizada que não deixa espaço para dúvidas sadias procuro apresentar outros aspectos que possam temperar um pouco a agressão que já se manifesta na população. A minha preocupação é irmos todos iniciando uma cultura de paz; uma maneira de ver o mundo também com os olhos do outro, sem termos de perder os nossos!
    Nos textos que tenho escrito posso dar a impressão de tomar partido pela Rússia, mas não! Procuro apenas apresentar outros factos passíveis, também eles, de interpretação e de reflexão, pensando que estou, deste modo, a contribuir para uma melhor compreensão da contenda (compreender não significa justificar e menos ainda aprovar e não exclui que se tenha uma atitude própria clara).
    A perspectiva do que escrevo é geoestratégica (e também alertar para a necessidade, de nesse contexto de geoestratégia, a Europa pensar por si e também para ela); simplificando: parto do princípio que na Ucrânia se combatem dois imperialismos na tentativa de determinarem a divisão do mundo em dois blocos de influência distintas: o dos USA (Nato) e o da Federação russa! Os outros aspectos deixo-os de fora porque já são mais que tratados
    O mais enigmático, nesta luta no sentido de se estabelecer uma ordem mundial como era no tempo da guerra fria, é o facto de a China que é comunista ser considerada pela grande maioria das nações da ONU como neutra, embora a luta seja pela divisão do mundo entre capitalismo e comunismo (começada propriamente em 1917)! Tudo isto leva a crer que após a guerra na Ucrânia (de definição da fronteira entre Nato e Rússia), passados alguns anos, a China usará do mesmo pretexto para alargar e definir a sua fronteira de influência na Ásia.
    Trata-se da luta entre dois imperialismos quando já deveria ter chegado o tempo de em vez de as elites pensarem em termos de imperialismo, passarem a pensar em termos humanos e de povo e elaborar estratégias de paz.
    Um grande abraço para todos vós e peço desculpa se alguém se sente ferido com o que tenho escrito.

  30. Caro Justo
    Interessa perspectivar o futuro do ponto de vista filosófico . Há alguns que acham que as guerras fazem parte da natureza humana . A própria Igreja acha que as guerras são inevitáveis! Eu entendo que as guerras são evitáveis, pois a sociedade tem evoluído nesse sentido … Mas pode haver um doido e mentecapto como o Putin que provoque uma terceira guerra Mundial , não sendo , porém provável ! Quanto aos imperialismos serão cada vez mais económicos ! As guerras não terão tanques nem aviões … Mas terão o conhecimento como arma ! Os poderes físicos e de territórios … perderão valor !
    Os imperialismos de que falas serão passado !
    Um abraço Justo “ cave Merkles e Sholtzes” que só ligam aos interesses da Alemanha …

  31. A Europa esteve em paz durante mais de 70 anos … e isso provou que aprendeu com os erros do passado e a paz voltará, após esta loucura do PUTIN.
    Aquilo que se vê, em África, por parte da China, da Rússia, da Arábia Saudita e de alguns Emirados, apoiando rebeldes ou ditadores, ou alugando extensões de terra arável, tem a ver com acessos estratégicos a matérias primas ou alimentares para a sua sobrevivência futura . Os Países Europeus, já no Sec.XIX e nos princípios do Sec.XX fizeram o mesmo em África … onde proliferam (ainda actualmente) conflitos chamados regionais ( Etiópia, Somália, Sudão, Nigéria … Sará Ocidental…).
    Agora o imperialismo ( conquista de outros países e invasões ) reveste já outra natureza … O Ocidente aprendeu com o passado e a invasão da Ucrania pela Federação Russa

  32. Meu caro Justo,
    Se o teu texto não for um tratado de maiêutica para nos obrigares a sair do nosso conforto noticioso, formatado sabe-se lá por quem, sou obrigado a manifestar o meu total desacordo….
    Até entendo que o Putin não goste de ver a Nato “dominada pelos imperialistas americanos” a encostar-se ao seu “quintal” e plantar mísseis….
    Não podemos esquecer Krutschov e seus mísseis em Cuba que o Kennedy obrigou a retirar…
    Mas quando se entra em invasão, eufemisticamente chamada de intervenção especial, quando se ocupa a Crimeia, o Donbass e Donetsk, quando se cometem crimes de guerra, como o de Bucha, não será um batalhão de neo-nazis que poderá justificar tais actos.
    Só um paranóico, imbuído de ideais imperialistas, que sempre fizeram parte do ideário russo, como Putin…
    Talvez tenha calculado mal.
    Os cobardolas dos europeus e americanos desta vez, acordaram e saíram do seu conforto.
    O que já deviam ter feito aquando da ocupação da Crimeia.
    Haverá informação distorcida…
    Acredito que sim. Isso faz parte da guerra. Aliás, os russos nem nisso pedem meças ao ocidente.
    A sua ‘ajuda’ contribuiu para a eleição do afamado Trump para presidente dos USA.
    O poder instalado em Kiev não será flor que democraticamente se cheire…mas sempre terá um “odor” bem melhor que o de Putin e seus serventuários.
    Justo, sempre a considerar-te.
    Escreve.
    Adoro ler-te embora, por vezes, consigas arrancar-me a este dolce fare niente a que fui obrigado a remeter-me.
    Obrigado.
    Um abraço.

  33. Caro amigo MSou

    É verdade que apenas falei dos muitos mercenários a atuar desde 2013 na Ucrânia e não falei dos mercenários que também a Rússia emprega! Isto não é para defender a Rússia mas porque, de uma maneira geral gosto mais de falar de assuntos que a imprensa ocidental mantem mais na sombra!
    Os mercenários do Grupo Wagner estão ao serviço do Kremlin e ajudaram também nas lutas da Crimeia e na lutar pelos interesses russos na Ucrânia oriental, Síria, Líbia e Sudão. Falei dos mercenários do batalhão Azov (inteligentemente incorporado depois no exército ucraniano) porque destes não fala a imprensa embora eles tivessem grande importância na guerra civil ucraniana, nas regiões pró-russas (o caso de Mariupol é bastante comprometedor pelos problemas que esconde lá no Azovstal).
    A Rússia tem mais mercenários prontos para combater por ela porque chega a pagar cerca de 3.000 por mês a cada mercenário (combatem por dinheiro)! A Ucrânia paga muito menos (segundo dados da imprensa paga cerca de 225 € por mês porque pressupõe que vão combater por convicção e proselitismo. É do meu conhecimento que a Ucrânia distribuiu armas pelos civis e que a Rússia também recrutou mercenários para combaterem de casa em casa (Uma guerra diferente das outras guerras mais “civilizadas”!). Nestas coisas é difícil apurar-se em tudo a verdade objectiva dado os mercenários serem recrutados por grupos de interesse.
    Não conheço a legislação portuguesa quanto à regulação de mercenários. Este é um assunto que muitas vezes tem a ver com razões de Estado; sei que na Alemanha ainda não foram criadas leis nacionais que criminalizem explicitamente o mercenarismo por cidadãos alemães ou o recrutamento e formação de mercenários por empresas alemãs.
    Na Ucrânia é por vezes difícil saber que cidadãos é que são contra que cidadãos dado ter havido durante muitos anos a guerra civil entre ucranianos (de diferentes fidelidades). Daí a importância da necessidade de haver informações sob diferentes perspectivas. Eu geralmente faço-o sob a perspectiva de uma Europa que desejaria que fosse mais do que de reminiscências cristãs e não se deixasse levar demasiado por uma perspetiva que, segundo a minha maneira de analisar, é seguida pela União Europeia (portanto a perspectiva mais saxónica e menos latina)!
    Pelo que estou a escrever até vou dando a impressão que me estou a desculpar! Não é intenção minha justificar-me nem tão-pouco ser medido pelo grau de inteligência mental ou afectiva (porque em questões de avaliações pode dominar a inteligência emocional); pretendo apenas que seja intendida a razão porque escrevo sobre uma coisas e não sobre outras!
    Não trato o assunto tanto sob a perspectiva do invasor e do invadido, porque acho na imprensa um exagero de ver as coisas sobretudo nessa perspectiva (o que tem a sua razão de ser mas não é tudo); só da opinião que a imprensa ordenha demasiadamente as glândulas da lágrima! Talvez, por isso eu abuse no sentido contrário.
    Muito agradecido, meu caro pelos aspectos que apresentaste e também devem ser reflectidos!
    Um abraço cordial

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